Meus pais não brigaram comigo. Na verdade minha mãe parecia um pouco orgulhosa e meu pai também. Eu lembro exatamente do que eles disseram.

─ Ser expulsa foi errado, mas foi por uma causa nobre. É isso que importa ─ meu pai disse

─ Eu tenho orgulho de você, Alison. Apesar de suas provas serem muito importantes, saber que você preferiu ajudar alguém me fez perceber o quanto eu te criei bem ─ minha mãe disse

Bem, eles me deram bronca. Eles disseram que foi errado e que meu futuro emprego como auror havia ido por água abaixo. Eu sabia disso, mas na hora de ajudar Harry não consegui pensar em outra coisa a não ser que ele precisava de mim.

Depois da minha conversa com meus pais, eu fiquei no meu quarto sem fazer nada.

─ Tudo bem? ─ meu pai perguntou encostado no batente da porta

Sorri e assenti.

─ Está tão quieta ─ ele disse

─ Só estou pensativa ─ disse

─ E você e o Harry? ─ ele perguntou e sorriu de lado

Não pude evitar uma gargalhada.

─ Estamos bem ─ disse

─ Você é tão parecida comigo! ─ meu pai disse e eu sorri assentindo ─ Sua irmã é tão parecida com sua mãe e você comigo. Você deveria ter puxado sua mãe também.

─ Eu puxei os dois ─ disse sorrindo

Ele assentiu e saiu do quarto.

Olhei para a cama vazia da minha irmã e suspirei sentindo falta dela. Depois de um bom banho, eu coloquei uma calça jeans, uma blusa bordô e botas pretas sem salto. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo, coloquei o colar que meus pais me deram de Natal e sai do quarto.

Ouvi as vozes de várias pessoas e rapidamente reconheci sendo do meu pai, da minha mãe, do Lupin, da Tonks, do Olho-Tonto e do Quim Shacklebolt. A Ordem está reunida.

─ Harry não estava aprendendo oclumência? ─ Tonks perguntou

─ Ele não deve ter aprendido direito ─ Olho-Tonto disse ─ Se ele realmente tivesse aprendido, ele não teria tido essa visão do Sirius no departamento de mistérios.

Continuei escutando a conversa deles.

─ Devo contar isso para a Alison? ─ minha mãe pergunta

─ Acho melhor não, Katherine. Isso vai assusta-la ─ Lupin disse

─ Ela já sabe. Pode descer, Alison. Eu já te vi ─ Olho-Tonto disse

Revirei os olhos.

─ Eu vi isso também ─ Olho-Tonto disse

Desci as escadas e encarei cada membro da ordem da fênix ali presente.

─ O que está acontecendo? ─ eu perguntei

─ Harry teve uma visão do Sirius no departamento de mistérios ─ Shacklebolt respondeu

─ Então foi isso ─ sussurrei, mas aparentemente todos ouviram.

─ Alison, do que está falando? ─ Lupin perguntou

─ Eu fui expulsa porque na hora da prova Harry estava mal. Ele estava com a mão na cicatriz e gritava muito, mas ele não teve tempo para me contar o que houve ─ disse.

De repente um patrono apareceu, era uma corça. O incrível foi que o patrono começou a falar.

─ Harry foi à floresta proibida com Dolores Umbridge e não voltou. Eu tenho quase certeza de que ele foi ao Departamento de mistérios atrás de Sirius e provavelmente não foi sozinho. E Sirius, não acho que você deve ir com os outros. Precisamos de alguém para ficar na sede. Alguém precisa contar tudo para Dumbledore ─ reconheci a voz de Snape

O patrono sumiu e todos trocamos olhares.

─ Isso não teria acontecido se eu estivesse lá ─disse

─ Não é culpa sua ─ minha mãe disse e assenti

─ Vou pegar minha varinha ─ eu disse e subi correndo

Voltei com minha varinha e vi meus pais discutindo.

─ Querida, eu não posso ficar aqui sabendo que meu afilhado está numa armadilha ─ meu pai disse.

Eu automaticamente senti um aperto no coração. Eu não posso deixa-lo ir.

─ Pode e vai. Dê exemplo para sua filha ─ minha mãe disse

─ A filha que está indo com vocês? ─ Sirius disse debochado

─ Pai, eu sou da ordem agora. Eu tenho que ir ─ eu disse com a voz firme

É isso que eu tenho escondido de Harry desde antes do Natal. Pedi isso a Dumbledore quando Voldemort voltou, mas tudo o que ele me disse foi que não estava na hora. A um tempo atrás ele disse que está na hora e eu concordei.

Eu sempre gostei de fazer o bem e ajudar as pessoas. É isso que a ordem faz, certo? Só quero ver como o Harry vai reagir quando descobrir.

─ Sirius, você não vai. Eu não estou com uma boa sensação sobre isso ─ Lupin disse

─ Nem eu ─ minha mãe e eu falamos em uníssono.

─ Essa decisão é totalmente minha ─ meu pai disse

─ Pai... ─ disse

─ Amor... ─ minha mãe disse

─ Eu sinto muito, mas meu afilhado precisa de mim ─ meu pai disse.

─ Vamos logo ─ Olho-Tonto disse

Aparatamos para o Ministério. Assim que entramos corremos para o elevador sem pensar duas vezes. Bem, eu tentei, mas seguraram meu braço.

