Super Moon escrita por Ravenclaw s pride


Capítulo 20
Flashback


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo é mais um flashback, para dar um consolo já que a história ( ou estória, o que é arcaico mas não deixa de estar certo) chegou ao fim e para esclarecer alguns tópicos do começo.
esperando ansiosamente os comentários...
Pessoinhas, esse capítulo é gigantesco e pode deixá-los um pouco confusos, é que o plano era começar do inicio kk mas acabei adicionando umas coisas malucas da minha cabeça e no final saiu assim ( não me atirem pedras virtuais) a confusão foi necessária para esclarecer outras coisas, tanto que a história está terminando onde começa.
Usem sua paciência e leiam até o fim, foi uma longa jornada. Desde já agradeço por ter acompanhado até aqui, beijinhos!



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— Bella você está fazendo seu escudo sobre a Nessie?

— Não, por quê?

— Porque não consigo ler sua mente Renesmee?

— Não faço idéia.

— Bella!

— Não tenho nada a ver com isso, juro, meu escudo está aqui, veja que agora o retirei e você pode ler minha mente.

— Então o que há de errado comigo?

— Quer saber, não há nada mal em não ter Edward na sua cabeça— disse Jacob com um sorriso malicioso — talvez seu dom tenha evoluído, apenas isso.

— Ai!— Eu disse de repente quando senti uma pontada em minha barriga, não que houvesse doído, apenas me pegou de surpresa, Jake deu um pulo para trás quando eu disse.

— O que houve filha?

— Você está bem? — Disse Jacob com uma expressão preocupada.

— Sim, eu não sei o que houve.

— Jake, nos íamos caçar hoje, vamos logo que eu estou ficando com sede.

— Claro, claro.

No momento da caçada minha sede estava quase incontrolável, após ingerir determinada quantidade de sangue meu estômago começava a embrulhar, cheguei em casa um pouco tonta e ataquei a geladeira.

— Pensei que tivesse ido caçar Nessie.

— Eu fui, eu disse fazendo um sanduiche.

Depois que eu comi sentei no sofá e fiquei extremamente sonolenta, dormi profundamente.

— Acordei em casa, na minha casa na fronteira, Jacob deve ter me trazido, eu acabara de acordar e já estava com fome, Jacob me olhava quando levantei da cama.

— Já de pé dorminhoca?

— Eu não dormi tanto assim, são nove da manhã, apenas passei do horário.

— Sim, se comparar que quando te achei dormindo no sofá da sala eram seis da tardedisse ele rindo.

— Não brinque Jake, isso não é engraçado.

— Eu tenho notado que você está muito cansada ultimamente.

— É, não sei o que está acontecendo comigo, talvez seja a velhice chegando.

— Ele rolou os olhos, sentei na cama pensando o que faria para o café da manhã.

Jacob colocou a mini mesinha de café da manhã no meu colo.

— E eu fiz tudo — ele disse sorridente.

Comi os ovos mexidos, o que pareceu acalmar meu estômago, mas a fome parecia maior,decidi que talvez a comida humana não me alimentasse o suficiente então fui caçar novamente, mas o sangue daqueles animais não me parecia tão bom quanto antes, cheguei em casa me sentindo cansada e um pouco tonta, eu não ficava doente assim, devia ter pego uma horrível doença quando eu e Jake viajamos, comecei a chorar de repente, meu estômago estava mal outra vez, comecei a vomitar, Jacob tentou entrar no banheiro ao me ouvir mas eu tranquei a porta.

— Abre essa porta Nessie, o que você tem?

— Estou bem — eu disse— só fiquei um pouco tonta, nada demais.

— Nada demais? Você está suando, posso sentir o cheiro de sangue e suor.

— Eu estava caçando antes, por isso o cheiro.

— Você está me enganando, eu ouvi você vomitar e se não abrir a porta eu vou ligar pro Carlisle agora.

Lavei meu rosto e tentei fazer uma cara de que estava tudo bem, dei a descarga, fechei a tampa do banheiro e abri a porta.

— Eu estou bem mesmo Jacob, você não precisa se importar tanto.

— Oh Nessie, você estava chorando também — ele disse me abraçando, afinal mesmo lavando meu rosto, minha pele branca me denunciava, meu rosto logo ficou vermelho.

— Eu falei que não há nada comigo Jacob, eu só não me senti bem momentaneamente, pessoas tem disso.

— Ok.

— Na verdade eu estou com um pouco de fome.

— Fome?

— É, acho que como coloquei tudo para fora eu preciso de energia.

— Eu não sei, talvez seja melhor você beber água primeiro.

— Claro, claro — eu disse e segui para a cozinha, bebi um copo grande de água e ataquei a geladeira.

Jacob disfarçou a careta com um sorriso ao olhar para o meu prato: frango, ovos e ketchup.

Na tarde do dia seguinte fomos visitar minha família, Jacob insistira que eu fosse no dia anterior, mas eu estava tão cansada e não queria acabar dormindo lá de novo, ou preocupando minha família.

Por Bella.

Hoje Renesmee ligou dizendo que viria aqui, ela sabe que não precisa ligar, que a casa é sua, mas ainda assim ela ligou, ela veio de moto com Jacob, como nos velhos tempos, abracei minha filha, logo depois de falar com todos ela sentou no sofá, conversando alegremente com Emmett.

Edward estava concentrado em algo, seu olhar ia de Jacob a Renesmee e a curiosidade começou a me incomodar.

— O que há Edward? — Eu pensei tirando o meu escudo para que ele lesse meus pensamentos.

Ele fez sinal que eu fosse para o lado de fora com ele.

Eu vi algo preocupante nos pensamentos de Jacob, mas ainda não consigo ler a mente de Renesmee.

Fiz uma careta, ele estava preocupado porque agora a mente de Renesmee era um segredo para ele.

— Ontem ela passou mal, mas não deixou ele ligar, ele está preocupado porque ela caçou e depois não parecia estar bem e depois comeu depois da caçada e então vomitou e logo estava chorando no banheiro e no dia que ela dormiu aqui de tarde só acordou de manhã, com a mente dela nula eu não posso ver o que ela esta achando de tudo isso, é meio paranóico mas é esquisito, além do mais ele pegou ela comendo frango com ovos e ketchup, em que planeta Renesmee comeria frango sem ser forçada? Ela sempre disse que não tem gosto de nada.

— Espere um pouco Edward, acho que eu devo estar paranóica também, ela tem muito sono, fome, chorando e comendo frango? Renesmee odeia frango desde que eu estava grávida, oh, pode ser isso.

Edward arregalou os olhos.

— Talvez ela não saiba disso, temos que falar com Carlisle e ver o que dizemos a ela.

Carlisle achou melhor examiná-la antes de tirar conclusões precipitadas, dizendo que ficamos preocupados com sua saúde porque Jacob pensou que ela havia vomitado.

Ela aceitou por fim e Carlisle tentou examiná-la como pôde, suas anotações eram que ela estava mais pesada, o ritmo de seu coração estava desenfreado, como se tivesse outro ritmo, não era apenas um, dois, talvez três corações além do seu, era impossível saber, Carlisle deu a noticia a ela e por alguns segundos ela ficou sem ação, depois ficou olhando para a barriga, acariciou a mesma, como se estivesse protegendo o bebê.

Em um primeiro momento me preocupei que quisessem fazer com o bebê de Renesmee o mesmo que tentaram fazer com ela, quando ela era meu bebê, mas eu não iria permitir, sabia que ela já o amava, sabia por que já havia estado na mesma situação, só que caso isso fosse arriscado eu também a perderia, logo Carlisle concluiu que ao contrário do que pensamos os bebês de Renesmee não deveriam perigosos, um ser metade lobo e metade vampiro seria a coisa mais perigosa do planeta, seria, porém ele concluiu que por serem ¼ vampiros, ¼ lobos e 2/4 humanos, a humanidade deles seria maior, eles seriam ainda mais humanos que Nessie e a gravidez correria bem.

Ponto de vista de Renesmee

Depois de todo susto e hesitação, minha família aceitou bem e eu me acostumei com a idéia, tia Rosalie me ajudava com as coisas do bebê. Agora o caminho que eu e Jacob escolhemos não era mais para dois, ele era para três ou quatro.

O bebê crescia cada vez mais, Carlisle estava impressionado do quão rapidamente ele parecia crescer.

Jacob, sempre cuidadoso não saia do meu lado e preferia que eu não saísse também. Eu tive que comer comida humana, carne e algumas frutas, o que não gostei muito, mas era necessário, pelo que parecia o bebê era bastante humano também, reagia melhor com comida humana, e demonstrava isso, exigindo menos esforços e reagindo melhor também.

Com poucas semanas o bebê estava enorme, pela observação de Carlisle, ele não demoraria a nascer,assim como antes em mim, ele media o comprimento da barriga e me pesava,tentando descobrir mais sobre o bebê. Quando começamos a perceber que ele não crescia mais, em uma semana seu comprimento não havia mudado nada, o que será que teria acontecido?

Carlisle não me dizia nada, mas eu reparava sua preocupação, nessa mesma tarde eu resolvi lhe perguntar finalmente o que estava acontecendo.

— Eu não sei juro que não sei Nessie, o bebê está enorme, são gêmeos, não sei dizer quantos são, mas com certeza mais de um, mas pararam de crescer, você ainda sente os chutes e é possível ouvir o coração dos bebês, mas eu não sei o que acontecerá se eles estão prontos para nascer ou...

— Ou o quê?

—Eu não sei, juro que não faço idéia

— Renesmee — disse Edward aparecendo do nosso lado em um vulto.

— Desculpe, é que eu ouvi! Eu ouvi!

— Ouviu o quê pai?

— O bebê, são dois bebês, posso ouvir suas mentes e também posso ouvir a sua.

— Está tudo bem com eles pai?

— Sim, eles ficaram felizes com sua voz, mas você está nervosa, precisa ficar calma para deixá-los tranqüilos.

— Preciso dizer a Jacob! Ele vai ficar muito feliz com noticias sobre o bebê, os bebês.

— Sente-se e fique tranquila meu amor, isso será bom pra você e para eles — disse Bella.

— Jacob logo estará aqui, ele foi patrulhar pela ultima vez, o bebê deve estar próximo de nascer e ele quer te acompanhar nesse momento — disse Edward.

Alice e Rosalie apareceram, Alice veio diretamente falar comigo.

— Nessie eu preciso te dizer uma coisa séria.

O semblante de Bella ficou preocupado, mas Edward balançou a mão no ar como se fosse bobagem e ela prosseguiu.

— Temos que decidir como será o quarto do bebê! Eu vejo muitas combinações diferentes, acho que vamos trocar muitas vezes, afinal não dá pra saber o sexo do bebê, muito menos as cores certas, estou com algumas idéias e queria que você me desse o seu ok.

— Ok — eu disse sorrindo.

— Me dê sua opinião.

— Bem, nada muito Rosa, pois podem ser meninos e eles geralmente não gostam de rosa, nem muito escuro porque é um quarto de bebê, Talvez amarelo ou azul, ou tons pastéis.

— É realmente uma boa idéia— dizendo isso ela teve uma visão.

— Não vai ser nada disso, vejo um quarto branco.

— Branco? Sim, branco é perfeito, Angelical e dá tranqüilidade ao bebê não importando o que ele seja, sim, branco é perfeito.

— Na verdade vou providenciar tudo isso ainda hoje, branco, exatamente como foi branco o seu quarto de bebê.

