Contagem Regressiva escrita por Beatrice


Capítulo 2
Capítulo 1: Um novo começo


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi bem breve, mas foi apenas para iniciar a história. Queria agradecer aos que comentaram e começaram a acompanhar, é muito importante para mim, então sejam todos muito bem-vindos *-*
Tenham uma boa leitura!



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Vinte minutos haviam se passado desde que a aula começara, e só então Jason conseguiu encontrar sua sala.

Abriu a porta dos fundos do auditório com cuidado, tentando entrar sem ser percebido. Avistou uma cadeira vazia algumas fileiras para frente e foi se sentar, pedindo licença. Infelizmente, praticamente todas as cabeças se viraram em sua direção para observar, inclusive a do professor, que interrompeu sua palestra.

— Você deve ser o novo aluno do qual me falaram, Jason Kent – o homem que vestia um suéter verde falou. Usava óculos de lentes grossas e armação transparente, e aparentava beirar os cinquenta anos de idade. Viverá mais vinte, no máximo, o jovem viu nos números laranjas e brilhantes acima de sua cabeça que diminuíam gradativamente.

— Sim, senhor – confirmou Jason, desconfortável com todos os olhares. Estamos começando bem, pensou.

— Não sei de onde você vem, mas devo avisar – disse o professor de modo arrogante - que aqui em Yale somos muito rígidos quanto a horários e não aceitamos interrupções desnecessárias durante as aulas.

— Então não deveria ter parado para falar comigo, senhor – Jason respondeu antes que pudesse se segurar, ainda em um tom que considerou educado.

Alguns risinhos foram ouvidos pela sala. O professor respirou fundo para se acalmar e disse, rispidamente:

— Abra o caderno e comece a copiar. Vocês todos, prestem atenção.

Ele continuou passando seus slides sobre a aula teórica de construção, e Jason abriu a mochila para não perturbar mais ninguém. Como ordenado, anotou todas as informações. Preferia manter os olhos nas páginas do que no professor ou em qualquer outro aluno; estava cansado de ver todos aqueles números brilhantes que sempre estavam em contagem regressiva.

Além de iniciar o primeiro dia de aula na Universidade Yale com o pé esquerdo, tudo no caminho até o campus dera errado. Passou com o carro em um buraco para se desviar de um ônibus e evitar um acidente, o que fez com que o pneu furasse. Por causa disso, chegou atrasado a escola, e ainda não sabia as direções certas até sua sala. Teve de percorrer inúmeros corredores, tantos que perdeu a conta, até finalmente chegar onde deveria.

Sentiu que o professor ficaria com uma má impressão dele pelo resto do ano. De qualquer forma, não importava. Não estava ali por ele, nem pelas quase duas horas em que ele permaneceu falando.

O restante do dia correu normalmente. Jason se manteve afastado o quanto pôde das outras pessoas, evitando olhar diretamente para cada uma delas. Mesmo dois anos após sair do hospício (que os funcionários delicadamente chamavam de hospital psiquiátrico) ainda não estava familiarizado com o emaranhado de números que ficava acima das cabeças de todos, fosse uma criança ou um velho.

Sabia que não era louco. Se fosse, sua loucura já teria sido curada nos doze anos que passara naquele lugar frio e isolado com tantas medicações que lhe deram. Seu avô o livrara de realmente perder a cabeça, quase tarde demais. Às vezes ele se pegava perguntando se quem estava lá fora internado por ser louco ou se era louco por ser internado.

Dispersando os pensamentos, atravessou a universidade para ir até a biblioteca apanhar os livros de que precisava para se atualizar nas matérias. Teria um longo caminho pela frente. Chegara a New Haven, Connecticut, há uma semana, portanto até aquele momento não teve oportunidade para cuidar dos estudos.

Depois de guardar os livros na mochila, desceu as escadas para a saída. Estava esperando para atravessar a rua quando notou os números de uma garota caírem bruscamente de uma hora para outra.

Antes que pudesse se aproximar, ela começou a atravessar a rua no momento em que uma moto acelerou. Quase a atropelou, mas desviou no último segundo e apenas causou um susto. A garota cambaleou para o lado. Jason correu até ela.

— Você está bem? – perguntou, preocupado.

— Sim, obrigada por perguntar. Eu não tenho muita sorte com essas coisas – ela disse, rindo. Ajeitou a bolsa no ombro e olhou para ele. – Ah, você é o cara novo.

O coração de Jason quase parou ao ver seu rosto.

— É. – Ele tentou sorrir. – Jason.

— Eu sei. Também curso Arquitetura. – Ela colocou a mecha que escapara do rabo de cavalo atrás da orelha. Tinha cabelos loiros longos e ondulados, e grandes olhos verdes contornados pela armação dos óculos. – Não se preocupe com o senhor Hennings, ele costuma implicar com todo mundo mesmo, não é nada pessoal. Você divertiu a sala com aquele comentário. Sou a Rebeca, a propósito. E você deve ter percebido que eu falo demais.

Ela fez uma careta, como se o último comentário também fosse uma prova disso.

— Está tudo bem – Jason falou. Sua privação de contato humano por tantos anos danificara seriamente sua habilidade de criar uma conversa normal que durasse mais que poucos segundos.

— Olha, se você precisar de ajuda para se atualizar na matéria, pode falar comigo – Rebeca ofereceu, animada. – Posso não ser a maior fonte de conhecimento do mundo, mas já é alguma coisa, certo?

— Com certeza – ele concordou, dando o seu melhor. – Vou me lembrar disso.

— Então, o que te fez entrar agora na faculdade? Estamos no último semestre. É, tipo, a reta final. Problemas na outra escola?

— Não exatamente – Jason tentou pensar em algo. – Quis mudar de ares e achei que conseguiria acompanhar. Vamos ver se funciona.

Rebeca abriu a boca para responder, mas foram interrompidos por uma voz feminina do outro lado da rua:

— Ei, Beca! Você vai demorar muito? Preciso ir embora.

— Já vou, Halee! – ela gritou para a outra. Para Jason, disse: - Tenho que ir. Até amanhã, talvez.

— Até amanhã – ele murmurou. Rebeca fez um aceno de despedida e atravessou, e Jason ficou observando para ver se seus números continuavam normais e seguros dessa vez.

Foi até o carro e voltou ao apartamento que seu avô lhe comprara quando disse que estava cogitando a ideia de ir morar em New Haven. Havia sido um homem de sucesso quando jovem, e agora gastava sua fortuna como queria, e principalmente com o único neto que tinha. Não poupou gastos ao dar de presente um apartamento em um dos melhores prédios da cidade, com uma vista privilegiada por ser no oitavo andar. Jason devia tudo a ele, mais do que poderia um dia sequer agradecer da forma correta.

Jogou a mochila com os livros em cima do sofá e foi preparar algo para comer. Mais tarde, ao se sentar para começar a ler toda aquela teoria e mais as anotações feitas na aula, pensou que o ano talvez não fosse ser tão ruim quanto havia imaginado.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse, o capítulo ficou bem curto e rápido, mas vou começar a detalhar mais a partir do próximo e já explicar algumas coisas (como a história dele). Espero que estejam gostando ^^
Então, por favor, se o capítulo foi suficientemente bom, deixe um comentário me contando o que espera ou o que achou! Críticas e sugestões também são aceitas.Obrigada por passar aqui e ler!
Nos vemos no próximo capítulo ^-^