Ao Cair da Noite escrita por Katy Clearwater


Capítulo 20
Capitulo dezenove: Visitante




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Capitulo dezenove: Visitante


Jake

    Eu admirava Bella e Sunny dormindo, mas o sono não me atingia. Estava em total inquietação com tudo. Eu sabia que não era só devido à briga, a Maika e a tudo, além de todos os meus problemas era como se algo sobrenatural tomasse meu sono.

   Levantei devagar da cama, e vi Sunny se mexendo incomodada. Fazia frio demais essa noite e a falta do meu calor na cama com certeza fez muita diferença. Esperei alguns minutos e como nenhuma das duas acordou desci para beber um copo d’água.

    Charlie roncava sonoramente na sala e isso me trouxe um leve sorriso, a vida assim lembrava de longe a normalidade. Lembrava também minha época de namoro com Bella. Sempre esperávamos o Charlie roncar antes de eu entrar para dormir com ela. E eu sempre acabava pulando pelado pela janela... As lembranças me acalmaram um pouco, mas nada que fizesse aquela sensação de algo errado passar.

    Se eu estivesse em forma de lobo tenho certeza que poderia farejar o problema de tão próximo que o sentia. Devia ser stress só pode!

    Subi dois degraus da escada... Eu vi o terceiro degrau antes de apagar, antes de sentir como se meus ossos estivessem sendo arrancados e tudo que restava de mim era um saco de carne vazio. O gosto de sangue preencheu minha boca e antes de ouvir Bella me chamando uma voz diferente, mas conhecida sussurrou primeiro, Leah.

- Jake, o que houve? – a voz de Bella começa a se sobressair e Sunny me olhava assustada do colo de Charlie. Eu estava de olhos abertos, mas ainda não conseguia falar. – Jake você gritou e caiu no chão, o que houve? – eu não me lembrava de ter gritado, se não estivesse deitado no chão não me lembraria de ter caído. – Jake?!

- Eu estou bem. – eu mesmo me impressionei com a minha voz. Ela parecia não ser minha. Eu estava passando muito mais convicção do que realmente tinha.

    Deixei Bella pensar que estava me ajudando a levantar e fiquei de pé. Agora eu sabia de onde vinha a inquietação. Tinha acontecido alguma coisa com Leah e alguma coisa grave.

- Eu preciso procurar a Lee. – Bella me olhou assustada enquanto pegava Sunny do colo de Charlie.

- Jake são três da manha e você acabou de ter um piripaque... De novo! – os olhos de Bella brilhavam com lágrimas enquanto ele falava e Sunny se jogou no meu colo e me abraçou.

- Dodoi. – ela disse alisando meu braço que a segurava.

- Jake não vai embora, por favor. – Bella tentava segurar o choro, mas as lágrimas vinham da mesma forma.

- Eu não vou embora! Eu só vou procurar a Lee e volto para você. – entreguei Sunny no seu colo e sai antes que o choro das duas me impedisse.

   Deixei minha calça na varanda e entrei na floresta já me transformando. Deixei meu lado lobo me guiar, na verdade meu lado alfa. Eu sabia que a voz que sussurrou o nome de Leah para mim era de um dos nossos ancestrais. Eu acho que passei tanto tempo me preocupando apenas com o peso do imprinting que me esqueci de outras implicações e responsabilidades de ser lobo, de ser lobo alfa. Se algo acontecesse com a Lee, eu nunca irei me perdoar.

   Fui conduzido até a praia de La Push e o cheiro do mar dificultava o olfato, mas não precisei sentir o cheiro de nada para saber o que estava errado. De muito longe escutei uma criança chorando... Harry! Corri em sua direção e de longe parecia que ele estava próximo ao amontoado de areia, só quando me aproximei vi que o amontoado de areia era o corpo de Lee.

   Apenas de olhá-la eu sabia de onde vinha a dor que eu senti. Voltei a minha forma humana e me aproximei mais do corpo de Lee. Harry estava bem próximo a ela tremendo de frio, sim ele tremia de frio porque ela estava completamente gelada. A respiração de Lee era muito lenta, ela estava fazendo força para viver.

    Abaixei-me ao seu lado e peguei Harry no colo. Eu precisava levá-lo para algum lugar, mas também não podia deixá-la ali. Enquanto eu me desesperava com a minha indecisão, Leah murmurou de dor. No inicio achei que fosse isso, mas logo percebi que ela queria me dizer algo. Coloquei o ouvido perto da sua boca, mas ela não disse nada. Apenas apontou para as árvores que deveriam estar na entrada da floresta.

