Contagem Regressiva escrita por Beatrice


Capítulo 30
Capítulo 29: Procurando por anjos


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera!

Então, não deu para postar dia 02 como eu tinha falado, sinto muito :c Mas aqui estou eu, postando no dia do leitor! Então, parabéns para nós haha o/ Fiquem com o capítulo, que... bem, preparem-se, é o que posso dizer.

Espero que gostem e tenham uma boa leitura!



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Era final da tarde quando Evangeline e Carter chegaram do trabalho. Como Jason havia ficado o dia inteiro na casa sozinho, tentara cozinhar algo para a janta, para poupar-lhes trabalho e servir como uma forma de agradecimento pela hospitalagem.

— Jason! — Carter exclamou, alegre, envolvendo os ombros de Evangeline. — Fomos liberados mais cedo hoje, o hospital estava vazio. Que cheiro é esse?

— Eu tentei cozinhar. Não sei se deu certo — admitiu ele, encolhendo os ombros. Não tinha ideia de como havia sobrevivido morando sozinho no apartamento por tanto tempo.

Evangeline foi checar as panelas e fez uma careta.

— Isso está com um cheiro ótimo e uma cara terrível. O que é?

— Boa pergunta... Eu botei algumas coisas que encontrei e acabou virando isso. Mas acho que dá pra comer. — Jason sorriu.

Carter deu risada, balançando a cabeça. Em seguida, olhou ao redor, confuso.

— Estou sentindo falta de alguém aqui. Onde está a Rebeca?

— Ela foi visitar uma amiga em Kansas City — explicou Jason. — Não deve demorar a voltar, ela saiu cedo.

— E você, o que ficou fazendo o dia inteiro? Treinou com a arma, como eu instruí?

Evangeline lhes lançou um olhar atravessado, ainda analisando a comida. Jason a viu suspirar e se afastar um pouco deles. Baixou o olhar; não queria perturbar com mais daquele assunto perto dela, portanto respondeu de forma simples:

— Sim, fiz grande progresso.

Carter ia continuar o assunto, mas outra voz o impediu. Jason não pôde dizer que ficou surpreso ao ver Gabriel ali pela segunda vez no dia.

— Desculpe interromper — disse o anjo, formal. — Mas o assunto é de grande importância. Não tomarei mais do que alguns minutos de vocês.

Evangeline retornou à sala de estar, de sobrancelhas franzidas.

— Quem é você?

— Sou o arcanjo Gabriel — disse de forma direta. — É um prazer conhecê-la. Sinto por invadir sua casa desse modo.

Ela bufou, passando a mão na testa.

— Mais essa, agora — resmungou. — Um anjo.

Jason sentiu a descrença empregada à palavra. Gabriel a olhou.

— Não acredita em mim.

— Não acredito em muitas coisas. Magia é uma delas. Desculpe decepcionar, mas sou ateia.

Gabriel assentiu.

— Respeito sua opinião. Infelizmente, não acreditar não faz com que esteja segura.

— O que quer dizer? — perguntou Jason. Tinha certeza de que Gabriel abriria as asas agora mesmo para convencer Evangeline e trazê-la para o seu lado, mas ele não o fez.

— Com o ataque das empousai e os sinais dos celulares sendo rastreados, já sabem que você e Rebeca estão aqui. Isso inclui que seus amigos também não estão mais seguros. A casa se tornou um alvo.

Jason sentiu um arrepio com aquelas palavras. Arrependeu-se imediatamente de ter permanecido com Carter. Aquilo não poderia ter um bom final.

Gabriel tirou do bolso da jaqueta dois cordões.

— Isso vai impedir que saibam onde estão. — Estendeu os colares, quase idênticos aos que Serena dera a Jason e Rebeca. Carter os apanhou com cuidado, enquanto Evangeline continuava com a expressão fechada. — Mas isso não basta — Gabriel completou. — Vocês têm que se mudar. Essa casa não é mais segura.

— Nos mudar?! — repetiu Evangeline. — Essa casa é nossa. Por que você não pode fazer algo já que é um tão chamado anjo?

Nesse momento, o celular de Jason começou a tocar. Ele tateou os bolsos até achá-lo, franzindo o cenho ao ver Gabriel estremecer e olhar em volta, como se procurasse por algo fora da casa. Jason viu a foto de Rebeca no identificador de chamada e atendeu rapidamente, com um péssimo pressentimento.

— Alô, Beck?

— Jason! — ela quase gritou, agitada. — Você está na casa de Carter? Mais alguém está aí? Você está bem?