No dia seguinte Alice me disse que o quarto estava pronto, na nossa casa da fronteira, ela disse que era melhor esperar o bebê nascer para que eu fosse até lá, eu estava morrendo de curiosidade.

— Ansiedade não é bom pro bebêNessie— ela disse me vendo nervosa para ir para minha casa.

De repente eu senti alguns chutes, acariciei a barriga, geralmente isso acalmava, mas foram ficando mais fortes, como se tudo estivesse se comprimindo.

— Nessie? — Disse Edward.

Nesse momento eu me levantei nervosa e um líquido claro escorreu entre minhas pernas.

— Droga o que é isso? — Eu disse ao olhar a água e sentindo mais e mais dores, a bolsa havia estourado, eu sabia, quando dei por mim já estava deitada na mini cama de hospital que havia em um dos quartos.

— Renesmee você precisa ser forte, não posso fazer uma cesariana então o parto será normal, você vai empurrar o bebê pra fora com toda força que tiver, apenas empurre para fazê-los sair.

Empurrei, usei toda minha força e não parecia ser suficiente porque Carlisle continuava a dizer para usar mais força, Jacob estava desesperado, andava para lá e para cá, no meio da confusão eu ouvi que Jasper do andar de baixo estava acalmando ele, para que ele pudesse ver o nascimento dos filhos, porque sem Jasper ele se transformaria em um lobo de tanta pressão, os meus gritos o faziam tremer.

Um sorriso apareceu no semblante preocupado de Carlisle, um primeiro bebê, ele chorava muito, talvez pelo choque de temperatura.

— É uma menina — disse Carlisle.

— Posso segurá-la?

— Já já, ainda não acabou.

E logo outra onda de dores começou a me invadir, desta vez com menor intensidade, eu estava emocionada demais para deixar a dor me dominar, vi de relance Jacob com o bebê nos braços, ele a cobria com um pano branco, tirando o sangue de seu rosto.

— Vamos Nessie, mais força, sei que isso exige muito de você, mas tente, mais força.

— Logo ouvi outro choro.

— É outra menina — disse Carlisle.

— Gêmeas idênticas?

— Não sei, vem mais um bebê por aqui.

— Trigêmeos? Edward disse que eram dois.

— É um menino desta vez, tudo acabado, você pode segurá-los agora.

Primeiro ele me entregou a menina.

— Sarah, como sua mãe — eu disse entregando ela a Jacob, que beijou sua testa e passou para Rosalie que junto com Bella parecia estar dando banho no bebê, que chorava exageradamente, depois me entregaram o menino.

— Edward Jacob, como seria meu nome — eu disse rindo e entregando ele a Jacob que repetiu o passo.

— Como chamarei esta terceira? Eu só pensei em nome de casais.

— Acharemos um nome tão lindo quanto ela — disse Jacob estendendo os braços para pegá-la.

— Espere, muitas mães foram homenageadas com nomes de bebê aqui, Renée e Esme, Sarah, eu pensei em Isabella, mas seria complicado ter duas Belas aqui, então quero homenageá-los com o nome da mãe humana de Edward, Elisabeth.

— É um bonito nome, Elisabeth — disse Jacob.

Olhei um pouco para meus bebês, Jacob estava ninando EJ, já Sarah e Elisabeth dormiam tranqüilas, elas não eram gêmeas idênticas, logicamente, mas se pareciam muito, os mesmos olhos castanhos, seus cabelos ainda eram poucos, mas eram como um acobreado só que mais escuro, como um castanho claro, tão lindas que pareciam anjos, meus pequenos anjos, eu podia ver em cada traço delas uma característica de Jacob, uma característica minha, os meus olhos, que eram os olhos de Bella humana, os olhos de Charlie.

Ainda não sabíamos no que eles se tornariam, mas quanto a sua dieta observamos peculiaridades, por exemplo, EJ aceitou tomar a mistura para bebês que Carlisle fez, a mesma que ele havia me oferecido quando bebê e eu recusei, ele chorou muito quando Carlisle, Esme, Rosalie, Edward ou qualquer um de minha família tentou pegá-lo, eu ficava um pouco triste com isso, queria que todos estivessem unidos, eles com certeza estariam chateados, meus bebês pareciam tão distantes, talvez isso fizesse parte de sua parte lobo.

— Não estamos chateados, pode crer, nenhum deles está — disse Edward.

Eu corei um pouco, não pensei que ele estava atento aos meus pensamentos.

— Eu sempre estou — ele disse sorrindo — E eles não nos detestam, nossa pele é muito fria para eles, são só bebês, por isso eles choram, tremem de frio quando os pegamos.

— É claro.

Elisabeth se mexia durante o sono, Edward a encarava ainda mais que os outros dois.

— Elisabeth é um mistério para mim — ele disse.

Eu não entendi o que ele disse e continuei admirando elas duas.

— Posso saber o que EJ e Sarah querem por seus pensamentos, ainda que muito confusos, já Elisabeth, eu não vejo nada, é como tentar ver a mente de Bella, não consigo ver nada.

— Talvez ela seja um escudo, isso pode ser de família — eu falei acariciando as bochechas da minha pequena talentosa. Edward saiu de lá e de repente só estávamos eu, Jacob e nossos filhos, eles tinham o tamanho de crianças recém nascidas um pouco maiores, como um grande bebê humano, mas apenas recém nascido.

De repente Elisabeth acordou, seus olhinhos me encaravam, ainda me olhando ela puxou o ar e seus pulmões começaram a tremer, de repente um choro tão forte invadiu a sala e acordou sua irmãzinha, que não chorou como eu esperava, apenas se virou, arregalando os olhinhos castanhos assustada, não parecia um olhar de bebê, eram olhos tão inteligentes.

Eu não sabia muito bem o que fazer para acalmar Elisabeth, eu a peguei no colo, ela pareceu se acomodar, seus bracinhos agarrados um a minha blusa outro ao meu braço, ela fechou os olhos impaciente, os abriu e começou a chorar novamente.

— Talvez ela esteja com fome — disse Jacob.

— Não sei se isso dará certo, eu não sei se ela é como as outras crianças comuns.

— Não custa nada tentar — ele disse.

— Tudo bem, tudo bem — eu disse levantando um pouco minha blusa com uma mão e segurando o bebê com a outra, era exatamente o que Jacob tinha dito, ela só estava com fome, era tão humana, tão frágil, dormiu enquanto mamava e mesmo dormindo eu continuei com ela em meus braços.

— O papai tinha razão — eu disse brincando a Jacob, enquanto ele balançava EJ.

— Eu sempre tenho — ele cochichou pra mim.

Todas as crianças dormindo, devidamente alimentadas e agora eu havia visto como elas estavam fortes e saudáveis, tomei um belo banho, demorando bastante no processo. Jacob ainda estava lá babando por nossos anjos dormindo.

— ah Jacob! Eu suspirei abraçando-o e inalando o seu maravilhoso cheiro amadeirado.

— Nessie, eu nunca vou poder descrever esse dia, eu estava tão ansioso, nervoso, preocupado e quando tudo acabou eu fiquei tão... Feliz? Sim, feliz, aliviado que sua dor tivesse acabado e que nós finalmente podemos tê-los aqui.

— Nem eu Jake, na hora nem tudo era dor, boa parte era, mas eu sentia que isso seria para uma felicidade maior, cada vez que eu ouvia o choro de algum deles era o sinal para eu ser mais forte e me ajudava com as dores do próximo.

— Falando em choro ele disse apontando para Elisabeth, que se mexia sonhando 5, 4, 3, 2,1.

Ela começou o seu fraco choro como soluços, Jacob a pegou antes que ela chorasse alto, ela se acomodou em seus braços, dormiu, mas quando ele tentou colocá-la de volta na caminha o choro recomeçou.

— Parece que eu vou ter que esperar Lisie dormir por um bom tempo — Jake disse.

— Lisie?

— Elisabeth é lindo, mas é grande demais para um bebê, chamaremos ela de Elisabeth quando estiver maior.

— Assim como agora me chamam de Renesmee — eu disse brincando, pois ainda me chamavam de Nessie.

Assim passou esse dia, Elisabeth queria passar o tempo todo nos braços de alguém, só dormia sozinha depois de ser amamentada por mim, ao contrário de seus irmãos ela não aprovava tanto a comida para bebês de Carlisle.

Já haviam passado três dias do Nascimento e as crianças pareciam as mesmas, nem um fio de cabelo a mais tinha aparecido, era incrível porque até mesmo bebês humanos mudavam um pouco, mas eles não haviam mudado nada, apesar disso sua inteligência evoluía, ao contrário de recém nascidos eles se mexiam um pouco, erguiam os braços e as vezes tentavam balbuciar algo.

Agora que todos estavam limpinhos eu iria até nossa casa da fronteira olhar o que Alice havia feito, Jacob segurava um deles, Rosalie outro e Esme com o ultimo bebê, reparei que Emmett fazia caretas para o bebê enrolado em uma manta nos braços de Rosalie.

— Pare, vai assustá-la — ela disse para Emmett.

Mas a reação do bebê foi inesperada, ele abriu um sorriso banguela, a coisa mais encantadora do mundo, muito owts encheram a sala, juntaram os outros e todos ficaram rindo de Emmett, peguei meu celular e tirei uma foto.

Ouvi uma aproximação, Jacob estava com Sarah no colo, ela ainda não havia parado de rir.

— É Seth! — Disse Jacob — ele veio ver nossos filhos.

Jake foi abrir a porta com o bebê risonho nos braços, e então tudo aconteceu muito rápido, ele ficou olhando o meu bebê e seus olhos se encheram de lágrimas, não entendi o porquê, Ele caiu de joelhos e Jacob ficou assustado, logo depois entrou e entregou o bebê a Bella.

— O que houve Seth? — Eu disse tendo um mau pressentimento do que ele me diria.

— Imprinting— disse Jacob enquanto Seth permanecia parado perto da porta, mas olhando para Sarah nos braços de Bella.

— Jacob, me diga que está brincando.

— Por que eu brincaria? Você viu!

— Não Jake— eu disse abraçando ele e chorando de repente.

— Ah Ness, não fique assim, não é como se você fosse perder sua filha, ela ainda é nossa, isso não tem importância, assim como Bella nunca perdeu você, nós nunca a perderemos, não é mesmo Seth?

Seth fez que sim com a cabeça e tentou pegar Sarah, mas graças aos céus Bella não deixou.

— Com o tempo você se acostuma com a idéia.

— No caso de Bella com o tempo só ficou pior — alfinetou Rose.

Sarah estava fazendo gracinhas e rindo, mas com a nossa discussão ela começou a chorar, muito.

— Shiu, shiu— Bella dizia balançando ela para lá e para cá, mas isso não adiantava, Seth se aproximou no mesmo instante, mas eu fui para frente dele e peguei minha filha que saiu da sala aos berros, levei para a cozinha.

— Shiu, shiu, não chore Sarah — eu dizia, mas não adiantava muito — Você não está com fome, nem sede, está limpinha, o que você tem? — Eu dizia balançando ela, Jacob foi até a cozinha e pegou ela de mim, beijou sua testa e ela parou de chorar, só que dessa vez eu comecei a chorar.

— Ah, Nessie, não comece com isso, por favor.

— Mas é verdade Jacob, já começou agora e ela é só um bebê.

— Você estava muito nervosa, estava passando isso pra ela, por isso ela não conseguia se acalmar.

— Como você fica tão tranqüilo em relação a tudo isso?

— É que eu entendo o Seth, sei que ele não tem culpa e que isso não é mal, Nessie você devia compreender isso melhor que todo mundo.

