O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 53
Um desafio




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“Acho que o Vegeta que eu conhecia também morreu naquele lugar.”

Essa frase ficou por um bom tempo na mente do saiyajin, que se sentia cada vez mais perdido em suas convicções. Fora a mais dura decisão de sua vida até agora, mas agora se via bombardeado por vozes que o chamavam de covarde sem hesitar. Quanto mais tentava ignorar, mais forte a palavra “covarde” ecoava em sua cabeça.

Queria gritar que não era covarde coisíssima nenhuma, mas não conseguia. Não tinha coragem nem para isso. Recriminava-se por ter se entregado à derrota, mas não conseguia reagir.

Estava em crise e não sabia como sair dela.

 

*

 

Trunks havia presenciado tudo. Não conseguia entender a razão de Vegeta ter mudado daquela maneira. E notara que sua mãe estava sentindo os efeitos da mudança dele, por mais que ela tentasse não demonstrar.

“Se eu pudesse ajudar...”, pensou. “Mas tenho medo de atrapalhar cada vez mais...”

Precisava fazer alguma coisa, pois nada daquilo estava certo. Seu instinto lhe dizia para agir. Fazer o que fosse necessário para o bem de ambos, assim como fora capaz de guardar segredo acerca de sua própria identidade por três anos, só por causa deles... Além de ter sido também por ele mesmo. O que poderia fazer para que seu pai voltasse a ser o que era antes? Seu cérebro não encontrava uma resposta mas, em compensação... Seu sangue e instinto de saiyajin acabavam de dar-lhe uma solução aparentemente simples.

Decidiu voltar à mansão, trocar de roupa e traçar uma estratégia para levar seu plano adiante. Enquanto isso iria treinar.

 

*

 

Hora do lanche. O jovem se dirigiu à mesa da cozinha, onde estavam seus pais e a sua “versão infantil”, que se lambuzava com o que comia.

― Ei, vê se bagunça menos, Trunks! – Bulma dizia ao pequeno.

O garotinho não se importava com o que sua mãe dizia e continuava com a bagunça, para diversão de quase todos os presentes. O único que estava alheio a tudo era Vegeta.

― E então, Trunks, como vai o treinamento? – a cientista perguntou ao jovem do futuro.

― Está indo bem, mamãe. Mas ficaria melhor se eu tivesse um adversário para enfrentar. Eu até que chamaria o Gohan, mas acho que ele não vai poder treinar comigo.

― É verdade, ele disse que iria estudar bastante para compensar o tempo perdido. E também a Chi Chi está tão só...

― Uma pena que, mesmo com a minha interferência, não consegui evitar que Goku morresse.

― É, mas ele pode ser revivido. Mas sinceramente não entendo direito por que ele não quis reviver.

― Também não. Mas ele devia ter lá seus motivos e poderia me ajudar sendo adversário no meu treino. Mas quem sabe o papai queira treinar, não?

Vegeta não respondeu, simplesmente fez cara de “tô fora” e continuou a comer.

― Ah, até parece, Trunks... – Bulma olhou de soslaio para o saiyajin. – Se Goku está morto, seu pai agora é um zumbi covarde! É melhor tentar treinar sozinho mesmo, ele não tá nem aí se o filho dele se tornar um guerreiro fraco.

Ainda não havia nenhuma resposta de Vegeta, que tentava ignorar as provocações de Bulma.

― Que vergonha, Trunks... É uma vergonha ver o seu pai agindo como um covarde. Em pensar que o Yamcha me contou que quando você foi atingido por Cell, ele foi pra cima sem pensar em mais nada! E agora se nega a ajudar no treinamento do próprio filho!

― Devia pegar leve com o Vegeta, filhinha! – a Sra. Briefs apareceu e interveio na conversa. – Ele deve estar triste porque o Goku morreu... Assim como todos vocês, amigos dele, ficaram.

Ninguém falou nada a respeito da frase da mãe de Bulma. Trunks e Bulma sabiam muito bem que não era por isso que Vegeta estava daquela forma.

― É melhor eu voltar ao meu treino. – Trunks disse enquanto saía.

Enquanto isso um vulto suspeito espreitava a casa dos Briefs.

 

*

 

A noite já estava alta. Todos já dormiam quando Bulma acordou com o som de passos apressados pelo corredor. Levantou-se e foi verificar os quartos, começando pelo quarto do pequeno Trunks. Aparentemente, tudo em ordem. Mas decidiu entrar mesmo e verificar o berço. Foi quando percebeu que havia algo errado.

― Cadê o Trunks?!

O pequeno Trunks não estava ali. Cogitou a remota possibilidade de o outro Trunks tê-lo pegado para acalmar um possível choro mas era difícil ter acontecido isso, visto que ela poderia escutar antes. O jovem vindo do futuro dificilmente ouviria, estaria dormindo um sono pesado devido ao cansaço de seus treinos. Mesmo assim foi ao outro quarto onde ele estava hospedado o jovem. Entrou e não encontrou ninguém. Escutou um barulho vindo da sala, um som de algo se quebrando, como se fosse golpeado.

