O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 38
Menino ou menina? A hora da verdade...


Notas iniciais do capítulo

Bulma mal vê a hora de saber o que é o seu bebê... Mas vocês pensam que Vegeta vai ficar fora dessa?



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Quinto mês, e a maioria das roupas já não lhe cabia mais. As poucas que ainda lhe cabiam eram... Muito poucas mesmo. Sem contar que o seu visual andava meio desleixado ultimamente. Mas ao olhar-se no espelho...

― Nossa, eu estou horrorosa! Eu preciso urgentemente cortar o meu cabelo... Comprar roupas novas... Eu preciso de tudo, e ainda não sei por que cargas d’água me mandaram refazer o ultrassom pela terceira vez! Por que ninguém acredita em mim, quando digo que realmente vejo uma cauda no bebê? É óbvio que ele tem uma cauda! Ele é filho de um saiyajin, oras! Ah, eu quero saber logo se é um menino ou uma menina! – finalizou seu monólogo fazendo bico igual criança.

― Bulma! – era a voz da sua mãe vinda do corredor. – Já está acordada?

― Já estou, sim, mamãe!

― Então venha tomar café, já está tudo pronto!

― Tô indo!

Ainda vestida com o roupão rosa, abriu seu closet a fim de procurar alguma roupa que ainda lhe servisse. Era uma tarefa bastante trabalhosa e, depois de um bom tempo de procura, encontrou algo em que ainda coubesse. Um macacão jeans e uma blusa cacharrel laranjada. Não era a melhor roupa, mas era a mais confortável de momento.

Estava decidida: iria ao shopping logo após o café da manhã e depois iria ao salão cortar o cabelo, que já estava longo demais – no meio das costas, preso por uma trança. Depois iria almoçar e, após o almoço, iria repetir o bendito do exame de ultrassom. E, dependendo do resultado, voltaria ao shopping para começar a comprar as coisas para montar o enxoval do bebê.

De repente, sentiu algo cutucar-lhe a barriga.

― Hã? – ela perguntou colocando a mão onde sentiu o “cutucãozinho”. – O que...?

Voltou a sentir depois de alguns instantes a “cutucada” na barriga.

― O bebê... Se mexeu?

Sentiu novamente. Sorriu emocionada e enternecida:

― Você é impaciente, hein...? Igual ao pai...!

― Bulminha! – a Sra. Briefs voltou a chamar e abriu a porta. – Por que você está demorando, filhinha?

― Mamãe! – a cientista disse radiante. – Põe a mão aqui na minha barriga! O bebê começou a se mexer!

― Oh! – a Sra. Briefs exclamou após pôr a mão e sentir o movimento do neto ou neta. – Tem razão, está se mexendo! Isso é tão emocionante! Me lembra um pouco quando eu esperava você nascer.

― Sério?

― Sim, é verdade. Ah... Imagina só quando o Vegeta souber...

― Ah, claro – Bulma respondeu com sarcasmo. – Mal posso esperar para ver a reação do Vegeta...

 

*

 

― Bom dia, papai! – Bulma cumprimentou ao chegar à cozinha.

― Bom dia, filha! Você está muito radiante. O que aconteceu?

A Sra. Briefs respondeu no lugar da filha:

― Agorinha mesmo a Bulma sentiu pela primeira vez o bebê se mexer! E eu percebi que o nosso neto ou neta parece ser uma criança bem cheia de energia!

― É verdade, Bulma?

― É sim! E parece ser bem impaciente.

― Deve ser uma criança bastante impulsiva. – acrescentou a Sra. Briefs. – Igual ao pai, suponho.

E por falar no pai do bebê, eis que acabava de aparecer o dito-cujo que, àquela altura, não estava ali para tomar café, mas sim para um lanche. No entanto, estacou por alguns segundos na entrada. Havia sentido algo. Um ki lhe chamava a atenção e era o do bebê. Percebeu que aquele ki saiyajin ficava mais forte a cada mês e sentia que estava começando a se movimentar. Não restavam dúvidas de que era realmente um saiyajin.

― Que bom que veio lanchar, Vegeta! Você não sabe da maior!

