Ao Cair da Noite escrita por Katy Clearwater
Capitulo doze: Vírgulas e pontos – Parte II
Bella
- Alice eu pensei que a festa fosse para poucas pessoas. – eu estava observando a quantidade de comida que a Alice estava separando para festa e ela descaradamente desviava das minhas perguntas.
- E é! Mas você sabe que eu não quero que falte nada. – ela me respondia quase se enfiando no mar de salgadinho que era a cozinha da mansão.
A Sunny estava estranhando tanta movimentação e ficou meio manhosa o dia inteiro. Eu estava preocupada que na hora da festa ela não quisesse nada a não ser colo. O Edward estava tentando distraí-la com um desenho na TV, mas as pessoas passando para lá e para cá sempre chamava mais atenção que o programa.
Minha mãe chegou hoje pela manhã e estava na sala com a Esme arrumando as bolas. Eu achei graça dela se impressionando com o fôlego que o Emmett tinha para encher bolas, mas não comentei nada.
- Alice! – chamei quando a vi abrindo a vigésima caixa de salgadinho.
- Ai! Você não confia em mim? – ela fez aqueles bicos de cortar o coração e que revelavam culpa.
- Em termos de festa? Não! – ela armou mais ainda a cara de choro e eu suspirei já imaginando a noite que me esperava.
- Bella vai dar tudo certo! – ela disse gesticulando para que eu saísse da cozinha.
- Ok! Eu vou arrumar a Sunny. – sai da cozinha ainda desconfiada de Alice, mas assim que cheguei à sala fiquei mais preocupada com a Sunny.
Já era noite, a festa estava marcada para sete, e os Denali haviam acabado de chegar. Eles tinham feito algumas visitas durante esse ano e no geral a Sunny gostava muito deles, principalmente da Carmem. Mas hoje foi só a Carmem tentar tirá-la do colo do Edward que ela abriu o berreiro.
- Desculpa. Ela não está acostumada com tanto movimento. – Edward ficou sem jeito com o escândalo que a Sunny fazia.
- Oi. – eu disse aos Denali me aproximando de Edward. – Vem com a mamãe amor. – estiquei as mãos para pegar a Sunny, mas ela se agarrou com toda força a camisa de Edward e começou a chorar mais ainda.
- Bella está matando a menina? – minha mãe perguntou rindo do outro lado da sala.
- Não. Só beliscando. – dei um sorriso forçado e Edward me olhou de cara feia.
- Eu vou com você arrumá-la. – ele deu um beijo na Tânia, na verdade tentou dar um beijo na Tânia porque quando ele se aproximou a Sunny enfiou a mão no meio e não os deixou se beijar.
- Sunny! Que feio! – a peguei do colo dele na marra e ela veio batendo as pernas e gritando.
- Cruzes! Ela tem mais ciúme do Edward que a Tânia. – a Kate, irmã da Tânia, fez todos rirem com a piada menos a Tânia que a olhou bem irritada.
- Tem Edward para todas. – eu me esforcei o máximo para não rir da piadinha do Edward, mas foi impossível.
- Amanhã você me paga. – Tânia deu um beijo rápido em Edward que logo veio para perto de mim pegar a Sunny de volta no colo. – Agora ele é seu, te emprestei hoje tá bom? – de longe a Sunny deu tchau e sorriu para Tânia como se não tivesse acabado de fazer um escândalo.
- Folgada! – Edward deu um beijo no rosto da Sunny e ela deu o primeiro sorriso do dia.
Deixamos o pessoal da mansão ainda rindo encantado com as gracinhas da Sunny e fomos para minha casa. Ela realmente não desgrudava dele nem um minuto, eu achava graça dessa dinâmica dos dois. Mesmo com o corpo gelado que Edward tinha a Sunny nunca se importou em ficar com ele. Na verdade eu achava que ela o preferia até mais que a mim.
- Banho! – ele disse para ela assim que entramos em casa.
- Não. – ela falou enrolada uma das poucas palavras que dizia.
- Não?! Você é porquinha agora?
- Não.
- Você só sabe falar não?
- Não.
Enquanto a levava para o banho Edward ria das suas gracinhas e eu fui separar a roupa dela rindo das gracinhas dos dois.
- Edward, meu pai confirmou se viria? – na verdade eu não queria saber do meu pai e sim da companhia dele.
