Realidade Imaginária escrita por Duda Mockingjay


Capítulo 38
Presa em um filmde de terror.


Notas iniciais do capítulo

Hey Jujubas estou de volta e com um cap gigante!
Espero que gostem e Feliz Natal!



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Ter uma noite neutra, sem sonhos ou pesadelos, foi realmente maravilhoso. Depois de jantar Leo me levou ao chalé, desejando boa noite com um abraço apertado. Retribuí e entrei, cainda na cama em seguida, completamente exausta. Sim, eu ainda estava com a mesma roupa que treinara com Percy, mas quando se tem uma cama box confortável com travesseiros fofinhos e cobertores quentes além de pernas cansadas e olhos ardendo de sono você não olha tanto assim para os detalhes! Mal caí entre os lençois senti meu corpo relaxar e meus olhos serem tomados pelo cansaço. A noite foi tranquila e eu estava preparada para continuar aproveitando aquele sono sem visões de futuro ou conversas loucas com deusas, quando algo molhado em minha bochecha me fez resmungar. Me virei de lado, mas o molhado da bochecha passou para minha testa e eu acabei sorrindo ainda de olhos fechados. Acredito que ainda estava com parte de mim no mundo dos sonhos quando as palavras saíram groges de minha boca.

— Acho que vou acabar me acostumando a ser acordada assim todos os dias senhor di...

Abri os olhos lentamente e quase caí da cama com o susto ao ver uma bola de pelos preta me encarando com a língua para fora. Me sentei rapidamente e pisquei, vendo Totó em minha frente, sentado e com o rabo abanando freneticamente. Suspirei e puxei o cãozinho para os meus braços no qual ele não recusou.

— Totó, aprecio muito seu amor, mas me deixar toda babada não é legal! - Falei, mesmo que por dentro meu subconciente zombasse: “Mas bem que você gostou ao pensar que eram beijos de um certo filho das sombras...”. Bufei, como se minha conciência pudesse ouvir, e tentei focar meus pensamentos no cachorro que latia a minha frente mesmo que eles teimassem em voltar para perguntas estúpidas como o porque de pensar logo no senhor Darth Vader badboy ao invés de qualquer outro garoto. Porque minha mente sempre se voltava para ele? Respirei fundo e apertei Totó entre meus braços que apenas lambeu minha bochecha mais uma vez. - Ah, Totó, o que esse garoto tá fazendo comigo?

O cãozinho inclinou a cabeça como se minha resposta fosse perfeitamente óbvia até para um cachorro e eu revirei os olhos. Ok, estava ficando louca, com certeza. Pedidndo opiniões a um cachorro e claramente achando que ele me respondia! Sorri comigo mesma e ergui os olhos para o relógio na parede. Os ponteiro marcavam sete e meia.

— Meus deuses, eu estou atrasada! Bem, eu sempre estou atrasada, isso com certeza não é mais novidade provavelmente pelo meu DNA herdado de Percy ou por eu ser bem preguiçosa mesmo e … - Olhei para Totó que me encarava confuso e percebi que estava falando demais. Me ergui da cama em um salto e peguei a toalha ao lado da minha cama. - Ahh, estou desabafando com o cachorro... de novo!

Corri para o banheiro e me despi rapidamente, entrando no chuveiro em seguida. A água corria fria por meu corpo, ne despertando de todo cansaço e me fortalecendo aos poucos. Fechei os olhos e massageei os cabelos. Aquele era o dia D! O grupo deveria partir em missão dali a uma hora e eu nem ao menos tinha feito as malas. Acho que foi naquele momento, quando senti os último filetes de água descerem por meu corpo, que minha mente finalmente percebeu que toda aquela história de missão e profecia era sério. No dia anterior eu provavelmente menti para mim mesma, me mostrando despreocupada enquanto conversava com Leo e caindo em um sono bom como se tudo estivesse normal. Sem perceber eu enganara a mim mesma e naquela manhã, puxando a minha velha e amada mochila de debaixo da cama e a jogando sobre os lençóis, percebi o quanto tudo fora real. Eu ia para um missão, não era um teste e eu não tinha nenhuma certeza de sobrevivência. Sim, todos repetiam que eu não precisava me procupar pois todos me protegeriam, mas quem não diria aquilo para uma completa novata em missões? Quem diria a verdade como: “Olha, você vai para uma super, hiper, mega missão que é provavelmente a missão mais perigosa que já surgiu e tem cinqueta por cento de chance de não voltar com vida, mas fica de boa!”? Não, ninguém nunca falaria isto e, querendo ou não, eu me senti segura apenas com as palavras sinceras de todos eles. Eu sabia que eles com certeza fariam o possível e o impossível para me proteger, mas o que os assustava era extamente isso: Eu faria o mesmo por eles!

— Minha vida está cada vez mais parecida com os livros que leio.... - Suspirei vestindo um short jeans e uma blusa confortável azul com o símbolo do acampamento em preto. Percebendo o que falei, encarei o teto do chalé como se pudesse ver os deuses lá em cima e franzi o cenho. - Por favor não levem minhas palavras ao pé da letra ou então esta confusão vai se repetir!

Totó latiu e pulou sobre a cama, enfinado seu focinho na minha mochila. Penteei os cabelos ainda molhados e resolvi trança-los, aquele era o dia em que eu me tornaria uma verdadeira guerreira grega e nada melhor do que o penteado certo para acompanhar o personagem. Quando senti o fim da trança tocar minhas costas retirei Totó de dentro da mochila, já que ele percebeu que cabia perfeitamente lá dentro e resolveu tomar todo o bolso para si. Coloquei-o sobre a cama com delicadeza e passei a procurar roupas nas “gavetas infinitas”, acomodando-as em seguida dentro da mochila. Estava colocando uma lanterna e um mapa mundi dentro de um dos vários bolsos da mochila quando, de relance, percebi Totó me olhando com a cabeça inclinada e os olhos arregalados e pidões. Ler mente de cachorros não era um dos meus poderes, mas naquele momento eu sabia que Totó entendia que eu ficaria longe dele por um tempo e parecia implorar para ir junto. Sorri e acariciei a cabeça do cãozinho que fechou os olhos por instantes sentindo o carinho.

— Não Totó. Você não pode ir comigo! - Alisei as orelhas peludas do cachorro e peguei uma caixinha com ambrosia sobre o criado-mudo. No momento que me virei para colocar na mochila, Totó rapidamente pegou a lanterna e a prendeu entre os dentes, balançando o rabo alegremente como um desafio. Ergui a sobrancelha. - Totó devolve. Não adianta tirar as coisas da minha bolsa, você não vai!

Aquela foi a palavrinha mágica para que ele se erguesse em um salto e corresse com a lanterna presa entre os dentes. Bufei e sentei na cama segurando a pata traseira do cachorro antes que ele fugisse pelo colchão. Ele tentou se soltar, mas eu tinha o triplo de sua força e, derrotado, ele deixou-se ser arratado até meu colo. Peguei a lanterna de sua boca com certa dificuldade já que ele ainda persistia na sua ideia de roubar a lanterna, mas acabei conseguindo solta-la e guarda-la novamente na bolsa. Prendi Totó entre minhas mãos e o encarei com o cenho franzido. Sim, eu tentei com todas as minhas forças me mostrar brava para ele saber que tinha feito algo de errado, mas quando seus grandes olhos negros e brilhantes me encararam e as orelhas pontudas caíram como um pedido de desculpa eu suspirei derrotada. Aqueles olhos negros caninos pareciam um reflexo de olhos negros humanos que eu conhecia tão bem. Naquele momento percebi que nunca resistiria a olhos negros e manhosos.

— Como é possível que você esteja cada vez mais parecido com o di Angelo? Irritante e, ao mesmo tempo, fofo? - Coloquei o cachorro delicadamente na cama e me ergui, analisando a mochila uma última vez e fechando o zíper em seguida. Totó me encarava deitado na cama com as patas no ar e a língua de fora. Apoiei as mãos nos quadris e encarei o cachorro. - Aliás você deve ter passado a noite lá, não é? Prefere aquele chalé escuro e sombrio e o Senhor das Trevas juvenil do que eu. Vou acabar te dando de vez para ele, seu cãozinho ingrato!

Fiz uma falsa cara de brava e cruzei os braços. Totó se levantou e, em um minuto, pulou em meus braços. Assustada, segurei-o e ele passou a me lamber avidamente como se mostrasse que me amava tanto quando ao di Angelo. Não contive a gargalhda quando ele lambeu minha orelha e o afastei para encarar seus olhos brincalhões.

— Ok, tudo bem, você está perdoado! - Ele latiu e encarou a mochila sobre a cama e depois me olhou feliz. Revirei os olhos e coloquei-o no chão com um sorriso. - Mas você ainda não pode ir comigo.

Podia jurar que ouvi Totó bufar. Ele caminhou pesaroso até a porta do chalé e se deitou ali como se estivesse começando seu primeiro dia de greve contra mim. Ri abertamente enquanto calçava meus tênis e colocava minha pulseira no braço. O trindente prateado era frio contra minha pele e eu lembrei das palavras de meu pai no dia anterior.

— Espero te deixar orgulhoso. - Sorri e encaixei o anel de íbis no meu dedo e o colar da família em meu pescoço. - Prontinho. Mas antes, café da manhã!

