Passado escrita por Amorita


Capítulo 11
Hans Part 3- Decepções


Notas iniciais do capítulo

Heeeey!!!!
Nossa senti tanto a falta de vocês!! Eu sei que demorei (pakas) mas até q enfim aqui está o último cap do Hans!!! *fireworks everywhere*
Okay, eu fiquei tipo MUITO sem inspiração, e minha vida andou meio turbulenta, então por isso ñ pude escrever. Sorry guys T.T
Bom, antes de ler alguns avisos:

* Estou sem net então uma amiga divosa minha está postando pra mim. Thank's Bia
* Mais pra frente, eu criei uma personagem de nacionalidade Portuguesa. No caso foi pra homenagear uma outra amiga, muito recente, que eu amo muito



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Quando o belo e poderoso arquipélago localizado no Sul, Recebeu a chegada do décimo terceiro herdeiro nascido, não havia sequer uma gotícula de alegria no ar. Ao contrário da maioria de seus irmãos mais velhos, o menino não teve nenhuma cerimônia, banquete, nem mesmo uma festa simples para reconhecer sua vinda ao mundo. Ele era a última coisa que a família real queria: Mais um menino imprudente a correr pelos longos corredores e jardins. E foi esse número de azar, o treze, que selou seu destino definitivamente. Ele era apenas mais um deles, uma criança que nunca receberia o trono. Seria um fardo pelo o resto da vida. Ainda assim, isso não impediu que a criança sonhasse. Seus cabelos avermelhados e sedosos e um belo par de olhos verdes brilhantes, nunca foram o suficiente para impressionar nem mesmo os próprios pais. O garoto recebera o nome Hans. Era o masculino do nome Hanna, e na opinião do rei e da rainha um nome maçante e normal para o que ambos pensavam que era apropriado para um menino muito aborrecido e banal. No entanto, Hans estava disposto a provar que não era assim. O menino tinha uma imaginação fértil e gostava de brincar, mesmo que sozinho, já que por vezes, seus irmãos eram cruéis com ele. Haviam coisas que realmente ficaram marcadas nele, como por exemplo, quando tinha apenas seis anos, e interrompera a partida de xadrez de Charles com Edward. Perguntava seguidamente quando poderiam brincar, com uma pausa de três minutos no máximo, antes que tornasse a repetir " Já estão acabando?" e ele lembrava-se muito bem que Charles lhe dizia um simples " Ainda não." Resmungando, em seguida falando um " Porque não vai brincar com Danillo?" sem nem ao menos olhar em seu rosto. Ele odiava ser ignorado. " Danillo não gosta de mim. Diz que eu sou um verme" o garoto argumentou. " Então vai ter de se contentar em esperar!" " Detesto esperar" E o príncipe mais velho o carregou depois disso (Hans pensara que finalmente iriam brincar) Mas o irmão apenas o empurrou pra fora do cômodo, em seguida trancando a porta.Ele ficou por um certo tempo observando a porta clara e maciça. A sa vida resumia-se a portas sendo batidas em sua face. Anos passaram e Hans viveu tristemente na sombra de seus irmãos. Ele quase nunca falava com seu pai, o rei, que estava sempre ocupado com o mais velho, ensinando-o sobre as terras, e como se governava um reino, e quando seu pai lhe dirigia a palavra era pra fazer críticas ou deixá-lo de castigo. Ele sempre tentou ao máximo aproximar-se da família mas parecia uma missão impossível.. Ele lembrava-se muito bem do dia em que dissera um "Eu te amo" pela primeira vez..Era um dia chuvoso, e o garoto pedia insistente para que a mãe brincasse com ele. A rainha nada respondia. Apenas negava com a cabeça, e, apesar de ter apenas oito anos na época, a memória desta cena, parecia tão nítida, como se ele tivesse acabado de presenciá-la. " Mamãe, por favor!!" O garoto falava puxando o vestido da ma~e, que lhe lançou um olhar mortífero no mesmo instante. Ele havia se esquecido que ela não gostava que ele tocasse em seus vestidos de seda com aquelas mãos "suadas e pegajosas" como Katharina costumava dizer. " Por favor! Eu só quero um pouco de atenção... Eu.. " O garoto falou sentindo a voz fraquejar e uma onda de hesitação percorrer-lhe o corpo. " Eu te amo." A rainha o olhou um pouco incrédula de primeira, em seguida lhe lançando um sorriso cínico e malicioso, que o garoto não reparara inicialmente. Ela instantaneamente se inclinou para o rosto pequeno e adorável do menino.largando os tratados que precisava assinar em uma mesinha ao lado de sua poltrona amarelo mostarda. "Oh Hans"ela começou suavemente, sua unha traçando sua mandíbula " Se houvesse alguém por aí que o amasse..." Com isso, o jovem príncipe pôde jurar ter sentido seu coração rachar ao meio .Seus pulmões começaram a ficar inesperadamente pesados. E ele já sentia os olhos marejando.A rainha deu a Hans um brilhante, mas diabólico sorriso. Hans deu um passo para trás, depois outro e outro, e antes que pudesse pensar ele estava correndo no corredor que parecia se estender quilômetros naquele dia. Lágrimas escorriam pelo seu rosto quando ele correu para as portas da frente do seu grande castelo, correndo e esbarrando em alguns irmãos. Mas sem dúvidas o pior dia de sua vida, havia sido em um jantar ocasional, onde ele tocara na ferida da mãe sem nem a menos saber.. Ele ainda carregava o sentimento de melancolismo e raiva daquele dia. Haviam feridas em sue coração que pareciam não cicatrizar nunca, e se não fosse pelo jovem Sitron, que encontrara no jardim, ele sem dúvidas teria fugido. O animal havia sido o filhote de uma égua, que havia dado a luz a quatro potros. Sitron havia sido o único magricelo e descarnado que o tratador de cavalos do palácio pretendia sacrificar. E logo Hans soube que o novo amigo precisava de cuidados especiais. E ele com certeza não poderia ajuda-lo se fosse um mendigo de rua.. Agora lá estava o mesmo jovem que fora negligenciado desde o dia de eu nascimento, com seus plenos dezenove anos, observando a paisagem, debruçado em uma varanda. O jovem sentia os fios ruivos voarem com a brisa de verão. Seus olhos verdes-menta, sempre tão perceptivos e belos focavam o dia lindo que se encontrava lá fora. A paisagem bela, típica das Ilhas do Sul, onde o azul celeste do céu, contrastava espetacularmente com a água quente do oceano. As árvores emolduravam a paisagem, que parecia não ter mais nada sem ser a imensidão azul que era o mar, calmo sereno, e belo. Até as rochas pareciam ser esculpidas naquele lugar. Qualquer teria tido orgulho de nascer naquele lugar. Com a paisagem bela e o enorme castelo negro que parecia um montro marinho de tanta respeito e força que ele impunhava. Menos Hans. Para ele, o castelo era sua prisão e seu pai o cacereiro.