- Seu pai sim. A Leah não. – ele me olhou de rabo de olho enquanto levava a Sunny pelada para o banheiro.
- Você lê meus pensamentos agora? – eu perguntei debochando.
- Não, mas ainda tenho vontade. – ele gritou por cima do barulho do chuveiro.
Voltei a arrumar a roupa da Sunny e tentei me concentrar na festa, mas eu estava preocupada mesmo com a presença da Leah. Eu não queria nada relacionado ao Jake, queria que ele continuasse sendo uma pagina virada na minha vida.
Leah
Eu estava mais ansiosa com o fim dessa festa do que em ir a ela realmente. Assim que chegamos a Los Angeles alugamos dois carros e dois quartos num hotel próximo à mansão dos parasitas. Tirando a parte absurda de vampiros numa das cidades mais quentes do país até que escolha era boa. O lugar é bem agradável e assim como a mansão em Forks esta é enorme e ostenta riqueza.
- Lee, por favor. – o Embry me olhou com aquela cara de acusação e não tínhamos nem saído do carro ainda.
- O que? Eu estou quieta!
- Exato! Permaneça assim! São apenas algumas horinhas e a gente volta para Forks. – ele abriu a porta do carro, mas parou antes de sair e me olhou novamente. – E nada de dizer ao Jake onde a Bella está!
- Eu acho que deveríamos ter dito a ele que estávamos vindos na festa de aniversario da filha dele e não indo ver o Seth. Não concorda? – eu usei um tom bem irônico e ele voltou para dentro do carro batendo a porta.
- Olha bem! A Bella não quer saber do Jake! Tem mais ou menos um ano que eles não se falam e ela não está nem aí para ele. Não aceita o dinheiro que ele manda para Sunny, mudou os números de telefone para ele não falar com ela e nem com a filha. Simplesmente ignora o fato de que legalmente eles ainda são casados e vive a vida dela como se o Jake não significasse nada, então não! Não deveríamos ter dito ao Jake que estávamos vindo para cá e, na verdade, só viemos porque a sua mãe fez questão que demonstrássemos que não temos nenhum rancor da Bella sendo que temos. – eu abri a boca para falar, mas ele me calou com o dedo. – Nada de dizer ao Jake que viemos aqui. Eu quero que ele se diverta semana que vem na festa do Harry como se fosse essa. A Bella não precisa dele e ele não precisa dela. Capiche? – revirei os olhos bem irritada, mas concordei com o Embry.
Eu não ia dizer para ele que só concordei com essa idéia estúpida de comemorar o aniversário do meu filho na festa de outra criança porque a Emily teve a brilhante idéia de que eu, logo eu, poderia conversar com a Bella sobre o Jake.
Depois do discurso descemos do carro e em quanto Embry tirava o Harry da cadeirinha de bebê eu pegava as bolsas na mala. Eu soube que o bebê da Bella com o Jake era uma menina quando a minha mãe me avisou da festa, isso quer dizer bem em cima da hora. Comprei uma daquelas bonecas que patina e canta musiquinhas horrorosas. A criança ia amar o brinquedo e a Bella enlouquecer com a música, duas coisas maravilhosas com um gasto só!
A Cullen naniquinha veio nos receber e mesmo estando toda sorridente para minha mãe, não conseguiu disfarçar a cara de surpresa a me ver.
- Eu também achei que não viesse. – eu a disse no lugar do oi e tanto Embry quanto minha mãe só faltaram me matar com o olhar.
- Eu não esperava que fosse você a vir, mas que bom que veio. – eu franzi o cenho sem entender o que ela queria dizer com isso, mas ela saiu saltitando para receber os outros convidados e nos deixou sozinhos.
- Leah! – o Embry sussurrou me repreendendo e eu bufei de raiva.
- Tá! – peguei o Harry do colo dele e fui entrando na festa.
A festa realmente estava linda. O tema era Princesas Baby e tinha várias meninas vestidas de princesa. Assim que viu as crianças Harry fez a maior festa querendo ir para chão. O deixei descer, mas fiquei segurando firme sua mão. O cheiro de sanguessuga não me inspirava confiança, nunca!
- Oi, Leah. – Bella veio caminhando em minha direção com uma linda garotinha. Nossa! A menina era a cara do Jake, até no sorriso.
- Oi Bella. – ela forçou um sorriso para mim e se abaixou para brincar com o Harry.