— Sim, estou, ele e Evangeline acabaram de chegar — Jason respondeu apressado, preocupado com aquelas perguntas. — Gabriel também está aqui. O que aconteceu?

— Vocês têm que sair daí agora — disse Rebeca. Ele podia ouvir, do outro lado da linha, o som de carros em alta velocidade. Rebeca parecia ofegante, como se tivesse acabado de correr. — Você me ouviu? Saia daí, vocês estão em perigo!

— Por quê? O que está acontecendo?

Carter e Evangeline o encaravam com ansiedade.

Antes que Rebeca respondesse, um grito de dor foi ouvido. Gabriel se curvou, segurando a cabeça com as duas mãos e grunhindo. Jason se adiantou até ele.

— Gabriel, o que foi?

— O que tem o Gabriel? — Rebeca perguntou ao telefone.

O anjo se apoiou em Jason, cambaleando e com uma das mãos ainda na têmpora em um sinal de dor. Seu rosto começou a ficar vermelho.

— Rebeca tem razão — ele murmurou. — Vocês têm que sair daqui. Ares está a caminho.

— Ares? — sussurrou Jason, o medo crescendo. O deus da guerra? Será que era ele o patrono de outro hóspede para a Fênix? Gabriel gritou mais uma vez. — O que você tem, Gabriel?

— Ele está muito perto. Nossos espíritos estão competindo. A energia dele não é amigável como a de Hermes. Não posso ficar com ele aqui.

— Jason, ainda está aí? — Rebeca chamou com urgência. — Olha, não sei o que está acontecendo, mas vocês têm que sair da casa.

Jason olhou para Carter e Evangeline, que já estavam com os colares ao redor do pescoço. Tinha de tirá-los dali o mais rápido possível.

Gabriel agarrou seu braço.

— Rebeca... — disse com dificuldade. — Ela é sua prioridade. Proteja-a, custe o que custar. E o escaravelho... Não pode deixar ninguém levá-lo.

— Gabriel...

Ele levou as mãos à cabeça mais uma vez, impedindo que outro lamento escapasse de sua boca. No instante seguinte, a casa inteira foi preenchida por uma luz branca cegante que emanou do anjo, e Jason foi obrigado a fechar os olhos, embora continuasse o amparando. Mas, então, o aperto em seu braço se desfez e, quando a luz findou, Gabriel não estava mais ali.

Jason olhou para o espaço em que ele estava anteriormente, aturdido.

— A caminhonete — falou, despertando do transe. — Vão para lá — disse a Carter e Evangeline. — Eu estou logo atrás. Temos que sair da casa, da cidade, não sei. Mas temos que ir para longe. Eu vou pegar a arma.

— Vamos. — Carter puxou Evangeline pelo braço na direção da saída.

— Estarei aí em menos de dez minutos — Rebeca avisou.

— Você disse que leva meia hora de distância daqui a Kansas City — argumentou Jason, correndo para o quarto e agarrando o revólver.

— Vou fazer um caminho diferente. Confie em mim.

Rebeca desligou. Jason guardou o celular, engatilhou o revólver e foi atrás dos amigos. Eles estavam quase na porta quando ouviram um estrondo e ela foi pelos ares, arremessada com tanta força que atravessou a sala e o corredor.

— Jason Kent — uma voz retumbou. Ele ergueu a cabeça, que abaixara para evitar ser atingido pela porta, e viu um homem enorme do outro lado da rua, segurando um rifle e parecendo pronto para a guerra. — Hoje, um protetor morre. Logo, será seguido pela hóspede.

— A porta dos fundos — disse Carter.

Jason fez um gesto com a cabeça, e os três dispararam pelo corredor. Carter foi na frente, e Jason seguiu na retaguarda. Olhou para trás por um segundo. Ares atravessou a rua e mirou o rifle. Os tiros foram disparados assim que eles chegaram ao quintal e correram para o pequeno portão que levava para fora, fazendo as balas acertarem o nada.

— A caminhonete está do outro lado. Temos que dar a volta.

— Eu vou distraí-lo, vocês vão na frente e saem da cidade — disse Jason. —Não olhem para trás.

— Você não pode fazer isso sozinho! — disse Evangeline.

— Rebeca já está chegando, nós vamos nos virar — Jason garantiu, sem certeza nenhuma. Não vamos, não, pensou. O que poderiam fazer? Matar um deus? Até para ele, aquela ideia era absurda demais. — Eu coloquei vocês nessa, então me deixem ajudar. Vão.

