O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 14
Nada mudou?


Notas iniciais do capítulo

Será que nada mudou entre Vegeta e Bulma, após a festa? Aparentemente não, mas sabemos que as aparências enganam...



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Depois de dar de cara com Yamcha, Bulma foi ao centro da cidade para devolver as fantasias alugadas para a festa. No carro estavam os dois trajes. O traje branco que Yamcha havia usado e o traje azul usado por Vegeta. Os dois haviam ficado impecáveis com aquelas fantasias.

E naquela festa conseguiu ver a verdadeira face de cada um dos dois. Por trás de um “bom-partido”, simpático e risonho, a quem se poderia facilmente chamar de “mocinho”, ela descobrira um grande traidor. Um grande mulherengo vulgar, que durante praticamente quinze anos – mais de uma década – a enrolara enquanto se aventurava com outras garotas.

Yamcha era um grande imbecil.

Por outro lado, o que havia por trás de um sujeito arrogante, mal-educado e mau-caráter começava a emergir. Ou seja, Vegeta não parecia um sujeito tão mau assim.

“Você é mais insuportável chorando do que brigando.”

“Pra que ficar aí chorando por causa daquele traste? – ele questionou. – Se ele ficou com aquela perua foi porque ele é muito mais imbecil do que parece. Você fica ainda mais insuportável chorando desse jeito, sabia? Aquele inseto não merece nem metade dessa sua choradeira!”

Era difícil de acreditar que ele, em algum momento, se importou com ela. Mas isso realmente aconteceu. Tão certo como o beijo que dera nele. Não tinha como esconder, tinha começado a se sentir atraída por ele. Agora ria e se enrubescia ao se lembrar dos comentários de sua mãe:

“Bulma, esse belo rapaz é tão... Tão... Robusto, bronzeado, forte... Oh, ele é tão atraente, não acha? Acho que vou convidá-lo pra me acompanhar nas compras!”

Parada com o carro no semáforo, ela se acabava de rir com as palavras da mãe enchendo Vegeta de elogios pelos seus atributos físicos. Bulma ria tanto que conseguia chamar a atenção dos outros motoristas que estavam ao seu lado. A ficha dela só caiu quando percebeu que tinha chamado demais a atenção dos outros. Então encolheu-se no volante e tentou se recompor, enquanto aguardava o sinal abrir.

Tentou mas não conseguiu. Mais um comentário de sua mãe a respeito de Vegeta veio à sua memória:

“... Bulma, filhinha... Ele não é mesmo charmoso? Você deveria sair com ele ao cinema, ele tem uma beleza tão selvagem!”

Por mais que quisesse segurar o riso, não conseguiu. Voltou a gargalhar, porque toda vez que sua mãe lhe dizia essas coisas sobre o saiyajin, ele estava por perto. Obviamente ele escutava tudo, porque ela percebia que Vegeta ficava rubro de tão constrangido.

Adorava vê-lo vermelho daquele jeito, pois sumia dele toda aquela aura de guerreiro assassino assustador. Como na noite da festa, quando ele foi assediado por Le Fleur. Certo, morria de pena de ver Vegeta numa situação tão embaraçosa como aquela, mas não podia negar que era hilário vê-lo vermelho daquela forma.

― EI, SUA LERDA!! O SINAL JÁ ABRIU! ANDA LOGO!! – gritou um motorista logo atrás dela após buzinar.

Bulma acordou de seus devaneios com Vegeta e acelerou antes do sinal ficar amarelo. Estava mais distraída do que deveria. Concentrou-se no trajeto que estava fazendo até chegar à loja de fantasias. Devolveu o uniforme branco e – após contemplar por muito tempo – o uniforme azul.

A valsa da noite anterior voltava à sua mente e a deixava fora do ar. Mas Bulma acabou sendo chamada de volta:

― Er... Senhorita... – disse a atendente. – Está me ouvindo...? São cento e cinquenta zenis!

― Ah... Desculpa...! – a cientista respondeu sem graça e tirou o dinheiro da carteira. – Tá aqui! Obrigada!

