Bem longe no norte da Europa existe um reino chamado Arendelle. Bem distante da cidade, entre os bosques escuros, os lagos límpidos iluminados pela lua, os profundos fiordes e as enormes montanhas coroadas pela neve, lá vivem os trools no Vale-Das Rochas-Vivas. Muita coisa aconteceu nestes últimos anos… Princesas tendo que conviver com a solidão e portões fechados, príncipes sendo maltratados pelos próprios parentes e até mesmo reis sofrendo com o isolamento de sua própria filha. Sim, muita coisa aconteceu nestes últimos quatro anos, até mesmo uma criança humana foi adotada por trools.. Mas Kristoff Bjorgman não era mais uma criançinha, como o mesmo costumava dizer “já era um homem feito!”. E como qualquer homem feito faria, ele continuara a trabalhar,ainda no comércio de gelo, e, no mesmo cargo de sempre, o de apanhador. O que era um apanhador? Bom para começar, a primeira coisa que se precisa entender é que existia uma espécie de pirâmide no pequeno empreendimento de gelo, que funcionava da seguinte maneira:

Existiam os cortadores de gelo: Que o cortava já na água mesmo e que pro sinal eram os menos valorizados porém exerciam um trabalho muito importante.

Os apanhadores: Que pegavam os cubos que vinham boiando na água e o transportavam para o trenó ou para o acabamento.

O acabamento: Cuidavam de cortar o gelo certo, caso tivesse sido cortado errado, corrigir o tamanho do mesmo e etc.

O fiscal ou monitor: Que fiscalizavam o trabalho.

E por último os mais estimados, os vendedores de gelo: Que possuíam seu próprio trenó e comercializavam o gelo por toda Arendelle. Kristoff queria mais do que tudo ser um vendedor, porém para conseguir ser um, precisaria trabalhar, trabalhar e trabalhar..

O dia hoje havia amanhecido belo e radiante,o sol iluminava desde a montanha do norte até a floresta dos pinheiros, e como estavam próximos do verão precisavam trabalhar rápido, Kristoff já estava no trabalho e já estava fazendo seu serviço.Até ouvir um berro que ele pensou inicialmente ser um urso, mas, logo descobriu que era o senhord Dumstrang.

– Atenção! Todos os apanhadores da classe Junior, prestem bem atenção pois não repetirei. Um de nossos monitores, Jorge Wealyng pediu demissão, a vaga dele estará disponível de agora em diante. Amanhã eu mesmo avaliarei vocês e quem conseguir pegar mais cubos de gelo, ficará com a promoção. Eu sou um gênio! Eu uni o útil ao agradável.HA HA HA! – E depois disso sr. Dumstrang começou a rir de forma assustadora, e todos se encararam, sem entender nada, afinal não era motivo para risadas. Kristoff logo ficou empolgado, ele sabia que tinha muita chance de ganhar já que era considerado um dos melhores, até mesmo Sven sabia disso. Mesmo que ele não falasse como gente, ele e Kristoff haviam criado uma nova língua, onde a comunicação era feita através da expressão facial, e neste momento o que Sven dizia era “ A vaga já é sua.”

Mas, é claro que Sven não havia sido o único a perceber aquilo, um pouco mais distante, Jeremy olhava para Kristoff furioso, pois mesmo que não quisesse admitir ele sabia que o loiro ganharia a promoção, “Eu preciso vencer”pensava furioso. Não só para ganhar a vaga de monitor e esfregar na cara de todos(principalmente Kristoff) o quanto ele era superior, mas também para provar a seu pai o quanto ele era melhor... Já que, há algumas semanas atrás, o homem alegou que Jeremy só fazia corpo mole e apesar de Kristoff ser menor era muito melhor do que ele. Aquilo havia sido a gota d’água ele precisava provar que era melhor e iria conseguir.

– Hey Victor, Jorge olhem só a cara de convencido do Bjorgman,achando que vai ganhar! Nós precisamos sabotar ele e aquele alce maldito!

–M-mas Jeremy, você não disse que era o melhor apanhador do mundo? Não há necessidade de…– Victor , um garoto de cabelos encaracolados e ruivos de olhos castanhos tentou argumentar.

– E sou mesmo! Mas não quero correr riscos, Bjorgman pode ser mais tonto do que aquele bicho nojento dele, mas é rápido, precisamos arranjar um jeito de acabar com ele!

–.. Como faremos isso? – Desta vez falou Jorge, o moreno de olhos castanho –escuros.

–Fiquem calmos... Eu tenho um plano.

***

– Muito bem, quem quer contar a próxima ? – Falou Pabbie, o trool que estava contando a história. Ao chegarem em casa foram recebidos por Bulda que deu beijinhos, um em cada bochecha, nos dois, e mandou que o garoto se lavasse pois hoje teria a noite da fogueira, que era uma atividade que os trools costumavam fazer para se distraírem, onde eles contavam histórias e assavam frutinhas silvestres (que na opinião de Kristoff tinham gosto de cera de ouvido) na fogueira

– Deixa eu ir, deixa eu ir! – Falou Jake, um dos mini trools.