─ Independente do que aconteça eu te amo. Diz para sua irmã que eu também a amo ─ meu pai disse

Ele beijou minha testa.

─ Vamos sair daqui juntos, ok? ─ eu disse

─ Seja corajosa, Alison ─ meu pai disse ─ Eu acredito em você. Eu estou orgulhoso de ver quem você está se tornando.

Sorrio. Ele se orgulha de mim?

Entramos no elevador e vi meu pai abraçar minha mãe. Suspirei. Ouvi a voz de uma mulher falando “Departamento de mistérios”.

O corredor estava silencioso e a única iluminação são as chamas das tochas. No fim do corredor tem uma porta preta e Olho-Tonto abriu ser hesitar.

Era uma grande sala circular toda preta. Dentro dela havia outras portas pretas idênticas separadas por candelabros. Lupin fechou a porta e a sala ficou mais escura. Segurei-me para não agarrar o braço do meu pai e parecer uma garotinha fraca.

─ Acho que é essa ─ Quim disse depois de uns minutos

Ele abriu a porta e o Departamento de Mistérios estava lá, todo quebrado. Arregalei os olhos e vi várias profecias quebradas.

─ Eles já passaram por aqui ─ eu disse ─ O que faremos?

Lupin fechou a porta e a sala começou a rodar. Segurei o braço da primeira pessoa que vi, mas o chão não rodou como eu pensei.

─ Cada um tenta abrir duas portas. Precisamos acha-los ─ minha mãe disse

E assim fizemos. Uma porta não consegui abrir e a outra não tinha nada demais.

─ Aqui! ─ Quim disse

Entramos correndo na sala. A coisa estava feia. Comensais machucados, Neville estava machucado, Harry parecia sem saber o que fazer.

Tentei correr na direção de Harry, mas um comensal parou na minha frente.

─ Alison Black, quem diria ─ o comensal disse.

─ Estupore! ─ gritei

Ele desviou do feitiço sem dificuldade e pude ver Harry me encarando.

─ Incarcerous ─ disse

─ Protego! ─ ele disse

Desviei do feitiço que voltava contra mim.

─ Tarantallegra ─ ele disse

─ Protego! ─ disse

O feitiço dele bateu no meu protego e voltou para ele. O comensal começa a dançar sem parar. Ele acabou caindo no chão e eu revirei os olhos.

─ Estupore! ─ disse

Ele foi jogado para trás e caiu desmaiado no chão. Corri na direção do Harry e entrei na frente dele.

─ O que está fazendo aqui? ─ Harry perguntou

─ Longa história ─ respondi.

Alguma coisa passou rolando pelos meus pés. O olho de Moody.

Na mesma hora tive ânsia de vômito.

─ Argh! Acho que vou vomitar ─ disse

Moody estava muito machucado. Eu até pensei em ajuda-lo, mas o comensal que o atacou, Dolohov, estava vindo na nossa direção.

─ Taranta... ─ Dolohov começou a falar apontando a varinha para Neville

─ Estupefaça! ─ eu disse e ele foi jogado para trás

─ Obrigada, Ali ─ Neville disse e assenti.

─ Boa ─ meu pai gritou ─ Agora quero que vocês saiam...

Ele não terminou de falar, pois um jato de luz verde quase o atingiu. Eu, Harry e Neville nos abaixamos. Tonks caia na subida dos degraus e ela rolava de degrau em degrau. Belatriz Lestrange correu para a briga e eu tive a certeza que foi ela. Apertei a varinha em minhas mãos e corri na direção dela.

─ Alison! ─ meu pai gritou

Não dei ouvidos e lancei um feitiço estuporante em Belatriz.

─ Harry, leve a profecia, agarre Neville e corra ─ meu pai gritou.

Eu deveria ir com eles, mas dessa vez eu não poderia vacilar.

─ Crucio! ─ Belatriz gritou e eu dei um passo para o lado

O feitiço passou de raspão e suspirei aliviada.

─ Immobilus ─ gritei.

Ela se protegeu. Desviei do meu feitiço que voltava para mim.

─ Você não é uma rival tão ruim ─ Belatriz disse

─ Impedimenta! ─ gritei

Ela desviou e riu. Senti algo bater no meu corpo e bati de costas no chão. Vi meu pai duelando com Belatriz e grunhi. Ele havia me empurrado.

Levantei do chão e olhei em volta procurando o Harry. Ele estava bem e Dumbledore havia aparecido. Pude suspirar aliviada.

Vi meu pai desviar de um jato de luz vermelha. Ele ria dela e eu o fitava incrédulo.

─ Vamos, você saber fazer melhor que isso! ─ meu pai disse

─ Pai, não faz isso! ─ disse.

Belatriz lançou outro feitiço nele e nesse ele não desviou. O jato de luz foi direto nele. O riso sumiu do rosto dele, ele soltou a varinha e a partir desse momento eu vi tudo em câmera lenta. Ele atravessou um arco que tinha naquela sala e mergulhou de costas no veu.

Eu gritei com todas as minhas forças. Meu coração batia tão rápido que parecia que ia sair do meu peito e lágrimas saiam dos meus olhos.

Meu pai... Se foi.