A Morte tem olhos carmesim escrita por Witches


Capítulo 2
Quando um coração para




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A proposta de Beyond fez a mercenária encará-lo de uma forma perplexa... Ela pouco sabia sobre os vampiros. Apenas recordava-se que eles eram criaturas antigas, crias do Deus Carnage, possuidores da imortalidade e de uma regeneração fabulosa. Embora fossem parcialmente sensíveis ao sol, podiam andar sob este se estivessem devidamente agasalhados, além de terem uma dieta incomum de sangue fresco... Além disso, só o que haviam chegado aos seus ouvidos eram boatos e lendas incoerentes...

O mais lógico, numa situação bizarra quanto aquela, era declinar de imediato... Mas ela se pegou dizendo:

–Porque? Por qual motivo eu me tornaria isso?

B revirou os olhos rubros, voltando a se afastar de Lyanna, restituindo seus caninos ao tamanho normal.

–Não é óbvio? Você se tornará muito forte. E praticamente imortal. Penso que isso deve ser bem conveniente para alguém com sua... profissão.

Ela ponderou por alguns instantes. Era uma proposta tentadora... Poderia acabar com aquele filho da puta pedante e maldito do Makoto em um piscar de olhos...

"Espera, Lyanna, não se precipite... Está se deixando levando pela vingança, e isso sempre te deixa ferrada..."

–Supondo que eu aceite... -ela jogou o resto do cigarro em um canto e juntou as pontas dos dedos, com a expressão compenetrada, como quem negocia uma alta quantia em dinheiro- Como seria? Digo, fisicamente, quais seriam os efeitos?

Beyond sorriu de um jeito estranho.

–Você morrerá.

–Como é que é? -ela arregalou o olho azul, e pareceu mais pálida que seu habitual.

–Você morrerá. -ele repetiu- Eu injetarei meu veneno em suas veias, o que causará um colapso em seu corpo. Seu coração vai parar, seus pulmões deixarão de funcionar, sua circulação estagnará. Apenas o seu cérebro continuará funcionando, isto é, caso você suporte a transição...

–Então quer dizer que eu posso morrer de fato, sem virar uma vampira?

–Talvez. -ele pescou um cubinho de açúcar e colocou-o na boca, chupando-o como se fosse uma bala, enquanto parecia compenetrado em olhar os próprios dedos dos pés- Não é algo muito comum, mas há esse risco...

–E o que você iria querer em troca?

–Como? -ele piscou, voltando o olhar para ela

–Ninguém faz nada de graça. Qual o seu interesse nisso?

De novo aquele sorriso... Dessa vez, a mercenária sentiu um leve arrepio a subir pela sua espinha. Aquele rapaz levava o estranho a um novo nível...

–Eu não quero nada. Apenas lhe prestar uma ajuda.

Ajuda. Quando fora a última vez que ouvira isso? Não se lembrava... Lyanna havia se acostumado a contar apenas consigo mesma, a não esperar pelo auxílio de ninguém. Então, um garoto estranho batia a sua porta pedindo açúcar, dizia ser vampiro e a convidava a entrar no mundo dos mortos. O motivo: ajudá-la. Okay, só faltava ele lhe perguntar se ela acreditava no coelhinho da páscoa...

–Então, B... -ela pigarreou, enquanto acendia mais um cigarro- Eu pensarei em sua proposta, sim? E lhe direi quanto eu tiver uma resposta. Agora, cherry, se não se importa, tenho um psicopata para capturar.

Sim, ela o estava dispensando... Bem que ele poderia lhe garantir algumas horas de diversão, e ela não se importaria de provar o quanto ele podia ser exótico, mas, estranhamente, não tinha vontade de assediá-lo. Talvez fosse o peso da proposta feita... Ou talvez o fato dele saber tanto sobre ela a deixasse com o pé atrás...

–Ah... Tudo bem, então. -havia uma pontinha de decepção naqueles olhos cor de sangue ou teria sido só impressão?- Eu estou no último quarto do corredor, quando estiver pronta, me procure. -era quase como se ele tivesse certeza que a caolha aceitaria. Levantou-se, dirigindo-se a porta e a abrindo- E obrigada pelo açúcar, Ly.

–Não me chame assim. -retrucou prontamente, franzindo o cenho- Não lhe dei esse tipo de liberdade.