- Oi neném, e você é quem? – ele se enfiou no meio das minhas pernas com vergonha e a menininha riu.
- O nome dele é Harry, por causa do meu pai. – eu respondi e ela sorriu colocando a menina no chão.
- O nome dela é Sunny. – ela disse simplesmente e eu entendi que deveria ter alguma coisa haver com o Jake. – Tem brinquedos, salgadinho, algodão doce e um monte de outras coisas. – ela me apontou a festa e apenas balancei a cabeça concordando.
- Legal! Eu trouxe isso para ela, espero que ela goste. – entreguei o embrulho a Bella, mas a garotinha era bem esperta e logo pediu colo para poder abrir.
- Obrigada.
- Por nada. – aquela conversa trivial estava desconfortável, imagina uma mais séria. A Emy era drogada só pode! – Eu vou levar o Harry para dar uma volta. A gente se fala. – forcei um sorriso e sai de perto antes que o clima ficasse mais tenso.
Quando cheguei à entrada de uma sala decorada de bolas o Embry sorriu para mim com um copo descartável de refrigerante na mão.
- Viu? Nem doeu ser legal. – ele me deu um selinho e eu sorri.
- Doeu sim. – Harry conseguiu se soltar da minha mão e correu para o mar de bolas onde outras crianças também brincavam.
Fiquei o observando brincar e instintivamente me virei para trás para olhar para Bella e sua filha. A imagem das duas era incompleta sem o Jake. Olhei para o Embry e meu peito deu uma fisgada, minha imagem também seria incompleta se fossemos apenas eu e o Harry. Ignorei meus instintos e decidi que iria conversar com a songa sobre o Jake. Talvez a drogada fosse eu e não a Emy, na verdade acho que somos duas.
Bella
O encontro com a Leah não foi tão ruim quanto eu imaginava. Foi ruim, mas não tanto. Durante a festa não encontrei muito com ela, mas nem que encontrasse teria tempo de me irritar. Parecia ter umas mil crianças correndo para todos os lados, eu sabia que a Alice estava aprontando pela quantidade de comida. Aqui tinha o triplo de gente do que ela havia me informado.
- Está ficando tarde. Vamos cortar o bolo? – o Edward me perguntou pegando a Sunny antes que ela pulasse na piscina.
- Vamos sim. A Sunny está num fogo só, mas as outras crianças já estão quase dormindo. – Sunny foi pulando para o colo do Edward e voltamos para mansão.
Alice tinha feito a festa com o tema das Princesas e comprou um vestido de Cinderela para Sunny usar. A essa altura o vestido estava mais para o da versão gata borralheira da Cinderela do que para Cinderela do baile, mas ela começou a festa que nem uma princesinha de verdade. Linda!
Juntamos todo mundo no salão de jogos, Alice transformou o salão em sala do bolo. O troço era tão grande que precisava mesmo de uma sala só para ele.
- De quem é esse bolo? – o Edward tentava distrair a Sunny para consertar a coroa que ela insistia em tirar do cabelo.
- Não. – ela respondeu apontando para o bolo.
- Eu perguntei de quem é o bolo.
- Você consegue ler os pensamentos dela? – eu cochichei no ouvido dele curiosa com essa dinâmica toda. Apesar de tanto tempo de convivência e estranheza deles dois nunca tinha perguntado isso antes.
- Consigo, mas não passa muito de fralda, mamadeira e Barbie. – nós dois rimos e a Sunny começou a cantar o que de longe lembrava um: Parabéns para você.
- Vamos começar? – Alice veio animada para sala junto com os convidados que faltavam.
- Vamos. – peguei Sunny do colo de Edward e ele mesmo puxou a música.
Foi impossível não transbordar de felicidade. Minha filhinha, tão linda, fazendo um aninho. Parece que ela nasceu ontem e hoje já está no meu colo batendo palminha e mandando beijo. Me deu vontade de chorar. Eu não queria que ela crescesse rápido, mas não queria que fosse criança para sempre. Agora eu entendo o que a minha mãe queria dizer quando ela falava que ser mãe era ser dividida em duas o tempo todo.
Assim que terminou o parabéns começamos a cortar o bolo e foi questão de meia hora para todos estarem indo embora. O horário da festa foi impróprio para crianças, mas eu não podia fazer a festa durante o dia e deixar os Cullens de fora. Eles são minha família, mesmo comigo sendo humana.
