Contagem Regressiva escrita por Beatrice


Capítulo 31
Capítulo 30: A calmaria antes da tempestade


Notas iniciais do capítulo

A história recebeu mais uma recomendação! *grita, pula, se descabela, corre pela casa, dança Macarena* MUITO obrigada pelas lindas e cheirosas palavras, Whit Algood!! É uma honra receber uma recomendação sua, que foi um dos primeiros leitores de Contagem Regressiva!!

Não tenho muito a falar sobre o capítulo, então só desejo uma boa leitura a todos!



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            Quando teve autorização para entrar no quarto, as pernas de Carter quase se recusaram a levá-lo. Ele usava um curativo no olho direito, mas não era de se enganar; sua visão desse lado havia sido completamente perdida. Por isso, cambaleava um pouco ao andar para lá, desacostumado com a vista limitada.

            Jason o amparou para guiá-lo da forma correta, acompanhado de uma médica. Carter não se afastou do contato, tampouco o apreciou. Tudo o que importava era Evangeline. Falaria com Jason depois, quando tivesse cabeça para isso. Agora, precisava vê-la, e somente ela.

            Seu coração falhou ao olhar a mulher deitada sobre a cama do hospital. Estava entubada, com diversos aparelhos ligando-se a ela para mantê-la viva. Evangeline respirava por uma cânula, e suas duas pernas estavam engessadas. Os batimentos cardíacos, mostrados pelo marcador, estavam baixíssimos... O bipe do monitor mal era audível.

            — Conseguimos retirar a bala, que por pouco não acertou o coração, mas ela perdeu muito sangue e ainda não está estável — a médica começou a explicar, embora Carter não estivesse prestando atenção. — Só permitimos a visita ao senhor porque... Bem, é um de nossos melhores médicos e próximo a ela. Ela levou uma pancada muito forte na cabeça, acreditamos que essa seja a causa do coma, além da perda de sangue. Infelizmente, nosso hospital não é muito adequado para mantê-la nas condições apropriadas... — A médica pareceu constrangida por falar demais. — Vou deixá-los a sós.

            — Ela não tem uma estimativa para acordar? — Carter perguntou, sem se virar para olhar. Sua voz saiu pesada, rouca.

            — Por enquanto, não — disse a médica, e se retirou.

            Jason permaneceu ali.

            — Carter...

            — Agora não, Jason — ele o interrompeu. Soltou-se do braço dele, fugindo do apoio. — Nos deixe sozinhos.

            Jason pareceu querer contestar, mas o que diria? “Sinto muito”? Isso não apagaria o que havia acontecido, e Carter não estava em condições para discutir agora; seu tom de voz deixava isso claro. Por fim, também deixou o quarto e fechou a porta atrás de si.

            Assim que ouviu o barulho da porta batendo, Carter se aproximou do leito de Evangeline. Seu – agora – único olho bom se encheu de lágrimas e, para piorar, estava sem seus óculos, e via tudo mais embaçado.

            Segurou a mão de Evangeline, que estava fria e flácida, ligada a uma agulha de soro e outro aparelho.

            — Ah, Eva... — sussurrou, deixando as lágrimas caírem.

            Sem que pudesse evitar, começou a chorar, o corpo sacudido por soluços. Não podia acreditar no que via. Precisava de Evangeline. Amava-a mais do que tudo no mundo, fora assim desde que começaram a sair, há dois anos, quando resolveram comer alguma coisa juntos numa madrugada em que haviam ficado de plantão no hospital.

            — Sinto muito, meu amor — murmurou, abaixando o rosto para depositar um beijo leve em sua testa, igualmente fria.

            Fora quase amor à primeira vista e, não muito tempo depois, já estavam morando juntos. O relacionamento não havia sido aceito muito bem por parte da família dela, que não a queria junto de um negro, assim, o contato fora rompido rapidamente. Ela havia se recusado a deixá-lo por um absurdo desses, e sabia que a família era muito racista para voltar atrás. Evangeline decidira iniciar uma nova vida ao lado de Carter, e ele lhe prometera que faria tudo valer a pena.

            Agora, ela estava em coma numa cama de hospital. Justo ela, que já afirmara categoricamente não querer envolvimento naquela história por ser perigoso – além, é claro, de ser cética com relação ao mundo sobrenatural.

