O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 9
Quando o sapo vira príncipe


Notas iniciais do capítulo

[Capítulo songfic] Depois da decepção do fim do namoro com Yamcha, Bulma tem uma surpresa. Que surpresa será essa?

[Música: Toki ni ai wa - Masami Okui - Tema do filme "Shoujo Kakumei Utena"/"Utena - A garota revolucionária"]



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Capítulo 9

Quando o sapo vira príncipe

 

Fim de festa. Salão vazio. Silêncio. Todos os convidados se foram. E ela estava lá. Imóvel. Sozinha. Distante.

Foi então que as lágrimas começaram a deslizar livremente pelo rosto, embaçando sua visão. Agora não precisava mais de se importar com a maquiagem se borrando, tudo já havia terminado. Tudo mesmo – a festa e o namoro com Yamcha.

Podia colocar pra fora a sua decepção, ninguém a veria daquele jeito...

Tampou o rosto com as duas mãos e começou a chorar. Sentia-se humilhada, pois fora trocada por uma socialite ruiva, cheia de botox e silicone. E descobrira o envolvimento dela com Yamcha da pior forma possível...

Foram anos de namoro jogados no lixo de forma tão estúpida.

Chorava para tirar um pouco daquela mágoa do seu coração, mas parecia não dar certo. Olhou para a rosa vermelha caída à sua frente, com algumas pétalas soltas. Era a rosa que Yamcha lhe dera para pôr no vestido e que ela havia jogado no chão depois que rompera com ele.

- Você é mais insuportável chorando do que brigando.

Bulma enxugou os olhos e se virou para a direção de onde vinha aquela voz.

- Vegeta? – perguntou. – Você, aqui?

Ele saiu da penumbra.

- Aquele verme também não é nenhum santo. Vive falando de mim, mas não se olha no espelho. Todos os insetos terráqueos são como ele?

Bulma não respondeu. Apenas continuava a olhar para a rosa caída no chão. O saiyajin seguiu o olhar dela e, curioso, pegou a flor, mas espetou o dedo, que imediatamente sangrou.

- Argh! Flor com espinhos?

- Ora... Não sabia que ela tinha espinhos? – Bulma perguntou.

- Nunca perdi tempo para descobrir isso.

- Bem... Agora descobriu...

Nisso, Vegeta olhou mais detidamente para a flor em sua mão. Era um espécime bastante estranho para ele, que já havia visto de tudo em suas andanças pelo espaço. Com um raro ar de curiosidade, viu algumas pétalas se soltarem e caírem no chão. Como aquela flor, capaz de machucar alguém com os espinhos, podia se despedaçar dessa maneira?

Viu, num vaso, uma flor parecida. Mas, em vez de vermelha, era azul. Olhou para uma, olhou para outra, com o mesmo ar interrogativo.

- Nunca vi uma espécie assim por onde passei. – deixou escapar, bastante intrigado.

- São rosas. – Bulma disse.

- Elas não deveriam ser da cor desse seu vestido?

- Sim, mas também existem rosas de outras cores, como a vermelha que você está segurando aí. Na natureza, só não existe a azul.

- E por que esta é azul?

- Porque é um experimento do meu pai.

- E o que esta rosa vermelha estava fazendo no chão?

Bulma fitou o chão para disfarçar, mas não evitou que mais duas lágrimas caíssem do rosto.

- Tem a ver com aquele verme, suponho.

Dessa vez, ela não defendeu Yamcha, como sempre havia feito quando Vegeta o mencionava como “verme”, “traste” ou “inseto”. Não. Não tinha motivo algum para defendê-lo, pois o saiyajin estava com a razão.

Todos aqueles anos de namoro e Yamcha não era mais do que um traste. Sentia-se enganada mais uma vez, pois ele era reincidente. Sem contar que passara dias se recriminando pela topada acidental com Vegeta por culpa da “ciumeira” dele.

Tudo isso pra depois descobrir que ele a enganava mais uma vez.

E havia acabado com a sua festa.