nspirou profundamente o ar,e por um momento ele ficou imaginando, a satisfação que teria se voltasse ao mar. (Hans havia se alistado na marinha das Ilhas do Sul aos quinze anos, uma das poucas coisas que ele fez na vida que agradou o pai, que também havia sido um homem do mar, quando era mais jovem) O príncipe por fim, foi acordado de seus pensamentos ao ouvir um barulho de algo caindo no chão. Ele virou-se para ver, o motivo do barulho, e percebeu que não estava mais sozinho. Bem atrás dele, encontrava-se uma garota jovem, de no máximo dezessete anos, que havia sido contratada como uma das novas empregadas do castelo. Já ouvira falar bastante dela. era famosa por seu jeito desastroso, e por pouco não havia sido demitida pessoalmente pela própria rainha na semana passada. Ela era uma jovem um pouco magra para a idade, de cabelos negros e lisos presos num coque baixo. Seus olhos cor de ambar estavam arregalados de surpresa,e ela parecia martirizar-se internamente por ter deixado a bandeja que segurava a pouco, cair. No entanto, ao saber que o príncipe assistira a este "Pequeno espetáculo" seus olhos pareceram se arregalar ainda mais. O que Hans julgava impossível. Ela levou a mão ao beiço tentando conter o grito de surpresa que queria sair de sua boca, e sem perceber, foi andando para trás sme ver para onde ia, pois não ousava tirar os olhos do príncipe, tombando quase que imediatamente em um vaso antigo que Hans foi rápido o suficiente para pega-lo enquanto o mesmo caia. — P-príncipe Hans! — Ela falou com uma voz aguda e assustada fazendo uma reverência muito desajeitada. Hans sorriu para ela. — Eu peço.. perdão por tudo qu... — Fique calma senhorita..? — Alice. — Senhorita Alice. — O jovem falou com um sorriso tenro no rosto, e ele pôde jurar ter visto um suspiro escapar dos lábios da dama, em seguida suas bochechas enrubescerem ferozmente. Se antes George e Danillo eram considerados os príncipes mais charmosos de todo o reino, não eram nada comparado ao que Hans era atualmente.O jovem magricelo e baixinho que tentava frustradamente criar costeletas não existia mais. Agora, este dera lugar a um rapaz alto, esbelto e de corpo bem definido. Os fios ruivos agora já conseguiam ficar mais ajeitados e não crescendo para todos os lados como antes. As costeletas agora já eram sua marca registrada, assim como suas adoráveis sardas ao redor do nariz. No entanto, algo que não mudara eram seus olhos. Sempre sonhadores. que continham tanto brilho e vontade de se provar. Por fim, o jovem rapaz, falou em tom calmo e tranquilizador.— Não precisa se preocupar, acidentes acontecem não? — Não como acontecem comigo.. — A morena falou desviando o olhar para os pés, enquanto mexia nervosamente com as mãos, Hans realmente sentiu pena dela — Nem mesmo a rainha me suporta! E só estou trabalhando aqui a uma semana.. Hans riu de modo sombrio. — Ah! Não se preocupe. Ela tende a não gostar de ninguém. — Ele falou com o olhar distante, particularmente melancólico. — Nem mesmo dos filhos.— Esta última frase saíra como um murmuro, mas antes que a jovem pudesse indagar o que o príncipe quis dizer com aquilo, ele voltou a realidade, esbanjando um sorriso levemente triste.— Bem, isto não importa não é mesmo? Escute, eu não vi absolutamente nada do que aconteceu aqui, pode ficar despreocupada. A jovem sorriu, murmurando um agradecimento, com as bochechas coradas. Abaixando-se para recolher a bagunça que fizera a pouco. Hans deu-lhe um último sorriso, antes de virar a direita do corredor e a jovem sair de seu campo de visão. Agora seria a hora mais difícil do dia para ele.