            Por baixo de toda a mágoa, Carter sentia uma raiva profunda também, crescendo a cada segundo que olhava para os aparelhos.

            — Vou tirar você dessa, Eva — declarou, acariciando sua mão. — Não se preocupe, você vai acordar de novo. É uma promessa.

            Havia contas a acertar. Evangeline estava quase morta, não tinha mais casa nem carro e provavelmente perdera tudo junto a eles. Carter tinha uma conversa pendente com Jason.


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            Jason se sentou na cadeira ao lado de Rebeca, na sala de espera. Era alta madrugada; ficara acordado o tempo todo esperando Carter despertar e notícias sobre o estado de Evangeline. Além disso, ele e Rebeca foram chamados na delegacia para prestar depoimento sobre o que acontecera na casa do médico.

            Antes mesmo de serem chamados, combinaram uma história para contar, e os policiais pareceram satisfeitos. Ladrões haviam tentado assaltar a casa e um vazamento de gás a explodira, porém, eles haviam escapado antes da polícia chegar. Evangeline fora pega no meio do fogo cruzado, o que não era mentira. Jason escondera a própria arma no carro, longe das vistas dos oficiais.

            — Como ele está? — Rebeca lhe perguntou quando ele se sentou.

            — Devastado — Jason respondeu. Suas mãos estavam enfaixadas devido às queimaduras que conseguira ao segurar a caixa fervente do escaravelho, mas ela também estava segura a essa altura. — A médica disse que não tem previsão para que Evangeline acorde.

            — É, ela me disse isso — falou Rebeca, desanimada, ajeitando o curativo na mão cortada. — E o hospital não é apropriado para esses casos.

            Jason baixou o olhar, sentindo como se tivesse areia nos olhos.

            — É minha culpa. Nunca deveria ter deixado isso acontecer. Eu deveria ter protegido os dois...

            — Não, é culpa do Ares — Rebeca afirmou. Estava pálida, e Jason percebeu que ela tremia, mas continuava com a mesma força de espírito. — Eu também não deveria ter saído... Se tivesse chegado antes, poderia...

            Ela se interrompeu, respirando fundo.

            Jason apertou os olhos para afastar as lágrimas. Não acreditava muito em Deus, mas havia pedido, para qualquer um que estivesse escutando, que não deixasse Evangeline morrer. Seria cruel demais. Nem ela nem Carter mereciam aquilo.

            — Onde está sua adaga? — Jason perguntou de repente. Não vira a lâmina desde que Rebeca voltara.

            Rebeca pareceu não saber onde se esconder.

            — E-eu a perdi. Quero dizer, roubaram ela de mim. Jason, a verdade é que eu encontrei Sloan em Kansas City, e ela levou a adaga com ela.

            — Sloan? — ele repetiu, tentando se lembrar de onde ouvira o nome. Então, arregalou os olhos. — O anjo Sloan, que está contra nós?

            Rebeca fez que sim e narrou o encontro que teve com ela na outra cidade. Jason ficou boquiaberto, com medo somente pela possibilidade de ela ter corrido perigo. Iniciou uma longa fala sobre isso, mas Rebeca o cortou como sempre fazia, afirmando estar ótima, o que era uma óbvia mentira; porém, ele a conhecia o bastante para saber que não adiantaria nada prolongar aquele assunto.

            — O que foi aquilo que você fez? — optou por perguntar, lembrando-se do símbolo que Rebeca desenhou no chão. — Para Ares desaparecer. Onde arranjou aquilo?

            Rebeca hesitou.

            — Hermes me deu um feitiço enquanto eu ia para Kansas City — explicou. — Ele disse que era proibido desde a última vez em que a Fênix apareceu, por abusar muito de poder. Serve para expulsar entidades divinas, dependendo a qual mitologia elas pertencem.

            — E isso não é perigoso? — indagou Jason, preocupado. Rebeca parecia abalada desde que tocara no símbolo e o fio prateado se desprendera dela. — Quanto tempo dura?

            — Não sei quanto tempo. Mas... Acho que Hermes falou que usava muita energia de humanos, mas não tem problema. O importante é que Ares vai demorar um tempo para voltar.

            — Eu espero que sim — disse Jason, sombrio. — Rebeca... O que vamos fazer agora? — Para onde ir?, ele queria perguntar, e mais mil e uma perguntas, como onde estava Gabriel quando chamaram por ele.