— Eu, Eu não consigo Jake, ela queria estar lá com ele do que comigo, ela é só um bebê, totalmente dependente e ainda assim prefere-o a própria mãe.

— Não é isso Nessie, Sarah te ama, você sabe disso desde os pensamentos dela em sua barriga, não seja tão dura, ele nunca fará mal a ela, não se esqueça que eu tenho uma linha direta com os pensamentos de Seth, eu prometo.

— Tudo bem — eu disse beijando Jacob e Sarah ergueu os bracinhos pra mim.

Naquela noite voltamos para a casa da fronteira, o quarto branco estava finalmente pronto, tão lindo, em cima da mesa de cabeceira havia um ursinho branco, do lado havia um papel escrito: presente do tio Emmett, para que você possa estar sempre de olho neles.

Eu não entendi o bilhete, ainda assim deixei o urso lá e apertei um botão achando que ele cantaria alguma canção de ninar, mas ele não fez som algum. Quando as crianças finalmente dormiram já era madrugada, eu estava acabada, dormi por cima de Jacob no sofá, de manhã eu acordei com um choro de bebê, mas Jacob dormia tão bonito que eu resolvi ir até lá, ele devia estar muito cansado.

— Ow!Ow!Ow! Eu disse ao chegar ao quarto.

Encontrei uma cena incrível, nos três berços havia bebês muito maiores.

— Jacob você precisa ver isso!

Ele veio sonolento, mas ao colocar os olhos nas crianças seus olhos se esticaram.

— Por quantos meses estive dormindo? — Ele disse pegando um dos bebês.

— Acho que já devíamos saber que eles teriam um crescimento acelerado, mas eles pareciam tão pequenos...

— Talvez devêssemos levá-los ao Carlisle, para examiná-los assim como fazia com você.

O que mais os fazia chorar era que suas roupinhas estavam ficando apertadas, tudo em um dia, tentei trocá-los com as roupas maiores, pareciam mais tranqüilos agora, depois de algumas horas eu os levei para Carlisle.

— Ow! — Foi o que ele disse ao nos ver.

— Foi exatamente o que eu disse quando os vi hoje de manhã.

— Eles cresceram durante a noite e cada hora estão crescendo mais um pouquinho.

Carlisle os mediu e depois disse sua conclusão.

— Eles crescem até mais rápido que você Nessie, só que o crescimento deles tem pausas, eles passam algum tempo sem crescer nem um centímetro e outro com um crescimento desenfreado.

Alice veio a minha direção.

— Sabe o que isso significa?

— Que logo meus filhos serão adultos?

— Não, isso significa compras!

— O quê?

— Sim, se eles vão crescer logo precisam de roupas maiores, mas não se preocupe, eu cuidarei de tudo e no final do dia tudo estará pronto — ela disse e sorriu.

Emmett finalmente me explicou o ursinho, nele havia uma câmera, a TV do meu quarto mostrava as imagens, assim que ele me disse o que fazer eu assisti as crianças crescendo a noite, agora eu não perderia nenhuma fase e ainda teria tudo gravado, seria uma linda lembrança.

Os cabelos das meninas estavam crescendo, agora eu os penteava com uma escovinha de bebê, os de Sarah pareciam maiores que os de Lisie, e mais lisos também, dias depois eu já colocava laçinhos em seus cabelos, mais elas não concordavam muito, apesar de serem apenas bebês elas sabiam muito bem o que queriam, com os laços eu tentava colocar e elas não ficavam quietas, quando finalmente coloquei elas puxavam de seus cabelos sempre que eu não estava olhando.

— Não Sarah, não! — Eu dizia quando ela tentava puxar e Jacob que entrava no quarto achou graça.

— Uma discussão construtiva? — Ele disse com ironia.

— Não muito, elas não me ouvem, nem mesmo um diplomata as convenceria a ficarem quietinhas apesar de aparentarem ter quase 1 ano.

— Acho que elas não gostam muito disso — ele disse apontando para Sarah que acabava de conseguir puxar o Laço de seu cabelo e o erguia no ar, mas quando eu olhei para Lisie ela tinha colocado um desses na boca, estava se engasgando.

Peguei-a imediatamente sem saber o que fazer, eu tentava balançá-la para que ela abrisse a boca e soltasse o laçinho que tinha um taque de plástico grande o suficiente para machucar sua garganta, eu pensei em fazer a manobra Heimlich, mas Jacob abriu a boca do bebê e puxou o laço babado, aos poucos a cor de Lisie foi voltando ao normal, ela estava quase roxa, voltando para o vermelho e depois para sua cor natural, depois voltou para o vermelho de novo quando ela começou a chorar, Jacob a pegou nos braços, colocando sua cabecinha em seu ombro.

— Isso é bom, se ela chora tão alto sua garganta está bem — ele disse aliviado.

— Chega de laços! Farpas, espadas e armas causam menos acidentes que esses malditos! Eu disse colocando o pote de laços na parte mais alta do guarda roupa.

Horas depois colocamos os três em cima do tapete para brincarem, o tapete era macio, perto da lareira protegida por uma grossa tela, estava uma noite muito fria, eles estavam com roupas mais grossas, mesmo sem precisar, geralmente as outras crianças ficam totalmente cobertas e com o aquecedor no máximo, mas no caso de meus filhos sua temperatura era alta assim como a minha e de Jacob então o frio não os incomodava, na verdade eles demoraram para me deixar vestir seus casaquinhos, ficando com uma roupa simples mesmo, já que exigia que Jacob segurasse enquanto eu vestia.

Enquanto brincavam, vez ou outra EJ puxava uma das meninas e eles caiam por cima uns dos outros, Sarah pareceu ficar brava com ele, se afastando deles dois e ele a seguiu engatinhando, puxou um pouco de seus cabelos que estavam em estilo Chanel, tentando botá-los na boca, ela abriu o berreiro, Jacob separou os dois sentando também no tapete e pegando Sarah.

— Não somos homens das cavernas aqui EJ.

O bebê não entendeu e tentou puxar os cabelos de Sarah novamente, então Jake disse NÃO EJ!E balançou a cabeça em desaprovação, então ele pareceu entender, balançou a cabeça exatamente como Jacob e voltou para brincar com Lisie.

Sarah dormiu nos braços de Jacob e os dois pequenos bagunceiros acabaram dormindo um por cima do outro, eram tão fofos juntos! Coloquei cada um em seu berço, agora com o urso – câmera, já podíamos deixá-los dormir tranqüilos, eu finalmente pude ter uma noite a sós com Jacob, as crianças estavam com todo o nosso tempo, agora elas dormiam...

Na semana seguinte eles já aparentavam diferenças, às vezes era difícil cuidar de trigêmeos, já que eu queria que eles crescessem em nossa casa na fronteira, queria me dedicar a eles em tempo integral, ver cada fase de crescimento que pudesse, EJ estava cada vez mais difícil, tentava escalar o berço e eu tinha que ir rapidamente antes que ele caísse.

Certa vez acordei no meio da noite, liguei a TV do quarto, mas não passava nada de interessante, ajeitei a recepção para o quarto das crianças, vigiei EJ, suspeitando que ele tentaria sair do berço até que ouvi um Tum e quando procurei era Sarah, isso não era comum já que ela era mais quieta entre os três.

Corri para pegá-la e ela estava sentada com a mão na testa dizendo: mãmã, mamã.

— Oh céus! É a primeira palavra dela — disse Jacob atrás de mim, não sei como ele apareceu tão rápido, mas eu fui até minha pequena e a peguei no colo.

Ela continuou repetindo sua primeira palavra até se acalmar, abraçando meu pescoço, quando finalmente ela soltou meu pescoço e parou de chorar ela ficou olhando para os meus olhos, até que eu reparei uma pequena coloração se formando em sua testa, ela era tão forte que com sua queda rachou a cerâmica e deixou o rastro no chão.

— Mamã, mamã — diziam os outros dois agora acordados.

— Eu não vou ser a primeira palavra de ninguém? — Disse Jake fingindo estar magoado.

A coloração em sua testa ficava mais escura e quando eu a toquei ela disse ui.

— Ah Sarah, isso vai ficar Roxo — eu disse olhando para seu machucado.

— Roxo — ela disse colocando a mão na testa.

— É meu amor, é roxo.

— Meu amor — disse Lisie

— Meu amor é roxo — corrigiu Sarah.

— Meu amor é roxo — disse EJ.

No dia seguinte fui levá-los para ver toda a família. E quando Rosalie pegou Lisie ela disse: — Meu amor.

— Oh que linda, eu não sabia que ela já falava, também amo você.

— É roxo — disse Sarah.

— O quê? Disse Rosalie.

— Meu amor é roxo — disse EJ.

— Ah não, vão começar com isso de novo? — Eu falei para eles.

— Isso o que? Disse Rose.

— Eles passaram a noite toda repetindo isso e o inicio da manhã também.

— Por quê?

— Porque Sarah caiu — eu levantei sua franja para mostrar — então eu disse que era roxo e ela repetiu e eu falei é meu amor é roxo e desde então eles viraram papagaios.

— O quê? Disse Lisie.

— Meu amor é roxo — disse EJ.

— Por quê? — Disse Sarah imitando Rose.

— Porque meu amor é roxo.

Os outros caíram na gargalhada.

— Porque não dizem: — Eu amo a mamãe — eu sugeri

— Meu amor é roxo — disse EJ.

— Eu já estou ficando roxa de tanto ouvir isso.

— Ficando roxo — disse Lisie disse fazendo careta para mais uma onda de risadas.

Eles já tinham suas personalidades mais definidas agora, Sarah era mais quieta, a que menos dava trabalho, Lisie estava sempre fazendo gracinhas e aprontando com o EJ que era o mais travesso e brincalhão dos três.

Seth estava lá brincando com Sarah e tentando brincar com EJ que não lhe dava bola, Lisie se remexia tentando se soltar dos braços de Rosalie, ela resolveu colocá-la no chão, afinal tinha um grosso carpete, ela foi brincar com os irmãozinhos e Seth, mas EJ não pareceu gostar muito, toda vez que Seth chegava perto de Sarah ou Lisie ele tentava levá-las para outra direção.

— O que está acontecendo é uma crise de ciúmes — disse Edward — Ele vê que as irmãs estão brincando com o Seth, mas não quer deixar de ser o rei do pedaço.

Ouvindo isso Seth tentou tornar-se amigo dele, o convidando para brincar mesmo quando ele fazia careta, no final do dia ele já não tinha ciúme algum, brincava de cavalinho com ele, montado em suas costas e puxando seus cabelos.

— Tchau criança! — Disse Seth a EJ indo embora quando chegou sua hora de patrulhar.

— Tchau criança — disse EJ igualmente sorridente.

— Acho que você está certo filho, ele é tão criança quanto você — disse Jacob e Seth acenou e fez uma careta.

— Bem, acho que já está na nossa hora — eu falei pegando uma das crianças.

— Não vá Nessie, fique mais um pouco.

— É que eu ainda tenho que dar um banho neles e fazê-los dormir cedo, o que não será tarefa fácil.

— Faça isso aqui, seu quarto ainda está lá em cima e eu fiz uma modificação especial — disse Alice e então foi me puxando, para a minha surpresa passamos da porta de meu antigo quarto, indo para uma sala que seria construída, quando eu abri a porta era um corredor, com quatro portas, a primeira porta era de madeira marrom claro, nas outras três haviam nomes entalhados na porta na primeira estava escrito Elisabeth “Lisie”, na segunda Sarah e na terceira porta Edward Jacob “EJ”.