O desjejum sempre conseguia ser terrível. Assim como todos as outras refeições. O que deveria ser um pretexto para reunir uma família feliz, enquanto trocavam ideias e opiniões e serviam-se das mais diversas iguarias do reino, transformara se num inferno. O jovem caminhou silenciosamente pela sala de jantar. Todos conversavam animadamente, quando ele sentou-se no seu costumeiro local de sempre. — E esta semana, eu estou eufórico para ir representar nosso país na Inglaterra.— Disse Charles pomposamente. Ele estufou o peito, coberto por um suéter xadrez particularmente ridículo, aparentemente sentindo-se muito orgulhoso. Sua aparência não mudara quase nada: Ainda tinha cabelos pretos e óculos que faziam seus olhos azuis parecerem duas vezes maiores do que realmente eram. A única diferença é que agora já tinha vinte e nove anos. Hans reparou que Louis, Edward e Willian reviraram os olhos. — Nós já sabemos Charles.— Willian falou com um monotonismo na voz — Digamos que você já enfatizou isto ao máximo. — Willian, com seus vinte e sete anos, ainda mantinha o cabelo comprido, preso com uma fita. os olhos cinzas tempestuosos, também não mudaram. — Há! Bando de invejosos. Estão assim porque não vão conhecer a princesa! Dizem que sua beleza é única. — E ao proferir aquelas palavras, os enormes olhos ampliados do quinto irmão brilharam bizarramente. — Humpf! Tolice. Tenho mesmo é vontade de conhecer a princesa de Corona. — Falou Danillo, com a boca cheia de torta. — Dizem que seus cabelos mágicos são um mistério. Ora, quando se trata de mistério, nada supera as irmãs de Arendelle. — Edward respondeu teatralmente. Sua feição aristocrática contorceu-se em uma mistura de fascínio e indagação. — Em especial a mais velha. Dizem que nunca sai de seus aposentos. Logo os outros irmãos assentiram assombrados, concordando com o que o quarto filho dissera. Charles ficou comum uma expressão muito nvejosa ao ver que as luzes da ribalta não se encontravam mais direcionadas a ele. O desjejum seguiu-se tranquilamente, e os assuntos na mesa foram mudando de forma rápida, desde espadas, até o festival que aconteceria no inverno,e então o assunto voltou-se para cavalos. — O emu cavalo é um típico Mustang, está querendo me dizer que o seu Árabe é melhor que o meu Ora faça-me o favor!— George discutia num tom altamente convencido, com James, que parecia infinitamente incomodado com a situação. James, o terceiro filho, tentou se manifestar também, mas havia sido cortado tantas vezes por George, que agora bebia um copo d'água para tentar manter a calma. — Se você escutasse o que eu estou tentando dizer, talvez agora, não estaríamos discutindo. — James retorquiu com frieza. — Escute, só estou dizendo que adoro o meu cavalo. Não disse hora alguma que o meu equino émelhor que o seu. Alías, eu creio que ão exista raça melhor ou pior. Todos são animais. — James, é por isso que você nunca será alguém realmente importante. Não vê que isto é tolice? Ora, é lógico que existem raças melhores e piores de cavalos! Veja o vira-lata do Hans! Acha mesmo que aquela coisa, é melhor do que um Mustang?— O rapaz riu desdenhoso. Hans que até então, encontravasse neutro a cada conversa da mesa, apenas observando, ergue-se na mesma hora, batendo as palmas das mãos na mesa fazendo um barulho particularmente chamativo. — Você não tem o direito de falar do Sitron. — Sua voz saiu como um sibilo assustador. Hans já havia se acostumado com os esculhachos diários, mas falarem mal de seu único amigo, era inadmissível. — Claro que tenho! Eu posso falar daquele lixo como eu bem entender. — Ele não é ixo, e muito menos vira-lata! É um Fjord. — Mas não é um Fjord puro não é? — George falou debochado. — George! Pare com isso. — James falou retorquindo o irmão mais novo. — Não é certo oqu. — Não. Eu não vou parar. O "Homenzinho" não tá achando que é forte o bastante pra me encarar? Ora, Hans, não já te provei uma vez que sou mais forte que você? Ou aquele "castigo" não foi suficiente para você. Hans sentiu o corpo estremecer levemente. Lembrando-se do dia em que descobrira tudo sobre Hanna, e de como sofrera. Mesmo assim, o jovem não mudou sua posição. Ele não tinha mais quatorze anos. — Não tenho mais quatorze anos George. — Ele falou friamente. E após empurrar a cadeira em que outrora sentara, dirigiu-se a saída sem dirigir a palavra a mais ninguém. Logo ele já estava no salão de entrada, bufando com raiva, dirigindo-se ao estábulo real, com largas passadas. Espumando de raiva, ele entrou no ambiente com cheiro não muito agradável. Apesar de tudo, o Estábulo era um local bem limpo. Era simples, e não muito magnânimo como os de outros reinos que j´pa visitara, mas ainda assim, era limpo e muito bem organizado. Os detalhes barrocos e típicos da arquitetura do país eram constantemente encontrados esculpidos nas madeiras claras do ambiente. Havia também bastante feno, e uma variedade de cavalos absurda. O local era bem ventilado e iluminado pois boa parte era céu-aberto, dando um clima mais natural. Ele avançou cumprimentando o mais educadamente que pôde em seu estado de raiva eminente o tratador dos cavalos, Sr. Phillipe, um homem pansudo de lhos pequenos como dois besouros faiscantes, com uma espessa quantidade de cabelos e foi direto para o seu querido amigo, e particularmente favorito cavalo, com o nome anormalmente cítrico.

Houve uma súbita sensação quente e úmida ao longo de sua bochecha e ele empalideceu em desgosto. "E-Eca!" Ele esfregou o rosto rapidamente com a manga. A criatura diante dele fez um relincho satisfeito. Hans sorriu para o animal sentindo a raiva que tinha dentro de si se esvair aos poucos.

"Oi amigão" Hans acariciou a juba da criatura cuidadosamente, O cavalo abanou o rabo bicolor e bufou de satisfação, batendo seu focinho contra ele amorosamente. O potro jovem se tornara seu único companheiro ao longo dos anos, e também um grande confidente. Embora o animal não falasse, seus olhos já diziam tudo. Hans acreditava que os olhos dos animais eram muito mais expressivos e puros do que os dos humanos. Ele sorriu bondosamente para o animal. Ele abriu o cercadinho que os separava e o puxou delicadamente pelas rédeas. eles haviam criado uma linguagem própria, e por conta disso não foi necessário um puxão forte. Sitron relinchou contente ao sair do estábulo, já que não pudera sair nas últimas semanas por conta da forte chuva que castigara todo o país. Hans e Sitron foram caminhando pelo extenso local, cada vez mais distante do estábulo.Logo eles chegaram a um conhecido pé de limão, onde costumavam sentar para descansar depois de longas cavalgadas pelo bosque. O sol fazia as gotículas d'água que pingavam das folhas da árvore reluzirem tanto que fazia parecer que sua copa brilhava. * — Ah amigão, eu só queria que as coisas fossem diferentes.. — Hans falou com um olhar vago, as iris levemente desfocadas, mirando o nada. O animal pareceu perceber pois bateu o focinho contra ele como se o chamasse de volta para a terra. Hans voltou a seu estado normal lançando um sorriso pequeno ao animal. Ele acariciou o bicho murmurando um " Eu juro Sitron.. Um dia nós dois seremos felizes. Sem ninguém pra nos julgar. E eu vou fazer de tudo pra que isso aconteça" *** O outono chegou com força total, sem muita alteração no tempo. Exceto que passou a ventar mais além de chover. O céu, sempre azul celeste com nuvenzinhas adoráveis que pareciam se dissolver ao longo do dia, fora substituído por um cinza nevoento, e fortes correntes de ar que faziam barulhos aterrorizantes quando se chocavam nas janelas. Hans contemplou por alguns segundos o céu ser iluminado por um relâmpago , sendo seguido do barulho majestoso do trovão. O jovem príncipe, extremamente focado no rabisco que fizera de um sonho onde o próprio conhece uma moça de personalidade forte e decidida como a própria tempestade, fora interrompido por um barulho oco de batidas em sua porta. "Hmm?" Ele resmungou sem dar muita atenção. " Príncipe Hans" A voz doce e tímida de Alice fora ouvida. " O senhor seu pai, pede para que desça para o salão principal imediatamente." Hans deu um pequeno sorriso maroto ao ouvir a voz da jovem. Ela havia sido uma boa distraçãopara ele em dias tediosos. " Já vou Alice." Ele falou. " Ah! e obrigado. Não só por isso, mas... " Ele pensou um pouco antes de tornar a falar no tom mais gentil que pôde. Sem deixar perpassar os pensamentos maliciosos que se formaram em sua mente " .. Pela noite de ontem também.