    Aquela parte das árvores estava totalmente destruída, vários dos troncos partidos estavam cobertos de sangue, o sangue de Leah, levantei ainda com Harry no colo e caminhei entre as árvores derrubadas. Logo percebi que os troncos formavam um tipo de cercado e no meio dele havia três buracos, em cima de cada buraco uma pedra manchada de sangue, só que as manchas eram mais que isso. Era meu nome, o de Bella e Sunny.

   Eu não sabia se deveria sentir mais ódio do que medo. Eu sabia que tinha sido um sanguessuga. Seu fedor estava espalhado por toda floresta, mas qual? Eu reconheceria o cheiro dos Cullens... Mas porque os Cullens fariam algo assim? Será que Edward... Não! Ele faria isso comigo, mas não envolveria a Bella ou Sunny.

    Voltei para Leah e a peguei com um braço enquanto carregava Harry no outro. Em passos humanos eu iria demorar muito mais para chegar a casa dela, mas não podia arriscar deixá-la aqui e buscar ajuda.

   Andei o mais depressa que pude até a casa de Lee, antes que eu chegasse à varanda Embry já corria em minha direção.

- O que houve? – Embry pegou Lee dos meus braços e a levou para dentro de casa sem que eu tivesse chance de responder.

   Enquanto Embry cuidava da Lee peguei uma roupa qualquer na lavanderia e dei um banho em Harry. Ele parecia estar em estado de choque. Depois do banho ele estava deitado no meu ombro totalmente calado, mas eu sabia que ainda estava acordado e chorando. Embry estava fora de si também, por isso eu mesmo liguei para o Dr. Cahil depois de cuidar do Harry.

   Em menos de vinte minutos ele já estava lá cuidando da Lee. Embry aguardava comigo na sala ainda desolado. Harry parecia colado a mim e não se movia. O coloquei sentado no meu colo e ele me olhou assustado como se temesse que eu o soltasse, eu pensei em soltá-lo, mas aquele olhar me reprimiu. Já se passavam horas desde que havia chegado aqui com a Leah, o dia começava a clarear e eu precisava avisar a Bella onde eu estava.

- Jake, o que aconteceu? – Embry perguntou sem me olhar depois de horas de silêncio absoluto.

- Eu a encontrei na praia, ao que tudo indica foi um ataque de vampiro.

   Embry levantou os olhos e ia me dizer algo, mas fomos interrompidos pela chegada do Dr. Cahil.

- Como ela está? – Embry perguntou visivelmente transtornado.

- Nada bem. – Embry subiu as escadas correndo sem deixar o médico terminar de falar.

- O que isso quer dizer exatamente? – perguntei tentando controlar meu desespero.

- Quer dizer que o estado da Leah é instável. Ela não reagiu bem às transfusões de sangue. O metabolismo de vocês é acelerado demais para qualquer transfusão e se eu tentar colher sangue de um de vocês vai coagular antes mesmo de eu terminar o procedimento. Não acho que ela vá chegar até essa noite, sinto muito. – Dr. Cahil me encarava visivelmente desolado e saiu da casa sem dizer mais nada.

Bella

    Meu pai tomava uma xícara de café enquanto Sunny espalhava mingau por toda cozinha. Eu não prestava muito atenção nem na bagunça da Sunny e nem nos olhares sugestivos do meu pai, já era de manhã e nada do Jake! Era nisso que eu prestava atenção.

- Olha! – Sunny gritou virando a tigela em cima do meu pai.

- Lindo neném. – meu pai disse e ao invés de brigar com ela, riu.

- Pai! Não fala lindo, isso é muito feio. Sunny, o que a mamãe já disse sobre jogar as coisas? – eu estava irritada e acabei sendo mais ríspida com ela do que de costume.

    O resultado foi ela abrir um berreiro por causa de nada.

- Sunny o que você fez foi muito feio e eu não vou ficar menos brava com você só por causa desse biquinho fofo. – ela se virou para o meu pai com carinha de coitada e eu já senti que ela tinha arrumado um novo bajulador.

- Você não fez isso comigo porque não teve chance, mas acho que toda criança joga as coisas para cima. – meu pai defendeu.

- Pai... – eu estava prestes a começar um discurso sobre educação com meu pai quando ouvi alguém bater na porta.

   Corri pensando que fosse o Jake, mas quando abri deparei-me com outra surpresa.