“O que essa loira tá sentindo hoje?”, ele pensou. “Está mais animada do que de costume.”

― E o que é? – perguntou sem nenhum interesse.

― A Bulma começou a sentir o bebê se mexer! Não é maravilhoso?

Um ligeiro sorriso se desenhou nos lábios do príncipe saiyajin por alguns momentos enquanto respondia:

― Eu senti o ki dele.

E assim começou a atacar o lanche que estava posto à mesa. Mas, de repente, parou e observou a cientista que estava sentada à sua frente.

― É impressão minha, ou você está diferente? – perguntou de boca cheia.

― Tenha modos, Vegeta! – a cientista fez cara de nojo. – Será que você nunca vai mudar esse costume de falar de boca cheia?

Ele grunhiu.

“Espera aí...!”, ela pensou ruborizada e esperançosa. “Ele notou algo diferente em mim...?”

― E... E o que foi que você viu de diferente em mim?

― Seu cabelo está ridículo, sua roupa está ridícula, e você está parecendo uma mulher qualquer, desleixada e vulgar. – ele respondeu calmamente, enumerando nos dedos o que dizia.

Os olhos azuis o fuzilaram enquanto ela cerrava os punhos e se levantava da cadeira:

― Como é que é?

― O que você ouviu.

Voltou ao “normal”, se sentou e deixou a cabeça pender enquanto gemia, desconsolada, um “Ai...”.

Ele tinha razão. Ela realmente estava horrível.

 

*

 

― Por que logo eu?

― Porque nesse tipo de exame é bom estar acompanhada. Não vai dizer que você não quer saber se o bebê é um menino ou uma menina!

― Tanto faz. Mas isso não é razão pra me arrastar até aqui!

― Ora, Vegeta... Ponha de uma vez nessa cabeça dura que você é o pai! Além disso, o médico responsável pelo exame quer conhecer o pai da criança, que obviamente é você!

― E daí?

― Tem a ver com a cauda do bebê!

― E onde eu entro nisso?

Bulma logo perdeu a paciência:

― VOCÊ É O PAI DO BEBÊ, ORAS, E ELE TEM UMA CAUDA!!

Respirou fundo, até se acalmar e prosseguir:

― Acontece que o médico quer saber a razão da existência dessa cauda. E ele acha que o pai é um alienígena.

― Claro que eu sou um “alienígena” – fez aspas com os dedos. – como vocês dizem. Sou um saiyajin.

― Diga isso a qualquer pessoa e você vira motivo de piada.

― Eu devia estar treinando agora... Não vindo aqui.

Bulma não deu atenção à última frase do saiyajin e, quando seu nome foi chamado, o arrastou junto ao consultório. Os dois entraram e logo viram o médico, que era um tanto... Excêntrico. Cabelos verdes bagunçados, camiseta preta com o desenho de um alien verde por baixo do jaleco branco, além de uma parafernália tecnológica daquelas e vários bonequinhos de ETs. Era isso que se encontrava no consultório do jovem e estranho Dr. Ofu.

Ele estava mais para um ufólogo do que para um médico obstetra propriamente dito. Apesar disso, tinha a fama de ser um bom profissional embora visse alienígenas por todas as partes.

― Boa tarde, Bulma! – ele cumprimentou a herdeira da Corporação Cápsula. – Vejo que mudou seu visual!

De fato, ela havia mudado. Após ir ao shopping e tomar aquele banho de loja, com roupas mais de acordo com seu estado atual, foi ao salão de beleza dar um bom trato na sua aparência. Saiu de lá com um novo corte de cabelo meio Chanel, e manteve a franja. Para completar o visual, um vestido amarelo-mostarda, sapatos pretos e sem salto e um casaco também preto para compor o visual. Vegeta observava o Dr. Ofu com alguma dose de ciúme. Ele estava de calça jeans, sapatos pretos, camiseta de manga longa azul, com uma faixa branca horizontal na frente. Não estava gostando nem um pouquinho de ver aquele esquisitão se aproximar dela.

― É verdade, eu estava precisando fazer isso. – Bulma respondeu.

― E ele? – Ofu apontou para Vegeta. – É o pai do bebê?

― É sim. Ele se chama Vegeta.