Corri até a porta e a abri, sentindo o sol matutino me aquecer a pele. Totó, que já parecia ter esquecido sua raiva de mim, me acompanhou enquanto eu descia as escadas e seguia para o refeitório. O acampamento estava completamente desperto, em todos os chalés haviam semideuses conversando animadamente. Ao passar pelo chalé de Afrodite, lembrei de Lucy. No último mês havíamos nos tornado próximas, ela era uma de minhas melhores amigas ali mesmo que eu ainda apanhasse feio quando lutávamos com adagas. Como um verdadeiro Cupido, consegui aproxima-la de Leo mesmo que ela tivesse ficado vermelha feito um tomate e gritado comigo depois que chamei o garoto e saí de fininho, deixando os dois em uma conversa calorosa. Lucy parecia completamente apaixonada pelo filho de Hefesto, suspirando quando ele aparecia e não tirando os olhos dele enquanto ele não sumisse de vista, mas eu ainda não sabia os reais sentimentos de Leo em relação à filha de Afrodite então tornei a missão “Leocy” uma de minhas prioridades e até consegui deixá-los bem amigos até essa profecia aparecer e acabar com tudo. Caminhei até o chalé onde os filhos de Afrodite riam espalhafatosos e as garotas pareciam verdadeiras Barbies de tão maquiadas. Minha mente vagou para a noite anterior, especificamente o beijo. Eu me sentia a pior amiga do universo ao beijar o garoto que Lucy estava apaixonada.

— Mas foi um acidente. Eu e Leo não sentimos nada um pelo outro. - Sussurrei para Totó que me encarou atentamente. Revirei os olhos. Totó já era praticamente meu psicólogo, ouvindo minhas loucas conversas. Voltei a pensar em Lucy e o quanto ela ficaria decepcionada se soubesse do que houve mesmo que eu explicasse mil vezes que foi um acidente. Suspirei e tentei afastar essas preocupações. - Mas ela nunca saberá. Não precisa saber de um erro que não vai mais se repetir, não é mesmo?

Totó latiu para mim e eu entendi como uma confirmação. Acelerei o passo e cheguei a varanda do chalé. Um grupo de semideuses e semideusas pareciam jogar Verdade ou Desafio ao redor de uma mesa rosa quando me aproximei e vi uma garrafa de laque ser girada e alguém falar 'Eu escolho desafio”.

— Desafio você a pegar a sombra azul cobreado brilhante da Mary Kay da Kristen e usa-la hoje a noite na Fogueira. - Um garoto de cabelos loiros e olhos castanhos falou para uma menina baixinha e decidida que afirmou e se ergueu entrando furtivamente no chalé.

Aproveitei a pausa no jogo e pigarreei fazendo o grupo olhar para mim. Nenhum deles parecia satisfeito com minha presença e se viraram novamente para o jogo, me ignorando. Apenas o garoto loiro de olhos castanhos se ergueu em minha direção e me cumprimentou.

— Olá, sou Gerard. - Ele sorriu e estendeu a mão que apertei com um sorriso. - Perdoe meus irmãos. Para eles esse jogo é importante demais e qualquer um que o interrompa merece desprezo sem fim.

— Percebi. - Encarei o grupo mais um vez e olhei para Gerard que ainda sorria. Ele era simpático e realmente não parecia incomodado por eu ter interrompido seu jogo. Agradeci silenciosamente por Lucy não ser a única exceção dos filhos de Afrodite. Encarei o garoto, mexendo os dedos nervosamente. - De qualquer forma, estou procurando por Lucy.... Lucinda. Você a viu?

— Lucy? Bem ela saiu bem cedo hoje e não voltou até agora. Provavelmente deve estar enfiada em algum livro no meio da floresta. É a cara dela sumir por horas com seus livros. - Ele deu de ombros e eu suspirei. Gerard cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha. - Você quer deixar algum recado?

— Ah, sim. Apenas diga a ela que vim me despedir. - Falei e o garoto me olhou esperando mais alguma coisa. Bati a mão na testa e ri desconcertada. - E eu sou Eduarda Swan, por falar nisso.

— Então é você a mais nova estrela do acampamento. - Ele sorriu admirado e eu senti minhas bochechas enrubecerem. - Filha de Poseidon e tudo mais.

— Isso! - Coçei a nuca envergonhada e o garoto manteve seu sorriso. O latido de Totó me fez voltar ao mundo real. - Eu tenho que ir, já estou atrasada. Foi um prazer te conhecer Gerard.

— O prazer foi todo meu! - Ele piscou para mim no momento que a garota saiu do chalé com um objeto pequeno e redondo nas mãos voltando ao seu lugar na roda. Todos a parabenizaram e riram baixo, Gerard olhou para a garota e sorriu de lado, ela havia cumprido o desafio. Ele me olhou novamente. - Eu passarei seu recado para Lucy. Até logo.

— Obrigada. - Sorri agradecida enquanto Gerard voltava a roda parabenizando a garota.

Me virei com Totó em meu encalço e seguimos em direção ao refeitório. Eu ainda olhava ao redor, tentando encontrar Lucy em algum lugar, mas nada. Suspirei e sentei na mesa de Poseidon. Totó pulou ao meu lado e deitou no banco.

— Ah, Totó, e se ela ficou sabendo do mal entendido de ontem? - Apoiei a cabeça entre as mãos e Totó virou a cabeça com os olhos atentos. - Ela nunca vai me perdoar!

Totó pulou sobre a mesa e lambeu meu rosto, me fazendo sorrir. Eu realmente não poderia me preocupar com todas aquelas suposições,estava prestes a sair em missão e meus nervos já estavam mais do que a flor da pele. Ergui os olhos procurando por Percy ou alguns do que iriam comigo, até ver Leo se levantando de sua mesa. Rapidamente pedi um suco e um sanduiche de queijo que apareceu em minha frente no mesmo instante. Puxei meu café da manhã no momento que Totó preparava uma mordida no meu sanduíche, e caminhei em direção a Leo. Ele olhava ao redor ansioso, como se procurasse por algo, e nem ao menos percebeu quando cheguei ao seu lado. Esbarrei em seu ombro o que finalmente o fez me encarar com um sorriso.

— Então a Bela Adormecida resolveu dar o ar de sua graça! - Ele passou o braço por meus ombros, um ato já normal entre nós, enquanto eu devorava meu lanche. - Percy já estava pronto para ir te derrubar da cama com um “jato de água muito mais forte do que da última vez”, palavras dele!

— Primeiro, você me confundiu com o Jason.. - Engoli o resto do sanduiche enquanto Leo ria da minha comparação. - E segundo eu nem estou tão atrasada assim já que o senhor também acabou de tomar café da manhã!

— Touché! - Ele ergueu a mão livre em sinal de rendição e eu sorri vitoriosa. Caminhamos alguns minutos em silêncio até Leo me encarar com um sorriso preocupado. - Está preparada?

— De jeito nenhum. - Respondi sem hesitar o que fez Leo me apertar mais contra si e suspirar com ar de riso. Olhei em seus olhos chocolate e vi a promessa que ele faria, a mesma que todos os outros fizeram. Sorri em antecipação. - Mas eu sei que não estarei só. Estamos juntos nessa.

— Exatamente, Pequena Sereia. - Ele beijou minha testa.

A simples afirmação de Leo me deu uma esperança que vinha se perdendo aos poucos dentro de mim. Sim, a missão seria extremamente complicada, mas eu tinha que me apoiar na certeza que eu não estava por minha própria conta, que eu tinha amigos e que eles estaríam ao eu lado em qualquer circunstância. Daquele momento em diante decidi ser mais otimista, ou ao menos tentar. Encarei Leo com um sorriso brilhante, mas ele voltara a olhar ao redor e parecia decepcionado quando não encontrava o que queria. Ergui a sobrancelha, curiosa.

— Ok, já pode dizer porque você está olhando pra todo lado como se tivese perdido a coisa mais preciosa do mundo? - Leo me olhou surpreso como se eu ainda estar ali ao seu lado fosse a coisa mais bizarra do mundo e logo vi suas bochechas enrubescerem.

— Eu...eu não perdi nada. - Ele coçou a nuca e eu cruzei os braços. Ele suspirou sabendo que de nada adiantaria suas desculpas. - Tudo bem, é só que... será que você não viu a Lucy hoje? Estou procurando-a desde cedo.

— Então você não perdeu algo, mas alguém! - Leo franziu a testa e segurei a risada. - Não, eu não vi a Lucy. Pra falar a verdade, também queria me despedir dela e fui ao chalé de Afrodite, mas o irmão dela, Gerard, me disse que ela saiu cedo e não tinha voltado ainda.

— Isso é estranho. - Leo cruzou os braços pensativo. - Ela nunca levanta tão cedo assim e ….

— Então você é conhecedor da rotina da garota? - Ergui as sobrancelhas e Leo voltou a ficar tão vermelho quanto um tomate. - Você está se saindo um ótimo stalker senhor Valdez!

— Não é isso.... eu...

Ele se enrolou nas palavras enquanto eu ria abertamente. Suas bochechas ainda brilhavam em rubro quando chegamos ao pequeno círculo na entrada do acampamento. Annabeth fechava a mochila de Percy enquanto ele bufava e revirava os olhos. Piper e Jason estavam concentrados nas instruções de Quíron assim como as Caçadoras que também completavam o círculo. Calypso estava entre elas e parecia entendiada até ver eu e Leo entrando no circulo e sua expressão mudar para raiva. Toquei o ombro de Leo discretamente e inclinei a cabeça em direção à garota. Ele olhou e sorriu, me abraçando de lado. Percy que observava a cena, franziu a testa e se segurou para não atrapalhar o centauro que ainda falava com suas perguntas provavelmente constrangedoras.

— Ao fim apenas lhes desejo uma boa sorte. Mantenham-se sempre juntos e sigam o plano. - Quíron falava enquanto seus olhos focavam em cada um presente com determinaçõa. Quando me viu seus olhos se fixaram nos meus. - E aos novatos, cuidado em dobro!

Acenei afirmativamente quando o centauro terminou o discurso. Os semideuses também concordaram e passaram a conversar entre si, Quíron repassando os planos com Thalia e Jason enquanto Percy e Annie se aproximaram de mim, Annie sorrindo e Percy com os braços cruzados e os olhos queimando na mão de Leo pousada sobre meu ombro.

— Quando surgiu toda esse intimidade com a minha irmã, senhor Valdez? - Os olhos de Percy passaram a encarar Leo que apenas sorriu desafiador e apertou a mão em meu ombro.