- Foi lindo filha. – meu pai veio me abraçar antes de ir embora.
- Foi sim minha querida. Sua filha é uma princesinha mesmo. – Sue elogiou a Sunny que sorriu para ela no meu colo.
- Obrigada. – dei um beijo no rosto da Sunny e ela bateu as pernas para descer do meu colo. Só entendi a animação quando vi o Harry correndo em nossa direção acompanhado por Embry e Leah.
- Parabéns pela festa e pela bonequinha. – Embry brincou com a Sunny e não me encarou enquanto falava.
- Obrigada. – agradeci novamente só que dessa vez desconfortável com quem me dava o elogio.
- Eu posso falar com você um minuto? – Leah pareceu não surpreender só a mim, mas a Embry também. – É só um minuto. – ela disse olhando para o marido e não para mim.
- Eu vou esperar no carro. Tchau Bella. – Embry sorriu para mim, um sorriso que não chegou aos olhos, e saiu com o Harry no colo.
Meu pai e Sue também logo saíram e me deixaram sozinho com a loba má, literalmente.
- Bella, eu...
- Olha, caso seja sobre o Jake não perca seu tempo porque eu não quero saber. – preferi ser rude e evitar uma conversa desagradável do que começar a ouvir e me irritar depois.
- Eu sei que você está magoada com ele. Não tem como não estar, mas já tem tempo que vocês estão separados e muita coisa ficou mal explicada. Vocês têm uma filha e uma historia toda, não dá para deixar de amar uma pessoa assim de uma hora para outra. – quando ela disse isso foi como se toda raiva que eu tinha do Jake fluísse como no o primeiro dia que eu havia a sentido.
- Fala que não dá para deixar de amar de uma para outra para o Jake. Foi ele que me abandonou! Grávida ainda por cima! Eu não quero nada do Jake, não quero ter nada haver com ele e caso ele apareça aqui tentando ver a Sunny eu vou bater com a porta na cara dele porque nem perto da minha filha eu quero aquele... Aquele... – eu estava com tanta raiva que nem vi a Sunny sair de perto de mim assustada e chorando por causa dos meus berros.
- Bella o Jake te deixou porque ele foi obrigado não porque ele quis. Você não lembra nada do que falávamos sobre o imprinting, o lado bom e o lado ruim? – eu já mal ouvia a Leah só prestava atenção na Sunny.
- Não me interessa! – eu gritei e a Sunny chorou mais. Quando dei por mim todos os Cullens e os Denali estavam na sala.
- Mas...
- Papai... – a voz da Sunny espantou todos não só pela clareza, mas pela palavra. Ela mal falava não e de repente falou uma palavra inteira e uma que ela mal ouvia.
A Sunny correu para o colo de Edward ainda chamando papai e isso fez o silêncio ser tão firme que poderia ser cortado a faca. Isso até a risada irônica da Leah interrompê-lo.
- Uma vez a garota dos vampiros sempre a garota dos vampiros. – ela disse irônica.
- Você não tem o direito de...
- Cala a sua boca! – a Leah gritou ameaçadora e Rose deu um passo em minha direção, mas Alice a segurou. – Você sabe o que é ter suas vontades tiradas de você e passar a ser dependente das emoções de outra pessoa como se perdesse metade de tudo que você é num piscar de olhos? A historinha de almas gêmeas é muita linda quando é com quem te completa não com quem te impulsiona contra sua vontade. Eu não acredito que eu encorajei o Jake a brigar com essa força maior por causa de um sentimento que ele nutria por você. Enquanto ele se matava por dentro lutando contra o destino você estava aqui se esfregando no vampiro como a boa piranha que você é.
- Você não tem o direito de me chamar de piranha! – eu sabia que a Leah era muito mais perigosa do que aparentava, mas a minha raiva me fez gritar na mesma altura que ela.
- Você vai embora grávida de um e agora sua filha chama outro de pai. Isso é ser o que? Você e essa sua cara de songa enganam e eu não acredito que eu deixei me enganar. É bom mesmo você ficar longe do Jake, longe de La Push e que você crie sua princesinha dos vampiros bem longe dele! Se você pensar em colocar os pés em La Push de novo eu mesma mato você. – sem me dar chance de resposta ela virou as costas e foi embora me deixando perplexa com tudo que ela havia dito.
Ouvi o carro cantando pneu na varanda e quando pensei em me virar Edward já estava me abraçando e me levando para casa.