Ele ouviu a jovem atrapalhada arfar, sem a menor preocupação em esconder que o fizera e sair caminhando até que seus passos fossem se tornando cada vez menos audíveis. Só agora Hans começara a pensar no motivo pelo qual fora chamado por seu pai. Sem dúvidas algo bom não era. Era algo muito incomum na vida do jovem, ouvir dizer que seu pai queria vê-lo " Geralmente nem olha na minha cara" Ele murmurou com um certo humor negro, e talvez um pouco ressentimento destacando-se na melodia de sua voz. De qualquer forma, não estando a fim de contrariar o monarca, o ruivo afastou os pensamentos ruins da mente e não se demorou para seguir as instruções que Alice lhe dera. E, finalmente, com a cabeça a mil, tentando imaginar o motivo para ser chamado ao salão principal, ele seguiu de encontro a família reunida no centro do local. Os príncipes estavam todos dispostos em posição, com as mãos atrás das costas, todos muito eretos, e Hans, mesmo sem entender o motivo para toda aquela formalidade, apressou-se em fazer o mesmo. Ninguém falou e nada e durante alguns minutos todos permaneceram assim. Por fim, sua velha mãe, agora com os cabelos repicados de branco aqui e ali, e um aspecto mais severo e rabugento que nunca, admirou-os por longos segundos logo depois proferindo as seguintes palavras. " Fiquem atentos, ela logo deve chegar." E antes que Hans pudesse cogitar o que aquilo queria dizer, e a expressão confusa fosse embora de sua face a porta escancarou-se com uma força desnecessária, fazendo todos ali se assustarem e Charoles soltar u,m gritinho agudo. Hans riu baixinho e debochadamente , recebendo logo um olhar censurador do irmão que agora parecia tentar se recompor.

Da porta escancara surgiram dois vultos, um deles semelhante a uma massa compacta que Hans imediatamente reconheceu como seu pai. Os poucos fios que restaram agora em sua cabeça calva encontravam-se colados ao rosto, e o bigode de escovinha nunca tivera um aspecto mais medonho. Ainda assim, o príncipe pôde ver que apesar da chuva que evidentemente o castigara não fizeram com que um brilho vívido se espalha-se em seu olhar. E ele lançou a segunda figura um olhar tão paternal que jamais recebera na vida. A principio o ruivo não pôde ver com clareza a segunda figura, pois o salão encontrava-se um tanto escuro, e ela parecia esconder-se nas sombras. Além de tudo, ele pôde ver um guarda-chuva claramente feminino que impedia que, por conta da posição, impedia que o rosto fosse revelado com mais clareza. Uma voz femini escoou na escuridão, agradecendo ao rei que fez uma curta mensura. Só quando a figura aproximou-se em direção a luz foi possível vê-la com clareza. E Hans meio abobado deu um um pequeno sorriso ao vê-la.

Diante de si, postara-se a figura esguia de uma jovem que aparentemente parecia ter a mesma idade que ele. Tinha cabelos castanho-mel levemente encaracolados nas pontas, presos em um coque no alto da cabeça, e olhos grandes com cor de amêndoas. Sua postura era um tanto delicada e meiga demais para a idade que aparentava ter. Seus olhos percorreram animados todos do salão, e então, fixou-se no último da fila, o príncipe Hans. O jovem teve a impressão de que a garota havia demorado demais os olhos nele, mais não parecia incomodado. Na verdade, retribuiu o olhar dela com um sorriso levemente maroto. Ela corou, e desviou o olhar para o nada. — Bom rapazes, esta é a Condessa Dominique, de Portugal. O pai dela, pediu-me para que ela passasse uns dias aqui conosco enquanto ele viaja a um país, recém criado, chamado de Brasiú, ou coisa parecida. Enfim, ela passará umas semanas em nosso humilde castelo, e espero que todos sejam gentis e não tragamproblemas para a dama.— O olhar do governante foi direto na direção de Hans, quando ele enfatizou a palavra "problema". * A jovem curvou-se para os príncipes, e eles, educadamente retribuíram. Hans pôde perceber que tanto Danillo como George lançavam olhares cobiçosos a figura levemente sonhadora de Dominique, que agora apreciava a arquitetura requintada e barroca do salão. Ele pensou que não seria uma má ideia comunica-la de que seria bom ficar esperta. — Meus irmão pareceram gostar de você.— Ele falou as suas costas, fazendo ela se sobressaltar. — Acho que deveria tomar cuidado. Ela sorriu, ao ver quem era o autor da voz. — Obrigada pelo conselho. — Ela disse, analisando os outros príncipes logo voltando a encara-lo.— Acho que vou segui-lo. — Não foi nada. — Ele sorriu de volta. — Ah a propósito, sou o Príncipe Hans. Décimo terceiro na linha de sucessão.— Ele disse a última parte a contragosto. Dominique logo percebeu. — Não gosta de ser o décimo terceiro príncipe Hans? — Ela indagou inocentemente, brincando com o cabo de seu guarda-chuva lilás. Hans rui levemente amargurado. — Digamos, que quando se tem mais doze filhos, é difícil se importar com o mais novo. — Ele falou mascarando suas emoções, soando displicente. — Pois eu adoraria ter um irmão. — Ela respondeu sonhadora. — Ou uma irmã! Seria incrível ter alguém com quem partilhar meus sentimentos .— Ela falou eufórica. — Aposto que as mulheres devem se entender melhor que os homens, quando o assunto é fraternidade — Ele respondeu com os olhos enevoados pelos fantasmas do passado. — Agora se me der licença, acho que vou retornar aos meus aposentos. Ele falou gentilmente, fazendo uma curta referência. Aparentemente não precisavam mais dele ali, e com sorte ele poderia retornar ao seu desenho. Ele fez a menção de subir as escadas mais ouviu uma voz atrás de si. " Espere" Ele virou-se e viu Dominique parecendo levemente impressionada pelo impulso que havia lhe atingido a pouco, assim como ela, os outros presentes no salão pareceram surpresos. E particularmente, ligeiramente incomodados, pela dama ter optado dar sua atenção ao rapaz.. Rapidamente ela recuperou a postura e lhe lançou um sorriso divertido. " ...Preciso de alguém para me apresentar o castelo. Você se importa?"