— Alice!

— Eu sei, sabia que você iria adorar, por enquanto os berços estão no primeiro quarto, mas quando eles crescerem mais vão poder dormir em seus quartos!

— Você é incrível!

— Eu sei — disse ela sorrindo.

Entrei no primeiro quarto, ele tinha uma cor clara, bonita, três berçinhos e uma divisória plástica, sendo facilmente puxada. Jacob veio com as crianças, todas as três, EJ vinha montado segurando seu pescoço, Lisie e Sarah pegavam cada uma sua mão.

Além disso, tem um closet pra vocês Ness, as roupas dos bebês estão no seu quarto, eu gostaria de fazer um closet para cada um, mas não deu tempo.

— Obrigada Alice, você é 10, mas não faça um closet para cada um, por favor, eles são tão pequenos ainda.

— Claro, posso esperar alguns anos — ela disse com um sorriso brilhante.

— Tenho certeza que as duas ou pelo menos uma delas vai aprender a se vestir corretamente, porque essa família precisa das minhas dicas de moda, será bom ter ajudantes — Aliás essa semana eu gostaria de Levá-las a uma loja de roupas infantis ótima, assim elas vão poder aprender a escolher — ela disse saindo.

Cap. X

Meus pequenos já estavam com aparência de quatro anos quando seu crescimento parou, ficaram meses sem mudar, Carlisle achou isso bom, futuramente eles poderiam ir para a escola, com seu crescimento paralisado não levantariam surpresas, pelo menos por um ano.

Na TV uma propaganda de um novo parque de diversões passava repetidas e desnecessárias vezes, as crianças começaram a insistir, achavam as cores muito bonitas e choravam quando eu lhes disse que seria melhor não levá-los, havia muitos humanos lá, podia ser exposição desnecessária, doía em meu coração que eles quisessem apenas brincar como crianças comuns, mas eu não podia realizar seu desejo, eram pequenos demais para proteger nosso segredo.

Quando Jacob chegou de sua patrulha era fim de tarde, Elisabeth foi a primeira a correr para seus braços, ele o abraçou no ar, quando começou novamente a tocar na TV a música infernal do parque de diversões, EJ e Sarah estavam sentados no chão em frente à TV, pareciam devorá-la com os olhos, Lisie estava nos braços de Jake e apontava empolgadamente para a TV, Jake olhou para a TV, para eles e depois para mim, soltei um suspiro, sabia o quanto isso era frustrante, seus olhinhos suplicantes presos em mim.

Lisie mudou de tática virando suas suplicas para Jacob, ele não resistiria a um pedido dela.

— Lisie não me olhe assim, você sabe que o papai não pode.

— Por favor, papai — ela lhe interrompeu lançando o olhar mais doce que um anjo poderia olhar.

Ele colocou a menina no chão, mas ela agarrou suas pernas e os outros dois levantaram e foram até lá lançando um ataque de fofice sobre ele

— Por favor, papai, por favor — eles repetiam e Jake me olhava pedindo socorro.

— EJ, Lisie e Sarah soltem o papai, eu já disse que vocês não vão, não adianta insistir.

EJ fez bico, sentou no chão e começou a chorar, batendo as mãozinhas no chão e danificando a cerâmica.

— EJ, filho, não faça isso! — Eu ordenei e ele não deu a mínima atenção.

Jacob o pegou pelo braço, levou ele para o lado de fora da casa na fronteira, colocou ele na grama perto das árvores, onde ele não causaria estragos e sentou ao seu lado, Jacob fazia uma cara tranqüila, enquanto o menino esmurrava o chão e gastava todo seu fôlego chorando.

Quando EJ calou-se um pouco começou a soluçar, seu rosto estava totalmente vermelho e seu tronco tremia, eu queria ir até lá e colocá-lo nos braços, mas Jake estava ao seu lado, sereno, parecendo neutro a situação da criança se esgoelando ao seu lado.

Quando o menino ficou de pé e esfregou os olhos parando de chorar Jake levantou e entrou em ação.

— Já cansou EJ? Pensei que agüentasse um pouco mais.

O menino não respondeu, olhou para Jacob e depois para mim ao longe, sai da vista dele.

— Isso serve para que você aprenda que nunca vai conseguir nada chorando, você não pode medir forças comigo e sua mãe porque nunca vencerá nenhuma discussão assim.

Prendendo um soluço o garotinho respondeu: — Mas eu queria tanto ir, todos na TV vão, por que não podemos ir? Todas as crianças especiais vão pra lá.

O pior é que Jake não tinha uma explicação concreta, muito menos eu.

— Escute aqui filho, vocês não podem ir porque há muitos humanos lá, eles podem descobrir o que somos, se vocês correrem muito rápido ou usarem suas forças, você sabe que não pode controlá-la.

— Eu só queria ver, é tão bonito.

— Há humanos demais lá EJ, pode ser perigoso.

— Então os humanos não gostam de nós?

— Não é isso, a verdade é que podemos machucá-los se não tivermos cuidado, você sabe que nunca pode falar nada sobre nossa família aos humanos.

— Eu não gosto deles — disse EJ cruzando os braços.

— Ei, eu sou mais ou menos humano já que não estou transformado, Bella era humana e todos os vampiros um dia foram...

— Papai você já foi a um parque?

— Já, não há nada demais lá.

EJ estava confuso, mas deu a mão a Jake e foi pra casa, ele ligou a TV em seu canal de desenhos favoritos, fiz pipocas e levei para a sala, eles assistiam deitados no tapete e eu e Jake estávamos no sofá, quando começou novamente o comercial do parque de diversões mudei de canal, Lisie ainda olhou para trás, mas como não reagimos ela voltou a atenção para a tela, EJ soltou um suspiro e baixou o olhar encarando alguma coisa.

No fim do dia eles cansaram de tanto brincar e assistir TV, assim que dormiram fui desligar a TV e me juntar a Jake que estava sentado no sofá, quando peguei o controle para desligar o maldito comercial começou:

— Ei criança você quer se divertir? Ver brinquedos extraordinários e conhecer novos amigos? Então venha até aqui, o melhor parque de diversões do mundo, peça para o papai e a mamãe, porque você é uma criança especial! Não fique de fora dessa, não perca essa oportunidade única, se você foi uma boa criança peça aos seus pais para vir ao nosso parque!

Bufei vendo aquela propaganda absurda que havia consumido meus filhos, no final havia uma garotinha de cabelos loiros entrando no brinquedo roda gigante, outra criança no gira-gira e um garotinho pequeno em um carrinho que girava.

— Me senti mal por negar isso a eles hoje Nessie.

— Eu sei, eu queria dar-lhes tudo que me pedissem, achei que poderia fazê-los tão felizes aqui e esse comercial barato me diz o contrário.

— O pior é que eles não podem entender, são apenas crianças, crianças boas, só querem ser como qualquer outra criança, eu juro que queria levá-los, mas o que podemos esperar disso?

— Tudo bem Jake, não pense mais nisso, já está tarde, vamos para o quarto e amanhã de manhã eu os levo até a casa de meus avós, eles vão se distrair lá, vão esquecer desse parque no mesmo segundo.

Na manhã seguinte arrumei as crianças para a visita, era preciso levá-las de carro para que não se sujassem como porquinhos na floresta, chegando lá na casa, Emmett pegou EJ e o levantou no ar, ele adorava crianças e elas o adoravam ainda mais.

Eles brincaram por bastante tempo, Alice tirou algumas fotos e estávamos vagamente conscientes da TV ligada no fundo do cômodo, ninguém estava assistindo, afinal a atração principal eram meus três pequenos e Emmett como bobos passando pelo carpete. Até que o comercial infeliz que por sinal passava em todos os canais recomeçou, EJ parou de brincar e tapou os ouvidos, indo para frente da TV apenas para observar sem ouvir.

— O que há com ele? — Disse Emmett ao ver a reação estranha de EJ.

— Puxei o fio desligando a TV e respondi:— Ele apenas está cansado desse comercial assim como todos nós.

— Isso repete tanto que até na gente dá vontade de ir, as crianças humanas devem encher o saco de seus pais pra ir pra esse lugar.

— Eu não gosto das crianças humanas!— disse EJ com as mãos nos ouvidos.

Na sala todos se entreolharam.

— Filho, nós já conversamos sobre isso, os humanos não tem culpa que vocês não podem ir.

Ele acenou com a cabeça e foi se sentar em um cantinho da sala, apesar de ser pequeno e de sua mais recente birra ele podia ser completamente racional se quisesse.

— Ei EJ, vamos brincar? — Disse Emmett em uma tentativa de animar o garoto.

Ele fez que não com a cabeça e pegou seu carrinho, rodava ele para lá e para cá em seus dedos, deixando todo o cenário mudo.

— EJ Porque você odeia os humanos? — Disse Lisie puxando conversa com ele.

— Ele não odeia ninguém — eu corrigi.

— Eu não odeio os humanos, mas fico triste que eles podem ter tudo e ir a todos os parques e festas e nós não.

— Eu não odeio, eu só queria ir até lá, porque crianças boas e especiais vão ao parque, mas eu não posso.

Eu saí da sala em direção a cozinha Bella e Edward me seguiram, ela pôde ver minha cara de preocupação e Edward podia ver meus pensamentos aflitos.

— Ah querida não fique assim — disse Bella me abraçando.

— Eu pensei que podia dar tudo que eles quisessem mãe, que eu nunca negaria nada que os fizesse felizes.

— É o que todos os pais pensam, mas nós não controlamos os filhos, às vezes eles querem mais do que podemos oferecer — disse Edward.

— Ontem eles também imploraram muito pra ir, eu neguei e eles insistiram com Jake, EJ chorou muito, foi aí que começou a história de não gostar das crianças humanas, ele é tão pequeno, não pode entender.

Emmett chegou à cozinha e juntou-se a nossa conversa.

— Talvez possa levá-los Ness, se vocês ficarem de olho neles, podemos ensiná-los desde agora a se comportar como humanos, use o parque como prêmio — disse Emmett.

— Não é má idéia, se você e Jacob concordarem, claro — Edward disse.

— Seria um bom alívio para mim, eles ficariam realmente muito felizes.

Contei a Jacob e ele concordou logo depois os trigêmeos estavam na sala, EJ continuava sentado no canto da parede e chateado.

— Crianças eu tenho uma boa notícia para vocês — falei chegando perto deles. EJ levantou os olhos e baixou de novo, balançando seu carrinho de brinquedo.

Eu falei com o papai e ele concordou que se vocês prometerem se comportar, e fizerem o que a gente mandar, vamos levar vocês ao parque.

— Yes! — Disseram as meninas pulando.

Um sorriso apareceu nos lábios de EJ, por incrível que pareça ele não estava tão alegre quanto as meninas.

— Algum problema filho?

Ele ficou de pé, fez que não com a cabeça e levantou um dedo ao começar a falar (ele parecia idêntico ao Jacob quando fazia isso) — É perigoso ficarmos perto de humanos, eu não quero que eles descubram sobre nós.

— Não tem problema meu amor, diremos o que vocês devem ou não fazer.

Emmett começou me interrompendo: — Primeiro: Não correr com velocidade na frente dos humanos, vocês sabem correr como humanos porque já os viram em La Push. Nem usar a força em Exagero, Ness e Jakedevem ficar alertas.