— Desde que nós somos namorados. - Ele falou calmamente e beijou minha bochecha.

Sim, eu sabia que era apenas uma brincadeira e provavelmente porque Calypso deveria estar por perto, até porque estava bem na cara que um certa filha de Afrodite já havia roubado o coração de Leo. Mas Percy não tinha nenhuma noção disso.Naquela hora, Percy ficou branco e seus olhos se arregalaram, sua boca quase foi ao chão.

— MAS O QUE? - E logo o susto se foi, substituido pela raiva que o fez dar um passo a frente pronto pra apertar o pescoço de Leo. - Como assim você está namorando com minha irmã?

Dei um passo a frente e parei Percy no meio do caminho, suas mãos ainda esticadas na tentativa de homicídio. No fim eu lutava para segurar a risada e Leo e Annie pareciam da mesma forma. Percy foi de branco a vermelho e posso jurar que vi fumaçar sair de seu nariz.

— Percy, é brincadeira! - Segurei meu irmão com mais força e ele olhou em meus olhos furioso. Diminuí a voz esperando que Calypso não estivesse por perto. - Nós nãos somos namorados. Por favor, se acalme!

Percy me olhou confuso e com os braços cruzados, a raiva se acalmando aos poucos quando Annie se postou a seu lado. Suspirei e expliquei em resumo do que havia acontecido na noite anterior, excluindo a parte do beijo e acotovelando Leo quando ele ia contar exatamente sobre isso.

— É tudo apenas um plano, cara. - Leo sorriu e pousou a mão no ombro de Percy que o encarou com as sobrancelhas franzidas. - Mas você tem que parar de ser tão ciumento. A garota já tá grandinha até demais.

— Mas ela continua sendo minha caçula! - Ele empinou o queixo e veio em minha direção me apertando em seu abraço de urso.

— Tudo bem, mas eu posso respirar? - Percy afrouxou o abraço e eu respirei fundo e o encarei chateada. - Caçula? Por favor, outro apelido, menos constrangedor quem sabe?

— Eu gosto de Pequena Sereia! - Leo soltou e eu ergui a sobrancelha enquanto Percy o fuzilava com os olhos.

— Que tal apenas Duda? - Todos pareceram concordar no momento que Quíron chegou a nós com seu trote rápido.

— Bom, vejo que já estão quase todos aqui.

— Quase todos? - Leo questionou e olhou ao redor rapidamente. - Quem falta?

— Nico! - Soltei antes que qualquer um. Eu já havia olhado ao redor e percebido que o di Angelo não estava em lugar nenhum. Todos me encararam com sorrisos cúmplices e eu acabei percebendo como tinha soado a minha percepção de que Nico era quem faltava ali. Minhas bochechas esquentaram e eu já senti as palavras vindo gaguejadas por meus lábios. - Não...não que tenha sido a primeira coisa que percebi quando cheguei até porque não ficou por aí olhando onde o filho de Hades está, mas com certeza se ele estivesse por aqui já teríamos ouvido uma de suas falas sarcásticas ou seus revirares de olhos e...

— Duda, respira! - Percy segurava o riso quando tocou meu braço e eu respirei fundo tentando conter meu coração disparado pela vergonha. - Você fala rápido demais quando está nervosa...

— Um dos meus charmes. - Revirei os olhos e empurrei meu irmão de lado.

— De qualquer forma precisamos que todos se reúnam aqui em... - Quíron encarou o relógio em seu pulso e eu olhei fixamente para ele. Quíron não parecia um cara com mais de quarenta anos de idade com sua blusa esporte e seus cabelos cortados rente ao pescoço. A não ser pelo corpo de cavalo que estava a mostra no momento, os pelos brilhando e os cacscos espalhando poeira. Ele ergueu os olhos e sorriu para mim. - quarenta minutos. Precisamos rever o plano quando todos estiverem presentes para não haver dúvidas.

— Tudo bem. - Percy alisou os cabelos negros para trás e apertou a mochila nas costas. - Eu posso chamar Nico. É estranho, ele sempre é o madrugador das missões, o primeiro a chegar aqui na entrada e ficar gritando em nosso ouvido para andarmos logo e pararmos de namorar. - Percy imitou uma voz fina com gestos engraçados nas mãos e eu ri.

— Provavelmente deve ter ido dormir tarde ontem. - Leo opinou, dando de ombros.

— Então vai ser um prazer afogá-lo enquanto dorme. - Percy sorriu de lado e antes que pudesse completar seus planos contra Nico eu pigarrei.

— Percy, eu posso ir chama-lo. - Ele me encarou pronto para negar fervorosamente, mas ergui a mão. - Olha eu ainda preciso pegar minha mochila que deixei no chalé e posso muito bem passar no chalé dele só pra chama-lo. Ele já deve até estar pronto.

— E você acha que vou te deixar sozinha com ele no chalé? - Ele ergue uma sobrancelha com as mãos nos quadris. - De novo?

— Eu não vou estar sozinha. - Olhei para o lado onde uma bola de pelos negra vinha correndo em minha direção. Depois que saí do refeitório com Leo, Totó resolveu dar seus passeios pelo acampamento já que todos pareciam ceder a seus encantos e lhe dar petiscos deliciosos. Bati em minhas pernas e Totó pulou em meu colo e latiu feliz. Sorri, mas Percy ainda não parecia convencido. Revirei os olhos. - E pode deixar que qualquer coisa também posso afogá-lo!

— Promete? - Ele ergueu os lábios e eu afirmei.

— Então senhorita Swan, se apresse. - Quíron falou e chamou Percy, Annie e Leo para o seguirem em direção as Caçadoras. - Estaremos lhe esperando próximo à árvore de Thalia.

Assenti e, sem perder tempo, coloquei Totó no chão e corri em direção a área dos chalés. De relance, olhei para o chalé de Afrodite, mas nem sinal de Lucy. Continuei a correr e parei em frente ao chalé de Hades.

— Ok, dessa vez nada de invadir o chalé do garoto, Duda. - Ralhei comigo mesma, mesmo que minha mente ainda imaginasse se havia chances de encontrar Nico na mesma situação que antes. Meu coração pareceu disparar no peito enquanto minha mente vagava. Só voltei a caminhar pela escada quando Totó latiu me tirando dos devaneios. - Valeu, Totó. Vamos acordar um Darth Vader preguiçoso!

Saltei os últimos degraus e exitei ao bater na porta. Imaginar os olhos negros de Nico ao abrir a porta e seu sorriso de lado já me faziam arrepiar por inteira e minhas pernas bambearem. E eu sabia o quanto era errado me sentir assim, nós conseguimos evoluir para amizade, mesmo que uma meio conturbada, mas eu não queria estragar isso. Além do que eu nunca passaria disso para Nico. Apenas uma amiga. E foi repetindo essa pequena frase que bati na porta do chalé e esperei. Nada. Bati mais uma vez e a resposta foi apenas o silêncio. Na terceira vez pude ouvir um gemido fraco vindo do chalé e revirei os olhos.

— Eu não acredito que você ainda está dormindo! - Ok, eu sei o que eu prometi a mim mesma segundos atrás, mas eu estava muito apressada e saber que ele ainda dormia me fez querer apertar o pescoço dele por ser um preguiçoso e sem compromisso. Mas eu esperava que a porta estivesse trancada desta vez.

Foi uma pena que não estivesse.

Minhas mãos giraram a maçaneta com facilidade e eu empurrei a porta já com o sermão preparado nos lábios. A porta rangeu e eu encarei a cama completamente bagunçada. As cobertas se mexeram e eu bufei, pronta para acordar o garoto como havia prometido a Percy.

— Nico di Angelo nós já estamos completamente atrasados e você continua na sua cama dor....

Interrompi minha fala quando uma mão fina com unhas pintadas em um amarelo vivo surgiram debaixo do lençol. O resto do sermão engasgou em minha garganta quando cabelos castanhos e longos caíram por debaixo das cobertas e, aos poucos, a pessoa debaixo dos lençóis foi se revelando. E eu sabia apenas uma coisa: Aquele, com toda certeza, não era Nico. Pernas torneadas foram saindo da cama e logo os cabelos castanhos levaram a um rosto com cílios longos e lábios borrados de batom. E eu tive certeza da segunda coisa: Aquela era uma garota. E quando os olhos dela sem abriram eu percebi a terceira e pior coisa: Eu conhecia aquela garota.

Meu cérebro parecia tão lento. O tempo parecia ter parado naquele momento, no momento que percebi o que estava acontecendo ali. Ou melhor, o que havia acontecido ali. Totó rosnou para garota ao meu lado e ela arregalou os olhos e olhou em minha direção. Sua surpresa logo deu lugar ao sorriso sarcástico e o olhar ferino quando ela me reconheceu. Sentou-se na cama enrolada no lançol e, ao se erguer, deixou que este escorregasse por seu corpo, revelando que ela vestia apenas um conjunto de calcinha e sutiã. E, se minha imaginação não fosse tão fértil, aquilo apenas confirmaria o que eu já sabia.

Nico passou a noite com Drew.