            Rebeca fechou mais a jaqueta sobre o corpo, encolhendo-se. Balançou a cabeça, mas, antes que pudesse falar, uma voz os interrompeu.

            — Jason.

            Ele se virou e levantou-se na mesma hora. Carter estava ali, sem encará-lo diretamente. Jason sentiu o estômago se contrair ao ver o amigo com o tampão sobre o olho direito.

            — Precisamos conversar — anunciou Carter.

            Jason deu uns passos incertos na direção dele. Estavam sozinhos na sala de espera do pequeno hospital, mas, mesmo assim, falavam baixo.

            — Carter, eu... E-eu sinto muito — Jason disse, porque precisava dizer. Estava com aquilo entalado na garganta, e não podia só esperar uma conversa sem pedir desculpas pelo que havia causado. É minha culpa, afinal.

            — Eu sei, Jason — o outro disse, sem expressão.

            — Eu vou pagar todos os tratamentos — assegurou. — Podemos transferi-la para um hospital melhor, e eu posso reembolsar todos os danos da casa e da caminhonete. Eu pago tudo até você conseguir ajeitar sua vida, e nós vamos para bem longe daqui e de você, vamos te deixar em paz.

            — Jason — Carter falou, cortando-o. Sua expressão se suavizara no meio do discurso. — Não sei para onde vocês vão daqui, mas, aonde quer que seja, eu vou junto.

            Jason arregalou os olhos novamente, sem conseguir responder. Não pôde acreditar no que ouviu. Seu queixo foi parar em algum lugar do chão e se perdeu.

            Rebeca se levantou e chegou mais perto.

            — Você ainda quer nos acompanhar apesar de tudo? — ela perguntou, tão chocada quanto ele.

            — Por Evangeline — Carter deixou clara sua intenção. — Diz a lenda que as lágrimas da Fênix podem curar qualquer coisa. Se isso for real, eu ajudarei a trazê-la de volta e Evangeline poderá acordar de novo. É por ela que farei isso. Apenas por ela.

            Jason piscou.

            — Mas, Carter...

            — Eu não culpo você, Jason, que fique claro — Carter disse. — Nem você, Rebeca. Mas não vou mentir. Eu quero retaliação. Ares quase matou Evangeline, e isso não vai ficar barato. Então, eu vou segui-los, contanto que ela fique segura.

            Jason entendeu que não havia nada que pudesse dizer para dissuadir o amigo daquela decisão. A última coisa que queria era envolvê-lo em mais problemas, mas não podia lhe negar a chance de lutar de volta. Faria o mesmo se estivesse em seu lugar.

            — Tem certeza disso?

            Carter assentiu, rígido.

            — Já sabem para onde vão?

            Jason ia dizer que não, mas Rebeca falou primeiro.

            — E se formos para a casa do seu avô, Jason? — ela sugeriu. — Pelo menos enquanto não temos outro lugar para ficar ou para ir.

            Ele concordou. Não havia realmente por que ficar pulando de hotel em hotel todos os dias se não tinham um destino concreto no momento. O mais fácil seria ocupar a mansão de Lionel.

            — Eu vou preparar os papéis para a transferência de Evangeline — avisou Carter. — Acho que ela ainda não pode ser movida, então vão na frente. Eu irei com ela quando puder.

            Ele estava pronto para lhes dar as costas e retornar ao quarto.

            — Carter — chamou Rebeca, parando-o. — Ela vai acordar.


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            Jason e Rebeca, como pedido, não demoraram muito mais em Blue Springs. Buscaram os pertences, que por sorte ainda estavam no hotel, fizeram as malas e se prepararam para ir embora. Era uma viagem de quase vinte horas até Allentown, na Pensilvânia, mas decidiram por usar o carro, já que não queriam correr o risco de passar com um revólver no aeroporto. Ajeitaram as malas no porta-malas, esconderam a caixa do escaravelho e tomaram seus lugares no carro.

            Com o rádio ligado, deixaram a pequena cidade do Missouri para trás.

            A casa de Carter estava completamente perdida. Poucas coisas haviam sobrevivido à explosão, não o suficiente para continuar uma vida ali. A tragédia da noite anterior estampava as notícias da televisão; a polícia estava atrás do culpado, mas, por mais que doesse, Jason sabia que nunca iriam pegá-lo.

            — Acha que Carter vai ficar bem? — Rebeca perguntou em um ponto da estrada.