- Cadê a Sunny? – perguntei quando ele me sentou na cama.
- Com a Rose. Você precisa se acalmar. – ele me deu um copo d’água e eu vi o quanto estava nervosa quando tremi ao segurar o copo.
- Eu sou totalmente capaz de cuidar da minha filha. – acabei soltando o copo e espalhando cacos de vidro por todo quarto. – Desculpa. – eu chorava compulsivamente agora e minha cabeça parecia que ia explodir com tantas palavras que a Leah disse.
Deitei na cama e me enfiei nos travesseiros tentando abafar os sons das palavras, mas eles vinham da minha cabeça e nada os calava. Nem a voz da Leah e nem a do Jake. Sim! O Jake estava ali, mais nítido do que nunca e eu via tudo como num filme.
"É difícil descrever. Não é como se fosse amor à primeira vista, na verdade é mais como... Ação da gravidade. Quando você a vê, de repente não é mais a terra que está te segurando aqui. Ela te segura. E nada importa mais do que ela. E você faria qualquer coisa por ela, seria qualquer coisa por ela... Você se torna qualquer coisa que ela precisa que você seja, seja o protetor dela, ou um amante, ou um amigo, ou um irmão.
Quil será o melhor irmão mais velho e o mais gentil que alguém já teve. Não existe um bebê que seja mais bem cuidado do que aquela garotinha será. E depois, quando ela for mais velha e precisar de um irmão, ele será mais compreensivo, confiável e presente do que qualquer pessoa que ela conheça. E depois, quando ela for adulta, eles serão tão felizes quanto Emily e Sam.”(1)
“Você sabe o que é ter suas vontades tiradas de você e passar a ser dependente das emoções de outra pessoa como se perdesse metade de tudo que você é num piscar de olhos? A historinha de almas gêmeas é muita linda quando é com quem te completa não com quem te impulsiona contra sua vontade.”
Eu tinha que tirar isso da minha cabeça. Ele mesmo me disse que o imprinting era para fazer as pessoas felizes. Ele não me queria! Não podia ser!
“Eu não acredito que eu encorajei o Jake a brigar com essa força maior por causa de um sentimento que ele nutria por você.”
Deus e se fosse verdade? E se ele me amasse e eu simplesmente tivesse...
“Enquanto ele se matava por dentro lutando contra o destino você estava aqui se esfregando no vampiro como a boa piranha que você é.”
- Eu não deixei ele. – eu disse a mim mesma ainda chorando.
- Bella, por favor. Você precisa se acalmar. – Edward me puxou da cama e me sentou de frente para ele me fazendo o encarar.
- Se ele me amava porque ele não veio atrás de mim. Ele viria... Não viria? – eu nunca parei para pensar que talvez ele não pudesse vir e depois eu o mandei ficar longe. Foi tanta coisa! Coisa demais! Eu passei muito tempo tentando me convencer de que eu não amava o Jake que agora sentir que eu ainda o amo como no primeiro dia parece uma bomba nuclear explodindo no meu peito. Eu não vou agüentar.
- Bella, se ele pudesse ele viria. Viria, com certeza. – ouvir Edward confirmar minha duvida só me fez chorar ainda mais.
- Eu não desisti dele, eu só pensei que ele não me amava. Eu não tive culpa. Eu sinto muito. – eu dizia a Edward tudo que eu queria dizer a Leah, ao Jake. Eu precisava ver o Jake, mas será que ele ia querer me ver?
- Presta atenção! – Edward puxou meu rosto e me fez olhar para ele fixamente. Se quiseres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus - ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não. (2) – Continuei o olhando sem entender e ele riu da minha burrice, como se eu já não tivesse problemas o bastante. – Imprinting é uma “coisa” que liga duas almas, amor vem desse plano. Apesar de o amor ser algo superior e sublime não são as almas que se apaixonam e sim os corpos, as almas se completam depois que os corpos se unem. Não dá para amar só com a alma mesmo que esse amor venha de um plano espiritual. A alma do Jake pode ter sido destinada a se unir a essa menina, mas só em vida você pode decidir o que quer fazer do seu corpo, ou escolher de quem vai ser o seu corpo.
- Agora eu me sinto pior. Porque eu sei que meu corpo sempre vai ser do Jake, mas depois de... – Edward me calou com um dedo e sorriu para mim.