Eu não precisei pronunciar a frase para que esta fizesse um estrago dentro de mim. Minhas mãos cerraram e eu senti a unha entrando na pele, meu corpo pareceu entrar em colapso, senti um filete de sangue descer por minha língua vindo dos lábios presos firmemente entre meus dentes travados. Fechei os olhos, o ardor que antecede as lágrimas já surgindo nas íris, e apenas respirei fundo, mas um soluço involuntário irrompeu do meu peito. Mesmo sendo um grande clichê, eu senti que meu coração havia sido quebrado naquele momento enquanto as imagens do que poderia ter acontecido na noite anterior naquele mesmo chalé passavam como um filme de terror na minha mente. E eu senti nojo, nojo de estar ali, nojo de presenciar aquela garota com seu sorriso idiota e nojo de Nico por ter feito aquilo, mas me surpreendi por perceber que muito além do nojo estava a dor. Uma dor tão arrebatadora que eu nunca imaginei existir na vida real, apenas nas hitórias de romance que lia e que me deixavam ansiosa por sentir isto por alguém porque essa dor sempre representava que esse alguém era tão importante que parecia fazer parte de você. No momento que abri os olhos me amaldiçoei por um dia ter desejado sentir isso pois percebi que aquela dor quase física representava o que eu sempre imaginei. E eu só queria que ela parasse, que eu pudese arrancar meu coração do peito para que aquela dor horrível sumisse de vez. Mas a única coisa parada eram meus pés plantados no lugar. Eu não me movia e no fundo ainda implorava que tudo aquilo fosse um grande pesadelo, que eu acordaria no meu chalé e Nico estaria pronto para sair para a missão com seu sorriso preso aos lábios e eu continuaria acreditando que meus sentimentos por ele não passavam de amizade. Mas eu já lera livros suficientes para saber que o que eu sentia naquele momento não caracterizava sentimentos de amizade.

Mas quem iria saber daquilo além de mim?

Ninguém!

Por isso resolvi tomar as rédeas da situação. Eu ainda me decidia se deveria apenas dar as costas aquela garota e sair porta afora e tentar, com todas as forças, ignorar o acontecido ou voar no pescoço dela e tirar aquele sorriso vitorioso da sua cara amassada. Com certeza era isso que ela esperava. Com certeza era isso o que eu queria, mas não daría esse gostinho a ela. Respirei fundo, juntando os pedaços feridos do meu coração e tentando esconder a dor na parte mais profunda da mente, e ergui o queixo, tentando me mostrar inabalável. Totó continuava ao meu lado, um certo alívio, com os dentes a mostrar para a magrela. Ela me olhava com o nariz empinado e as mãos nos quadris despidos, mas estava claramente preocupada com o que Totó poderia fazer com suas pernas finas se eu ordenasse. E admito que fiquei bastante tentada a deixar Totó usá-la de brinquedo de morder, mas eu não queria prolongar meus momentos ali. Poderia ser coisa da minha cabeça, mas o chalé parecia cheirar a sexo e meu estômago embrulhou só de pensar que um dia eu sentei naquela mesma cama. Quantas outras garotas Nico também não teria levado ali? Quantas vezes não fora a própria Drew? Espantei as imagens de minha mente, controlando a ânsia em mim, e me preparei para soltar uma das várias frases sarcásticas que preparei em minha mente e dar o fora do chalé com a cabeça erguida deixando Drew decepcionada por eu não ter me rebaixado a seu nível.

Mas meu plano perfeito foi por água abaixo quando um rangido de madeira me fez olhar para a porta escura do banheiro e esquecer completamente Drew quando a voz grave e, que antes fazia meu coração disparar, apenas tirou a dor da parte escura e fez com que ela se alastrasse por meu corpo novamente.

— Drew, eu acho que alguém bateu na por... - Ele fechou a porta com o pé enquanto ainda fechava o zíper da calça. Quando seus olhos negros se ergurem ele engasgou. Um dejavú passou por minha cabeça, Nico apenas de calça e tênis, seu tórax definido exposto e seu olhar surpreso me encarando. Mas aquilo parecia ter sido séculos atrás. Um época onde meu coração acelerou de ansiedade ao estar perto dele e não de dor, uma época onde a surpresa dele foi substituida por seu sorriso galanteador e não por um olhar de medo e preocupação. Percebi a respiração dele acelerar e seus olhos se arregalaram quando ele percebeu que era eu ali no chalé. Sua voz saiu como um suspirou asssustado. - Swan!

— Eu... - Minha garganta estava seca pelo longo tempo em silêncio ou quem sabe porque toda a água do meu corpo subiu para os olhos quando eu pensei nos dois juntos. Mas me parabenizei por não deixar nenhuma lágrima cair. Pigarrei e respirei fundo. Nico não saberia a bagunaça e a dor que ele me causara, para ele eu seria a garota forte e desisteressada. Apenas a amiga. - Eu vim apenas lhe avisar que todos já estão prontos para partir. Em trinta minutos estaremos saindo e você está atrasado.

Agora Nico era quem parecia estar plantado no lugar. Ele olhava de mim para Drew, abrindo e fechando a boca sem realmente dizer nada. Quando seus olhos se fixaram em mim novamente eu pude le-los com clareza. Ele estava arrependido e parecia implorar por perdão. Olhos negros e manhosos continuavam sendo meu ponto fraco, mas aquilo tinha sido demais, eu não sabia de podia dar o que Nico pedia, não enquanto olhar para ele me causasse tanta mágoa. Mas eu provavelmente estava apenas imaginando o que eu queria. Nico não tinha motivos para arrependimentos e eu não sabia le-lo tão bem quanto imaginava ou saberia que ele era apenas um cara a procura de garotas para esquentarem sua cama por noite. Desviei o olhar no momento que Drew sentou na cama e falou enjoativamente.

— Niquinho você não me falou nada de que iria sair em missão com essa daí! - Ela apontou para mim com desprezo e pulou da cama seguindo para Nico com os braços estendidos.

Sua calcinha fio dental foi a gota d'água. Revirei os olhos, segurando as lágrimas ainda mais forte.

— Eu não devo satisfação nenhuma a você! - Ele segurou os braços delas antes que estes se prendessem no seu pescoço. Mas Drew apenas me encarou com seu sorriso venenoso e, antes que Nico pudesse se afastar, ela selou seus lábios com o dele.

— Ok, eu não preciso aturar isso! - Tentei soar da forma mais desinteressada possível, mesmo que ver aquilo tenha sido como cravar uma lança em mim, e caminhei a passos duros para a porta com Totó em meu encalço. - Se você não estiver lá em trinta minutos, saímos sem você!

Girei a maçaneta pronta para correr para o meu chalé e gritar em meu travesseiro com todas as forças, amaldiçoando meu coração idiota, quando senti uma mão firme ao redor de meu pulso. Eu já sabia perfeitamente quem era então prendi a respiração e torci para que meus olhos não estivessem tão vermelhos quando me virei para Nico. Ele já vestia uma blusa folgada e eu me bati internamente por ainda ficar sem fala com a sua proximidade. Ele parecia indeciso quando olhou no fundo de meus olhos sem soltar meu pulso.

— Swan, o que você viu, isso.........

— Não é bem o que eu estou pensando? Porque sempre a mesma frase clichê? - Encarei Nico pronta para falar mais algumas coisas sobre o que eu realmente estava pensando. Mas me detive. Não, eu não tinha nenhum direito de criticá-lo ou gritar com ele, Nico não era meu para que eu me mostrasse irada ou ao menos chateada com o que havia acontecido. Só em ter acontecido aquilo já mostrava claramente que eu não tinha toda a importância que eu gostaria de ter, não como a importância que ele tinha para mim. Eu era apenas a amiga e tinha que aceitar isso o mais rápido possível e a amiga não se sentiria quebrada e destruida ao saber que ele dormiu com outra garota, mesmo essa garota sendo a Drew. Eu teria que interpretar esse papel. Suspirei e sustentei o olhar triste de Nico. - Na verdade Nico, o que aconteceu aqui não tenha absolutamente nada a ver comigo. Você não me deve satisfações sobre o que faz ou deixa de fazer e com quem faz. Eu sinceramente não quero saber.

— Mas... eu... - Nico parecia perdido com minha resposta, poderia dizer que até mesmo magoado. Minha resposta desinteressada pareceu machucá-lo mais do que meus gritos e sermões. Ele esperava mais, suplicava por mais, mas eu estava cansada de tentar entender Nico di Angelo. Seus silêncio parecia um peso sobre mim e eu desvieie os olhos dos seus dando um basta a tudo aquilo.

— Nico, estamos atrasados. - Me soltei de seu aperto bruscamente e dei dois passos para trás. Desci o primeiro degrau e ergui os olhos uma última vez, Nico continuava parado em frente a sua porta parecendo pela primeira vez estar completamente sem palavras. - Acho melhor avisar a garota seminua em seu chalé que vocês continuam de onde pararam quando voltar da missão. Prometo não atrapalha-los novamente.

E desci os restante dos degraus sem me importante com os chamado de Nico as minhas costas. Caminhei rapidamente em direção ao chalé de Poseidon e agradeci a todos os deuses por Nico ter voltado ao seu chalé. Quem sabe não decidiu terminar o trabalho com a garota antes de sair em missão? Senti meu estômago embrulhar com o pensamento e entrei no chalé batendo a porta em seguida e trancando-a furiosamente. Minha mochila continuava intacta sobre os lençóis e eu desabei na cama soltando um longo e sôfrego suspiro. Totó sentou a minha frente com seus olhos grandes e carinhosos. Aos poucos todas as cenas foram voltando mesmo que eu tantasse não pensar nelas. Parecia impossível não imaginar os dois na noite anterior, não depois do que vi. A dor que eu tanto evitara voltou com força total junto com a inundação que se acumulou em meus olhos. Eu me senti uma idiota por estar sentindo tudo aquilo, idiota por não ter controlado melhor meu coração. Mas são nesses momentos que você descobre que essa pequena parte sua é completamente incontrolável. Encarei o cãozinho a minha frente e meus lábios se ergueram para a confusão que ele estampava em sua cara peluda.

— Agora eu sei que você não passou a noite por lá, Totó. – E o cachorro pulou em meu colo sem cerimônia, lambendo meu braço. Ele parecia saber perfeitamente do que eu precisava pois esfregou o focinho em meu rosto e encostou a cabeça em meu peito. E eu me permiti desabar. As lágrimas inrroperam de meus olhos embaçando minha visão, meu peito tremia em soluços incontroláveis e eu apertava Totó contra mim como isso pudesse fazer a dor em mim parar. Eu perdi a noção do tempo e apenas implorei em silêncio para que pudesse voltar no tempo e me impedisse de conhecer Nico e desencadear todos aqueles sentimentos. Mas era impossível e ter a certeza disso apenas me fazia chorar ainda mais. Naquela tempestade de emoções eu consegui ter apenas uma certeza, mesmo sendo esta a pior certeza que eu poderia ter. Encarei Totó que continuava quieto em meu colo e sussurrei apenas para nós. Um segredo para ser esquecido emum chalé vazio. - Eu estou apaixonada por Nico. E esta é a pior coisa que poderia ter me acontecido, Totó. Porque logo ele?