O rapaz acompanhou Dominique pelos corredores,(sendo avisado pelo rei, de má vontade, onde ficavam os aposentos dela) vez ou outra comentando sobre os locais por onde passavam, até que um comentário, particularmente engraçado, sobre a mobília da biblioteca a fez rir bastante. Hans sorria também. Ela era engraçada, e sem dúvidas uma garota muito gentil. — Oh Hans... — Ela falou secando as lágrimas, após uma risada particularmente longa e exagerada. — Você é muito encantador, todos aqui devem amar sua companhia. Hans deu um riu de descrença. — Pode ter certeza que não. Na verdade preferem me ver pelas costas. A castanha contorceu a face em uma expressão confusa. — Como assim? — Ela perguntou. Hans não gostaria de entrar em detalhes. Era uma história realmente bem complexa para ele, e ele não gostava muito de pensar sobre isso. Ele desejava apenas deixar tudo para lá, e viver sem problemas. O jovem sempre se perguntara o que aconteceria se ele fosse o mais velho. Será que seria mimado pelos pais como foi Augustus? Ou o destino daria um jeito de fazê-lo ser rejeitado da mesma forma?De qualquer forma ele não gostava da ideia de partilhar seus sentimentos com uma jovem que a pouco conhecera. A jovem aguardou com um semblante de quem tentava ser paciente. Hans era um rapaz muito observador e era constante ele conseguir saber o que as pessoas sentem sem que as mesmas nada falassem. Neste pouco tempo de convivência com Dominique ele percebera que a dama era alegre, divertida e muito infantil. Ela parecia a típica princesinha de contos de fadas que não vê maldade em nada. Talvez tivesse sido muito mimada pelos pais. Ele não saberia dizer ao certo. Apesar de tudo, sabia agir como uma condessa em público e manter a pose. Só agora percebera que deixara de prestar atenção na conversa.( Dominique mordia o lábio nervosamente esperando por uma resposta.) Ele pigarreou. — Está tarde senhorita. — Ele começou calmamente. — O seu quarto fica neste mesmo corredor, na sétima porta a direita. — E-e eu... — Ela pareceu desconcertada durante um momento. Percebera que fora um tanto inconveniente, e logo Hans viu as bochechas da moça corarem. Ela olhou para baixo, e suas mãos brincavam com o tecido da saia nervosamente. Hans ergueu o rosto da moça com delicadeza. Ele pôde perceber que ela corara mais ainda. — Está tudo bem. — Ele sorriu afavelmente.— É que.. eu realmente não gosto de falar sobre isso. — —Eu...— Ela balbuciou debilmente. — Eu entendo.. — Eu te vejo mais tarde então..— Ele afirmou se separando da jovem. Ela parecia um pouco incomodada com isso. — É claro...Até mais tarde Príncipe Hans. *** Os dias foram se passando com uma urgência exagerada, e logo já se faziam quatro dias com a presença de Dominique no castelo. Hans não tivera oportunidade de conversar muito com a mesma, mas ele percebia constantemente os olhares que eram perceptivelmente lançados por ela. Hans particularmente sempre gostou de se relacionar com mulheres. Ele procurava se divertir com cada uma o máximo possível, obviamente sem compromisso com nenhuma delas. Ele não conseguia imaginar-se casado algum dia. Suas experiências traumáticas no passado o faziam pensar que todo casamento era, de alguma forma infeliz. E os filhos ficavam sempre em segundo plano. Por isso tudo, ele cogitava que seria solteiro sempre. Apesar de buscar diversão com diversas mulheres, e muitas vezes partir corações, Hans não via como fazer isso de alguma forma com Dominique. Ela era apenas uma garotinha. E além disso, era a cultura noiva de seu irmão. * Em um dia, ele simplesmente acordara, com o sol batendo costumeiramente em sua face, e apesar de sempre o receber contente, hoje não havia sido um desses dias. A ressaca o perturbava e muito. Havia bebido bastante na noite anterior, e estava realmente cansado por conta disso. A bebida para Hans havia sido uma espécie de "Válvula de escape" em dias turbulentos. Não era algo que ele costumava fazer com frequência, pois sempre teve plena consciência de como o álcool fazia mal para sua saúde. No entanto, alguns dias ele só queria "deixar pra lá" E roubava um vinho do estoque particular do rei, tomando a garrafa inteira, na companhia geralmente, de belas moças. Ele despertou preguiçosamente, resmungando baixinho e certificando-se de que dessa vez não havia nenhuma moça dormindo ao seu lado. Por sorte, nada. Ele piscou levemente os olhos e analisou a bela vista de sua janela, aberta, que autorizava a passagem dos raios de sol, que clareavam e davam cor ao cômodo. E sorriu, ao lembrar-se de que dia era hoje.. Seu aniversário. Seria um ano de revolução pare ele. Podia sentir. Ele estava realmente confiante de que, talvez, tudo mudasse. Ele balançou a cabeça afastando os pensamentos da mente. Pouco tempo depois o rapaz estava apresentável. Com suas roupas pomposas dignas do príncipe que ele era. Ele olhou se um pouco no espelho, e logo seguiu seu rumo pelos corredores do castelo. O rei e a rainha nunca lhe deram uma festa de aniversário. Com exceção talvez, do dia em que o rei Alexander queria fazer uma parceria comercial com um reino vizinho e, acabou usando a festa de Hans como pretexto. Aquilo não podia ser chamado exatamente de festa, mas o jovem bem que ficou contente ao receber um presente particularmente bom do governante do país vizinho. Ele não pretendia fazer festa alguma. Ficaria muito contente com apenas passear pelos terrenos do castelo com Sitron. * * Mas, aparentemente o destino tinha outros planos para ele. E não eram nada bons.. Seu pai lhe comunicara hoje pela manhã, que haveria uma festa para seu aniversário. Obviamente ele fez questão de enfatizar que a festa só aconteceria porque ele queria aumentar suas parcerias comerciais. O jovem percorreu pelos corredores por mais um tempo. Aparentemente já se passavam do meio dia, isso o fez ficar um pouco descontente. Ele então deparou-se com uma porta entre-aberta e ouviu murmúrios perspicazes. O jovem curioso, não resistiu, e logo Já se encontrava com o ouvido encostado na porta, ouvindo cada palavra. — ... E iremos demolir todas estas casas que não contribuem em nada com a paisagem da cidade, para criar um castelo para os futuros noivos. — Ele ouviu a voz de Thomas parecendo bem contente, sem nem se importar com as pessoas que ficariam desabrigadas. — É uma excelente ideia. Aprovado, realmente aprovado. O cheiro daqueles filhos da imundice logo chegará ao castelo se continuar assim. — Respondeu Edward com um tom esnobe. — Eu discordo! — James retrucou na mesma hora. — Eu e Anastácia, não queremos ser responsáveis pela expulsão de mais de uma centena de camponeses. Isto não é justo. — Quem se importa se é justo ou não? — Resmungou Henry— São apenas camponeses. — São pessoas, assim como nós. — Hans falou, surpreendendo todos, até a ele mesmo, particularmente. — Ninguém o chamou aqui, fardo. — Falou Edward com ar superior. Demonstrando todo o seu descontentamento com a presença do jovem. — Não preciso de convite para defender o que é certo. — Retrucou com o mesmo tom de arrogância usado pelo irmão. — Que história é essa de demolir as casas do povo? — Algo que, sem dúvidas, não é da conta do décimo terceiro filho, que com certeza não opina em nada com relação ao que fazemos ou deixamos de fazer no reino. Hans sentiu o rosto esquentar de raiva. Já se faziam quase dois anos que Edward jogara em sua cara isso. "Você nunca será algo importante" Ele costumava dizer. Hans chegara até mesmo a ser ignorado por três de seus irmãos por isso (Charles, pois achava que era perda de tempo conversar com alguém que tivesse uma massa cefálica inferior a dele, Edward logicamente, e Willian, que acabou seguindo o exemplo dos irmãos.) * * — Eu seria um regente infinitamente melhor que você Edward! — Vociferou. O rosto quase tão vermelho quanto os cabelos. — Eu adoraria ver você tentar. — Respondeu o outro com um sorriso debochado no rosto. Os outros riram, com exceção de James, que revirou os olhos.