Eles não tiveram mais tempo para discutir. Jason os empurrou para a saída, ao mesmo tempo em que os tiros voltaram a soar, tão altos que causavam um sobressalto. Deram a volta na casa, enquanto Ares a cruzava pelo lado de dentro, atrás deles.

A caminhonete de Carter estava estacionada na rua, quase em frente a porta de entrada. Os três correram pela varanda para alcançá-la, mas não tiveram a chance.

A casa explodiu.

O poder da explosão os jogou longe e chamuscou suas roupas. A cabeça de Jason colidiu com algo extremamente duro, e tudo ficou preto por longos segundos. A dor que se espalhava por seu corpo era tamanha que ele não conseguia enxergar ou ouvir direito; tudo parecia ser ecos e formas imprecisas e embaçadas, que se misturavam em frente a seus olhos.

Tentou respirar fundo, mas a fumaça que se erguia da casa o fez tossir incontrolavelmente. Sentou-se, sentindo o corpo reclamar, e o que viu deixou-o apavorado.

Carter e Evangeline estavam encolhidos sob os escombros, cheios de fuligem. Os alicerces da casa, atrás deles, estavam em chamas, ameaçando desabar, mas o casal estava vivo e se movendo para sair dali. Sua arma havia espirrado para longe na hora da queda. Jason começou a se levantar, mas quase caiu de novo quando viu uma pequena caixa de madeira marrom-escuro a alguns metros de si.

O escaravelho. Preciso protegê-lo. Não sabia como a urna havia ficado inteira da explosão, mas provavelmente era devido ao fato de ser encantada. Jason levantou-se e correu até ela o mais rápido que seus pés o levaram. Agachou-se e fechou as mãos ao redor dela.

Gritou e largou-a ao sentir as mãos queimarem. A caixa fervia, criando bolhas instantâneas em suas palmas. Jason a encarou, sem rumo, e rodopiou ao escutar uma risada.

Ares caminhava para fora da casa, intacto. Passava pelo meio das chamas e da coluna negra de fumaça que subia sem demonstrar incômodo. Ao sorrir, seu dente de ouro reluziu, e os cabelos cinza tremularam com o fogo como se fizessem parte dele.

— Não... — Evangeline disse ao olhar para a casa destruída.

— Honestamente, Kent, não sei como conseguiu sobreviver até agora — disse Ares. Posicionou o rifle e mirou o peito de Jason. — Deve ter sido pura sorte.

Por instinto, Jason se abaixou. O tiro que o teria matado passou por cima de sua cabeça. Achou que Ares tentaria de novo, agora que estava vulnerável, mas o deus se aproximou sem pressa e pegou a caixa do escaravelho. Jason deu alguns passos para trás, sem saber o que fazer. Precisava proteger Evangeline e Carter, além de si mesmo, e não tinha nenhuma arma em mãos.

Ares ergueu a caixa na altura dos olhos e a admirou.

— Mas acho que toda sorte chega ao fim — comentou. Em seguida, fechou o punho direito e deu um soco no estômago de Jason.

Jason achava que já havia experimentado muitas dores, mas nenhuma delas se comparava a ser socado pelo deus grego da guerra. Foi como receber o impacto de cinco caminhões de cimento, e ele voou até cair no meio da rua de asfalto, de costas e encolhido, segurando a barriga. Seus órgãos pareciam ter se transformado em manteiga.

Ares apontou o rifle mais uma vez, mas algo o impediu de atirar.

Estou alucinando?, Jason se perguntou. Seu Volvo surgiu derrapando da estrada atrás de Ares a toda velocidade e faróis no máximo, e foi direto na direção do deus, sem diminuir por um segundo. Ares se virou, surpreso, e atirou contra o carro, mas o veículo manteve o ritmo até alcançá-lo e atingi-lo, atropelando-o a mais de 150 km/h.

Jason rolou para o lado para não ser atropelado também. O Volvo passou por ele tão rápido que provocou uma ventania, e parou a metros dali cantando pneus. Rebeca mal esperou o carro parar por completo para abrir a porta e saltar dele, para então correr até onde Jason estava caído.

— Jason! — ela gritou, ajudando-o a levantar. Ele notou que ela mancava e tinha dificuldade em respirar.

— Você está bem? — foi a primeira coisa que disse, olhando-a de cima a baixo.

Rebeca confirmou. Eles se voltaram para trás. Ares estava nocauteado no chão, e de suas duas pernas escorria um líquido dourado. Icor dos deuses, Jason se lembrou de como o “sangue” grego divino era chamado. Ares possuía mais ferimentos da queda aqui e ali, mas estava acordado e se recuperando rápido. A pancada que deveria ter quebrado todos os seus ossos meramente o machucara. A caixa do escaravelho estava caída a uma boa distância dele.

