O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 2
Príncipes engasgados e príncipes encantados


Notas iniciais do capítulo

Pensam que o martírio de Bulma acabou? Não, mesmo... Vegeta ainda continua a infernizar a vida da cientista, que não tem sossego nem pra dormir. O príncipe dos saiyajins continua engasgado na garganta dela...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/52015/chapter/2

― ME SOLTA! ME SOLTA, SAIYAJIN MALUCO!

Os gritos de Bulma não o intimidavam, nem mesmo os socos que ela lhe dava nas costas ou o fato de ela agitar as pernas freneticamente. Nada disso lhe metia medo.

― Como você é escandalosa, hein? – Vegeta resmungou.

Vegeta carregava Bulma como um saco de batatas por sobre o ombro, sem nenhum cuidado. Eram cinco da manhã e ela estava vestida apenas com um short-doll. Só tivera três horas de sono devido à maratona de filmes a que assistira com Yamcha. E agora aquele saiyajin chato a carregava à força para a nave.

E pra completar, ninguém vinha acudi-la.

― Aquele inútil do seu namorado já está tão acostumado com seu escândalo, que nem acorda com o berreiro que você faz!

Chegaram até a nave e entraram, com Vegeta não dando a menor atenção aos protestos de Bulma. Até que ela ordenou:

― Anda, me põe no chão!

O saiyajin não pensou duas vezes e simplesmente a largou no chão, fazendo-a cair sentada. Ela levantou-se revoltada e perguntou com as mãos na cintura:

― O que você quer dessa vez? Tem que ser algo importante ou eu caio fora! Ouviu bem?

Nenhuma resposta. Os olhos do saiyajin estavam atentos a outras coisas como, por exemplo, o corpo da cientista. Pela primeira vez se detinha para observá-la melhor. Seu pensamento lhe dizia que ela possuía um corpo perfeito e atraente.

“Pena que ela namore um traste...!”, pensou, para depois se arrepender de imediato. “Maldição! O que estou pensando?”

Mas a voz de Bulma o tirou desses pensamentos:

― Terra para Vegeta! Você não me ouviu?!

― Não... E nem me interessa a sua tagarelice!

― Então eu tô indo, tchau!

― Aonde você pensa que vai?

― Pra minha casa, pro meu quarto e tentar voltar a dormir. Você nem deu atenção ao que eu perguntei.

― A máquina desregulou e a gravidade não está aumentando!

Ela revirou os olhos azuis:

― Já é a segunda vez em uma semana! Ainda bem que uma das caixas de ferramentas ficou por aqui.

Bulma pegou a caixa de ferramentas e começou a trabalhar na parte onde estava o problema. Enquanto ela procurava corrigir o problema, o saiyajin não desgrudava os olhos dela.

Ou melhor, do corpo dela.

Após terminar o conserto, Bulma guardou as ferramentas e se virou. Logo se sentiu incomodada pelo olhar do saiyajin.

― Por que tá olhando pra mim desse jeito?

Ele engoliu saliva e enrubesceu.

― Anda, me diga! – ela insistiu.

― Como... Como você é vulgar...! – tentou disfarçar e fazer cara de reprovação.

Bulma sentiu seu sangue ferver. Como ele se atrevia a dizer uma coisa dessas para ela?

― O que você esperava? Que eu estivesse vestida como uma criada de Vossa Alteza? Em primeiro lugar, você não manda em mim! Em segundo lugar, estou aqui contra a minha vontade e ainda por cima toda despenteada! Como você quer que eu não esteja assim, se fui arrancada da minha cama por um troglodita maluco de outra galáxia?!

Bulma parou e respirou fundo. Precisava acalmar, pois todo aquele estresse logo cedo poderia fazer mal à sua pele. Prosseguiu:

― Já acabei o conserto, pode se estropiar à vontade!

Empinou o nariz e foi embora, sem olhar para trás. Nem desconfiou que Vegeta a acompanhava com seus penetrantes olhos negros.

 

*

 

Oito horas. Resolveu ir à cozinha tomar o café da manhã. Pegou os cereais e pôs na tigela. Em seguida, despejou um pouco de leite e se sentou à mesa, onde já estavam os pais e Yamcha, acompanhado pelo seu inseparável amigo Pual.

“Minha nossa”, Yamcha pensou. “Ela tá parecendo um zumbi...”

Ela olhou para a vasilha de cereais e leite. Estava com uma assustadora cara de cansada. Começou a cochilar e acabou metendo a cara dentro da tigela.

― Oh, não! – exclamou a Sra. Briefs. – Bulma...? O que aconteceu...?