Sem namorado, sem noivado, sem valsa. E sozinha. Mesmo em meio a tantos convidados, tinha se sentido sozinha. Abandonada. Igual aos tempos de escola, quando os garotos a namoravam somente por ela ser rica, para ganhar popularidade, e por ela ser um gênio, para se dar bem nos estudos.

Não conseguia entender como se deixara iludir em relação a Yamcha durante tantos anos. No fim, acabou dando na mesma. Ficou só.

O saiyajin a olhava atentamente. Era a primeira vez que a via assim, derrotada. A mulher briguenta e irritante tinha desaparecido, o que, para ele, já parecia grave.

Durante todo o decorrer daquela festa, ele a observara de seu canto solitário, distante de todos. Principalmente a expressão abatida dela e a sensação de solidão, que ele tanto conhecia.

- Pra que ficar aí chorando por causa daquele traste? Se ele ficou com aquela perua, foi porque ele é muito mais imbecil do que parece! Você fica ainda mais insuportável chorando desse jeito! Aquele inseto não merece nem metade dessa sua choradeira!

Bulma não revidou. Estava sem ânimo até para isso. Ao longe, uma música começava a tocar.

 

This rose is our destiny. hikisakare
futari no te wa hanarete-itta

Essa rosa é o nosso destino, nos separando
Nossas mãos estiveram separadas...

 

Vegeta jogou para trás a rosa vermelha, que durante a queda perdeu o resto das pétalas.

- Anda, se levanta. – ele disse e estendeu-lhe a mão.

Ela hesitou. Ele, estendendo-lhe a mão? Estranho, muito estranho...

- É surda? Anda logo, antes que eu mude de ideia!

Se Bulma não estava entendendo aquela atitude, ele, muito menos. Mas estava agindo daquele jeito, e parecia não ter controle sobre si.

Ela deu-lhe a mão e se levantou. Ao ficar frente a frente com ele, sentiu-se como se estivesse diante de um típico príncipe de contos de fadas, embora ele não tivesse cabelo loiro nem olhos claros.

Mas, em alguma coisa, aquela situação a remetia ao seu sonho de dias atrás.

 

nemuru toki mo
anata e no yume idaki nagara
todoke! sekai no hate made

Mesmo quando eu durmo, quando eu direciono

Meus pensamentos e sonhos para você
Eles alcançam as extremidades do mundo!

 

Seria ele o misterioso vulto com uniforme azul? Talvez, porque ele estava com o mesmo tipo de roupa. Mas, por que ele?

Logo ele, que não se importava com nada além de se tornar mais forte...

E, estranhamente, seu coração começava a bater mais forte quando se aproximava dele.

Naquele momento, lembrava-se de uma frase que sua mãe dissera em relação às rosas:

“O amor de um casal é como uma rosa. Ele pode ser lindo, mesmo com os espinhos.”

Os olhos azuis de Bulma fitaram o saiyajin. Estaria começando a se apaixonar justamente por ele?

 

toki ni ai wa tsuyoku
hito no kokoro wo kizutsuke mo suru keredo Ah
yume wo atae yuuki no naka ni
itsumo hikari kagayaki hanatsu
hitotsu no chikara ni...

Às vezes o amor é forte
Tanto que fere o coração das pessoas, mas no

Meio da coragem que fere nossos sonhos
Uma luz sempre brilha adiante
Se tornando um único poder...


 

Seria possível ela se apaixonar logo por alguém como ele? Se Yamcha não era nenhum santo, como Vegeta havia dito...

 

This rose is our destiny michibikare
futari wa ima mou ichido deau

Essa rosa é o nosso destino, nos conduzindo

A nos encontrarmos novamente

 

Por seu lado, Vegeta tentava entender suas ações até agora. Nunca havia agido assim, por que começava agora? Teria algo a ver com a tal rosa? Ou com o momento? Estava confuso com relação ao que sentia na hora.

 

donna toki mo
ano yakusoku wasurenaide
yatto koko made kita yo

Porque eu nunca esqueci sua promessa
Eu finalmente fui tão longe!