— Agora eu preciso escolher o look para o passeio em família de vocês Ness, para você algo formal, mas nem tanto, já que é um parque, já sei! — Alice subiu e voltou com um vestido, Jake já ia escapando pela porta, mas ela anunciou: pode ir embora agora Jacob Black, você terá que vir aqui buscar as crianças e Ness vai entregar a roupa que eu escolher!

— Agora é a vez das crianças! — Ela disse animada e voltou com dois vestidinhos, um azul florido e um rosa com lilás e detalhes de rosas, uma camiseta branca, uma mini calça tão linda para EJ e um casaquinho de uma marca cara.

— Ainda bem que comprei essas roupas essa semana! Aquela loja é realmente perfeita.

Enfim fomos ao meu carro, Jake colocou as crianças na cadeirinha, tínhamos que ser atentos já que eles eram três, nós éramos dois. A chegada ao parque foi inenarrável, os olhos deles brilhavam tanto! Por sorte eu trouxe a câmera e filmava tudo, sem perder nenhum detalhe já que provavelmente em poucos anos parques não os encantariam assim.

A roda gigante era o primeiro brinquedo, Jake foi com Lis e EJ e eu com Sarah, assim com uma mão eu segurava a garotinha e com a outra eu filmava o parque e a reação das crianças.

Também foram no carrossel, ficamos do lado de fora, lógico, mas de olho neles e eles mereceram nossa confiança, pareciam completamente humanos ali, nenhuma força ou velocidade sobrenatural.

Sarah havia ido a um brinquedo com Jake, mas EJ e Lisie queriam ir a outro, os levei até lá e depois que eles entraram concluí que as fichas haviam acabado, calculei que eles ainda estariam no brinquedo por 5 minutos, a fila de fichas estava quase vazia então eu segui para ela e comprei mais algumas fichas.

Ponto de vista de Lisie:

Houve um problema com o brinquedo, todos tivemos que descer, Michael que brincava conosco achou sua mãe e acenou indo embora,eu não sabia onde a minha mãe estava, fiquei perto de EJ e esperávamos por ela, alguns homens fantasiados com os bolsos cheios de doces jogavam chicletes para todos, muitos os seguiam, um mostrava presas de plástico para todos e as criancinhas gritavam de medo, EJ suspirou dizendo que idiota, até que um outro com a boca vermelha com muita maquiagem no rosto, com um nariz vermelho e roupas que Alice detestaria se aproximou de nós, eu não liguei para os doces que ele ofereceu a mim e aos outros, mas EJ estava com olhos arregalados em sua direção, achei que assim como eu ele o achava ridículo, porém quando ele pegou o braço dele para lhe entregar um pirulito colorido EJ puxou o braço e saiu correndo, em velocidade humana mas ainda assim ele sumiu na multidão.

Por alguns minutos eu tentei achá-lo, mas eu já tinha dado várias voltas pelo parque, tudo era uma mistura de cheiros e eu não sabia mais para onde estava indo, alguns humanos me olhavam e um estendeu a mão para mim, perguntando se eu estava perdida e gostaria de ajuda, balancei a cabeça em sinal negativo e não me aproximei dele para que não sentisse minha temperatura, mesmo com as luvas, comecei a me afastar do parque, mas ainda sentia o cheiro de EJ e de meus pais, talvez eles tivessem voltado para casa, segui pela estrada úmida e fria, andando entre o asfalto e a floresta, apesar da pista quase vazia, quando um carro se aproximava eu me escondia nas folhagens, meu vestido ficou um pouco sujo e Alice não gostaria de ver, andando assim pensei que conseguiria chegar em casa, mas comecei a perder os cheiros, logo tudo era uma confusão, havia um retorno e duas curvas e eu não sabia para onde seguir, sentei perto do asfalto e comecei a chorar, não demorou muito até que vi uma sombra se aproximar, arregalei meus olhos assustada e pronta pra gritar, até que um cheiro familiar me envolveu.

Ponto de vista de Renesmee:

Quando eu voltei com as fichas novas nas mãos o garotinho que antes brincava com EJ passou por mim com a mãe, eu gelei, eles não estavam mais no brinquedo, procurei e vi apenas Sarah e Jake acenando, comecei a me sentir mal e sentir vontade de chorar de repente.

— Ei Ness o que foi?

— As crianças, eu não sei onde estão, elas sumiram.

— Oh meu deus, temos que procurar por eles, não chore, eles devem estar perto, me leve até onde eles estavam.

— Ah Jake eu sou muito irresponsável — eu disse chorando mais.

Fomos até o brinquedo, Jake achou o cheiro de EJ, o que mais me irritava era que tínhamos que seguir velocidades humanas, ele o achou poucos minutos depois, sentado ao lado da fila de um brinquedo que girava, tinha os braços nos joelhos e a cabeça baixa, Jake correu e o colocou no colo.

— EJ cadê sua irmã?

— Eu a deixei lá, quando aquela coisa horrível puxou meu braço — ele disse abraçando o pai.

— Você viu a direção que ela seguiu?

— Não, me desculpe papai, eu não devia deixá-la — disse EJ com os olhinhos tristes.

— Não se preocupem, vamos achá-la.

Jake seguiu se afastando do parque em direção a estrada, de repente Jake parou, colocou as mãos na cabeça bufando: — Que estranho.

Logo depois eu também senti, parecia que algo estava invadindo minha mente, era a voz de Lisie, tudo estava embaçado, mas dava pra ver uma estrada e uma floresta.

— Mas o que ela está fazendo por aqui? — Disse ele, já que não havia humano nenhum a vista e estava muito tarde, ele usou sua velocidade, Jake seguia pela estrada, às vezes suas mãos tremiam, mas eu sabia que ele se controlaria para não me deixar nervosa. Até que avistamos a garotinha sentada próximo ao asfalto, Jake se aproximou e ela nos olhou assustada até que ela levantou até ele correndo e gritando: — Papai! As mãos dela tremiam também, ele a abraçou, beijou seus cabelos e ela enxugou as lágrimas. Ainda nos braços de Jacob ela agarrou seus bracinhos em mim e eu a puxei para os meus braços lhe atacando com muitos beijos, voltamos para o carro, Jake dirigia, olhei para meus três pequenos durante toda a viagem , Elisabeth dormiu a viagem toda, seu rostinho estava como um borrão já que antes de sair de casa ela pegou um lápis de olho e insistiu que eu passasse em seus olhos, não era a prova d’água então como ela chorou muito seu rosto estava todo borrado.

Quando chegamos à trilha para a casa da fronteira todos os nossos filhos estavam dormindo, Jake pegou umas das sonolentas, era Sarah e a levou para casa, eu desprendi os outros dois de suas cadeirinhas e ele já estava de volta, pegou EJ e eu peguei Lisie, levamos para casa, peguei um algodão úmido e limpei o seu rosto, seu sono era tão pesado que ela não acordou, agora cada um dos trigêmeos dormia em seu próprio quarto.

Olhei para o rostinho agora sereno de Lisie, uma aflição veio em meu coração, que tipo de mãe era eu, se Jacob não tivesse os achado eu poderia não vê-los nunca mais, Lisie podia ser seqüestrada naquela estrada ou qualquer coisa de pior, EJ poderia ter se exposto, enfim, eu poderia tê-los perdido essa noite e eu nunca iria e perdoar. Quando cheguei ao quarto Jake reparou minha expressão.

— O que há meu amor?

— Ah Jake eu fico me sentindo mal por hoje, eu quase perdi nossos dois filhos, se você não tivesse os achado eu nem sei o que faria.

— Eles estão bem agora, todos estamos, é isso que importa.

— Não, eu fui muito irresponsável Jake, eles só são crianças e podia ter acontecido algo muito pior, eu sou uma péssima mãe.

— Não, você os ama e cuida deles, você é tudo que um filho podia querer de uma mãe, a única mãe que eu escolheria para meus filhos, não fique tão triste, acidentes acontecem, quantas vezes você acha que o velho Billy me derrubou do berço?

Ouvi um suspiro e um grito, nós dois corremos, Lisie havia tido um pesadelo, culpa minha, eu pensei, estava chovendo e raios cortavam o céu, ela acordou assustada, chorou um pouquinho, agarrada comigo.

— Mamãe, por favor, não me deixe.

— Meu amor, nós nunca te deixaremos — disse Jake já que eu fiquei sem ação.

— Fique comigo, aqui, eu não quero ficar sozinha — ela disse com lágrimas nos olhos, parecia muito assustada.

— Então venha conosco princesa, acho que nós três não cabemos na sua cama — disse Jake e pegou Lisie nos braços, ela dormiu conosco, entre mim e Jake e não se assustou mais.

No dia seguinte ela queria ir à casa dos meus avós, mas estava nevando, ainda assim ela insistiu muito e eu não queria negar-lhe mais nada então decidi levar-lhes de tarde, arrumei todos eles e fomos, com certeza todos os outros me achariam uma irresponsável.

Com a nossa chegada, todos foram para a sala, Emmett perguntava a Sarah quais brinquedos do parque ela mais havia gostado, Jasper me olhava estranho, ele podia ver a angústia que eu estava sentindo e transmitiu paz, Edward podia ver que eu estava angustiada pelos pensamentos de Jasper, mas não me encarava, apenas olhava para Lisie sorrindo como se ela fosse um milagre em sua frente, então, eu resolvi pensar sobre tudo que havia acontecido na noite no parque, assim eu não teria que contar, ele saberia.

— Emmett, você quer levá-los para brincar na neve? — Disse Edward e Emmett apostou corrida com as crianças até o jardim.

Todos se entreolharam agora, algo que Edward falaria que as crianças não deviam ouvir, eu já sabia o quanto era irresponsável e agüentaria sem dizer nada qualquer coisa que eles falassem de mim.

— Aconteceu alguma coisa? — Disse Bella ao notar minha expressão preocupada.

— Sim, ontem no parque.

Os olhos de todos os outros menos Edward e Jacob ficaram arregalados para mim.

— Não é o que pensam, fiquem tranqüilos— disse Edward.

— É que eu os perdi, perdi Lisie e EJ porque sou uma irresponsável, se eu tivesse ficado com eles nada disso aconteceria.

— Eu não estou entendendo nada — disse Bella.

— Não foi exatamente assim Ness, não se culpe tanto — falou Jake esfregando meu braço para me consolar.

— Ness foi comprar fichas e as crianças saíram do brinquedo e se perderam, acharam EJ rápido, mas encontraram Lisie em uma estrada — falou Edward.

— É, Lisie teve muitos pesadelos depois disso — eu confessei.

— O que mais me intrigou foi que tanto você como Jacob receberam mensagens cerebrais de onde ela estava, isso é interessante.

— Como assim?

— Desde que ela chegou aqui posso ler os pensamentos dela, talvez seu poder esteja evoluindo.

Logo Lisie entrou correndo pela porta, fugindo de EJ que estava com uma grande bola de neve nas mãos.

— Não EJ! — Eu disse quando ele atirou a bola, Lisie se abaixou e a bola ia à direção dos vasos de cristal, qualquer um de nós a seguraria antes que atingisse os vasos, mas Emmett se jogou na frente agarrando a bola e quebrando os cristais, Lisie tapou os ouvidos com as mãos por causa do barulho, eu a peguei e tirei de perto dos cristais quebrados, antes que ela se machucasse.

— Já sei, vou limpar isso antes que possa piscar os olhos — Disse Emmett, mas a nossa curiosidade estava voltada para Lisie.

— Meu amor, ontem quando você ficou perdida, a mamãe e o papai tiveram visões de onde você estava, Edward acha que você pode ter produzido essas visões, podia tentar de novo?