Respirei fundo, controlando as lágrimas. Eu precisava parar, não tinha tempo para perder com minha paixão recém descoberta. Sentir aquilo era um erro catastrófico e eu precisava aprender a guardar isso na parte mais profunda de mim. Ser apenas eu a saber disso era uma grande vantagem e mais ninguém iria descobrir.

— Esse será nosso segredo Totó! - Afirmei ao cãozinho que apenas pulou de meu colo se deitando no colchão macio. Me ergui e limpei o rosto. - Ninguém mais precisa saber sobre isso. Temos um missão importante e deixar esses sentimentos me dominarem é idiotisse. E, quem sabe, com o tempo eu consiga esquecé-los. Não pode ser tão difícil assim, não quando tudo é tão platonico!

Caminhei decidida para o banheiro e joguei água no rosto, meus olhos estavam vermelhos, mas a água fez um ótimo trabalho em deixa-los normais novamente. Voltei ao quarto e coloquei a mochila bem presa as costas, mas antes que pudesse caminhar até a porta a mesma tremeu com batidas suaves de alguém. Encarei Totó e dei de ombros, pronta para abrir a porta. Mas aquela voz, aquela maldita voz, me fez estancar no lugar e os sentimentos me inundarem novamente.

— Swan, estamos atrasados e... bem, eu estou pronto. Nós precisamos ir. Você ainda está aqui? - Nico soava inseguro como nunca ouvi antes e sua voz saía bem próxima a madeira. Ele provavelmente estava com a testa encostada contra a porta e a respiração descompassada que sempre o atingia quando algo o perturbava. Porque eu parecia conhece-lo tão bem? Imaginá-lo daquela forma me deixou a flor da pele e, involuntariamente, um soluço alto sacudiu meu corpo e eu senti meus olhos arderem novamente. Tapei a boca fortamente com a mãos, como se assim pudesse impedir que Nico soubesse que eu estava ali. Mas ele com certeza já sabia. Suas batidas na porta foram mais forte. - Swan, você está chorando? Abra a porta! Eu sei que está aí.

Sacudi a cabeça em negativa como se ele pudesse ver, e respirei fundo limpando a única lágrima que rolou por meus olhos. Eu não era tão sensível e fraca assim. O que estava acontecendo comigo? Prendi a mochila ainda mais forte enquanto Nico continua a bater na porta.

— Você sabe que eu tenho outros meios de entrar.... - Ele rosnou e, sem esperar por mais nada, corri em direção ao banheiro. Totó pulou da cama, me seguindo. Ali, camuflada na parede azul do banheiro, existia uma porta que dava para os fundos do chalé. Provavelmente todos eles possuíam essa porta como uma espéçie de saída de emergência para situações perigosas e desesperadas. E eu estava desesperada para me manter longe de Nico, pelo menos enquanto eu lutava para voltar a ter o controle sobre minha emoções. Com certa dificuldade achei a pequena maçaneta e abri a porta, o sol matinal queimando meus olhos enquanto eu corria por trás dos chalés em direção a entrada do acampamento. Eu admito que aquela foi uma atitude bem infantil e que denotava bastante importância para alguém que afirmou não se importar com o que Nico fazia, mas eu não estava pensando com tanta clareza e suspirei de alívio quando vi o grupo de semideuses ao longe. Olhei de relance para trás, nenhum sinal de Nico, e passei a diminuir a corrida. O que foi um grande erro. Quando voltei meus olhos para frente senti meu corpo esbarrar contra algo. Eu perdi o equilíbrio e ia dar de cara no chão se os braços do tal “algo” não se prendessem a minha cintura me colocando de pé firmemente. Ergui os olhos e bufei. O sol dificultava minha visão, mas o arrepio na espinha que senti quando os braços alisaram minhas costas foi suficiente para me revelar a identidade do algo. No caso do alguém. Nico, como sempre, invadia meu espaço pessoal e suas mãos me seguravam possessivamente. Meu corpo traidor parecia se encaixar perfeitamente ao seu e tudo nele pedia para que eu esquecesse as últimas horas e apenas puxesse Nico para perto. Mas, por favor, eu ainda era racional e tinha um pingo de controle. E foi se segurando a esse controle que soltei as mãos de Nico da minha cintura e dei um passo para trás, fuzilando o moreno com o olhar. Ele me encarava preocupado, uma angústia era perceptível em seu olhos e suas mãos penderam ao lado do corpo enquanto ele suspirava. Balancei a cabeça, dessa vez os olhos negros dele não iriam me desestruturar, isso eu garanti. Ergui o queixo e cruzei os braços.

— Não entendi o porque de toda esse perseguição. Eu estava apenas terminando de arrumar a mochila. Me encontraria com todos vocês na entrada do acampamento.

— Foi você que fugiu pela porta dos fundos. - Ele bagunçou o cabelo e me olho provocativo. - Eu apenas quis te seguir para saber o que tinha acontecido.

— Agradeço sua preocupação, mas não era necessário. - Mexo distraidamente nas alças da bolsa apenas para não ter de encarar os olhos questionadores de Nico. - Eu estou muito bem e estava apenas seguindo para o nosso ponto de encontro por um caminho diferente.

— Você não está bem. - Sua afirmação me fez ergueur os olhos para encara-lo. Ele me analisava com os braços cruzados. - Você acha que não ouvi o soluço ou que não consigo ver em seus olhos? Porque você estava chorando?

— Eu não estava chorando! - Menti e Nico revirou os olhos.

— Você mente muito mal. Deveria parar com isso! - Seu sorriso debochado saiu dos lábios que se tornaram apenas uma fina linha rígida. Seus olhos percorreram todo o meu corpo, não de forma sensual, apenas preocupado. - Alguém te machucou?

— Não... - Respondi mesmo que por dentro eu gritasse “Sim, você me machucou de uma forma muito pior do que fisicamente, porque ao menos para a dor física há cura, mas como curar os sentimentos?”. Prendi bem os lábios, com medo que as palavras escapassem sem querer. Totó encostou a cabeça em minha perna e eu suspirei. - São problemas apenas meus. Logo estarei bem.

— Se você diz... - Ele me encarou desconfiado pronto para continuar seus questionamentos, mas eu estava sem saco para isso.

— Então está dito! - Endireitei as costas e caminhei, dando a volta por Nico e pronta para voltar a minha rota. - Vamos, não temos tempo para isso, estamos atrasados!

— Eu sei, mas antes... - Ele segurou meu braço no momento que eu passei por ele. Eu estava quase alivida por ter me livrado da conversa com ele, mas eu deveria saber que o di Angelo era insistente. Seus dedos contra minha pele eram frios, mas estar perto dele faziam um calor arrebatar meu corpo e meu coração acelerar. Como algo tão quebrado poderia ainda bater por aquele que o quebrou? Eu não queria mais pensar naquilo e simplesmente esperei que Nico se posicionasse a minha frente. Tentar fugir novamente seria burrice,eu queria deixar um ponto final em toda e qualquer conversar para que pudesse me manter distante do filho de Hades. Seu corpo estava novamente a minha frente e eu me mostrei impaciente enquanto ele parecia escolher as palavras certas, seus dedos ainda circundando meu pulso. Será que ele percebeu o descompasso do meu pulso quando seus olhos se fixaram suplicantes nos meus. Eu pedia aos deuses que não. Finalmente ele deixou que as palavras saissem. - Antes eu preciso te pedir perdão pelo que você presenciou hoje.

— Porque? - Era minha pergunta sincera. Encarei seu rosto com a sobrancelha erguida enquanto ele desviava o olhar, parecendo incapaz de me encarar. As imagens ainda me despedaçavam, mas eu lutava para demonstrar desinteresse e esperei que a interpretação estivesse realmente boa. E, mesmo as palavras me doendo, eu precisei pronuncia-las. - Você é livre, não fez nada de errado.

— Então porque depois de ver você no meio daquele quarto me encarando como se eu fosse um completo desconhecido me pareceu ser a coisa mais errada que já fiz na vida? - Aquela também era uma pergunta sincera e que mexeu comigo. Engoli em seco e soltei meu pulso de seu toque, só assim poderia pensar claramente.

— Provavelmente porque você deve ter inflingido a maior regra do acampamento. - Ergui a cabeça e tentei soar como a amiga desinteressada. Fiz um “x” sobre o coração e ergui a mão com sorriso brincalhão, o sorriso mais difícil que já tive de dar na vida. - Mas prometo que não contarei a ninguém sobre isso.

— Não, você não entende! - Ele deu um passo para frente, tentando se aproximar. Me afastei um passo o que fez Nico me olhar triste. Ele parecia completamente arrependido o que quase me fez baixar a guarda, mas me mantive firme enquanto ele enfiava as mãos nos bolsos impaciente, buscando palavras que pudessem me fazer acreditar nele ou perdoa-lo. Ele não sabia que já era tarde para isso. - Eu não ligo por ter infligido a droga de uma regra, Swan. O que me perturba é saber que, de alguma forma, eu errei com você!

— Comigo? - Questionei abismada. Como ele poderia saber o quanto aquilo me machucou? Será que ele sabia me ler tão bem assim? Não, aquilo não era possível. Provavelmente ele só estava preocupado por ter sido Drew, minha “arque-inimiga”, a estar com ele naquela noite e eu ter visto isto. Respirei fundo e revirei os olhos soando despreocupada. - Ah bem, se é por te sido Drew a 'garota da vez' e eu ter presenciado isso, não precisa se desculpar. Se bem que eu ainda me pergunto o que te atrai nela, aquela garota é uma cobra! Mas provavelmente seja o corpo perfeito ou os belos cabelos escuros, o que atrai todos os outros.