— E se um dia eu tentar?! — Urrou os mais jovem, surpreendendo os outros. — Se um dia eu aparecer em casa com uma coroa na cabeça? — Ora, faça me o favor. — Edward disse com desdém. — Onde um sujeito como você vai conseguir a oportunidade de ser rei? Há! O dia em que isso acontecer, eu beijarei seus pés, milorde. — Caçoou o mais velho rindo dele. Hans nada disse, apenas continuara calado, com o olhar distante. Logo sua expressão de auto-confiança foi detonada e ele parecia apenas um rapaz desiludido. Todos ao seu redor riram, enquanto James pedia para que todos pararem "Isso não tem graça! Henry, Harry, parem agora mesmo!" Por fim o jovem ruivo olhou por cima das pestanas ruivas, com um olhar de profunda tristeza e disse.

— Um dia, você vai me respeitar. E saiu sem dizer mais nada.

O resto de dia se decorreu de forma normal. Hans passou boa parte de seu aniversário, sentado na biblioteca lendo livros. Parecia ser aproximadamente umas duas da tarde, e ele não descera para o almoço. Não teria coragem de encenar que estava super feliz e que sua família o tratava muito bem para que Dominique pensasse que os Westergaard eram de fato, uma família amorosa e respeitável. O jovem encontrava-se acomodado numa confortável e velha poltrona de chintz verde-limão. As janelas encontravam-se ocultas por grandes cortinas de veludo, impossibilitando-o de ver o espetacular dia que se fazia lá fora, e a mobília escura e imóvel foram seus companheiros durante aquela tarde.. Ele folheou completamente sem interesse e desorientado a página 48 de " O Amor É Uma Porta Aberta" indo para a cena de ação entre o protagonista e o vilão. Cansado, suspirou e fechou o livro, colocando-o em cima da mesinha ao lado A porta se abriu com um intrépido e ele instantaneamente virou-se para ver quem era. A silhueta de Dominique foi distinguida por seus olhos e ele murmurou algo ininteligível. — Como me encontrou? — Digamos que eu tenho minhas fontes.. — Ela sorriu, Hans lhe lançou um olhar confuso e ela bufou cansada. — Esta bem Georgia me contou que você costuma passar um certo tempo aqui.. "Ah tinha que ser!" Murmurou. Georgia era uma empregada que tinha muito carinho por Hans, e o considerava como seu próprio filho. Dominique soltou uma gargalhada, aparentemente achando graça do comportamento do rapaz. — Ah, ela gota bastante de você. — Respondeu bondosamente, sentando-se na poltrona de frente para o ruivo. — A essa altura eu duvido que alguém goste de mim.. — Sorriu amargurado. — Eu gosto! — Respondeu prontamente, e instantaneamente corando. — Você... é diferente dos outros. Desta vez, foi o ruivo que corou. Os dois trocaram um olhar intenso. Ela deu um sorriso acanhado e ele, pigarreou querendo desviar o assunto. Levantou-se e deu algumas voltas na sala. — Então.. O que te trás aqui? — Eu? — Disse meio débil —Oh sim, é que.. — Ela ergueu-se também, parecendo medir cautelosamente os próprios passos. — Fiquei sabendo (Ela agora estava frente a frente com ele) que era seu aniversário, e não se faz vinte anos todo dia, não? Por isso, vim lhe dar um presente. — Presente, Mas que..? * Hans não pôde terminar de responder. Dominique o puxou pela gola da camisa, com uma força que ele jamais imaginaria que ela tivesse. e logo ela fizera com que seus lábios se tocassem. Muito visivelmente, a jovem não tinha muita experiência no assunto, mas ainda assim, Hans não considerara o beijo tão ruim assim. Havia sido um beijo puro e casto já que ela apenas selara os lábios de ambos, nada mais que isso. Hans sentiu-se péssimo, afinal, era a noiva do seu irmão. Ele fez o máximo que pôde para tentar afastá-la com delicadeza. Ele elegantemente a empurrou. Acharia que isso feriria por demais os sentimentos da jovem, em contrapartida, por menor que fosse sua intimidade com o irmão, Hans tinha limites. Logo, a aproximação de ambos fora desfeita, com uma castanha muito corada, e um ruivo um tanto desnorteado. — Feliz aniversário, Hans. — Ela murmurou, pondo uma mecha insistente atrás da orelha. E sem dizer mais nada virou-se fazendo menção de sair da biblioteca. Hans logo ouvira seus passos se distanciando, até que de súbito ela parou, prendendo a respiração. — ... Você me recusou para ficar com ele? — Vociferou uma voz masculina, conhecida. Hans virou-se de súbito e viu o que mais temera.

Cabelos negros, que alcançavam os ombros, normalmente presos elegantemente para trás com uma fita. Willian, seu sétimo irmão, estava parado lá, defronte a todos os acontecimentos que ele jurava que ficariam sendo "Segredos de uma biblioteca deserta"

— Willian?- Ele murmurou confuso.