Ela acenou com a cabeça e Sarah entrou em casa e viu os cristais quebrados.

— O que foi isso?

— Lisie fechou os olhos e Sarah acenou.

— Puxa Emmett! Os cristais eram tão bonitos.

— Uau! — Edward disse.

— Como você sabe que foi Emmett, Sarah?

— Lisie me disse.

— Como?

— Por pensamentos — disseram ela e Edward em coro.

Elisabeth soltou uma risada orgulhosa, para ela isso já era óbvio e ela e Sarah tinham uma espécie de conexão que nenhum de nós havia percebido, descobrimos que quando Lisie mostrava os pensamentos para Sarah Edward não conseguia lê-los.

Então ela mostrou primeiro a Bella e depois a Rosalie, depois conseguiu mostrar a duas de nós ao mesmo tempo, logo ela já conseguia enviar pensamentos a todos de uma vez.

— Isso nos faz entender melhor a história, acabei de notar uma coisa que ninguém aqui sabia — disse Emmett risonho.

— O quê?

— EJ tem medo de palhaços.

— Tem razão, eu não sabia disso.

Naquele dia continuou nevando, dormimos na casa de meus avós, cada criança tinha seu quarto agora, mas de madrugada ouvi uma movimentação e espiei, Lisie e Sarah carregavam a Cama de Lisie para o quarto de Sarah, pensei em ir até lá, mas elas eram fortes apesar de pequenas, podiam fazer isso sozinhas e ainda assim não notaram minha presença, elas juntaram as camas, então eu entendi, Lisie estava com medo de dormir sozinha, talvez isso tivesse se tornado um trauma, Sarah entendia e amava a irmã e por isso havia ajudado, espiei até que elas dormissem e fui ver EJ, ele também já estava dormindo, voltei para o quarto e Jacob fingia que estava dormindo, mas ele não enganava ninguém. Pensei que depois em nossa casa eu poderia colocar um beliche para que elas dormissem juntas, se a casa não fosse tão grande eu teria feito isso, afinal essa deve ser a graça de ter uma irmã de sua idade, brincarem e dormirem juntas, conversarem até tarde e, além disso, Sarah não se importaria, nem Lisie, na verdade elas gostariam da idéia.

Minhas crianças dormiram até tarde, o dia havia sido cansativo e o dia frio lá fora não deixava ninguém com vontade de acordar, Alice disse que havia visto que nós iríamos às compras e já estava pronta quando eu me arrumei, não demoramos muito já que ela já tinha tudo planejado, liguei duas vezes enquanto fazíamos compras, as crianças estavam com minha família e Jake, não havia motivos para eu me preocupar já que meus três maiores tesouros estavam sendo guardados pelas pessoas que eu mais amo e confio no mundo, ainda assim, minha preocupação de mãe me impelia a ligar.

— Está tudo bem não acontecerá nada lá hoje — disse Alice baixando meu telefone.

Alice não gostou de nenhum dos beliches comuns, fomos para uma seção incrível com um mais lindo que o outro. Levamos para a casa da fronteira e montamos, as crianças imploraram pra ficar, Lisie agarrou Emmett e disse que não iria embora sem ele, então o único jeito foi ele nos acompanhar, assim que ela se distraiu ele foi embora, as meninas já iam levar a cama de Lisie para o quarto de Sarah, mas viram o beliche, a cama de Sarah ainda estava no quarto espaçoso, mas elas correram para o beliche com uma confusão de Eu durmo em cima! Não, eu durmo em cima.

Geralmente, quando nossos filhos brigavam, eu ou Jacob corrigíamos, separando suas pequenas brigas, como quando Lisie e Sarah discutiam por causa de uma boneca ou quando EJ brincava de pular na cama de uma delas, porém, em vezes como essa eu não precisava me meter, às vezes era bom que os deixasse resolver seus problemas sozinhos, no fim da noite elas duas conseguiram o que queriam, as duas dormiram na cama de cima juntas até que dias depois elas me pediram um calendário e eu entreguei um que tinha a propaganda da loja dos Newton e eu havia ganhado quando fora ao mercado, quando cheguei ao quarto o calendário havia virado uma tabela de rabiscos, 01Lisie, 02Sarah, 03Lisie, 04Sarah, ri com aquilo, depois vi as fotos que Rose e Esme tiraram deles, EJ não gostava muito de fotos já que elas tiravam milhares e ele estava fazendo caretas na maioria delas.

Meses depois tivemos uma visita inesperada, encontramos um garoto chamado Chris, que afirmou ser híbrido assim como eu, ele tinha mais ou menos a idade de meus filhos e andava com uma moça, seu nome era Serena, sua irmã também híbrida, conversando mais, descobri que ela era irmã de Nahuel e Chris também, mas eles não viviam juntos e Nahuel ainda não conhecia o irmão mais novo, por isso ela seguiria para a Amazônia depois de levá-lo a Johan para apresentá-los, Johan encontrou a mãe de Chris em Ohio e assim como a dos outros irmãos, a mãe de Chris havia morrido quando ele nasceu, depois de levá-lo para Johan, ela o levaria até Nahuel para que se conhecessem, Johan gostou da notícia do Nascimento de Chris, para que ele pudesse estudar se o menino seria capaz de transformar humanos assim como Nahuel, já que ele se negava a servir de cobaia para os experimentos do pai.

Chris ficou amigo de Lisie, eles brincavam juntos e eu achei que não haveria problema, quando ele teve que ir embora ela ficou triste, mas logo esqueceu, quando se é criança nada é tão duradouro.

Alguns meses depois Johan voltou com Chris, eu não quis que ele se aproximasse de nossa casa, muito menos Jake, já que anos antes ele usou de suas tentativas ardilosas para me unir a Nahuel, só que eu nunca o amei.

Mas Lisie parecia tão feliz vendo Chris novamente que eu deixei apenas ele vir até nossa casa, mantendo Johan bem longe, afinal Edward estava lá comigo e Jake e havia lido os pensamentos de Johan, depois eu o perguntaria sobre isso.

Depois que Chris foi embora Lisie ficou triste novamente, ele havia dito a ela que talvez nunca mais voltasse, mas que queria muito voltar.

Assim que eles estavam à milhas de Forks e a uma distancia segura, as crianças já dormiam e eu resolvi questionar Edward sobre os pensamentos de Johan esta tarde, aproveitando que Jacob estava patrulhando, ele logo ouviu meus pensamentos, chamou Bella para se juntar a nós.

— O que eu quero saber é o que realmente ele queria aqui, ele não é do tipo que leva uma criança para brincar, ele devia ter algo em mente.

— Sim, e você nunca adivinharia o quê.

— Fale pai.

— Ele quer Lisie e Chris, juntos.

— O que? — Eu disse furiosa — eles só são crianças e minha filha nunca iria ficar com o filho daquele maldito, ele não percebe que não o queremos aqui!

— Eu sei, Johan quer deixar ela sentir falta dele, a amá-lo desde pequena e isso evoluir já que eles crescem rápido, ele ameaçou o garoto para fazê-la ficar triste quando ele for, por isso ele disse que talvez nunca voltasse, mas que sentiria a falta dela.

— Eu não deveria ter deixado ele se aproximar, Johan o influenciou mal, odeio aquele idiota do Johan, ele quis forjar coisas para nós novamente.

— Algumas coisas não foram tão forjadas, quando Chris disse isso ele estava falando a verdade e Lisie ficou triste quando ele se foi mesmo antes de conhecer Johan.

— Lisie está acordando — falou Edward.

Subi as escadas e a espiei, ela subiu na janela esfregando os olhos com sono, passou um bom tempo ali, lendo um livro que eu havia lhe dado, depois pegou seu diário e escreveu um pouco e voltou para dormir, o diário caiu no chão e eu o peguei, estava aberto no que ela havia acabado de escrever, passei os olhos rapidamente no diário, ela não escrevia segredo algum ali, na verdade tudo que ela escrevia vinha me mostrar no dia seguinte, feliz por sua letra e escrita perfeitas.

Estava escrito: Hoje estou muito triste, queria dormir mais tive um pesadelo, não tenho mais medo, Sarah está dormindo na cama de cima e estou segura, perdi o sono, queria que Chris estivesse aqui, poderíamos brincar juntos até que eu ficasse com sono de novo, sinto a falta dele, ele é meu melhor amigo, mas não contei isso a Sarah, ela podia ficar com ciúmes já que ela é minha melhor amiga também. Chris me disse que Johan não é agradável como minha mãe, não sei o que ele quis dizer com isso, mamãe não o deixou vir até aqui então ele deve ser muito mau.

Pelo jeito Johan estava conseguindo o que queria, mas eu não deixaria isso barato, eu não permitiria, Jacob deveria saber, com o impedimento dele, se Johan chegasse sequer em Washington, Jacob iria querer matá-lo ou pelo menos fazê-lo viver do outro lado do mundo.

No dia seguinte para minha surpresa Lisie não havia esquecido esse assunto.

— Mamãe quando o Chris virá aqui de novo?

— Espero que nunca mais — eu falei sem querer.

— Não! — Ela disse correndo e chorando.

— Lisie volte aqui, Elisabeth! — Eu falei, mas ela já tinha ido para o quarto, ouvi o barulho quando ela se deitou na cama brava e então fui até lá.

— Lisie eu não queria falar desse jeito, me desculpe.

— Você não gosta dele! Ele é meu amigo e você quer que ele fique longe — disse elacruzando os bracinhos, indignada.

— Não é isso meu amorzinho, eu quero que o pai dele fique longe porque é malvado, o pai de Chris só o deixou vir até aqui para que possa se aproximar e me atormentar.

— Afinal porque ele é tão ruim?

— Eu não queria te meter nisso, mas o pai de Chris tentou fazer com que eu não gostasse mais de Jacob antes de vocês nascerem, inventou intrigas para que brigássemos, porque é muito mau.

— Mas Chris não é como ele mamãe.

— Eu não sei querida, ele está perto de Johan e não é bom pra você ficar perto dele agora, eu sinto muito, mas você tem bons amigos na reserva e tem Sarah e EJ, que serão seus amigos para sempre.

— Tudo bem mamãe — disse ela agarrando meu pescoço e se lançando em um abraço.

Logo Sarah nos viu naquela cena e correu para nos abraçar também, com a câmera do meu celular tirei algumas fotos, na primeira as duas estavam juntas na cama de baixo, na outra Lisie bagunçava o cabelo de Sarah, na terceira elas duas pulando na cama de cima, na quarta Lisie caindo, na quinta Lisie levantando rindo e Sarah oferecendo a mão para que ela subisse novamente, a sexta foto era Jacob entrando no quarto e encontrando a cena.

Agora era mais fácil cuidar deles em alguns pontos, não exigia que Jacob estivesse sempre por perto para me ajudar como quando eles eram bebê, era mais fácil porque eles já me obedeciam e já começavam a depender cada vez menos de mim, na verdade Lisie disse que queria ler para que eu dormisse já que eu já havia lido para ela durante toda sua vida, eu insisti que não, disse que Bella já havia lido muito para mim e que ela deveria continuar ouvindo minhas histórias ou lendo com Sarah.

EJ estava cada vez mais fascinado com os lobos, fazia milhares de perguntas sobre eles, Jake respondia pacientemente cada uma delas, às vezes ele perguntava a Billy, que ficava feliz por seu neto sendo tão pequeno já se interessar pelas histórias da tribo, cada vez que ele contava cada uma delas, seus olhinhos brilhavam, mais tarde Edward me disse que EJ queria ser um lobo assim como Jake e os outros de La Push, eu concordei quando comecei a reparar suas perguntas e quando ouvi uma de suas conversas.

