O sol já brilhava forte nas montanhas Paoz, quando Goku finalmente conseguiu sair de casa para encontrar Piccolo e saber as últimas sobre Bulma e Vegeta. Havia demorado porque se viu obrigado a ajudar Chi Chi a mudar alguns móveis de lugar, a fim de fazer faxina na casa. Enquanto isso, Gohan era obrigado a passar a manhã no quarto estudando.

Por fim, encontrou o namek com uma cara extremamente constrangida.

― Você demorou muito, Goku. O que houve?

― Eu estava ajudando a Chichi na limpeza da casa, levantando e mudando alguns móveis da casa.

― Sei.

― E aí, Piccolo? Descobriu mais alguma coisa lá na casa da Bulma?

Uma expressão muito constrangida, embora contida, se desenhou no rosto verde do namek, que respondeu:

― Até demais, Goku... Até demais...

Ao responder isso, recordou-se de algo.

― Goku, me responda uma coisa...

― Pode perguntar, Piccolo.

― De onde... De onde vêm os bebês saiyajins?

― Bom... Sei lá.

― COMO VOCÊ NÃO SABE? – Piccolo berrou. – VOCÊ É UM SAIYAJIN, ESQUECEU??

― Ah, é... – ele coçou a cabeça e riu. – É que eu nunca me acostumo com isso!

“Sem comentários...”

― Bom... É a mesma coisa que os humanos, Piccolo.

― Você tem certeza?

― É claro! A anatomia é parecida... A não ser a cauda, eu acho que é praticamente igual.

― Tirando também o seu estômago, que não sei como cabe tanta comida!

― Por que a pergunta? – Goku ficou curioso.

― Bom... É que pensei que... Os saiyajins tivessem a anatomia muito diferente dos humanos.

― Na verdade, acho que a diferença é que, pelo menos comigo, acontece algo como as coisas saírem do meu controle e quando vou perceber, já não estou agindo como eu mesmo. É como se meus instintos me dominassem por completo. Bom, acho que aí seria o meu lado saiyajin ou coisa assim.

― Então, para se nascer um bebê saiyajin, é a mesma coisa?

― É. O Gohan nasceu como qualquer bebê normal, Piccolo. Não se esqueça de que nós, saiyajins, podemos muito bem ser confundidos com os humanos. Por que você acha que eu fiquei chocado quando Raditz, meu irmão, me revelou isso?

― Eu percebi que você demorou um bom tempo pra aceitar isso.

― É verdade – ele respondeu. – Agora já aceitei, tô mais tranquilo.

― Então, quer dizer que os humanos e os saiyajins têm anatomias iguais?

― Sim.

― E a parte... Da reprodução?

― Também. – Goku respondia naturalmente. – Digo isso por experiência própria.

― Piccolo? Ei, Piccolo! – Goku chamava a atenção do namek.

― O que foi?

― O que você viu lá? – o saiyajin estava curioso.

― Você se lembra de que comentamos ontem sobre o fato de o ki de Vegeta estar bastante alterado e de uma forma muito estranha?

― Sim. – Goku respondeu pensativo.

― E você se lembra de que eu fui investigar isso?

― Claro. Foi ontem à noite. Espera aí... Não diga que aconteceu algo que vai comprometer a existência do Trunks neste tempo?

Piccolo ficou levemente corado.

― N-Não... Acho que não vai comprometer não... Se eu não estiver enganado.

― Não?

― Não.

― E o que realmente aconteceu?

― Algo que tem relação com a origem de um bebê saiyajin.

― Como é que é...? O que você viu, exatamente?

O namekuseijin ficou mais corado:

― Tudo.

― Como assim, “tudo”?

O namek estava mais constrangido do que nunca. Goku notou o enorme desconforto de Piccolo ao falar sobre o assunto e logo compreendeu o que ele queria dizer.

― Então... Quer dizer que... A Bulma... O Vegeta... Os dois... Eles...

― Fizeram “aquilo” que você falou! – Piccolo completou, corando violentamente. – E que, segundo você, dá origem aos bebês! Eu acabei vendo e ouvindo TUDO!! E nunca tinha visto algo tão... Tão bizarro em toda a minha vida e...

― Piccolo! – Goku o interrompeu ao sentir um ki. – Gohan já está chegando pra treinar! Depois a gente volta ao assunto!

*

A luz do sol invadia sem pedir licença o quarto todo bagunçado. Apesar de toda a bagunça e de peças de roupa espalhadas pelo ambiente, o silêncio reinava absoluto. Na verdade, o único som audível naquele local eram as respirações de pessoas adormecidas. Um grunhido sonolento foi ouvido no quarto. Era Vegeta, que acabava de emergir de seu sono profundo.

“Mas que noite...”, pensou. “Será que aquilo realmente aconteceu comigo...?”

Esfregou os olhos para ver se melhorava um pouco da cara amassada de sono, mas ainda estava pregado. Um gemido logo ao seu lado chamou-lhe a atenção. Era Bulma, que acabava de se virar sob o lençol.

― Então... – o saiyajin murmurou enquanto olhava para a mulher de cabelos azuis deitada ao seu lado. – Aconteceu mesmo...

― Do que você está falando, Vegeta? – Bulma perguntou enquanto terminava de acordar e esfregava os olhos. – De ontem à noite...?

Ele não respondeu.

― Não vou me esquecer dessa noite. – ela sorriu. – E aposto que você nunca vai esquecer, também... Afinal, foi a sua primeira vez, não é mesmo?

― Do que está falando? – perguntou um surpreendido Vegeta.

― Da sua primeira vez, oras!

O príncipe saiyajin corou:

― Estava tão na cara assim?

A cientista riu:

― Você estava tão inseguro...

Ele teve vontade de se esconder embaixo do lençol por conta da vergonha que começava a sentir. Mas...

― Eu sabia o tempo todo que você era virgem... Mas não se preocupe. – sorriu. – Esse segredo fica só entre nós.

Ela já ia beijar o saiyajin a fim de tranquilizá-lo, mas a porta logo se abriu – e de supetão, pra variar – fazendo-os parar no meio do caminho.

― Ah, que bom que vocês acordaram! – era a Sra. Briefs.

― O-O que a senhora quer, mamãe?

― Eu vim avisar que o café da manhã ainda está na mesa.

― Ah, tá... – respondeu a cientista toda sem graça. – Obrigada...!

― De nada! – e a porta se fechou após um sorriso maroto da loira.

O saiyajin estava com o rosto totalmente vermelho de tão constrangido.

― Terráqueos...