Dr. Ofu se virou para o saiyajin e fez vários sinais típicos de quem tenta fazer contato com um ser vindo de outra galáxia, imitando gestos de filmes e séries com tal temática. Falou vagarosa e silabicamente, como se quisesse ser entendido por um estrangeiro:

― O-lá-Ve-ge-ta! Vo-cê-po-de-me-en-ten-der?

Com certeza aquele terráqueo, sim, era o mais estranho que havia visto até então. Essa situação lhe rendeu mais um constrangimento para sua vasta coleção de constrangimentos desde que chegara à Terra. Respondeu:

― Eu conheço seu idioma, não precisa dessa palhaçada.

Ofu pigarreou um pouco sem jeito após tomar tal invertida.

― Dos males o menor. Eu pedi para a Bulma te trazer para cá por conta de algo parecido com uma cauda no bebê que ela está esperando. Essa “cauda” está prejudicando um pouco os exames de ultrassom, pois fica difícil saber o sexo do bebê.

― E o que eu tenho a ver com isso?

― Abaixe as calças.

― Quê?

― Por favor, abaixe as calças.

― Tá maluco, é? – o saiyajin começou a ficar nervoso.

― Não – o médico-ufólogo respondeu calmamente. – Apenas quero confirmar uma teoria minha.

― E o que a sua teoria idiota tem a ver com as minhas calças?

― Eu desconfio que você seja um alienígena.

― Eu não preciso abaixar as minhas calças pra provar isso! – Vegeta já estava irritado. – Um príncipe saiyajin não precisa passar por essa humilhação pra provar nada!

Ofu suspirou:

― Não precisa abaixar tudo. Só o suficiente pra saber se você tem algum vestígio ou cicatriz de alguma cauda.

― Cauda?

― Sim. Eu soube de um caso semelhante uns nove anos atrás, de uma criança, mais precisamente um menino que nasceu com uma cauda. Se não ouvi errado, ele era de uma vila próxima à montanha Paoz. O médico que me contou isso ainda disse que a cauda era parecida com a de um macaco.

“Cauda? Macaco? Montanha Paoz?”, Bulma juntava as peças em sua mente até conseguir encaixar tudo. “Esse menino... Era o Gohan!”

― Ah... Entendo. – ela assentiu.

― E então? – o Dr. Ofu perguntou a Vegeta. – Vai ajudar?

O saiyajin bufou. Tinha que ceder se quisesse sair logo e se livrar daquela situação.

― Está aqui o que você quer! – disse após subir um pouco a camiseta e abaixar o cós da calça para ver apenas a cicatriz localizada logo abaixo da cintura. – Era uma cauda, sim! Satisfeito?

― Sim. – o obstetra disse após verificar a cicatriz. – Não há dúvidas. E parece que sou um dos poucos que acreditam que existe alguma vida inteligente fora da Terra.

O saiyajin bufou novamente, enquanto se arrumava após fazer papel de ridículo e ter certeza de que havia mais vida inteligente fora daquele planeta do que dentro dele, com algumas exceções. Como detestava isso! Só não usou seu poder porque não estava nem um pouco afim de fazê-lo, senão...

Passou todo o tempo da consulta afundado numa cadeira, todo emburrado, enquanto Bulma estava sendo examinada no ultrassom. Mas não ficou emburrado por muito tempo.

― Ora essa...! – Dr. Ofu disse com os olhos fixos na tela do monitor. – A cauda do bebê se moveu. Já dá pra saber o que ele é!

― E... E o que é? – Bulma perguntou com os olhos brilhando de ansiedade.

― Dá uma olhadinha na tela. – o médico apontou. – Tá conseguindo ver?

― Eu acho que sim. É... Um menino?

― Exato, é um garoto! Escuta aí! Reconhece esse som?

Ela fechou os olhos e se fixou apenas no som que ouvia. Aquilo soava como se fosse música para os seus ouvidos... Eram as inconfundíveis batidas do coração do bebê, que a deixavam com um nó na garganta devido à emoção que sentia.

― Vegeta... – ela disse extasiada. – Ouviu só? Esse é o coração... Do nosso menino!


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Notas finais do capítulo

Continua...