— Papai quando um humano se torna lobo?

— Não é qualquer humano que pode, é preciso ter o gene.

— E onde se consegue um gene?

— É uma coisa de família, o mesmo sangue, eu tive os genes de lobo de Billy, que teve do pai dele e assim por diante.

— Então o vovô pode se transformar em lobo?

— Não, só se transforma em lobo se durante a adolescência de alguém com o gene, tiverem na região mais vampiros do que lobos, na época que seu avô era jovem não havia vampiros aqui, por isso ele nunca se transformou.

— Papai, quando se é a adolescência?

— Quando se é grande, quase adulto só que menor, é maior que uma criança e menor que um adulto.

— Logo depois ele voltou-se para Carlisle, que media Sarah e ele era o próximo. Carlisle o mediu riscando sua altura.

— Vovô, na adolescência onde estará meu tamanho?

— Eu não sei EJ, depende do quanto você crescer.

— Por favor, eu quero saber quanto tenho que crescer.

— Essa altura aqui é a de um jovem — Carlisle disse tocando a parte da régua desenhada que indicava 1,70 apenas para acalmar o garoto.

— E você não precisa crescer mais nada EJ, pode ser o meu bebê para sempre — eu falei e depois o enchi de beijos.

— Não mamãe — ele disse quando eu finalmente o soltei — Eu preciso ser grande e forte, assim como o papai.

Jake estava orgulhoso por o filho se espelhar nele, então eu preferi não lhe dizer que o que EJ queria era poder se transformar também, não devia ser possível, ou talvez fosse, é impossível dizer, mas o melhor é não encher o garoto de esperanças.

Logo o crescimento deles acelerou de novo, eu sentia falta de cuidar de bebês, eles agora pareciam ter seis ou sete anos, crescendo cada vez mais, Sarah já tinha cabelos tão longos que quase alcançavam a cintura, Lisie preferia cortá-los um pouco maiores que a altura dos ombros, mas Sarah amava seus cabelos longos e não queria que ninguém os cortasse, Seth a chamava de Sarah “A Rapunzel”.

Serena e Chris tentaram contato novamente, neguei qualquer forma de comunicação entre meus filhos e eles, mas não disse isso a eles, lógico.

Tempos depois eu soube que Chris havia ido viver com Nahuel, talvez ele pudesse se tornar uma boa pessoa, com influência de Nahuel e sua tia, sem Johan por perto.

EJ estava contente com sua nova atividade de fazer perguntas e seguir Jake onde quer que fosse, Sarah e Lisie estão muito próximas, sempre estão conversando com seus pensamentos misteriosos ou correndo pela floresta, às vezes elas começavam a criar uma nova decoração para o quarto, uma das paredes estava repleta de desenhos que juntos formavam um paisagem, Sarah desenha muito bem, Lisie é muito criativa, dá idéias de cores e o que desenhar e como deve ficar no final, ela também começou a ficar muito ciumenta, principalmente quando Sarah a trocava para correr com Seth, talvez porque Sarah era sua única amiga de sua idade.

Reparei que Jake havia chegado com EJ, o garotinho estava emburrado e tentou correr para o seu quarto, mas Jake o segurou o fazendo ir para a sala e eu estava no quarto no andar de cima.

— Você já sabe EJ.

— Eu sei papai, não contamos a mamãe.

— Shiu!

— O que aconteceu EJ? — Eu perguntei, mas ele continuou calado — Jacob?

— Não é nada meu amor.

— Eu ouvi vocês dois cochichando.

— É conversa de homem mamãe, somente para os homens da casa.

Fingi não ligar e subi as escadas novamente indo para meu quarto.

— Ei Ness— disse Jake se aproximando — Não seja tão curiosa, eu prometi a ele que não contaria, não quero quebrar minha palavra com meu filho.

— Pode contar papai, não quero que ela fique brava com você.

— Volte para seu quarto filho.

EJ foi embora e Jake começou a falar.

— Eu conto, mas você tem que prometer não pirar.

— Conte logo, que conversa é essa de segredo.

— É que EJ quis ir hoje comigo, mas eu o deixei na casa de Billy, conversando e ouvindo as lendas intermináveis, só que ele me seguiu de longe e quando um dos novatos estava se transformando por pouco não o acertou quando ele se aproximou de repente, ele não se machucou, é lógico, mas foi um grande susto.

— EJ! — Eu gritei.

— Ness eu já conversei com ele, não brigue mais, ele já está mal por ter me causado problemas.

— Ok, ok — eu disse inspirando e expirando para me acalmar.

— Jake eu tenho que confessar.

— Confessar o quê?

— Meu pai me disse que EJ quer ser um lobo também, assim como você, é o maior sonho dele, por isso ele faz tantas perguntas e faz tanta questão de ouvir Billy.

— Eu meio que suspeitava disso.

— Acho que no fim ele ficará decepcionado, afinal a parte vampira dele não o permite se transformar em lobo.

— É, ainda assim não devemos falar isso a ele, ele esquece rapidinho, só é preciso que eu evite um pouco as investidas dele, quanto as histórias da tribo ele está liberado para ouvir, Billy adora contar e está tão velho e doente, a companhia de EJ o alegra demais, minha irmã cuida de Billy mas ele está cada vez pior, a velhice está acabando com ele.

— Sinto muito Jake— eu disse e o abracei forte.

— Eu também meu amor, eu também.

O tempo continuava passando, escorrendo como areia em minhas mãos, meus bebês, minhas crianças já estavam tão crescidos, EJ ainda acompanhava Billy, tinha um amor incondicional por seu velho avô que mal podia sair da cama, Liz e Sarah cada vez mais lindas, os garotos novos da reserva já as admiravam, Jake ficava possesso com isso, eu acho engraçado, sua cara e seu ciúme. Suas personalidades não mudaram muito, Sarah continuava tímida e muito ligada a Seth só que Lisie não sentia mais ciúmes e seu dom já era extremamente natural para todos nós.

Lisie e Sarah andavam juntas, algumas vezes a La Push.

Ponto de vista de Lisie.

Sarah me chamou para ir a La Push, pensei em não ir, era o inverno mais rigoroso em 100 anos, todos os humanos pareciam preocupados na TV, nas ruas não se via ninguém, apenas a imensidão branca, mamãe pediu que não saíssemos, seria estranho duas garotinhas andando tranquilamente no frio de rachar.

Geralmente Sarah era a mais séria, a mais responsável e a que não concordava com as minhas brincadeiras nem com as de EJ, mas ela disse que estava com saudade de La Push e de nadar e pular na água, além disso, deveria ser lindo ver as águas congeladas então aceitei.

Sarah foi para a casa de Seth, eles conversavam animadamente, eu não tinha muito assunto com eles e resolvi caminhar na praia, as águas congeladas tinham um aspecto encantador, ao fundo eu podia ver os penhascos que se estendiam como agulhas congeladas nas pontas, eram uma lâmina preta contra o céu escuro, decidi ir até lá, logo Sarah esqueceria Seth e viria atrás de mim.

O caminho se tornou simples, não era difícil chegar até lá, no topo, o vento urrava e fazia meus cabelos voarem, as nuvens se mexiam tão depressa e ainda assim eu não sentia frio, o gelo lá embaixo, tão bonito e parecia resistente, como um lugar para patinar, pulei, o gelo não me afetaria nem causaria frio e minha força incrível me ajudaria em casos de dificuldade.

Eu não esperava que fosse tão fino, caí na água no instante que pulei, — Que droga! Eu exclamei batendo os pés por ser uma ótima nadadora, só que milhares de pedaços finos de gelo estavam em meu caminho e cada vez que eu encostava, eles derretiam, pior ainda, havia pessoas na praia e a água funda e gelada encharcava minhas roupas, mais uma vez eu estava encrencada, além disso, do alto do penhasco grossas camadas de neve começam a cair sobre mim.

— Lisie? Lisie? — Ouvi os gritos de Sarah.

— Estou aqui.

Vi que na parte mais baixa do penhasco Sarah estava montada sob o lobo.

— Lisie como você foi parar ai?

— Eu não sei.

Logo ela voltou com uma corda, por meio dela consegui me guiar até a parte que devia escalar, então não precisei mais da corda, apenas cravei meus dedos na rocha e fui subindo.

— Lisie!— ela disse me abraçando.

— Ai, eu estou toda molhada.

— Mamãe vai perguntar se você chegar assim, acho melhor eu ir primeiro, pegar umas roupas secas.

— Ok.

Fomos até a frente da casa de Seth e não demorou muito pra que ela voltasse, segui para casa com ela, mamãe não percebeu nada, mas Jacob saberia pelos pensamentos de Seth e eu sabia que a coisa pesaria para o meu lado depois.

Esperei o dia todo com medo da hora que minha mãe soubesse.

Saraaaaaaaaahhhhhhhhhh! Elisabeeeeeeeeeeeeettttttttth!

— Ih! Ferrou tudo — falei.

— O que vocês têm contra ouvir quando eu disser pra não irem lá, vejam como tudo acabou mal.

— Desculpe mamãe — dissemos em coro.

— Não achem que vou facilitar por causa disso, sabe o risco que correu Lisie! , podia morrer, se machucar de verdade, se expor ou tudo mais.

— Sim mamãe, desculpe.

— E você Sarah? Sempre foi a mais responsável e agora esta sujando seu histórico, que lindo.

— Desculpe mãe.

— Espero que não façam, jamais, isso de novo.

— Nós prometemos solenemente.

— Tudo bem, ainda bem que estão bem, ela beijou meus cabelos e disse: — Minha pequena Lisie, porque tudo tem sempre que acontecer com você?

Depois ela foi embora, Sarah ficou meio abatida, na verdade, EJ e eu sempre tomávamos broncas, e essa foi uma das raras vezes que isso aconteceu com ela.

— O que há Sarah?

— Nada não.

— Não acredito que esta chateada só por causa disso.

— Que historia é essa de prometer solenemente que fez ela se acalmar? — ela disse mudando de assunto.

— É que quando eu ou o EJ aprontamos e depois prometemos solenemente nunca faremos a mesma coisa de novo e ela sabe disso.

O tempo passou e anoiteceu, tomei banho e Sarah melhorou seu humor depois de algumas horas. Dormi, havia ficado cansada.

Ponto de Vista de Renesmee:

Minhas filhas estavam me preocupando, Lisie sempre foi brincalhona, sempre se mete em confusão, minha pequena azarada, é o que eu penso, sempre há maior chance de algo errado acontecer com ela do que com os outros e isso me dá grandes sustos.

Quando contei a Bella sobre o que Lisie se meteu e como eu achava que acidentes tendiam a acontecer mais com ela do que com os outros ela riu muito, disse que quando era humana era ainda pior e que enquanto namorava meu pai, vivia caindo e quebrando ossos e se machucando, ainda deixou escapar que certa vez quase foi atropelada por uma vã que a mataria e ele a salvou.

As crianças brincavam lá fora e todos os outros estavam na sala, eu estava sentada ao lado de Jacob quando Alice teve uma visão, Jasper que estava do lado dela pegou sua mão e Edward correu imediatamente, eu não entendi isso, deveria ser importante.

— Não, de novo não — Edward exclamou, isso me deixou preocupada.

— Eu não consigo ver o que querem, é complicado.

— Quem?

— Os Volturi.