— NÃO ME DIRIJA A PALAVRA! —Urrou o mais velho. — Aborto da natureza, você sempre estraga tudo!

— Will eu só.. — Sussurrou Dominique parecendo querer se explicar.— Eu não gosto de você, do mesmo jeito que você gosta de mim

. — Quando me falou que estava apaixonada por outro hoje mais cedo.. — O jovem começou, sem dar atenção a menina. — Eu.. eu podia esperar qualquer coisa. Menos...menos..

— Eu realmente sinto muito mas..Eu não te amo! E sinto muito mas não posso me casar assim. Eu.. — Ela focou os olhos amendoados em Hans. — Gosto de outra pessoa.

— Ora sua... — Willian avançou em direção a figura chorosa de Dominique. Por um momento, Willian parecia que iria explodir. As narinas se abrindo ameaçadoramente. Ele ergueu a mão no alto, fazendo menção de bater na castanha. Ela arregalou os olhos erguendo o antebraço na tentativa de se proteger.

No entanto, todos ficaram surpresos pela atitude de Hans. O jovem segurou o braço do irmão. Por um momento ambos se focaram ameaçadoramente, o mais velho tentando se desvencilhar ,enquanto o mais novo o olhava com ar de repulsa e fúria.

— Um homem de verdade não bate em uma dama. — Vociferou.

— Não se intrometa, fardo.

—Não vou deixar machucá-la.

O mais velho, percebendo a persistência do mais novo, soltou-se com movimento brusco.

— Isto não vai acabar assim. — Willian falou esfregando o local em que o mais novo apertara. — você acha que pode bancar o herói mas não pode, fardo.-- E lançando um olhar mortífero a jovem, saiu.

— Hans eu.. Obrigada... — Dominique falou, envergonhada, com o rosto ainda manchado pelas lágrimas.

— Não fiz isto por você. — Ele a cortou, fazendo-a arregalar os olhos. — Teria feito por qualquer uma. Sinto muito mas.. Acho melhor não nos vermos mais.

O mais novo também saiu, deixando para trás uma Dominique estupefada, e ao chegar ao corredor, ele pôde jurar ouvir os soluços de uma jovem solitária e inconsolável

Com excesso de informações consumidas em apenas poucas horas, e uma crescente dor de cabeça, o jovem foi se banhar no banheiro mais próximo. Ele deixou a água quente fluir por seu corpo, enquanto refletia sobre tudo que ouvira. Cansado, ele saiu do aposento já arrumado com um terno branco muito pomposo, para festa de seu aniversário. Estava exausto e não tinha a menor disposição para tudo o que iria acontecer nas próximas horas, mas, a contragosto ele seguiu em direção ao salão de festas real. O salão se encontrava mais belo que o habitual, decorado com velas, e cortinas brancas e azul-celeste. Uma orquestra tocava uma música melódica , e alguns casais se aventuravam a dançar levemente desengonçados. As íris verde-menta focavam todos com atenção, observando cada detalhe. Logo, alguns nobres perceberam a presença do mais novo e foram cumprimentá-lo. Após longos quinze minutos, Hans estava absorto daquele local. Aquilo parecia mais a festa do seu pai do que dele. Enquanto o rei ria de piadas sem a menor graça, junto com um grupo de aristocratas, o ruivo era obrigado a ficar de pé, sozinho, apenas observando o divertimento alheio.

Por volta das dez e meia da noite, Hans avistou Dominique. Seu rosto mesclava infelicidade e vergonha. Hans também percebera que Willian estava lá. Conversava animadamente com um casal jovem que parecia bem entretido.

Aparentemente, ambos haviam reatado. Pois Will a exibia como se fosse um troféu, e suas mãos seguravam a jovem de forma no mínimo indecente. Apertando e acariciando locais de seu corpo esguio, sem o menor pudor. Como se já fossem casados e estivessem sozinhos, em um cômodo comemorando a lua de mel. Dominique encontrava-se com olhos marejados, com um ar de repulsa incrível como se Willian fosse um parasita ou um rato, mas nada fazia para se desvencilhar. Permanecia com um olhar distante. Os ombros ligeiramente encolhidos e os lábios tremendo levemente. Hans sentiu pena da garota. Pensou em ir falar com o irmão, mas percebera que se o fizesse, muito provavelmente arranjaria mais problemas para a jovem. Por fim, o príncipe chegará à conclusão, de que seria a hora ideal para ir embora. Esgueirou-se como um gato entre os convidados, tentando inutilmente parecer invisível.

Obviamente ele falhara, e logo ouvira uma voz atrás de si. "Hans!" Levemente receoso ele fechou os olhos culpando-se mentalmente. Ele suspirou pesadamente, e virou-se tentando não parecer receoso.

– Nem lhe desejei um feliz aniversário. - O rapaz falhou passando o braço pelo ombro do irmão o guiando para o meio exato do salão, que se encontrava vazio. Hans a princípio estranhou muito a atitude, mas o seguiu mesmo assim, preferindo não contradizer.

– ... Tá tudo bem, Willian? - O ruivo o encarou confuso.

– Claro, claro.- O mais velho falou, apanhando uma taça de champagne da bandeja de um garçom. - Só que.. Com os acontecimentos de hoje percebi que andei te tratando da forma errada durante todos estes anos. Atenção, todos por favor! - Ele falou batendo com uma colherinha na taça. Logo todos os observavam. Hans ficou surpreso. Era isso mesmo que acabara de ouvir? O monstro em seu peito, a muito adormecido, urrou de prazer. será que finalmente receberia toda atenção e amor que lhe fora negado ainda no berço? Sentia-se como se fosse o mesmo garotinho de oito anos que declarara seu amor a mãe, que o rejeitou de forma cruel.

– Como sabem, hoje se completam exatamente vinte anos, que o meu irmão mais novo nasceu. - Agora até mesmo a criadagem e o rei observavam a cena.- Quando era mais novo, considerei o nascimento dele uma tragédia. Mas agora vejo que estava enganado.. - Willian sorriu de forma estranha.

– Meus senhores, agora percebo tudo com clareza! Meu irmão não mereceu ser tratado do jeito que eu, e toda a minha família o tratamos. Ele merece ser tratado...