–Tudo bem Jake pode ir..

–Tá... Era uma vez uma vaquinha que gostava muito de grama, então um dia ela comeu a grama da fazenda do lado, e.... Bum! foi parar num portal mágico que levava todos para um mundo onde tudo era feito de doces ! Fim.

...

– Os trools ficaram meio que sem reação pois era uma história absurda e ridícula. Todos se encaravam confusos quando Jake começava a fazer uma carinha de choro pensando que eles não haviam gostado. E então todos os trools ( e Kristoff) aplaudiram de pé alegando que a história tinha sido incrível.

– Eba! Eba! A minha historinha foi aplaudida de pé!! Minha vez de escolher... Hmm... É você Kristoff!!

– Eu? M-mas não tenho história pra lhes .

Aposto que tem uma sim!! Falou Ludy. Uma trool que não escondia seu amor por Kristoff, mesmo sabendo ser impossível a relação dos dois ela ainda sim não desistia. – – Porque não conta como era a sua vida antes de vir pra cá Kristoff!! – Um deles falou e logo todos fizeram que sim com a cabeça curiosos,pedindo para que ele contasse enquanto gritavam eufóricos “Conta! Conta! Conta!”. No entanto Kristoff parecia não querer falar sobre isso. Logo Pabbie lhe disse que ele não era obrigado a contar já que aquilo era algo particular do mesmo e que só ele poderia saber o momento certo. Mas Kristtoff achou melhor contar logo e por pra fora. Contar o que aconteceu... Antes de vir morar com os trools.

*Anos atrás- Em um bairro qualquer- Arendelle *

Uma chuva horrível castigava Arendelle hoje. Kristoff vinha arrastando os pés ao dobrar a esquina de seu bairro, as casas eram simples porém bem cuidadas e por toda parte haviam crianças brincando, correndo ou gritando. Menos Kristoff, que cansado, não tinha energia para isso. O loiro subiu as escadas até um cômodo no terceiro andar e abriu a porta.

–Trouxe algum dinheiro ? – Perguntou seu tio, Frederick assim que o viu. Kristoff mostrou as mãos vazias e fez que não com a cabeça.

– Um dia inteiro mendigando e volta pra casa sem nada– Resmungou dando um tapa no braço do sobrinho e empurrando-o para um canto qualquer. E o menino, ensopado e morrendo de frio, apenas esfregava o braço e cabisbaixo pensava em como seria viver em um lugar onde ele fosse bem tratado,. “ Imprestável! Devia aprender a pelo menos mendigar direito já que não sabe fazer nada” Escutou sua tia resmungar enquanto fazia algo na cozinha, que logo ele descobriu ser o jantar “ Vai ficar sem jantar de novo!” Foi o que sua tia havia dito, mas na verdade o que ele tinha realmente escutado era o barulho de seu estômago roncando, não havia comido nada desde cedo, e agora ao sentir o cheiro do que ele identificou ser uma torta de maçã, o meni no apenas ouvia os resmungos vindos de sua barriga.

–Idiota! – Falou seu primo Thomas que o chutou na região do abdômen, enquanto Frederick ria da situação e dizia para o filho o chutar mesmo, porque insetos não merecem compaixão. No entanto Kristoff não prestava muita atenção, sua visão estava distorcida, assim como as cores e formas que já começavam a se misturar. Depois de um tempo Thomas cansou de chuta-lo e o menino, mal tratado apenas gemia de dor em seu canto, com vários ferimentos pelo corpo. Catharina, sua tia avisou que o jantar estava na mesa e aproximou-se do menino entregando-lhe um pedaço de pão velho e mofado em seguida sussurrando um

–Meus parabéns traste, você conseguiu ser pior que a minha irmã, e olhe que ela sempre foi uma.. –

–Não fale da minha mãe! Ela foi uma mulher muito melhor do que você! – Falou fraco e a mulher apenas deu um tapa na cara do menino, em seguida saindo da sala e indo para a cozinha jantar com sua “família perfeita.” Kristoff porém já se sentia farto de apanhar todos os dias, ser obrigado a mendigar e nunca ser bem tratado. Fraco, levantou-se e foi em direção a porta. Iria embora. “ Aposto que viver na rua deve ser melhor...” Pensou.–

–Onde pensa que vai nessa chuva? – Catharina perguntou levantando-se da mesa, e levando a louça para a pia.

–Vou embora... – Falou confiante.

–Ora menino, não seja tolo, o que vai fazer sem nós? – Frederick perguntou

–Isso é problema meu.

***

*Presente- Vale das Rochas Vivas- Arendelle*

– E foi isso, depois nunca mais vi nenhum deles... – Falou cabisbaixo, enquanto Sven tentava anima-lo.

–Meu filhinho que horror! – Falou Bulda aos prantos, em seguida indo abraçar o garoto que sentiu-se um pouco sufocado. – E eles? Estes… Monstros. Não foram atrás de você?

– Oh não. Eles me consideravam um fardo, nem sequer se importaram quando fui embora..