- Olá! – Alice gritou saltitando para dentro e fechando a porta atrás de si.

- Olá? – perguntei achando que estava vendo uma miragem.

- Sim, olá! É aquela palavra que as pessoas usam para se cumprimentar. – Alice abriu um sorriso amarelo e antes que eu dissesse algo correu para cozinha.

- Alice? – escutei meu pai com o mesmo tom surpreso que o meu.

- Olá, Charlie.  E oi para você também, bonequinha da titia. – Alice pegou Sunny do colo do meu pai e o choro parou como mágica.

- Alice, ela está toda melada. – eu disse quando cheguei à cozinha e vi a cena.

- Não tem problema nenhum, num é princesa. – Sunny e Alice pareciam duas crianças brincando e até meu pai riu quando as viu.

    Eu ia reclamar com Alice quando ouvi a porta batendo. Corri para o corredor e dessa vez sim era Jake. Ele estava com uma aparência desolada, chorava cabisbaixo...

- Jake o que houve? – ele apenas me abraçou sem dizer nada.

   Eu sabia que meu pai e Alice nos observavam, mas nada disseram. Ficamos num silêncio mortal por alguns minutos até que Jake me puxou pela mão e se sentou na escada me colocando ao seu lado.

- A Lee foi atacada ontem.

- Atacada? Atacada por quem? Ou melhor, pelo que? – Jake não precisou me responder com palavras. Apenas seu olhar me respondeu, vampiros.

- Quando chegou? – Jake perguntou se dirigindo a Alice.

- Chegamos ontem à noite. – Alice responde defensiva.

- Chegamos? – me intrometi, mas Jake levantou se colocando a frente de Alice.

- Alguém estranho veio com vocês?

- Não! Só nossa família.

- Tem certeza? – Jake deu um passo à frente mais agressivo e Alice se colocou mais na defensiva ainda com Sunny no colo.

- Tenho! – ela respondeu incisiva.

- Eu posso saber que diferença faz se Alice e a família dela chegaram à cidade ontem ou não? – meu pai perguntou inocente e Jake e Alice se afastaram.

- Nenhuma, Charlie. – Jake subiu as escadas visivelmente nervoso.

- Alice, como assim chegamos? – agora era a minha vez de ficar nervosa.

- Viemos, eu e a família toda. Eu sinto muito... Achamos que ia ser uma surpresa boa.

- Não é que não seja boa, só que... Eu vou ver o Jake, fica com a...

- Eu fico com a Sunny. – Alice me deu um sorriso triste ao responder.

    Deixei Alice, meu pai com Sunny e subi atrás do Jake. Ele estava no quarto sentado na cama chorando inconsolável.

- Jake a Lee...

- Ainda não. – ele respondeu a minha pergunta implícita.

- Quanto tempo? – perguntei me sentando ao seu lado e segurando sua mão.

- Até a noite segundo o pai da... O Dr. Cahil. – Jake desviou o olhar e eu não quis perguntar pai de quem.

- Eu... – eu não sabia o que dizer. Jake deitou no meu colo desolado e eu o deixei chorar até dormir.

   Quando desci meu pai já tinha saído e Alice tentava distrair Sunny com uns desenhos na TV.

- Desculpe, pelo stress. – Alice sorriu para mim quando me sentei ao seu lado.

- Sem problemas. Eu sei que sei marido é esquentadinho. – ela fez gestos com as mãos enquanto virava os olhos e isso me fez sorrir de leve. – O que houve? – Alice viu o clima pesado que pairava sobre mim.

- Tirando que eu fui expulsa da reserva, fiz meu pai e a Sue se separarem, o Jake é o odiado número um dos Quileutes... Acho que é só o fato da Leah estar morrendo enquanto conversamos. – sem perceber eu estava aos prantos.

- Há quanto tempo você voltou mesmo? – Alice tentou fazer graça, mas vendo que eu só iria chorar me abraçou. – Amiga os lobos se regeneram facilmente, como a Leah está morrendo?

- Jake disse que ela foi atacada por um vampiro e que o médico que a examinou disse que ela não passa de hoje.

- O único médico no qual eu confio se tratando de monstros é o Dr. Carlisle Cullen. – Alice levantou e pegou seu celular na bolsa. – Não vão permitir nossa entrada na reserva. Peça para o Jake levar a Leah para mansão o mais rápido que puder. Eu vou na frente e levo a Sunny. – olhei para minha filha que me olhava assustada enquanto eu chorava.