— O que vamos fazer? — Jason perguntou. Carter e Evangeline já estavam de pé, mas desnorteados, e andando devagar até eles.

— Eu tenho uma ideia — disse Rebeca. — Mas preciso que você o mantenha ocupado por uns segundos. — Entregou-lhe o revólver, que ele sequer vira que ela tinha pegado antes de ir até ele.

Rebeca pegou um bloco de papel da bolsa e começou a lê-lo, de cenho franzido, como se não entendesse uma palavra.

Ares se levantou. Os ferimentos estavam quase totalmente curados e ele cerrou o maxilar ao avistar Rebeca.

— Não tão rápido, garota. — Abanou a mão em um gesto amplo, e a caminhonete de Carter foi erguida no ar e lançada na direção de Rebeca.

Seus números caíram tão rápido que Jason mal teve tempo para processar o que acontecia. Pulou em cima dela, jogando ambos ao chão. A caminhonete passou por cima deles e pegou fogo em pleno ar, para depois cair no gramado como uma pilha de metal incendiado.

Tudo o que Jason viu quando abriu os olhos foram as íris verdes de Rebeca encarando-o de volta. Estavam muito perto. Ele sentia sua respiração acelerada junto com a sua própria. Ao redor deles, a casa continuava em chamas, pedaços do teto desabando e fumaça atrapalhando os pulmões, o calor era insuportável. Mesmo assim, por um breve momento, os dois eram a única coisa que havia no mundo.

Então, Jason se pôs de pé em um pulo e firmou a arma na mão. Rebeca voltou a atenção para os rabiscos no bloco de papel e agarrou um pedaço de ferro pontiagudo que se desprendera dos alicerces da construção.

— Carter, Evangeline, corram para o carro! — Jason gritou para eles, jogando as chaves para Carter. Colocou-se na frente dos dois com a arma erguida quando viu Ares mirar.

Jason disparou vezes seguidas, atingindo o deus em quase todas elas. Ares cambaleou com os furos de bala no peito e no abdômen, que jorravam icor dourado, mas manteve o rifle parado. Mais tiros foram disparados, e os três tiveram de se desviar para não serem acertados.

— Hermes! — Rebeca berrou para o ar. — Eu não consigo ler! Hermes, cadê você?!

Jason não sabia o que ela estava fazendo. Rebeca perfurou a mão esquerda com o ferro afiado, tão profundamente que fez-se uma poça de sangue em sua palma e ela gemeu. Molhou os dedos da outra mão ali e usou-os para desenhar algo no chão, que Jason não pôde distinguir, mas ficou horrorizado só ao vê-la fazer aquilo.

— Abaixem! — berrou para os dois ao seu lado quando Ares disparou de novo. Contudo, Evangeline não reagiu em tempo, e uma mancha vermelha se formou em seu peito.

Seu grito e o de Carter soaram quase ao mesmo tempo:

— Não!

Carter correu até ela. Jason virou-se para Ares com ódio nos olhos e atirou em suas mãos. O deus deixou o rifle cair com a dor, mas revidou no mesmo instante. Fez o mesmo gesto com a mão que usara para lançar a caminhonete, e uma viga da casa tombou sobre Evangeline, que já desfalecia em decorrência do tiro, e se partiu, fazendo lascas de madeira voar para todos os lados.

Jason protegeu o rosto com as mãos, embora tenha se adiantado para socorrer a moça. Carter fez o mesmo, quase sendo atingido pela viga por estar perto demais, com Evangeline nos braços.

Quando a poeira baixou, Jason olhou o estrago, em choque: a madeira batera na cabeça de Evangeline antes de rolar e parar sobre suas pernas. Carter tentava parar o sangramento de alguma forma, pressionando seu peito desesperadamente enquanto murmurava preces.

— Evangeline, meu amor, por favor, aguente firme... Não vou deixar que morra. — E ele tentava fazer algo para salvá-la.

Mas Jason via a verdade. Evangeline estava de olhos fechadas, desmaiada... E seus números diminuíam a cada segundo, na mesma proporção em que o sangue escorria.

Sirenes da polícia e dos bombeiros ressoavam a distância, atraídas por todo o barulho. Ares se aprumou, recuperado dos tiros na mão, e apontou o rifle para Jason com um grito de raiva. Nesse momento, porém, Rebeca também gritou alguma coisa em uma língua estranha e finalizou dizendo o nome do deus. Então, desceu a mão que havia perfurado em cima do desenho em sangue que fizera.