— Eu não sou como os outros. - Ele soou firme e tentou segurar meu braço novamente. Afastei meu braço, fingindo alisar Totó, e Nico suspirou. - Estar com Drew foi...

— Ah por favor, não termine! - Vociferei sentindo a raiva me invadir. Ouvir Nico dizer algo como “Estar com Drew foi diferente” e blá blá blá não faria nada bem para mim. Eu precisava colocar um ponto final a conversa. - Você não me deve desculpas. Como disse, é livre para estar com quem quiser. Você sabe o que penso de Drew, mas se é ela quem o faz feliz então parabéns! Eu só quero que você esteja feliz, ok? - Falei encarando os olhos negros dele com um sorriso sincero. Aquela foi a única frase realmente sincera de todo o discurso. Acima de tudo meu coração idiota anseava apenas pelos sorrisos sinceros de Nico. Mas algo ainda me incomadava e eu não pude controlar minha língua. Cerrei os olhos para Nico que parecia surpreso com minhas palavras. - Eu só não entendo porque você mentiu.

— Eu nunca menti para você! - Ele falou surpreso dando um passo a frente. Eu apenas o contornei tendo a certeza que aquela seria minha última frase na conversa. E depois disso lutaria para fazer Nico ser apenas um garoto como todos os outros, mesmo sabendo que aquilo seria a coisa mais difícil que já fiz. Respirei fundo e olhei para ele que estava a minhas costas com os olhos arregalados e confusos.

— Porque mentiu sobre não ter mais nada com Drew? - Cerrei os olhos e suspirei. Se ao menos ele tivesse falado desde o principio sobre a relação de 'amizade colorida' entre ele e a filha de Afrodite quem sabe eu não tivesse caído na real e não estivesse sentindo toda aquela dor? Não, provavelmente nada teria mudado já que ver o filho de Hades naquele corredor do colégio já fez algo em mim mudar. No fim, esses sentimentos eram inevitáveis. Abri os olhos o que piorou tudo ao ver os cabelos de Nico bagunçados pelo vento e seu rosto distorcido pela preocupação. Acho que não importava quanto tempo passasse, eu nunca me cansaria de admirar o filho de Hades. Balancei a cabeça com um sorriso triste como se Nico pudesse ler meus pensamentos se eu continuasse ali a encara-lo. - Quer saber, não importa mais. Nada disso importa.

Me virei e voltei a caminhar em direção ao grupo de semideuses na entrada do acampamento. Não ouvi passos as minhas costas e quase suspirei aliviada. Quase. Os passos de Nico não surgiram, mas sua voz alta e sarcástica pareceu flutuar até mim.

— Eu não menti sobre não estar com Drew. - Revirei os olhos e continuei a andar. Porque ele continuva insistindo nisso? A voz do garoto soou uma oitava a mais e agora parecia cheia de raiva. - Mas não posso dizer o mesmo de você!

— O que? - Travei no lugar e me virei surpresa. Nico estava com os braços cruzados e os olhos cerrados. Toda a sua preocupação e angústia pareciam ter evaporado deixando apenas a raiva. Caminhei calmamente de volta até estar em frente a ele. - Do que você está falando?

— Ah por favor, não precisa mais fingir. - Ele vociferou e se aproximou um passo. Surpresa, continuei no mesmo lugar. Seus olhos me fuzilavam. - Eu sei sobre você e Leo.

— Eu e Leo? - Encarei-o confusa enquanto Nico erevirava os olhos impaciente, não acreditando em nenhuma palavra que eu dizia. Mas o que eu e Leo.....? E então a verdade veio como um tapa. Arregalei os olhos e Nico sorriu irônico com os dentes cerrados, controlando a raiva. - Oh não. Você viu!

— Ao menos não está negando! - Ele me encarava com um ódio, mas este não parecia direcionado realmente a mim. Para mim ele guarda a decepção e a tristeza. E, mesmo que, assim como ele, eu não devesse nenhuma satisfação, eu sentia a necessidade de me explicar. Mas ele não parecia disposto a me deixar falar e continuava lançando toda a sua fúria em mim. - E, se você está falando do beijo em frente a arena, eu vi.

— Nico, aquilo.... - Ergui as mãos, pronta para explicar, mas Nico bufou e rio sem humor, me interrompendo.

— Não é bem o que eu estou pensado? Sempre o mesmo clichê, não é? - Ele desdenhou. Suspirei e abaixei a cabeça. Ele não entendia o quanto minha situação era diferente da dele? O quanto meu beijo com Leo só serviu para que eu confirmasse que não gostava do filho de Hesfesto? Mas ele não parecia disposto a ouvir. Ergui os olhos e ele me encarava com um sorriso cínico. - Agora lhe faço a mesma pergunta? Porque mentiu e não contou logo sobre seu namoro com o Valdez? Porque esconder?

— Eu não menti, Nico!

— Nem eu! - Ele gritou e fixou seus olhos nos meus. O negro era feroz e eu me pergunto o que ele viu nos meus para recuar e suspirar. - Mas ao menos eu admito que errei, já você não se incomoda em admitir nada.

— Porque não foi um erro... - Afirmei e Nico me encarou surpreso já prestes a me interromper novamente. Indo contra todas as regras de amizade, me aproximei de Nico, nossas respirações se misturando, e segurei seu rosto com um mão e calando sua boca com a outra. Ele me olhou ainda mais surpreso, mas eu precisava que ele me ouvisse. Fixei meu olhar no seu e continuei com firmeza. - Foi um acidente. O beijo foi apenas um acidente. Eu estava ajudando Leo a se livrar das provocações da Calypso.

— E vai me dizer que você ia beijar a bochecha dele e sua boca acabou descendo demais? - Ele tirou minha mão de sua boca e uestionou com um sobrancelha erguida.

— Isso! Bem, não exatamente assim. Eu ia realmente beijar a bochecha dele, mas ele acabou se virando na mesma hora e o beijo aconteceu. - Expliquei e Nico me olhou desconfiado. Concordo que era uma história bem maluca e igual aquelas comédias românticas ruins, mas era a verdade! Nico ainda me mantinha perto e coloquei as duas mãos ao redor do rosto dele fazendo com que seus olhos fossem presos aos meus. - Eu e Leo não temos nada. O beijo foi um acidente e, pra falar a verdade, apenas serviu para me mostrar que não é por Leo que meu coração acelera ou que eu sinto como borboletas voassem no estômago.

— Isso sim é bem clichê. - Nico sorriu com vontade afastando toda raiva e decepção com seus dentes brilhantes e seus olhos nos meus. Ele não se afastou e eu parecia hipnotizada pelas suas orbes profundas. E sua voz soando como um sussurro não ajudou muito na minha sanidade. - Mas então quem faz seu coração acelerar ou borboletas voarem dentro de ti?

— Eu.... - Suspirei, embriagada pelas palavras do garoto a centímetros de mim. Nico me tinha na palma da mão e com certeza eu me declararia ali, encantanda com os negros e profundos olhos dele se não fosse por Totó ter latido e me tirado do torpor. O que eu estava fazendo? Estava prestes a beijar o garoto que a minutos atrás havia quebrado meu coração e que só gostava de mexer com meu psicológico, nada além disso! Eu não poderia ser burra a ponto de esquecer tudo aquilo. Soltei o rosto de Nico, acalmando minha pulsação, e me afastei aos poucos. Nico me encarou confuso e ia voltar a se aproximar até eu erguer o braço, impedindo que seus corpo voltasse a estar perto do meu. Nico era o melhor amigo que poderia existir e eu precisava aprender a mante-lo assim em minha vida. Ele não queria se prender a ninguém já eu era a romântica irreparável que acreditava na ideia de alma gêmea. Éramos opostos e estar apaixonada por ele era um catastrófico erro, um segredo trancado a sete chaves e que eu pretendia manter assim. Ergui os olhos e sorri de lado. - Isto não importa mais. Descobri que meu coração é idiota e que ter sentimentos assim é como morrer por dentro. Apenas saiba que entre eu e Leo é apenas amizade e não passará disso.

E Nico ficou sem palavras. Seus olhos vasculhavam os meus em busca de algo, uma pista sequer, mas de nada adiantou. Eu realmente joguei tudo para o mais fundo de mim e resolvi que naquele momento apenas a missão estaria em minha mente e estava disposta a lutar para mandar esses sentimentos embora de vez. Nico não parecia ter mais nada a dizer e agradeci mentalmente por isso.

— Bem, é melhor ir andando. Estamos mais do que atrasados e Percy vai me dar o maior sermão se não chegarmos logo lá. - Sorri minimamente para o Filho de Hades que afirmou com a cabeça ainda sem falar nada. - Vamos achar o senhor “Mestre dos Magos”!

Me virei e pela terceira vez segui o caminho, desta vez com passadas rápidas antes que algo voltasse a me interromper. E foi extamente o que aconteceu. Senti uma mão fria circundar minha cintura e me puxar para a sombra de uma dos chalés. Assutada vi apenas Nico pegar uma mochila negra do chão e colocar nas costas. Seu braço me puxou para mais perto ainda e ele olhou para Totó.

— Vá para entrada do acampamento, Totó. - Ele apontou para onde os semideuses estavam reunidos e Totó olhou para lá como se entendesse perfeitamente o que o garoto dizia. - Nós vemos lá!

E, com a mão livre, ele tocou a sombra do chalé e rapidamente me puxou para dentro dela. Com da outra vez, o frio da morte e o som das almas pareciam me envolver e apertei os braços ao redor do filho de Hades. Mas tudo foi muito mais rápido e em pouco tempo eu voltei a sentir o sol em meu corpo e abri os olhos. Estávamos embaixo de um pinheiro alto e verde, alguns metros dali o grupo de semideuses parecia impaciente próximo as colunos nos limites do acampamento. Encarei o filho de Hades perplexa.