A coitada nem escutou, permanecia com a cara na tigela e a sua respiração fazia bolhas no cereal com leite.

― Blublublublublublublu...

― Quê?! – Yamcha perguntou.

― Blublublublublublublu...

― É mesmo...? – o Sr. Briefs perguntou. – O Vegeta te acordou cedo de novo?

― O senhor entendeu?!

― Claro que sim, meu rapaz... Uma vez fiz contato via rádio com seres do planeta Blub e eles falavam desse jeito.

Bulma tirou a cara cheia de leite e cereais da tigela e interrompeu o pai:

― Papai... Já comecei o dia cansada de alienígenas! Não tô muito afim de ouvir histórias de seres do espaço agora! Não basta um alien chato aqui em casa acabando com o meu sossego...?

― Bulma, querida... – disse a Sra. Briefs. – Não leve tão a mal o Vegeta, ele só é um rapaz um pouquinho impaciente.

― Ai, eu mereço...! – Bulma disse e afundou a cara novamente na tigela. – Blublublublublu...!

― O que ela disse? – Pual perguntou.

― Alguma coisa como “tô acabada”. – respondeu o professor. – Meu idioma blubariano não é muito fluente, que pena...

O olho esquerdo de Yamcha começou a tremer num tique nervoso e ele deu um sorriso meio amarelo, mas puramente constrangido.

― Parece que é melhor suspender as maratonas de filmes por enquanto...

Nisso, ele sentiu um ki se aproximar na cozinha.

― Olá, Vegeta! – a Sra. Briefs o cumprimentou animadamente. – Que bom que veio tomar o café!

“Eu não acredito que vou ter que tomar o meu café com esse bando de insetos!”, o saiyajin pensou. Apesar disso, sua atenção recaiu sobre Bulma, que tirava naquele mesmo instante a cara de dentro da tigela de cereal.

― Isso é uma nova forma de se comer cereais? – perguntou debochado.

― Não, imagina... – Bulma replicou com sarcasmo. – É um novo tipo de tratamento facial com leite e cereais... Quer experimentar?

― Ridículos! – ele disse para depois bufar.

 

*

 

Bulma passou o dia todo enfiada em meio a uma enorme bagunça. Na verdade, estava em seu quarto aproveitando um raro momento de sossego fora do laboratório e sem os aborrecimentos por parte do “ilustre hóspede” da casa. Foi quando decidiu dar uma geral no quarto, e ali estava ela em meio ao caos reinante no local.

Separou as coisas que aproveitaria das que poderia jogar fora. Depois de juntar todo o lixo e colocá-lo em um saco, começou a organizar o restante das coisas, guardando-as em seus devidos lugares. Quando estava terminando de organizar tudo, encontrou no chão um livro meio antigo mas com capa ainda colorida.

Bulma pegou o livro e começou a folheá-lo.

― Nossa, já fazia tempo que eu não via este livro por aqui. Pensei que a mamãe tinha doado ele a alguém!

O livro era de contos de fadas. Era um exemplar de “A Bela Adormecida”. Seus pais a haviam presenteado com ele no seu aniversário de seis anos.

“Quando eu crescer, quero ser uma princesa e quero me casar com um príncipe encantado!”

Bulma havia dito essa frase aos seis anos logo após terminar o livro. Na época, tinha ficado encantada com uma ilustração que mostrava o instante em que a Bela Adormecida recebia um beijo de um belo príncipe vestido de azul.

Desde então vivia à procura de seu “príncipe encantado”.

Ao saber sobre Shenlong e as esferas do dragão, saiu à busca delas para conseguir seu “príncipe”. Foi quando encontrou Yamcha, forte candidato. Mas entre eles o namoro não andava lá essas coisas, estava repleto de idas e vindas e já estava se arrastando por tempo demais.

Realmente seria Yamcha o seu “príncipe”?

Fazia tempo que tinha suas dúvidas em relação a isso. Além disso, o namoro entre eles andava desgastado e havia sofrido um solavanco recente com a explosão da nave Cápsula 3. Para completar, Yamcha começara a ter ciúmes dela em relação a um certo príncipe...

Ciúme sem fundamento, ela pensava. De onde ele havia tirado uma ideia tão absurda? Ela, com um sujeito como Vegeta? Só podia ser paranoia mesmo...

Nem em sonho Vegeta seria candidato a ser seu “príncipe encantado”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nota da autora: Vocês acreditam nessa última frase? Eu, não... A história ainda continua, aguardem os próximos capítulos... Até lá!