O que se seguiu nunca se tornou claro para Jason. O tempo desacelerou. Não havia mais vento. Até mesmo as chamas que tomavam conta da casa dançaram lentamente, e o mundo emudeceu.

Ares arregalou os olhos e paralisou. Um brilho cinzento o envolveu, contornando-o e, em seguida, desprendeu-se dele como um fio prateado, no exato formato de seu corpo. O mesmo pareceu acontecer a Rebeca, e ela arfou, mas durou apenas um segundo antes de seu fio ser atraído para o símbolo no chão e desaparecer.

O símbolo acendeu com uma luz laranja e o tempo voltou a sua normalidade. Ares gritou enquanto seu fio era puxado até o desenho e sumia em um estouro. Num piscar de olhos, o deus havia sumido.

Rebeca caiu de joelhos, arfando.

— Jason, chame uma ambulância! — Carter chorou para ele.

Jason apanhou o celular de imediato e discou, completamente abalado com o que acontecia. Evangeline permanecia desacordada, e seus números...

— Eu preciso de uma ambulância com urgência, uma pessoa foi baleada — ele proferiu as palavras quando atenderam. Passou o endereço, ainda estático, sem reação, vendo os números de Evangeline.

De algum lugar, sangue pingava no rosto dela. Jason seguiu o caminho e não conseguiu conter uma exclamação:

— Meu Deus!... Carter, seu olho...

O olho direito do médico fora cortado por uma das lascas que se soltara da viga de madeira em direção horizontal, e sangue escorria por seu rosto. Contudo, ele não tirou a atenção de Evangeline, ainda tentando mantê-la viva, sussurrando e pedindo para que ela não fosse embora.

Jason quis chorar.

— Gabriel! — Rebeca berrou atrás dele, a voz embargada e cansada, olhando para o céu. — Nós precisamos de você! Por favor, apareça! Gabriel! GABRIEL! HERMES!

Mas ninguém apareceu.

Nenhum anjo, nenhum deus. Ninguém. Os quatro foram deixados sozinhos até a chegada da polícia e da ambulância, quando já era tarde demais.

Jason viu os números de Evangeline congelarem. Simplesmente pararam, ainda brilhando, mas não diminuíram nem cresceram novamente. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ele olhou para Rebeca em busca de uma solução, mas o que encontrou foi um olhar tão perdido quanto o seu.


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Carter acordou sentindo um vazio enorme. Por um momento, achou que ainda não havia aberto os olhos, pois sua visão estava reduzida. Então, compreendeu. Lembrou-se da dor no olho direito quando a lasca o acertara. O sangue, a escuridão...

Estou cego, concluiu.

No entanto, não era isso que o preocupava e fazia seu peito se comprimir. Sentou-se em um rompante, sabendo que havia apenas um aparelho ligado a si pela mão. Ia se levantar, mas alguém o impediu.

— Carter, espera, você não pode sair ainda — disse Jason, mantendo-o na cama do hospital. Carter fitou o rosto abatido do amigo.

— Jason, onde ela está? — perguntou com angústia. — Ela está bem? Está viva?

Jason abriu a boca para responder, mas nenhum som saiu. Carter forçou passagem para se erguer de novo, mas foi novamente impedido, agora por uma tontura.

— Jason, me deixe sair! Por favor, eu preciso vê-la, ela é minha mulher! — Acabou falando mais alto do que pretendia, tomado pelo pânico. Evangeline não podia estar morta. Seu coração ainda batia, fraco, enquanto a segurava nos braços. Seus olhos marejaram e ele amoleceu na cama. — Não me diga que...

— Não — disse Jason, pesaroso.

— Então o que é? — Carter agarrou seu pulso com força. — Eu já estou cego, posso aguentar. Vamos! Me diga, Jason! O que foi?

A boca de Jason tremeu. Carter recebeu seu olhar dolorido com um baque.

— Ela está em coma, Carter.


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Notas finais do capítulo

Então, gente, o que acharam? Não sei se vocês gostavam da Evangeline ou não, mas, mesmo assim, o capítulo foi carregado de drama :c De qualquer forma, espero que tenham gostado. Contem-me o que acharam, o que esperam a partir de agora, eu vou adorar saber *-* Sugestões e críticas construtivas também são super bem-vindas! Qualquer comentário já é um incentivo e tanto ao autor!

Ainda estou aberta quanto a opiniões sobre o bônus do Jason, então não deixem de me dizer ^^

Obrigada por ler! Até os comentários e o próximo capítulo :3



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