Darking Blue escrita por Caramelkitty


Capítulo 5
Vampiros da Transilvânia


Notas iniciais do capítulo

Sorry pela demora >.



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Nos dias seguintes parecia ter recuado no tempo. Eu e Kito esperávamos nas traseiras dos restaurantes pelos restos, vasculhávamos nos caixotes do lixo, pescávamos nos lagos das florestas. Tal como fazíamos antes de eu fazer 12 anos e ser acatada pela equipe dos marinheiros para transportar caixotes. E devo dizer que até não estávamos a viver mal de todo. Numa onda de sorte conseguíramos até alguma comida para armazenar.

Numa noite, quando voltava para casa, senti um arrepio na espinha. Alguma coisa estava extremamente errada! Quando cheguei à porta de casa, encontrei-a entreaberta. Abri-a devagar e espreitei para o interior. As luzes estavam apagadas mas consegui distinguir um vulto que se movia de um lado para o outro, revirava todos os meus pertences. Estava vestido de preto e era extremamente pálido. Por momentos pensei que era Ren mas quando ia entrar, outro vulto igual ao primeiro apareceu rodeando a casa. E eu vi-o claramente à luz da lua. Os dentes aguçados, a pele pálida ligeiramente esverdeada, os olhos alaranjados, quase vermelhos.

Assim como eu o tinha visto, ele também reparou em mim. Os perseguidores tinham chegado. Os vampiros da Transilvânia! Saltei diretamente do paladiço de madeira sem descer as escadas e corri para a floresta o mais rápido que consegui. Sabia que os vampiros eram extremamente rápidos e a minha única esperança era conseguir encontrar um estabelecimento cheio de gente a caminho da cidade, pois sabia que não chegaria a tempo. Cortei por todos os atalhos que conhecia e sentia que mil olhos vermelhos de morcegos me observavam a cada curva.

Deparei-me com um descampado. Estava perdida! Em terreno livre, eles apanhar-me-iam facilmente. No entanto, via um edifício que se erguia a uns metros. Dirigi-me nessa direção, já quase sem fôlego. Quando cheguei perto do edifício, desesperei ao ver os vidros partidos o portão entreaberto e a vegetação dominando a pedra. Era uma antiga escola abandonada!

Não tinha tempo para pensar em outro plano por isso entrei no edifício deserto com intenções de me esconder. Entrei numa sala de química. Tinha ainda alguns ingredientes nos armários. Escondi-me num deles, tendo o cuidado de não entornar nenhum dos ácidos sulfúricos ou outros explosivos. Encolhida a um canto, misturei numa proveta todos os ingredientes que estavam no armário. Estava a arriscar-me, bem sei, mas precisava de um plano de emergência para o caso de me encontrarem.

Poucos instantes depois, entrou na divisão um dos vampiros. Ele cheirou o ar. Conseguia sentir o cheiro do meu sangue por entre todos aqueles componentes químicos, mas não conseguia distinguir de onde provinha. Abriu armários, procurou debaixo das secretárias. Agarrei a proveta com mais firmeza e assim que ele abriu o armário em que eu estava escondida, atirei-lhe com o preparado à cara.

Os urros de dor do vampiro deram-me oportunidade de escapar mas atraíram todos os outros perseguidores que me procuravam. Corri de novo pelos corredores com o coração aos saltos. Não podia ficar a descoberto muito tempo! No fim do corredor esperavam-me três vampiros. Ao vê-los, enveredei por uma porta à esquerda que identifiquei como sendo o refeitório. Saltei para os estabelecimentos restritos das cozinhas onde agarrei uma faca e uma panela bem larga. Gemi. Tinha chegado a um ponto sem saída e os vampiros sabiam onde me escondera.

Agarrei a faca numa das mãos e a panela a servir de escudo na outra e preparei-me para defender-me o melhor possível, sabendo que, para escapar, apenas saltando por uma janela. Peguei numa cadeira e ia partir os vidros quando descobri uma despensa. E dentro dela estava um alçapão. Parti os vidros da janela simulando uma fuga e depois larguei a cadeira e a panela. Mantive a faca no cinto das calças e subi pelo alçapão.

Estava agora no cimo do prédio! Um vasto espaço rodeado pelo céu estrelado. Procurei desesperada algum alçapão ou alguma porta que conduzisse de novo para o interior do edifício mas todas as portas estavam trancadas e o único alçapão era aquele por onde eu tinha vindo.

«Socorro» gritava mentalmente. Sabia que se pedisse por ajuda aos gritos, apenas atraíria os vampiros que me procuravam na cozinha. Com sorte, talvez eles caíssem na farsa da janela partida. As minhas esperanças foram brutalmente pisadas quando ouvi o alçapão a ser aberto. Uma mão pálida esverdeada surgiu do alçapão. Peguei na faca e espetei-a na mão do vampiro recém chegado. Pelo barulho, este tinha acabado de cair do escadote. Fechei o alçapão e inseri o peso do meu corpo sobre este. A pressão tornou-se mais forte! Vários vampiros tentavam abrir o alçapão. Fui lançada alguns metros quando eles conseguiram finalmente abri-lo. Levantei-me e recuei. Eram quatro vampiros! Reconheci o da sala de química porque tinha a cara inchada e outro tinha um profundo golpe na mão esquerda.

Se recuasse mais alguns passos, cairia do edifício. Mesmo que sobrevivesse à queda, partiria algum membro e a fuga seria inconcretizável. Mas não via outra solução. Os quatro vampiros redeavam-me prontos para me atacarem e sugarem todo o meu sangue. Ah, sim, esqueci-me de mencionar que estes vampiros são venenosos! Uma mordida pode ser letal!

Saltei! Mas, a meio caminho do chão, alguém me agarrou. Seriam mais de quatro os vampiros?

Estrebuchei pronta a dar luta.

– Fica quieta!

Reconheci de imediato aquela voz. Era Ren que me viera salvar! Aterrou suavemente e iniciou uma rápida corrida, comigo nos braços. Eu estava tão feliz por me ver a salvo que quase chorava.

– Não chores! Vai ficar tudo bem agora! – Disse Ren, interpretando mal as minhas lágrimas.

Começara a chover! Os cabelos prateados de Ren pingavam e a sua capa não tardou a ficar encharcada.

Embrenhamo-nos na floresta. Ele pousou-me numa formação rochosa singular, semelhante a uma gruta que me protegia da chuva e dos olhares de alguém que por ali passasse.

– Espera! Aonde vais? – Perguntei. Não queria ficar sozinha, com aqueles vampiros a rondarem a área.

– Tenho de despistá-los! Fica quieta, não fales, não respires! - Ordenou-me. Sabia que seguir as suas ordens era crucial. Perguntei-me para onde Ren me levaria quando voltasse.

De um salto ele desapareceu. Apesar do perigo iminente parecia que se divertia um pouco. Os seus olhos dourados tinham um brilho de satisfação. Ele devia achar toda esta situação uma aventura impressionante, mas eu estava aterrorizada.


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Notas finais do capítulo

Se quiserem mais caps, eu tenho prontos, basta pedirem!



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