 

Sentiu que já estava indo longe demais, para um saiyajin. Longe demais para tentar retomar o controle de si mesmo e de suas ações. Longe demais pra parar.

Foi aí que ele passou o braço direito pela cintura dela e, com a mão esquerda, segurou a mão de Bulma. Ela percebeu que ele a segurava como Yamcha deveria fazer na valsa que nunca aconteceu.

- Desde quando você sabe valsa? – ela perguntou.

- Eu vi você e aquele verme fazendo isso.

- E por que você está fazendo isso, Vegeta?

O saiyajin não respondeu, apenas começou a fazer os passos.

 

toki ni ai kedakaku
hito no kokoro wo tsuranuku you ni motome Ah
mamoru mono ni mamorareru mono
itsumo hikari kagayaki hanatsu
hitotsu no chikara ni...

Às vezes o amor é nobre
procurando perfurar o coração das pessoas
Aqueles protegidos por aqueles que protegem brilham sempre adiante para

Se tornar um único poder!

 

Ele se deixou levar pelo ritmo “1, 2, 3” do compasso da dança, e pelas sensações do momento. Naquela hora, despertava nele uma sensação estranha, como se quisesse proteger Bulma.

Nunca imaginou que sentiria tantas coisas naquele dia e naquele momento... E justamente por ela, por uma terráquea, a quem deveria considerar como “inferior”...

 

toki ni ai wa tsuyoku
hito no kokoro wo kizutsuke mo suru keredo Ah
yume wo atae yuuki no naka ni
itsumo hikari kagayaite


ai wa tsuyoku
hito no kokoro wo ugokashite yuku dakara Ah
futari de iru kitto sekai wo
kaeru tame ni soshite subete wa
hitotsu no chikara ni naru

 

Às vezes o amor é forte
tanto que fere o coração das pessoas, mas no meio da coragem que fere nossos sonhos
uma luz sempre brilha adiante
se tornando um único poder


O amor é forte
tanto que pode mover o coração das pessoas
mas se nós estamos juntos, então, sem nenhuma dúvida nós podemos mudar o mundo e tudo se tornará um só poder

 

 

Bulma se perguntou se isso era sonho ou era real, mas o que ela sentia na hora deu-lhe a resposta. Aquilo tudo estava sendo real. Mesmo.

Não era um sonho.

Seu coração estava acelerado, e parecia bater em perfeita sincronia com o coração do saiyajin. Os rostos de ambos se aproximaram, a ponto de perceberem que as respirações seguiam o mesmo ritmo.

Foi quando aconteceu o inevitável.

Como se fosse uma grande força magnética que os atraísse com tudo um para o outro, eles se aproximaram ainda mais. Até que os lábios se encontraram, numa trajetória irreversível. Bulma tomou a iniciativa de beijá-lo, ele somente a acompanhou.

Ela teve a sensação de que ele nunca havia feito algo assim, mas preferiu não interromper pra comentar. E percebeu que ele aprendia rápido, tanto é que o saiyajin começou a corresponder, e com intensidade.

Assim que os dois terminaram, eles se entreolharam, olhos nos olhos. Bulma sorriu, Vegeta ficou vermelho.

O saiyajin sentiu a sua ficha cair, e seu rosto ficou ainda mais vermelho. Como poderia ter caído numa armadilha dessas? Ele desapareceu, deixando Bulma ali surpresa e, ao mesmo tempo, pensativa.

Queria saber como ele reagiria depois, mas imaginava que não seria fácil ele mudar seu jeito de ser. Já previa que Vegeta agiria com indiferença, isso era da personalidade dele. Por mais que ela quisesse pensar que ele agiria de outra forma, logicamente ele seria indiferente.

Mas que o beijo havia sido espetacular pra ela, ah, isso foi... Muito... Já começava a achar que ele realmente era seu príncipe... Será?


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Notas finais do capítulo

Espero que este capítulo não tenha ficado meloso demais... Se ficou muito açucarado, me avisem!