            Jason demorou a responder e, quando o fez, foram poucas e imprecisas palavras.

            — Ele precisa de um tempo.

            Antes de ir embora, havia conversado novamente com ele, para ter certeza de que os seguiria depois. Conversaram por alguns minutos, e Carter pedira para ficar sozinho. Estava abalado e queria distância, ao menos até que se encontrassem em Allentown para discutir o que fazer.

            Rebeca se ajeitou no banco e adormeceu quase instantaneamente. Jason desligou o rádio e aproveitou o silêncio. Nunca gostara de barulho; sons demais o deixavam nervoso, e na noite passada quase tivera uma crise de ansiedade entre todos os acontecimentos.

            Dirigiu pelas primeiras quatro horas. Depois, Rebeca assumiu o volante pelas próximas quatro após comerem algo na estrada. Jason ligou para Joan, a governanta da mansão, para avisar que estava indo para lá. Ela ficou contente com a notícia, anunciou que iria preparar uns bolinhos para quando chegasse e não parou de falar que estava com saudades. Jason sorriu.

            À noite, pararam para dormir em um motel pequeno e ajeitado na beira da estrada. Jason não confiava muito na limpeza desses lugares, mas precisavam descansar para prosseguir a viagem no dia seguinte. Antes, porém, os dois já haviam combinado o que fariam.

            Dirigiram-se até o estacionamento na frente do estabelecimento, onde ninguém estava vendo, e aguardaram.

            — Rebeca — Jason disse antes que ela pudesse chamar. — Você confia em Gabriel?

            A pergunta veio subitamente, mas ele não pôde evitar fazê-la. Ficou remoendo aquela dúvida por um longo tempo, e agora tinha de tirá-la. Rebeca o olhou, abriu a boca e a fechou, sem responder.

            — Eu não sei — confessou. — Mas, por enquanto, acho que não temos outra opção a não ser confiar. Pelo menos, em certas coisas. — Como Jason ficou em silêncio, ela olhou para o céu e chamou: — Gabriel! Queremos falar com você, então é melhor aparecer logo, ou então...

            — Não precisa me ameaçar. — O anjo apareceu na frente deles.

            — Parece que preciso, do contrário você não aparece — disse Rebeca, séria. — Onde você estava? Eu berrei por você ontem, e você não apareceu. O que aconteceu? Ou vai me dizer que não me ouviu? Melhor, vai dizer que não podia vir porque tinha algum assunto muito importante a resolver, mas também é claro que não vai nos falar o que era porque vive escondendo coisas e...

            — Eu avisei a Jason que não podia estar com vocês enquanto Ares estivesse por perto — Gabriel falou em tom neutro antes que ela estendesse mais o monólogo. Olhou para Jason, esperando que ele confirmasse.

            — É verdade — admitiu, colocando as mãos nos bolsos. — Mas Ares já não estava mais lá quando chamamos por você.

            Gabriel olhou de um para outro por longos segundos. Então, fechou os olhos com um leve suspiro e voltou a abri-los.

            — Rebeca tem razão. Eu não podia ir.

            Rebeca soltou uma risada irônica, quase ensandecida, que deixou Jason assustado.

            — Ah, é claro que não.

            — Eu disse desde o início que não podia interferir diretamente — Gabriel argumentou. — O que esperavam que eu fizesse?

            — Não era por nós, era por Evangeline! — Rebeca exclamou. — Ela não estava envolvida e é inocente!

            — Olha, isso não importa mais — Jason se intrometeu. — O que aconteceu, aconteceu. O que importa agora é curar Evangeline e Carter, se possível. Dá pra fazer isso? — perguntou a Gabriel como uma alfinetada.

            Gabriel cerrou o maxilar.

            — Não — disse com desconforto. — Não posso.

            — Como não pode?! — perguntou Rebeca, indignada. Jason teve de segurar seu braço para não avançar em Gabriel. —Já me curou uma vez, no acidente, é só fazer de novo. Evangeline merece ser curada.

            — Não posso — disse Gabriel — porque não tenho mais poderes de cura.

            Até mesmo Jason ficou sem fala por um minuto.

            — Mas você é um anjo — falou, enfim. — Como não pode curar alguém? Esse não é exatamente o milagre?

            Ele balançou a cabeça em negação.

            — Têm que acreditar em mim, eu não estou mentindo. Sinto muito.