Nisso, ela saiu tomando o rumo de casa. Precisava dar continuidade à manutenção da nave como havia prometido a Vegeta. E dar-lhe uma bronca, pois ele recomeçara a treinar sem estar cem por cento recuperado.

“Aquele saiyajin louco vai acabar morrendo, se continuar assim...”, ela pensou enquanto passava pela via expressa.

 

*

 

Estava exausto depois de apenas duas horas e meia de treino, e a região das costelas tinha voltado a doer. Ofegante, configurou a gravidade para 1G e se sentou no chão. Alcançou o squeeze, bebeu alguns goles de água e molhou o rosto suado. Estava sem camisa e pôs a mão sobre o local ainda enfaixado. O ferimento voltara a doer horrores.

Permaneceu imóvel por alguns instantes e sua respiração se normalizou, além da dor ter acalmado.

Nisso, o olhar de Vegeta tornou-se distante. Sua mente o transportava para a noite anterior, a noite da festa. Mais especificamente, depois da festa. Seu coração começava a ficar agitado, pois se recordou mais uma vez do beijo que recebera de Bulma. Como fora capaz de deixá-la se aproximar assim? Por mais que não quisesse, não conseguia parar de pensar nela. Nem naquele beijo, naqueles lábios, naqueles olhos azuis...

Agora, queria era mais!

Mas, o que estava pensando...? Estava ficando louco? Contagiado pela “melosidade” dos terráqueos? Não, não podia se deixar levar por isso, ele era um saiyajin e sua vida se resumia a lutar e ser o mais poderoso! Tentava se convencer disso, mas era muito difícil. Sentia-se atraído por Bulma, só que não queria admitir isso nem sob tortura.

Sentiu sua face queimar e esguichou mais água. Levantou-se com a mão ainda na região dolorida. Apertou um botão que abriu a porta da nave. Ao descer, deu de cara com Bulma.

― Ah! – ela disse em tom de reprovação. – Eu sabia que você estava aí. Será que não tem juízo? Você nem terminou de se recuperar e já quer se estropiar de novo?

― Não enche! Eu treino na hora que eu quiser, pouco me importa o quanto meu corpo esteja ferido... Argh!

Voltou a pôr a mão no local ferido.

― Tá, vou fingir que acredito! Qualquer um sabe que quanto mais você treina sem estar recuperado, mais você demora pra se recuperar totalmente! Não importa se você é um humano ou saiyajin, acho que isso vale pra qualquer raça!

― Isso não é nada! – Vegeta protestou. – Eu não preciso ficar aqui aturando seu sermão!

― Ah, precisa sim, principalmente por causa dessa sua cabeça-dura!

― Eu, cabeça-dura?! Como ousa me dizer isso?!

― Com a mesma ousadia que você tem de me questionar! Esqueceu que sou EU quem manda aqui? Sou EU quem faz a manutenção da nave e dos mini-robôs pro seu treinamento! E sou EU que, de vez em quando, tem que fazer curativos em você! Também sou EU quem se importa com você, entendeu? – finalizou encostando o dedo indicador no peitoral nu do saiyajin. – Agora sai daí que eu vou fazer a manutenção da sua “sagrada” máquina de gravidade!

― Você não manda em mim!

― Ah, é? Eu mando, sim! A casa é minha e você é o meu hóspede! Você vai ter que andar na linha se quiser voltar a treinar na nave, e isso inclui ficar mais um pouco sem treinar, seu teimosão!

― Se eu sou “teimosão”, você é uma garota irritante!

― Antes ser irritante do que ser cabeça-dura! Você já tá acabando com o resto de paciência que eu tenho!

― A minha também já tá no fim!

Os dois se encararam e rosnaram, com direito a faíscas saindo dos olhos. Instantes depois, se viraram e cada um tomou seu rumo de nariz empinado. Vegeta foi para dentro de casa para tomar um bom banho, enquanto Bulma ia fazer a manutenção da nave.

Ambos deram um ligeiro sorriso enquanto se afastavam.


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Notas finais do capítulo

Sim, alguma coisa mudou entre os dois... Claro, que foi pouquinho, mas mudou, não acham?

O próximo capítulo vai ser mais divertido, eu prometo! Até lá!

Continua...