— Porque fez isso? - Sussurrei para que Percy não me ouvisse e acabasse criando mais uma de susas discussões de irmão ciumento. - Você sabe o quanto odeio viagem nas sombras!

— Eu... eu não sei. Apenas precisava estar próximo a você um última vez. - Ele me olhou profundamente segurando minha mão. - Porque a nossa conversa pareceu uma despedida.

Eu desviei o olhar. Como dizer que eu também sentia como uma despedia e que nada entre nós seria da mesma forma, que eu precisava de um pouco de espaço para controlar ou expulsar todas as emoções que me inavadiam quando ele estava perto? Eu não poderia dizer e optei pelo silêncio. Me soltei de Nico e sai de trás da árvore seguindo para o grupo. Percy foi o primeiro a me ver e sorriu até olhar para quem estava as minhas costas.

— Onde vocês estavam? - Ele questionou sério e eu suspirei. Odiava mentir para Percy, mas naquele momento era a única coisa que poderia fazer.

— Nico ainda estava dormindo e eu nunca pensei que um garoto demorasse tanto para se arrumar! - Sorri genuinamente e tentei agir como se tudo estivesse da mesma forma que antes, como se nenhuma conversa ouvesse mudado minha amizade com Nico para sempre. Nico me encarou confuso e eu pisei em seu pé discretamente, torcendo para que ele entendesse que era para entrar na história. Ouvi o garoto pigarrear.

— Não tenho culpa se preciso estar preparado fisiscamente para a missão. Meu charme e meu perfume amadeirado são armas letais! - Percy revirou os olhos e eu segurei o riso. É, seria difícil me manter longe daquele garoto. Senti o filho de Hades se postar ao meu lado e sorrir. - Mas a senhorita Swan também teve de pegar a mochila dela e teria esquecido até as calcinhas se não fosse por meus maravilhosos conselhos do que deveria levar.

— Ele te ajudou a escolher as calcinhas? - A voz de Percy cresceu e ele cerrou os punhos.

— Não! Ele está apenas brincando. - Olhei com raiva para Nico que ergueu as sobrancelhas. Revirei os olhos. - Mas é... ele me ajudou a colocar algumas coisas que eu havia esquecido.

— Espero que tenha sido só isso mesmo. - Percy apontou o dedo em riste para mim e eu ergui os braços em rendição.

— Não aconteceu nada demais! - Pisquei para ele e o abracei. - Prometo.

Quando soltei Percy vi Quíron e o resto do grupo se aproximar. Todos estavam preparados e me postei na roda, Percy a minha direita e Nico a esquerda. Eu pretendia sair de fininho do lado do filho de Hades, mas Quíron logo começou seu discuros.

— Finalmente, todos estão aqui! - Ele encarou Nico com as sobrancelhas franzidas e prosseguiu e me olhou questionador. - Acredito que a senhorita Swan ainda não sabia do plano. Todo o grupo aqui reunido seguirá para Roma.

— Hoje a noite Ártemis apareceu para mim em sonho avisando que as Caçadoras deveriam seguir para Roma e impedir que os monstros ali reunidos atrapalhassem a missão de vocês. - Thalia explicou e eu afirmei. - Ela falou que Roma seria apenas o começo e para Ártemis querer que participemos de missões do acampamento algo muito errado deve estar acontecendo no mundo.

— Mas Quíron serguirmos todos juntos é morte na certa. - Nico falou com os braços cruzados. - Ter muitos semideuses juntos é alvo fácil para os monstros e, pelo que estou vendo, eles estão ainda mais organizados e andando em bandos. A missão em si já tem gente até demais...

— E é por isso que as Caçadoras vão tomar um caminho diferente. - Quíron sorriu com os braços cruzados nas costas. - Elas são muito mais velozes e conseguirão chegar em Roma mais cedo do que vocês mesmo a pé.

— Assim poderemos investigar melhor sobre os agrupamentos de monstro na região. - Thalia confirmou e sorriu. - Esperamos que quando chegarem lá todos os monstros já estejam fora do caminho!

— Vocês são tipo a família Flash? - Minha pergunta saiu em um sussurro involuntariamente, mas Nico ouviu e segurou a risada. Thalia que estava ao lado de Nico me encarou confusa enquanto eu folhevav todos os livros sobre os semideuses mentalmente. - Nunca vi supervelocidade ser mencionada em página alguma.

— Do que ela está falando? - Ouvi Thalia perguntar a Nico e ele apenas respondeu algo como “Coisa de leitora”. Rolei os olhos e Quíron chamou novamente a atenção com sua voz imperativa.

— Os outros sete seguirão pela floresta até o aeroporto. - Ela passou as mãos nos cabelos castonhos e suspirou como se lembrasse de algo que o chateava. - A caminhote ainda esta em reforma desde a última missão então vocês terão de seguir a pé.

— Espera! Aeroporto? - Meus olhos se arregalaram e eu encarei Percy que apenas sorriu e deu de ombros. - Nós vamos de avião?

— Sim, é o jeito mais rápido Duda! - Jason sorriu carinhoso tentando me passar calma. Mas nada iria me acalmar, eu tinha pavor a avião. Quando era mais nova mamãe resolveu fazer uma de suas viagens aventureiras para uma cidade distante e só de avião conseguiríamos chegar a tempo do festival que ele participaria. Bem, no fim foi uma péssima ideia já que quando as portas do avião se fecharam eu acabei tendo um ataque de pânico e fui tirada do avião por enfermeiros. Na hora mamãe ficou extremamente preocupada e nem ao menos se preocupou com sua falta no festival. Tempos depois ela contava rindo abertamente de como eu fiquei com os olhos arregalado e tremendo feito pinto molhado. Relembrar aquilo não me fez nada bem. E se eu tivesse outro ataque? Jason pareceu ver que meu medo aumento e afirmou com autoridade. - Não vai acontecer nada, eu prometo!

— Diga isso para o deus do trovão que acabou de descobrir que tem uma sobrinha que foi escondida dele por dezesseis anos e deve estar fulo da vida por seu irmão ter quebrado o acordo pela segunda vez! - Falei tudo em uma única respiração algo comum quando fico nervosa. Jason sorriu de lado.

— Duda esta missão está muito acima das quebras de acordos entre eles. Até mesmo Ártemis liberou as Caçadoras para nos ajudarem! - Ele jogou o cabelo loiro para o lado e piscou. - Ele já deve ter se acertado com Poseidon em relação a isso e sabe que nós somos, mais uma vez, o escolhidos para salvar o mundo. Ele não vai derrubar nosso avião, fique tranquila.

— Tudo bem. Mas se ele tentar alguma gracinha eu uso você como refém! - Apontei para Jason em brincadeira e ele riu.

— Como Jason Grace informou, ir de avião é o meio mais rápido e o aeroporto fica logo após o bosque do acampamento. - Quíron informou e apontou para o bosque na direção que deveríamos seguir. Alí, além das fronteiras do acampemnto, tudo era silencioso e sombrio mesmo com as luzews da manhã. Senti um arrepio correr por minha espinha ao imaginar o que poderi ser esconder por entre as árvores. Voltei a atenção para o centauro. - Sigam sempre juntos e nada de improvisos no plano senhor Perseu. - Ele encarou Percy que sorriu amarelo. - Logo chegarão ao aeroporto. Suas passagens já estão compradas e, graças aos deuses, eu reservei um voo que sairá daqui a duas horas. Tinha minhas dúvidas de que todos estaríam aqui na hora.

— Ao menos não fui eu quem se atrasou desta vez. - Percy sorriu vitorioso e pude ver Nico revirar os olhos.

— Quando chegarem em Roma sigam de acordo com a missão. - Quíron completou e suspirou imponente. - Apartir disso apenas os deuses sabem. Por isso tomem cuidado. Sabemos que essa é uma das missões mais difíceis que surgiram e que tem ligação com um novo ser maligno que é conhecido apenas como “mestre”. Não sabemos mais nada sobre ele e nem mesmo os deuses sabem de onde ele vem. Vocês são os semideuses mais bem treinados do acampamento então confio que completarão a missão são e salvos. Que Apolo ilumine seus caminhos e que tudo seja a favor de vocês.

— Obrigada Quíron. Ficaremos bem. - Annabeth falou e abraçou o centauro. Logo que o soltou encarou cada rosto ao redor e sorriu. - Estão prontos?

Todos afirmaram. As Caçadoras se reuniram e seguiram pelo caminho oposto ao que seguiríamos. Meu grupo ainda se despedia de Quíron quando senti algo lamber minha perna. Olhei para baixo e vi Totó com os olhos brilhantes e a língua de fora. Me abaixei e alisei sua cabeça.

— Bem amigão, é agora que nos despedimos. - Ouvi o cachorro choramingar e o abracei carinhosamente. - Eu volto garoto. Nos veremos novamente e sei que cuidarão bem de você aqui.

— Vou sentir saudade, graxinha. - Olhei para cima e vi Nico nos observar com um sorriso de lado. Ele se baixou e pegou Totó de meu colo. O cachorro lambeu seu nariz e ele acariciou a cabeça de Totó. - Como sua mamãe disse, nos veremos em breve.

Ele soltou o cachorro no chão que sentou nos encarando com os olhos cabisbaixos. O silêncio entre eu e Nico parecia pesado e, antes que ele pudesse começar qualquer assunto, caminhei para Quíron. Eu queria me despedir do centauro e acima de tudo ficar longe do di Angelo. Quíron me olhava com um sorriso e me abraçou carinhosamente quando me aproximei.

— Que os deuses a guiem, menina. - Ele sorriu e segurou minhas mãos. - Foi tudo muito rápido, mas sei que você está preparada. A luta está no seu DNA.