Beyond inclinou o pescoço, numa posição estranha, que parecia que ele o tinha quebrado, e encarou a mercenária por um segundo... Depois, lhe deu um breve aceno e se retirou do quarto. Enquanto ele andava pelo corredor, com aquela tola xícara nas mãos, um sorriso homicida se abriu em seu rosto...

Lyanna recostou-se no sofá, com os pés para cima, e ficou repassando mentalmente a estranha visita que recebera, assim como a esdrúxula proposta... Parecia uma enorme loucura, mas o que ela tinha a perder, no fim das contas? Makoto levara a disputa deles muito a sério. E, se não tomasse uma providência urgente, acabaria por perder sua recompensa e sua vida...

Não que esta última valesse grande coisa...

Ninguém lamentaria a morte de uma assassina, de uma mistura de prostitura e mercenária. O problema era que Lyanna gostava bastante de sua vida miserável, e não estava disposta a deixar que um gênio louco a vencesse.

Situações extremas requerem medidas desesperadas...

Na noite seguinte, Beyond ouviu um leve som vindo da janela... Quando se virou, deparou-se com a mercenária sentada ali, com seu costumeiro cigarro na boca e uma garrafa de vodka nas mãos.

–Boa noite, B. - ela abriu um sorriso lascivo, descendo da janela. Seus cabelos compridos e prateados caiam sobre os ombros, e ela vestia um corpete e um micro short, com suas costumeiras botas de salto alto.

–Como que... –ele soergueu uma sobrancelha- De onde diabos você surgiu?

–Você tem seus truques, eu tenho os meus... Não me chamam de Silêncio Sangrento à toa... – a mercenária lhe estendeu a garrafa- Achei que poderíamos beber algo e conversar sobre a proposta que me fez ontem.

B apanhou a bebida que lhe era estendida, com a sombra de um sorriso passando por seu rosto pálido.

–Então já se decidiu?

–Decidi. -A mercenária visou o garoto de olhos de sangue ir até uma estante e pegar dois copos e observou o quarto dele com mais calma. Ao contrário do seu, tudo estava impecavelmente limpo e organizado, e seria bastante aconchegante se alguns pequenos detalhes não fossem intimidadores. Como a faca sobre a cama, exibindo manchas suspeitas... Ou as correntes penduradas numa cadeira...

Mas nada era mais assustador que a estranha coleção de bonecas deformadas que se alojavam em cima de uma prateleira. Cada uma possuía características próprias, cabelos e olhos diferentes, porém ela não pode reparar mais, pois Beyond se aproximou dela, entregando-lhe um copo com vodka.

–E qual é sua resposta? –B indagou, sentando-se na beira da cama e dando um bole na bebida, que desceu queimando por sua garganta, o que causou um esgar involuntário.

–A resposta é sim. –ela virou o copo, bebendo a vodka num único gole- Estou disposta a correr o risco.

E no segundo seguinte Beyond já estava tão próximo a ela que a mercenária quase caiu de susto. Ele a encarava com um meio sorriso, um ar satisfeito de quem conseguiu o prêmio que esperava. Aquilo a deixou extremamente desconfortável.

–Então não acha que devemos ir logo ao que interessa?

–Mas... já?

–E porque esperar? –ele passou o braço pela cintura de Lyanna, puxando-a para perto de si- A não ser que você esteja com medo...

–Medo? –a mercenária achou graça, fitando-o com indiferença- Eu não tenho medo de nada.

–Excelente. –ele afastou os cabelos prateados dela, deixando seu pescoço exposto- Prometo que não vai doer... muito.

Com essas palavras, Beyond deixou os caninos crescerem, e os cravou no pescoço de Lyanna. A princípio, a única coisa que ela sentiu foi uma pontada aguda, e o sangue quente escorrendo por seu pescoço... Mas, de repente, o ar deixou seus pulmões. Ela sufocou enquanto seu corpo parecia que ia entrar em combustão instantânea, cada célula queimando como se tivessem injetado ácido sulfúrico em suas veias. O coração acelerou, como se fosse estourar no peito, até que, subitamente, parou. O corpo da mercenária ficou mole, e ela mergulhou na inconsciência, desfalecendo nos braços de Beyond...


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