Correu para a sala, onde deu de cara com uma cena desagradável: o jovem Trunks estava com o pequeno Trunks nos braços... Junto com um homem misterioso.

― Ora, ora... – o homem disse. – Se não é a bela herdeira da Corporação Cápsula, Bulma Briefs? Evidentemente esse bebê é seu, não?

― É sim. Aliás, quem é você? O que está fazendo aqui? E o que você quer aqui?

― Ora, nem mesmo me dá um “boa-noite”? – disse o homem de meia-idade, que portava uma espécie de controle. – Mas, tudo bem, responderei à sua pergunta... Sou o Dr. Stiru, um dos ex-sócios da Corporação. Estou aqui para exigir um ressarcimento dos prejuízos que tive quando deixei de ser sócio de seu pai, e quero esse “ressarcimento” em forma de resgate.

― Ah, Trunks – ela disse ao jovem. – Obrigada por defender o bebê. Pode me dar para eu colocá-lo para dormir?

O rapaz não se mexeu.

― Trunks? O que houve? – ela insistiu.

― Não perca seu tempo, minha cara. Ele não pode te ouvir, está sob meu comando. E é só ao meu comando que ele vai obedecer.

Bulma se sentiu de mãos atadas. Não poderia enfrentar Trunks, sabia que não tinha chance alguma de desafiá-lo. E provavelmente, se o fizesse, Stiru poderia ordenar para que ele a matasse com apenas um único golpe.

― Muito bem, meu jovem... Mostre a sua força!

Trunks, sob o comando de Stiru, deu alguns passos até ficar frente a frente com a cientista. Esta engoliu seco e começou a ficar com medo. Não sabia como reagir, apenas deixou escapar:

― Não, Trunks, não faça isso!!

Antes que Trunks levantasse a mão contra a própria mãe, acabou detido.

― É assim que você age diante de uma mulher? – era a voz de Vegeta, que segurava a mão de Trunks.

Trunks, com o olhar inexpressivo, conseguiu se livrar de Vegeta.

― Ei, eu já te vi na televisão! – Stiru disse. – Você não era um daqueles caras que lutaram contra Cell?

― Por quê? – Vegeta ironizou. – Vai me pedir um autógrafo... Doutor “Espicho”?

― Não é “Espicho”, é “Stiru”!

― Que seja!

― Não é autógrafo, meu jovem... É um desafio. Creio que você tenha ouvido a conversa amistosa que tivemos há pouco.

― Sim, você ficou se gabando de ser o Dr. “Espirro”.

― NÃO É “ESPIRRO”, É “STIRU”!

― Que seja! – Vegeta retrucou enquanto revirava os olhos. – Que desafio é esse?

― Eu o desafio a uma luta!

― Uma luta com o Dr. “Estico”? Não me faça rir!

— “ESTICO”, O ESCAMBAU! É “STIRU”! “STIRU”! E É ÓBVIO QUE NÃO SOU EU QUE VOU LUTAR COM VOCÊ!

― Que seja...! Mas, então, quem será meu adversário?

― Quem mais? Este rapaz aqui. – disse enquanto Trunks dava um passo à frente.

O saiyajin ficou mudo. Ele, que não queria mais lutar, iria enfrentar o próprio filho?

― Se o rapaz aqui vencer – Stiru disse. – O moleque aqui só volta aos braços da mãe se um resgate for pago! Se você vencer, ele será devolvido sem nada a se pagar.

― O quê?? – Bulma conseguiu protestar. – Está fazendo chantagem, usando o MEU filho? Ah, mas nem pensar, Dr. Estilo!

― Grrrrrr... Dai-me paciência... NÃO É “ESTILO”, É “STIRU”, MULHERZINHA IDIOTA!!

Uma veia em forma de cruz apareceu na testa da cientista:

― “MULHERZINHA IDIOTA”? AH, EU VOU TE MOSTRAR QUEM É IDIOTA AQUI!!

― Nem pense em fazer ameaças, minha jovem... Este rapaz pode te machucar ao meu comando.

Bulma recuou ainda mais, pois Trunks tornava a avançar mais um passo, o que a assustou e fez com que se escondesse atrás de Vegeta. Mas a quem estava enganando? Do jeito que Vegeta estava atualmente, era quase certo que ele iria se recusar a lutar.

Quase, porque Vegeta sentia que seu sangue saiyajin voltava a pulsar como antes. Sentia que estava sendo tentado a voltar a lutar. Mas, em contrapartida, tentava resistir bravamente.

― E então, como vai ser...? – Stiru perguntou em tom ameaçador. – Aceita meu desafio? Ou vai amarelar?

Bulma simplesmente roia as unhas devido à tensão. Será que Vegeta lutaria mesmo...

... Ou agiria como um covarde?


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Notas finais do capítulo

Continua...



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