- Então você tem muita coisa para consertar, mas primeiramente você precisa se acalmar. – deitei na cama e me encolhi nos travesseiros sem conseguir parar de chorar.
- Mas e a Sunny?
- Eu cuido dela. Agora dorme e descansa. – eu não ia conseguir descansar muito menos dormir, mas mesmo assim me encolhi na cama tentando fazer com que minha mente parasse de me carregar de culpa.
.
.
Dois dias depois...
Jake
A Leah estava feliz demais desde que voltou da visita ao Seth. Eu ainda não tinha falado com o Seth sobre essa viagem, mas deve ter acontecido algo ótimo para ela estar tão alegre.
Já a Maika estava cada vez mais triste. Eu sentia sua tristeza e também sentia culpa por ela. Eu não poderia ser o homem que ela queria que eu fosse, nem hoje, nem nunca.
- Eu fiz bolo de carne para o almoço. – ela disse mexendo nas panelas quando eu entrei na cozinha.
- Tudo bem. – respondi me aproximando dela.
- Se for para não encostar em mim você pode fazer isso de longe. – assim que disse ela desviou do meu toque e se afastou de mim.
- Maika eu...
- Vocês deixam a porta escancarada assim sempre? – quando vi a Leah estava parada na porta da cozinha e com aquele sorriso brilhante que ela emoldurou no rosto tem uns dias.
- Eu esqueci aberta. – eu disse no automático e a Maika me olhou de cara feia.
- Maika, eu vou a Seattle comprar algumas coisas para festa do Harry. Eu vim te buscar para ir comigo, se você quiser é claro. – tanto eu quanto a Maika olhamos para ela assustados.
- Você está brincando né? – Maika perguntou tirando as palavras da minha boca.
- Não. – Leah sorriu parecendo ainda menos ela. – Vamos?
- Claro. – Maika tirou o avental e subiu as escadas correndo. – Eu só vou trocar de roupa.
- Sem pressa. – Leah falou enquanto ela subia a escada.
- Você está bem? – eu perguntei preocupado com a sanidade da Leah.
- Estou ótima! Só finalmente percebi que sendo sua amiga e querendo o melhor para você é meu dever aceitar a va... Maika. – Leah sorriu entre os dentes e eu fiquei mais preocupado ainda.
- Estou pronta. – Maika quase pulou da escada do lado da Leah.
- Vamos. O Harry está no carro. – as duas se despediram de mim e me deixaram com cara de idiota.
Fiquei vagando pela casa até o meio da tarde. Achei que a Leah não iria passar nem dez minutos sozinha com a Maika, mas elas já estavam fora há horas e eu sabia que a Maika estava bem porque eu estava bem. Muito estranho.
Deitei para assistir a um jogo na TV quando o telefone começou a tocar me forçando a levantar novamente.
- Alô?
- Jake?
- Emily? O Sam não está...
- Jake eu sei que o Sam não está aí, mas agora me escuta. Eu sei que você não tem nenhum motivo para acreditar que eu quero te ajudar, mas aposto que você também está achando a mudança de humor repentina da Leah muito estranha. – ela parou de falar de repente me deixando curioso.
- Continua.
- Eu tenho o endereço da Bella e acho que você deveria conversar com ela. Ainda mais depois dessa mudança da Leah.
- O que a mudança da Leah tem haver com a Bella? Emily você está sendo incoerente.
- Jake você só precisa dizer que vai viajar para ver o Seth e eu te passo o endereço da Bella agora. Então Jake, você quer a minha ajuda ou não?
Bella
A Sunny brincava na sala com Edward e Emmett. Dava para ouvir a gargalhada dela dobrar com as gracinhas deles.
- Bella disca esse número e liga logo! – Alice ficava me “encorajando” a ligar para o Jake enquanto eu ficava só com o telefone na mão.
- Alice eu...
A campanhinha tocou e todos se entreolharam. Os Denali ainda estavam hospedados aqui e eles eram a única visita que recebíamos. Todos se olhavam como se soubessem quem estava à porta. Rose atendeu.
- Pode entrar. – a escutei dizer e fui para o hall de entrada ver quem era.
- Oi Bella.
- Jake?
- Eu sei tudo que você disse, mas eu pensei se eu podia ver a Sunny. Posso?
Eu estava sem ação diante dele. Eu tinha muitas coisas para falar, mas as palavras simplesmente não saiam. Esse com certeza não é o encontro que eu planejei.
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