- Acho melhor ela ficar comigo Alice. Tem sido meio... Complicado esses dias. – Alice não gostou, mas entendeu minha posição e saiu apressada.

    Peguei Sunny e subi as escadas para acordar o Jake. Ele dormia profundamente, parecia tão tranqüilo que tive pena de acordá-lo.

- Jake... – chamei baixinho e coloquei Sunny na cama. – Jake? – chamei mais uma vez e Sunny tentando me ajudar tacou o brinquedo no rosto dele.

- Aí... – ele acordou assustado, mas com um sorriso no rosto. – Ela é bem mais eficiente que você em me tirar da cama. – sorri por vê-los assim entrosados tão rápido.

  Sunny pulou no colo de Jake assim que ele sentou na cama. Mesmo vendo que Jake estava alegre a lembrança de Leah logo o desanimava.

- Jake, Alice disse que Carlisle pode dar uma olhada na Leah e...

- Eu faria qualquer coisa. – Jake murmurou cabisbaixo.

- Então eu dirijo.

   Saímos de casa as pressas e após alguma resistência por parte de Embry conseguimos levar Leah para mansão. Eles ainda não tinham avisado ninguém na reserva e pediram descrição por parte do Dr. Cahil. Eu percebi que o médico não ficou muito feliz em ver que os rapazes iam procurar uma segunda opinião, mas concordou em guardar segredo sobre a condição de Leah.

   Quando chegamos à mansão Carlisle e Jasper nos esperavam a porta com uma maca. Embry deixou Harry com Jake e acompanhou Leah para dentro da mansão.

- Bella, querida. – Esme me abraçou assim que me viu entrando com Sunny. – Olá Jake. – ela disse cordial.

- Oi. – Jake respondeu também cordialmente e nos sentamos na sala para esperar.

   Esperamos menos do que imaginávamos e logo um Embry esperançoso surgiu nas escadas.

- Tem um jeito.  – ele disse sorrindo para Jake e subiu novamente.

   Eu e o Jake o seguimos para o andar de cima e entramos em um quarto que havia sido adaptado em enfermaria. Carlisle e Edward preparavam duas macas lado a lado.

- Bom, então eu vou ficar aplicando o anticoagulante em uma veia e na outra faremos a coleta do sangue para transfusão. – Carlisle estava visivelmente preocupado com isso.

- Peraí! Eu não sou médica, mas anticoagulantes por muito tempo não vão causar uma hemorragia? – perguntei olhando para Edward.

- Sim. – ele respondeu serio.

- Mas é a única forma. A Leah está muito debilitada e mesmo com as transfusões que já recebeu seu metabolismo ainda não conseguiu força o bastante para se regenerar.  É tipo uma “chupeta” no sistema imunológico dela. Vai dar certo! – Embry estava tão animado que eu não quis continuar a falar dos riscos disso.

- Eu faço! – Jake entregou Harry para Embry e se dirigiu a maca.

- Não! Eu vou fazer! – Embry se manifestou irritado, mas Jake o olhou friamente.

- Você vai ficar com o Harry e vai cuidar da Bella e da Sunny caso isso dê errado. Isso é uma ordem.

   Jake deitou na maca ao lado de Leah e enquanto Edward o preparava Carlisle nos colocou para fora do quarto.

- Carlisle isso é seguro?

   Carlisle não me respondeu antes de fechar a porta na nossa frente. Fiquei parada encarando a porta fechada. Agora era tudo ou nada! Eu e Embry nos encaramos e ambos sentamos na porta do quarto. Seja lá o que saísse por aquela porta daqui algum tempo, mudaria nossas histórias para sempre.


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Notas finais do capítulo

N/A: Eu tenho até vergonha de fazer nota rsrsrs. Mas ok, eu sei que eu sumi, que eu sumo. Mas eu vou tentar não fazer mais isso. Ritinha (beta de Unchained/PDA) gritou comigo, Ale (beta de Simple Love) gritou comigo até a Prieh (beta de Prazer) gritou comigo mimimimimi.Gente eu to devendo a muito tempo esse cap e eu sei que não ficou perfeito, mas eu to enferrujada...rsrsrsrs. Vou me aprimorar.Tentando reparar mais uma falta quero oferecer esse cap para Juh_Winchester. Minha linda, desculpa a demora!Bjs e se puderem e ainda me amarem o bastante para me deixar um review, agradeço...rsrsrsrsKaty Clearwater.