Então tudo aconteceu muito rápido, ou muito devagar, o ruivo não saberia dizer. De repente havia um vulto em cima do jovem. Fazendo sombra no chão. E quando menos esperava, ao erguer a cabeça, várias coisas caíram sobre si. Hans não soube diferenciar o que era cada qual. Mas de uma coisa era certo, uma súbita onda de fedor invadiu-o. Ele apalpou os cabelos, e, ao erguer um dos objetos que caíra sobre si, percebeu exatamente o que era tudo aquilo. Ele ergueu a casca de banana a altura dos olhos, espantado.

– Ele merece ser tratado, como o lixo que sempre foi!

Logo haviam muitos acessos de riso por todo o salão. Hans não distinguia muitas coisas. Ele sentiu os olhos marejarem a tal ponto que enxergava vários vultos risonhos ao seu redor. E por mais que quisesse pedir para que parassem, ele não conseguia. Sentia-se exatamente assim. Um lixo. As lágrimas quentes escorriam de seu rosto, agora completamente sujo.

Ele pôde ver seu pai, que gargalhava como se fosse o melhor dia de sua vida. Sua mãe, inesperadamente parecia confusa. Parecia não saber se deveria sentir pena do menino. Mas sentiu. Seus olhos nunca o olharam de forma tão maternal. Dominique soluçava. Com as mãos sobre o beiço. Era como se a vergonha de Hans fosse a dela. James, também estava com pena, no entanto em estado de choque.

Havia esterco de cavalo em suas vestes, e um cheiro ácido exalava o ambiente. Muito provavelmente havia urina ali também. Junto com tudo aquilo, ele pôde ver cascas de frutas, restos de comida, e, o que mais lhe assustou: uma espécie de cabelo bicolor, preto e branco que ele demorou de processar de quem aqueles pelos de fio grosso, presos agrupados numa fita- A fita de Willian- pertenciam.

– Sitron..- Sussurou. Naquele momento não havia mais a humilhação pública, ou a culpa que sentira por ser tão burro. E sim uma mescla de dor, angústia, e ódio. Muito ódio. Seus olhos já não eram mais verdes esperançosos, e sim escurecidos pelo ódio, que parecia corrompê-lo por dentro. Hans já não mais se importava com o que faziam com ele a muito tempo. Aprendera da forma mais cruel, que revidar de nada adiantava. Mas Sitron, havia se tornado seu único e melhor amigo, e por ele Hans faria tudo. Tomado pela raiva e repulsa ele avançou furiosamente na direção de Willian que ria zombeteiro.

– O que fez com ele? - sibilou ameaçadoramente puxando o irmão - agora com um ar assustado- pela gola da camisa engomada.

– O QUE FEZ?- Logo todo o salão se calara.

– Nada.- Respondeu o irmão choroso, que logo percebera o brilho obscuro nos olhos do mais novo.

– Ele está trancado nos fundos do estábulo. Ainda está vivo. Por favor não me machuque!

Hans soltou-o com brutalidade, correndo em direção ao estábulo. Ele não ouvia os protestos furiosos de seu pai, muito menos se preocupava com as rosas do jardim. Ao chegar lá ele furiosamente escancarou as portas dos fundos. Lá estava seu querido Fjord. Sua bela crina havia sumido. Deixando apenas alguns chumaços de pelo. O mesmo se aplicara ao rabo. O animal encontrava-se com uma expressão muito sofrida, e Hans tinha certeza que se pudesse falar berraria um pedido de socorro. Uma corrente o prendia na parede limosa de aspecto rochoso. Por alguma razão Sitron estava sentado. Uma de duas patas encontrava-se num ângulo estranho. Por hora toda a raiva se esvaiu e mais lagrimas rolaram de seus olhos. Ele correu para retirar as correntes do animal, que relinchou um agradecimento. abraçou o amigo e tristes, os dois ficaram ali por um bom tempo.

Ele não saberia dizer por quanto tempo, mas o jovem ali ficou. Refletindo sobre tudo que acontecera, cheirando como nunca imaginara que cheiraria na vida. Coberto por uma gosma verde muito pegajosa. Hans chegara a conclusão. Ele provaria seu valor de alguma forma. Nem que precisasse recorrer a medidas sombrias, frias e calculistas. Sentimentos haviam sido criados para trair seus donos. E ele abandonaria os seus para sempre. Só ainda não sabia como.

De repente, o silêncio da noite foi quebrado por um grito de um jovem desesperado. Hans correu para ver quem era na mesma hora. Não que quisesse ajudar. Na verdade queria e muito reclamar com o autor dos gritos escandalosos. Ele conseguia ouvir entre a cortante chuva que agora castigava o local " Alteza! Alteza!"

– O que houve rapaz? Hans perguntou ao jovem mensageiro encharcado.

– O senhor é o príncipe Augustus?- Perguntou o rapaz , apertando os olhos na tentativa de enxergar o autor da voz.

– Sou.- Mentiu sem exitar.

– Algum problema?

– Sim alteza. - O rapaz com cabelos castanhos escuros cortados em forma de cuia, colados ao rosto pela chuva, curvou-se. - O navio do rei e da rainha de um reino vizinho acaba de sofrer um naufrágio. Não foram encontrados sobreviventes, meu senhor. Chega uma carta da corte, convidando o herdeiro das Ilhas do Sul, o senhor, a comparecer ao velório. A herdeira do trono é demasiada jovem para assumir o trono, por isso a coroação só acontecerá daqui à uns anos. Hans sentiu muita pena do rei e da rainha por terem falecido de tal forma. Assim como o mar era belo, podia ser traiçoeiro também.. No entanto, De repente um brilho assustador pareceu incendiar os olhos do príncipe. Agora tudo estava claro. Um sorriso aterrorizante penetrou seus lábios. Mas será que seria o certo a se fazer? Parecia tão errado se aproveitar do sentimento alheio de tal forma...

" O dia em que isso acontecer, eu beijarei seus pés, milorde. " " Hanna seria muito melhor que você" " Seu verme" " Fardo" " Se houvesse alguém por aí que o amasse." Não. Ele não seria fraco. O mundo era cruel, e outras pessoas já haviam o machucado e brincado com seus sentimentos. Está era sua oportunidade de mostrar a humanidade o seu valor. Ele pigarreou voltando a realidade.

– Hm.. E qual seria o nome deste reino?- Indagou fazendo sua voz parecer triste e cheia de pesar.

– Arendelle.


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Notas finais do capítulo

Hey, alguém aqui já leu o " Frozen Heart" o livro que fala sobre o passado do Hans e da Anna??? Eu li apenas dois capítulos que disponibilizaram na net. Me surpreendi. Realmente muito bom *-*
Beijos. Comentem



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