— Obrigada Quíron. - Sorri e apertei minhas mãos nas dele. - Farei o meu melhor.

— E uma última coisa: Tenha paciência com Nicolas. - Arregalei os olhos surpresas e Quíron sorriu calmamente, como se possuísse toda a sabedoria do mundo e sempre soubesse o que acontecia no seu acmapamento. Ele ergueu meu queixo e afirmou. - Ele mudou bastante desde que você chegou. Uma mudança para melhor. Mas ele ainda não percebeu isso. Não deixe que ele veja tarde demais.

— Acho que já é tarde demais. - Confessei em um sussurro e Quíron apenas acariciou meus cabelos.

— Minha querida você ainda é jovem e ainda há tanto para saber. - Ele piscou e sorriu calorosamente. - Nicolas sempre viveu envolvido pela escuridão, mesmo antes de descobrir ser filho de Hades. Muitos desistiram dele, muitos nem ao menos se aproximaram. Ele não percebe, mas tudo que precisa é um pouco de luz no meio de toda a escuridão. Resta saber quem estará disposto a ser essa luz.

Ele me encarou fixamente e eu mordi os lábios entendendo exatamente sua insinuação. Quíron não sabia que seria aquela luz com todo meu ser, mas eu tinha medo. Medo de ser quebrada mais uma vez por Nico, medo de me perder no meio de tanta escuridão e acabar sofrendo no final como eu já estava sofrendo. Apenas me despedi de Quíron e resolvi mandar todas aquelas revelações para o mesmo lugar dos sentimentos confusos. Meu plano principal era focar na missão. Todo o resto teria de ficar para depois. O grupo já seguia para o bosque quando os alcancei. Percy caminhava abraçado com Annabeth, Jason e Piper riam de algo e Nico estava mais afastado, perdido em pensamentos e meus olhos pareciam magnetizados por ele. Mal percebi quando Leo me chegou ao meu lado. Meus olhos percorriam o rosto de Nico ao longe mesmo que a vozinha da razão gritasse em minha mente para que eu esquecesse o garoto de cabelos negros. Mas parecia impossível. Seu rosto encarava o chão, suas mãos se escondiam nos bolsos da calça e o vento bagunçava seus cabelos, mas ele não parecia se importar. Seu rosto se ergueu de súbito, mas antes que ele pudesse perceber meus olhos fixos nele, abaixei a cabeça e passei a encarar o chão. Apenas o suspiro de Leo me fez erguer o rosto novamente.

— Tudo bem, o que está acontecendo entre você e o di Angelo? - Ele questionou me encarando fixamente.

— O que? - Meus olhos arregalaram e quase perdi o ar. Leo apenas ergueu a sobrancelha esperando alguma respota melhor. - Não aconteceu nada entre nós!

— Já te falaram que você mente muito mal? - Ele virou a cabeça com um sorriso preguiçoso e eu apenas afirmei baixando os olhos. Sua risada encheu meus ouvidos, era tão familiar. - Que bom. Agora será que pode falar a verdade?

—Está assim tão na cara? - Perguntei com os ombros encolhidos e Leo confirmou com um revirar de olhos, como se fosse algo completamente óbvio.

— Eu realmente preciso responder? - Ele parecia exasperado e apontou para Nico o que me fez olha-lo novamente. Ele voltara a abaixar a cabeça e seus cabelos escondia boa parte de seu rosto. Controlei a vontade de ajeita-los para poder ver os olhos negros novamente. Voltei meu olhar para Leo que sorria como se lidasse com uma criança que acabara de perder seu brinquedo preferido. - O garoto voltou a ser o di Angelo “pré-Duda”. Isolado, carrancudo como se não se importasse com nada no mundo. Algo aconteceu para ele regredir assim.

— Ele viu, Leo. - Foquei o olhar no moreno a minha frente tristemente. Ele me encarou confuso e eu suspirei e encarei as árvores a minha frente. Já estavamos caminhando por dentro do bosque. Percy e Annie na liderança e Jason e Piper na retaguarda. O silêncio seria completo se não fosse por sussurros vindos dos casais e minha conversa com Leo. O sol brilhava no céu, mas o bosque era tão denso que deixava apenas filetes de luz chegarem até nós o que acabava dificultando o caminho. Saltei por um galho e olhei para leo novamente. - Ele viu nosso beijo.

— Oh não. - Leo passou as mãos pelos cabelos cacheados nervosamente. Seus olhos ganharam um certa tristeza e ele alisou meu ombro como se pudesse me dar algum tipo de força. - Mas aquilo foi um acidente. Você contou a ele a verdade?

— Claro que contei! - Afirmei frustrada. Falar sobre aquilo novamente parecia me deixar exausta ainda mais ao lembrar da conversa e de como tudo aquilo começou. Chalé, Drew, Nico. Bufei e cerrei os punhos. No fim meu beijo com Leo não foi nada comparado ao que Nico fez. Eu precisava parar de tanto me culpar! Encarei Leo decidida. - Mas na verdade isso não importa tanto assim. Ele não tem motivos para ficar incomodado depois do que fez!

— Como assim? - Leo segurou meu braço me fazendo parar e encara-lo com atenção. - O que Nico fez?

— Ele... - Murmurei, mas antes que pudesse falar algo um barulho foi ouvido por entre as ávores.

Olhei ao redor e todos pareciam ter ouvido o mesmo que eu. Todos encaravam as árvores, preparados para qualquer ataque. Percy e Annabeth estavam de costas um para o outro, Percy com a caneta em mãos. Jason e Piper estavam da mesma forma e Nico mantinha sua mão sobre o punho da espada. Leo fez fogo aparecer em sua palma enquanto eu vasculhava atentamente o bosque em busca de outro barulho. O silêncio era mortal, o vento não soprava o que tornava as árvores quase estátuas vivas. Então o som de galhos sendo quebrados por passos rápidos foi ouvido e meus olhos conseguiram ver um vulto negro correndo por entre as ávores. Eu não fui a única e logo todo o grupo se reuniu e encarou o lugar que o vulto estava minutos antes.

— Ele está seguindo para o acampamento! - Jason gritou e foi o primeiro a correr pelo caminho que vínhamos seguindo. Piper o seguiu e logo todos estavam atrás deles.

Eu estava pronta para seguir o grupo quando algo me chamou a atenção. Um murmúrio, tão baixo quanto um suspirou, soou por entre as árvores a minha direita. Com certeza era uma grande tolice ir investigar sozinha, mas todos os outros haviam corrido para longe e aquela era minha única chance. E se ele tivessem sido enganados e dependesse de mim encontrar o verdadeiro ser que estava pelo bosque?

— Coragem, garota! - Sussurrei para mim e acabei seguindo para o lugar de onde o murmurio veio. Meus passos eram lentos e eu tentava fazer o mínimo de barulho que conseguia. Aos poucos me aproximei das árvores. Meu coração estava acelerado e respirei fundo. Em um impulso enfiei minha cabeça entre as árvores, mas nada se escondia ali. Suspirei, mas tudo ainda parecia estranho. Eu não ouvi coisas, algo estava por ali. E acabei fazendo a pior coisa que poderia, como aquela garotas idiotas em filmes de terror: Eu falei. - É melhor sair de onde estiver. Não adianta se esconder!

Eu com certeza me sentia uma grande guerreira ao entoar minhas palavras de coragem, mas em pouco tempo me arrependi. Minha cabeça continuava entre as árvores quando ouvi passos calmos as minhas costas. Antes que pudesse me virar senti minha mochila ser arrancada e meus braços presos nas costas de forma brusca. Alguém me segurava firmemente, senti um peito musculoso contra minhas costas e tentei virar o rosto o que foi pior pois quem me segurava dobrou meu braço ainda mais o que me fez gemer de dor. Senti meu ombro queimar com a força do agressor e respirei fundo. Senti a raiva ferver dentro de mim pela minha impotência diante da situação. Aquele ser era mais forte e eu me deixei ser pega desprevinida com minha tentativa de coragem. Impedi meu sermão mental ao sentir um puxão em minhas costas me levando para trás das árvores onde antes eu inspecionava. Pendi a cabeça para o chão e percebi pernas humanas atrás de mim o que significava que meu raptor não era um monstro ou, pelo menos, não um monstro em sua forma real. As folhas molhadas de lama grudavam em minhas pernas enquanto ele adentrava comigo para a parte mais densa do bosque. Ainda forcei meus pescoço em busca de saber a identidade da pessoa a minhas costas, mas desisti na terceira vez quando senti que ele finalmente deslocara meu ombro. A dor era insuportável e senti lágrimas rolarem por meu rosto quando ele finalmente parou atrás de uma grande árvore. Seus braços continuavam me segurando firmemente e, mesmo com toda a dor, tentei livrar o braço bom. Eu não seria derrotada assim tão fácil! Mexi as pernas e o corpo o máximo que podia, mas o ser era preparado e se esquivava de meus frágeis golpes com facilidade. Sons de vozes ao longe me fizeram despertar e eu enchi o pulmão, pronta para gritar o mais alto que conseguia. Mas a pessoa parecia antecipar meus atos, e rapidamente me calou com sua mão grande e forte. Com a outra levou algo até meu pescoço. Algo frio e afiado. Com dificuldade baixei os olhos e vi uma espada brilhosa e curva a centímetros do meu pescoço. Um filete de sangue já descia até meu peito manchando a gola da blusa azul. Eu mal podia respirar sem sentir o frio do metal e ouvir a voz que sussurrou perigosa e furiosa em meu ouvido me fez perder o resto de ar que ainda havia em meu corpo.

— Você não me enganará desta vez, filha de Set! Esteja pronta para morrer junto com seu bando. Aproveite pois este será seu último suspiro....

 


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Notas finais do capítulo

OMG e quem será ese mais novo ser? Bem, cenas do próximo cap!
Gostaram? Odiaram? Comentem e deixem uma autora feliz!
Kisses



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