–Meu jovem, você realmente sofreu muito.. – Falou Pabbie, coma expressão horrorizada– Mas... Lembre-se, não podemos mudar o passado, mas, somos nós que fazemos o nosso futuro. Nunca se esqueça que nós te amamos Kristoff

–ÉÉÉÉ! ABRAÇO COLETIVO! – Gritou um trool e logo todos foram abraçar, até mesmo Sven juntou-se ao montinho, mesmo que não conseguisse abraça-lo. Kristoff que pensava em como ele tinha sorte de ter uma família como esta. “ Eu também amo vocês pessoal!” Murmurou entre soluços.

***

“É hoje o Grande dia amigão!!” Foi a primeira coisa que Kristoff falou para Sven ao acordar. Hoje finalmente seria o dia em que sua vida mudaria, estava sentindo isso. Vestiu-se rapidamente e preparou o trenó. Bulda até perguntou se ele não iria comer nada, mas o mesmo alegou que iria comer uma maçã no caminho. Então, partiu para as montanhas, com o trenó em alta velocidade,sentindo-se feliz de um jeito como nunca havia sentido antes foi quando encontrou Jorge pedindo por ajuda. O mesmo estava amarrado no tronco de uma árvore, e Kristoff com pena resolveu parar para ajuda-lo. Pobre coitado, mal sabia ele que isto era uma armadilha...

– Obrigado Kristoff, muito obrigado! Estou aí desde ontem a noite. – Mentiu, enquanto o loiro terminava de cortas as cordas que o prendiam.

– Não foi nada..

– Sei que não devia fazer isso, Jeremy queria que você se desse mal hoje, então.. Ah! Eu vou contar! O senhor Dumstrang disse que a prova para conseguir o cargo de monitor seria em um local diferente. Do outro lado da floresta para ser mais preciso.

– E porque não fiquei sabendo disso?–

–Ora, porque você foi embora muito cedo! Ele disse para nós avisarmos aos outros, mas... Jeremy não queria concorrência.

–Ah entendi! Puxa obrigado mesmo...–

– Ah, não foi nada! Escuta, tá vendo aquela trilha, é só seguir e depois virar a esquerda.

– Mas, você não vai também–

– Ah não! Eu preciso ir pra casa tomar um banho, até porque papai e mamãe podem ficar preocupados..

***

Depois de um tempo, andando pela floresta, Kristoff finalmente percebeu que havia sido enganado, e culpava –se mentalmente por ter sido burro de acreditar que Jorge lhe contaria a verdade sendo que ele era um dos meninos mais mentirosos de toda Arendelle. “ Se duvidar Jeremy mesmo armou isso” resmungou. Depois de alguns minutos caminhando chegou a conclusão de que seria inútil andar por aí, já que nunca tinha ido nesta parte da floresta, o jeito era esperar um pouco pra ver se alguém os encontrava, até porque, Bulda vivia pra lá e pra cá passeando pela floresta.Foi quando Sven sentou-se ao seu lado e lambeu seu rosto tentando anima-lo, e quando o mesmo viu como aquele galhos retorcidos das árvores lembravam muito o local onde se conheceram que relaxou um pouco e deixou que as memórias fluíssem em sua mente. Até perceber, que, ele realmente estava naquele local, e como se fosse um tapa na cara, despertou e animado disse “ Sven, eu já sei pra onde ir”

*Enquanto isso, Montanhas do sul de Arendelle- Clã dos vendedores de gelo*

–Muito bem homenzinhos já sabem o que fazer, não? As regras são simples, quem pegar mais cubos, ganha a vaga. ?– Falou senhor Dumstrang rígido. Até dar-se conta de que faltava um integrante. – Onde está Kristoff Bjorgman?–

– Oh senhor, ele disse que não viria hoje. – Falou Victor com um sorriso nos lábios e o homem apenas assentiu. No fundo, ele gostava de Kristoff, via que o menino era esforçado e que merecia mais do que ninguém aquela vaga...

– Tem certeza de que convenceu Bjorgman com aquela história?– Jeremy perguntou pela milésima vez.

– Claro! Se duvidar ele está até agora quebrando a cuca pra procurar o “tal lugar onde vai acontecer a prova” – E depois disso todos deram risada

***

–Tenho certeza de que era por aqui amigão! Se lembra? Foi naquele dia em que nós nos conhecemos, eu me lembro, acho que temos que virar a esquerda e...

– Oh o destino, sempre tão imprevisível não? Certo que quase nunca o entendemos, mas ele nunca dá ponto sem nó... Se todos tivessem consciência disso, as coisas seriam muito mais fáceis... Quem diria que o destino havia reservado ´para Kristoff uma família de trools?ou que o mesmo perdesse a chance de ganhar a vaga de monitor? Ou talvez, que Jeremy ganharia aquela maldita prova, apenas porque convenceu Victor e Jorge a ajuda-lo a pegar os cubos e ficar com a vaga? Quem diria depois de alguns minutos Bulda iria encontrar Kristoff e Sven e os levaria pra casa? Mas o mais importante, o que está acontecendo agora... Quem diria que Kristoff Bjorgman encontraria uma menina desmaiada no meio de uma floresta, e que esta menina, Dália. mudaria toda a sua vida?