            Rebeca deu-lhe as costas, fechando as mãos em punho. Jason continuou encarando o anjo até que ele dissesse mais alguma coisa. Queria respostas, queria uma solução, queria sair do escuro. Mas a expressão de Gabriel dizia que ele não diria mais nada.

            — Como vocês se livraram de Ares? Ele não desistiria sem matar um de vocês antes.

            — Os colares — disse Rebeca imediatamente, ainda de costas. Jason franziu as sobrancelhas diante da resposta. — Eles brilharam por um momento, e depois Ares sumiu. Acho que estavam encantados.

            — Curioso — comentou Gabriel. — Eles não deveriam servir para isso.

            Rebeca deu de ombros.

            — Vai ver Serena pôs alguma coisa a mais neles.

            Gabriel fitou Jason.

            — Sei que seu amigo quer vingança — disse. — E vocês não devem estar muito longe de querer também. Sloan e seus aliados ultrapassaram o limite ao mandar Ares até lá para matá-los. Gente inocente foi atingida no caminho. Eu já havia avisado a ela que não deixaria barato da próxima vez que isso acontecesse. Primeiro, os serpopardos. Nilza, Lionel e Thomas também foram vítimas. Agora, Ares. Também temos nossos meios de retribuir a ofensa.

            Jason ficou atento. Não negaria: não era a primeira vez que pensava naquilo. Se fosse sincero, considerava a hipótese desde que descobrira no que estava envolvido, por isso entendeu a mensagem de Gabriel rapidamente.

            Rebeca girou nos calcanhares, se possível ainda mais perplexa do que antes.

            — Está sugerindo que a gente ataque os outros hóspedes também? — perguntou, a voz falhando minimamente pelo choque. — Que a gente... tente matá-los? Não pode estar falando sério.

            — Eu não costumo fazer piadas — Gabriel replicou.

            — Jason, não vai dizer que concorda com isso. — Ela se virou para ele.

            Jason não conseguiu encará-la.

            — Evangeline está em coma, Rebeca. Isso não pode ficar impune.

            Ela se afastou um passo dos dois.

            — Isso é loucura! Vocês dois não estão pensando direito. Uma pessoa quase morre, então a solução vira matar outras? Como isso faz sentido pra vocês?! — Rebeca passou a mão nos cabelos para se acalmar. — Não seríamos melhores do que a Sloan se fizéssemos isso. Não vamos matar ninguém para revidar, ou para ganhar, ou por qualquer motivo que seja. Essa não é a resposta, e nunca será.

            Jason jamais vira Rebeca tão séria e ultrajada quanto naquele momento. Ela parecia capaz de quebrar uma mesa com um soco e, ao mesmo tempo, seus olhos estavam marejados.

            — Rebeca, você não entende... — começou Gabriel.

            — É você que parece não estar entendendo, Gabriel — ela disse, cortante. — Você mesmo disse que a Fênix é sobre ordem e justiça, não sobre eliminar alguns para que ela retorne. Como é que ela vai retornar se não fazemos o que é, no mínimo, o que um ser humano decente faria? Eu repito: não vamos matar os outros hóspedes.

            Gabriel não tentou argumentar mais.

            — Vou lhes dar tempo para pensar — declarou olhando para Jason e, em seguida, sumiu.

            Rebeca começou a andar na direção do motel para entrar.

            — Rebeca... — Jason foi atrás dela.

            — Jason, não acredito que concorda com ele — ela foi dizendo, sem parar de andar.

            Jason segurou seu pulso.

            — Por que mentiu sobre o feitiço que expulsou Ares?

            Rebeca estancou.

            — Porque Gabriel não é o único que tem segredos — ela disse de forma simples, e restou a Jason segui-la para dentro do motel, onde poderiam ter uma conversa decente.


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Notas finais do capítulo

Sim, bem, o capítulo foi mais uma transição, por isso não aconteceu muita coisa, mas ele foi necessário, afinal, eu precisava fechar algumas coisas. Espero que não tenha ficado entediante ^^
O próximo, provavelmente, será o bônus do Jason ;)
Não deixem de comentar comigo o que acharam, eu não mordo e adoro conversar :3 Não tenham vergonha gente, qualquer palavra já é um incentivo enorme para o autor!

Espero que estejam gostando! Obrigada por ler, beijos e até mais o/



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