Engoli em seco, mas meus olhos se encheram de lágrimas no mesmo instante.

— O que eles querem?

— Não consigo ver Nessie.

Decidi sair um pouco com Jake apesar do meu nervosismo, seria mais fácil para ela ver qualquer coisa, quando eu voltasse os questionaria.

Fomos a La Push visitar o velho e doente Billy, passamos algumas horas por lá, a irmã de Jake cuidava de Billy, ela e Paul tiveram um imprinting há muito tempo, agora eram casados, moravam lá também, a velha casa já havia passado por uma reforma alguns anos antes, estava maior.

Voltamos para a casa da fronteira.

— Jake, eu preciso ir até a casa de meus avós, Alice já deve saber o que os Volturi querem e eu preciso saber.

— Eu quero ir com você, você precisará de apoio e também preciso de informações, para alertar as matilhas.

— Jake, fique, eu não quero que as crianças saibam, também não podemos deixá-las sozinhas.

— Ok, tudo bem, mas volte logo. — Ele disse e me abraçou, era tão quente e seguro, mas tive que ir.

Quando cheguei próxima a porta para sair Lisie me observava sentada em frente a casa balançando as pernas.

— Aonde vai mamãe?

— Eu volto logo.

— Vai a casa do vovô não é?

— Também.

— Eu vou também.

— Não querida, hoje eu irei sozinha.

— Por favor, por favor.

— Hoje é o dia de vocês ficarem um pouco com o papai, cuide dele e não deixe EJ fazer bagunça, ok?

— Ok! Disse ela sorrindo e voltou pra casa, então eu pude seguir.

Quando cheguei a frente da grande casa meu coração estava apertado, eu não sabia o que fazer.

— Ness— disse Bella quando eu entrei.

— Alice, o que você viu?

— Eles não demorarão Renesmee, chegarão amanhã.

Chorei compulsivamente, eu já suspeitava o que eles queriam, EJ, Sarah, Lisie, eu porque muitos anos atrás eu havia visto os Volturi, algo que eu jamais quis que meus filhos presenciassem.

— Calma Ness— Dizia minha mãe preocupada.

— Eles vão levá-los, eu não posso deixar — falei ainda soluçando.

— Eu vou trazê-los até aqui querida e avisar a Jacob disse o meu pai já que eu não tinha condições de sair.

Logo eles chegaram, Jake com seu olhar preocupado e as crianças correndo, elas vieram direto para mim.

— Mamãe, porque está chorando? — Disse Lisie e enxugou uma de minhas lágrimas.

— O que houve mamãe? — Disse Sarah parecendo preocupada.

— Quem te fez chorar? — Disse EJ.

— Não é nada meus amores, eu apenas estava ficando com saudade de vocês.

— Mas agora estamos aqui mamãe — disse Lisie e se jogou no meu colo, os abracei e beijei tanto quanto foi possível.

Depois que as crianças foram dormir conversei com Jacob sobre o que contar a elas, decidi dizer apenas que conheceriam alguns vampiros novos amanhã.

— Qual o nome deles mamãe?

— São muitos, conhecidos como Volturi.

— Volturi, os do quadro do vovô Carlisle?

— Sim, eles mesmos.

— E que eles querem aqui?

— Eles mandam no mundo dos vampiros EJ, se um vampiro se mostra para os humanos eles tem que agir — Disse Sarah.

— Mas ninguém aqui se mostrou para humanos e como eles irão agir?

— Shiu, não sabemos, mas não pensaremos mais nisso, eles chegarão hoje.

As crianças estavam assustadas, mas ainda assim fomos, no mesmo lugar que anos atrás aconteceria uma grande batalha.

Logo Aro foi ao centro de tudo, entre nós e os seus, totalmente confortável.

— Ora, Ora, Ora, que desagradável nos vermos novamente em tal situação — Disse ele.

Elisabeth era a mais assustada, estava atrás de mim e me abraçava, tremendo de medo, EJ. Impressionantemente estava sorridente, no meio de todos os lobos, cheio de confiança, Sarah estava ao meu lado, segurando a minha mão e me olhando de vez em quando com olhos questionadores.

— Aro, o acordo não foi quebrado, as crianças são como Renesmee, seu crescimento e controle são possíveis.

— Isso é o que veremos, traga-os até mim para que eu possa ver suas mentes.

Quando eu dei um passo à frente Elisabeth se apertou ainda mais em mim, ao perceber que iríamos em frente ela começou a chorar, isso quebrou o meu coração em milhões de pedaços.

— Mamãe não me leve até ele, eu tenho medo — ela dizia entre soluços e eu não sabia o que dizer.

— Lisie não chore, você não é mais um bebê, se estamos aqui é porque devemos estar — disse Sarah.

Elisabeth enxugou as lágrimas e ainda nervosa caminhou comigo.

Aro estendeu a mão, Lisie deu a mão para ele, após alguns segundos ele exclamou:

— Incrível! Mais um escudo.

— Mais algum é talentoso?

— Todos nós somos escudos, somos gêmeos, isso é perfeitamente lógico e aceitável — Disse Sarah e no mundo inteiro não poderia haver uma atriz melhor que ela, sua mentira foi convincente.

—Oh!

—Tenho certeza que vocês, Os Volturi, como reguladores da ordem entre os vampiros, devem ter evidências ou denuncias a apurar nas proximidades já que não há nenhuma irregularidade aqui.

—Sim pequena, nós seguiremos para o sul, para apurar algumas denúncias, desde já aviso que estaremos atentos.

—Adeus, nós ficamos gratos pela sua atenção e desejamos os mesmos sentimentos.

Assim os Volturi foram embora e todos nós ficamos embasbacados com a habilidade de discursos da garotinha. Claro que Lisie não era um escudo, ela bloqueava apenas seus pensamentos, mas aro não sabia disso, nem precisava saber.

O que se seguiu foram muitos e muitos beijos e abraços, ainda estou impressionada com Sarah, dentro de sua personalidade tímida há uma mini adulta, madura e cheia de discursos pronta pra agir quando precisamos, é engraçado como subestimamos os filhos, quem diria que uma criança serviria de diplomata para vampiros assassinos?

Jake se aproximou como lobo, esfregou sua cabeça em Sarah, Elisabeth ainda estava assustada, em choque, ainda não tinha se mexido nenhum centímetro e apertava minha mão com toda força.

— Lizie meu amor tudo está bem agora, pode relaxar, estamos seguros.

Sua expressão suavizou mais suas mãos continuavam a tremer, todos seguimos para casa de meus avós, Esme deu um chá de camomila a ela, mais suas mãozinhas tremiam tanto que a xícara parecia quase cair a todo instante.

Repentinamente, a temperatura dela subiu muito mais que o normal e poucos segundos depois caiu demais, Carlisle tentou examiná-la, disse que isso deveria ser uma espécie de febre ou queda de temperatura emocional, que ela era muito jovem e a pressão havia sido muita.

Graças aos céus o mesmo não aconteceu com meus outros dois pequenos, EJ. Provavelmente só se lembrará de estar com a matilha completa, as duas matilhas, sorridente e se sentindo um líder, Sarah nunca teve traumas, apesar de ser a mais tímida mostrou-se desinibida e capaz, o que me encheu de orgulho.

As crianças não ficavam doentes nunca, eram imunes a qualquer tipo de vírus ou doenças, mas eu deveria saber que ninguém é imune a emoções.

Lisie passou o resto do dia muito assustada e a noite também, fizemos um grande acampamento para divertir os trigêmeos, ainda assim ela não desgrudou de mim, sempre olhando para os lados.

Aos poucos a rotina foi se normatizando e Lisie melhorou também.

Minha pequena Lisie, como sempre a mais prejudicada, na maioria das vezes, as coisas desastrosas que acontecem com ela são motivo de risada para ela e os irmãos, mas ela vai crescer, tenho muito medo que sofra por isso.

Até mesmo o quadro de Carlisle que as crianças costumavam admirar lhe causava arrepios e ela nuca passava por ele sozinha, muito menos olhava.

O tempo foi passando e minhas pequenas crianças já eram adolescentes, lindas moças e um lindo rapaz, eu estava feliz com sua criação, eram pessoas de bem.

Certo dia meses depois EJ. Viu um vampiro nas redondezas, como sua coragem era sem limites, o perseguiu para ver se era um Volturi.

Jacob ficou furioso, e eu teria um ataque se pudesse, como o meu frágil EJ poderia enfrentar um Volturi?

Nesse dia fiquei tão preocupada que não vi quando nenhuma das meninas entrou ou saiu.

No dia seguinte Alice teve uma visão, de nossos amigos do clã de Denali e um vampiro novo com eles, Lisie parecia nervosa, ansiosa de acordo com Jasper, talvez ela pensasse que era mais um Volturi.

Assim como na visão, uma semana depois eles chegaram, o que divertiu e incentivou a todos, já que o novo vampiro, Henry, precisava de ajuda para expandir seus poderes.

Lisie fez uma amizade com ele e em pouco tempo já eram inseparáveis, o que me preocupou um pouco quando ele foi embora.

No dia seguinte eu não a vi o dia inteiro, devia estar mesmo triste como Rosalie disse, á noite pedi que Sarah fosse até o tronco das árvores ocas conversar com ela.

Só que Sarah também não voltou, decidi ir até lá e dei de cara com Sarah no caminho.

— Mãe, Lisie não está em parte alguma!

Fui até lá também, ela não estava, nem em La Push, nem em casa, nem na casa dos avós, nem da de Charlie, onde quer que ela esteja seria a milhas e milhas de distância.

Entrei em desespero, pensando que algum Volturi pudesse tê´-la pego como vingança por todos esses anos.

Nenhuma de minhas ligações foi atendida, nem minhas mensagens, logo que todos da família souberam que ela sumiu,Jasper, Edward e Emmett seguiram a visão de Alice, nela, eles três a encontravam, eles foram à frente e Rose, Bella e Carlisle e eu seguimos de carro.

Quando estávamos próximos ao caminho que levava a Denali Carlisle resolveu ligar para lá, era certo de que ela estivesse em Denali.

Assim como pensamos ela estava lá, Carmem nos confirmou tudo.

Isso me trouxe um misto de sentimentos que não consegui sequer identificar, mas decepção era o maior deles, como Lisie, tão dependente e apegada a nós, tão cheia de medo pelos desastres que lhe aconteciam poderia nos deixar para trás assim?

Com certeza havia sido o garoto, Henry, com sua lábia de vampiro soube exatamente como trazê-la para cá e ela como uma eterna bobinha veio, era exatamente isso.

Lágrimas de raiva saiam de meus olhos, Bella pegava minha mão e dizia que estava tudo bem, que Lisie estava sã e salva e que havia sido só uma fuga adolescente.

Quando vi a expressão martirizada de Lisie quando chegou perto do carro minha raiva virou pó eu só queria abraçá-la e ouvi-la dizer que isso nunca mais aconteceria.

— Nunca mais faça isso! — Eu disse, enxugando as lágrimas e puxando Lisie pra dentro do carro.

Ela permaneceu o caminho todo calada, ainda assim tinha lágrimas nos olhos.

Ao chegar a casa nada mudou muito ela continuava triste e irritadiça, nenhuma das minhas investidas deu certo, ela negava qualquer coisa que propusemos.

Com o passar dos dias só fazia piorar, às vezes eu pensava o quão dramática ela era, mas estava me preocupando de verdade.


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Notas finais do capítulo

Apenas aqueles que leram até o final saberão meu nome real, muahahha.
Vívian.



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