Realidade Imaginária escrita por Duda Mockingjay


Capítulo 30
Confissões em um chale escuro - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Hey jujubaas!!! Estou eu de volta com mais um cap gigantescoooo!
Dedico esse cap a Belona com seu lindo coment! Espero que goste do novo cap!
E já temos 7 favoritoos!! #RumoAos10 Obg a todos que curtem e leem essa história. Vcs arrazaaam!
Sem, mais delongas, aproveitem o cap!



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Pensando bem agora, eu poderia ter ido antes no bosque procurar meu livro, ele provavelmente estaria por lá já que foi o lugar onde o deixei. Mas algo mais forte me fez seguir para aquele chalé, algo além da vontade de achar o livro. E esse nem é o problema! Eu ter praticamente invadido um chalé que não era meu só porque a porta estava destrancada, esse é o problema. E o pior? Não estava tudo perfeitamente okay lá dentro. Quer dizer, o chalé até que era bem comum, mas encontrar um Nico só de calça e all star não entra na lista de 'coisas normais na minha vida'. “Ah, mas um garoto sem camisa não é algo anormal!”, vocês devem pensar, mas digamos que não era um garoto qualquer, ver especificamente o Nico daquele jeito não era algo que eu esperava em nenhum momento da minha vida e observar seus músculos tensionados enquanto ele amarrava o cadarço me fez sentir como no topo do monte Everest, completamente sem ar. Estava paralisada no meio do quarto tentando desviar o olhar e, quando voltei a respirar mais facilmente, Nico ergueu a cabeça em minha direção, o cabelo molhado com gotas escorrendo pelo pescoço, e me encarou surpreso. Posso jurar que o vi corar por um segundo antes de um sorriso malicioso tomar seu rosto enquanto ele pegava a toalha e enxugava despreocupado os fios negros. Um leve movimento de suas pernas fez a calça jeans descer um pouco mais o que me fez ofegar involuntariamente. Seu sorriso cafajeste se alargou enquanto eu dei as costas a ele e sussurrei um pouco alto demais:

— Minha nossa!

— A vergonha? Ela é mais sua do que nossa, até porque estou me sentindo bem a vontade. Você não?

E, mesmo sem estar vendo, pude sentir seus olhos queimando minhas costas enquanto aquele sorriso acompanhava a voz irritantemente calma. Cerrei os olhos, segurando a raiva que seu tom cínico me causava.

— Não, estou super a vontade. Mais a vontade que isso só se eu estivesse de babydoll esparramada em uma cama King size! - Ironizei. Mas foi uma péssima escolha de palavras...

— Essa seria uma cena maravilhosa de presenciar, que bom que tenho uma King size a disposição. Sempre que quiser, “mi casa es tu casa”!

Tornei a virar, encarando-o irritada e supresa por sua falta de vergonha na cara, o vendo sorrir e piscar para mim. Pena que um certo 'lugar', denominadao abdomen definido, chamou minha atenção como um ímã e me virei bruscamente, voltando a encarar a porta do chalé ainda com o coração aos pulos.

— Dispenso o con-convite. - Droga de nervosismo que me fez guaguejar no momento mais crucial! Respirei fundo e repreendi-me por ser tão fraca. Era só um garoto, com um corpo escultural, mas apenas um garoto! - Até porque só estou aquí para perguntar algo importante.

— Se queria tanto me ver sem camisa era só pedir, não precisava invadir meu chalé! Tsc, tsc, precisa controlar essa sua paixão por mim....

Se eu fosse mais paciente e menos pavio curto teria feito a pregunta sobre meu livro e ido emborar, mostrando o quanto superior eu era em relação as piadinhas do di Angelo. Acho que atualmente eu faria isso, mas a Eduarda Swan daquela época já tinha se segurado por muito, muito tempo e aquela havia sido a gota d'água!

— O QUE? - Virei-me para ele novamente, fuzilando-o com o olhar, mandando os pensamentos sobre estar frente a frente com ele ainda sem camisa para o espaço e me concentrando apenas na vontade de quebrar a cara dele junto com aquela droga de sorriso que continuava em seus lábios. - Escuta aquí, você estar com ou sem camisa não faz a menor diferença para mim! O mesmo serve para você estar aquí ou na China! Sabe porque? Porque.Eu.Não.Me.Importo!

— Pelo menos um por cento de você se importa já que foi só me ver para virar de costas com aquele olhar de quem viu um fantasma. Na verdade ...– El ôs a mão no queixo, pensativo, e quando voltou a me olhar deu um passo a frente, o que me fez dar um passo para trás automaticamente. - Na verdade acho que você se importa mais do que quer demonstrar. Admite! Não foi tão ruim me ver assim, foi?

— Não sou obrigada a responder... - É, foi uma péssima resposta. Mas acho que era pressão demais para alguém que, além de ter os pensamentos embaralhados com os sentimentos confusos, ainda ter que manter uma distância segura do filjo de Hades que se aproximava cada vez mais. Ele riu da minha resposta e eu tentei ignorar que estávamos a menos de um passo de distância. Sim, eu tinha que ignorar senão meu coração dispararia ainda mais. - E eu não invadi seu chalé! A porta estava destrancada, eu girei a maçaneta e entrei. Simples, não usei nada para destrancar a porta.

— Pode não ser condireado um 'arrombamento', mas continua sendo invasão já que o dono do lugar, ou seja eu, não lhe convidou para entrar! - Ele se aproximou mais. Não parecia nada aborrecido com minha hipotética invasão, pelo contrário, parecia se divertir bastante em me irritar. Me afastei mais um passo, pedindo em silêncio aos deuses que o momento que ele me encurralasse na parede demorasse. - E se Quíron ficasse sabendo você podia dar adeus para seus dias de folga e 'olá1 para tardes de trabalho no refeitório. Não sei se sabe, mas entrar em um chalé que não é seu depois das sete é algo grave. Se for de alguém do sexo oposto é mais grave ainda!

— Mas... mas você que deixou a porta destrancada! A cul-culpa é sua. - Ok, eu sabia que a culpa não era dele e minha gagueira estava ali para provar isso, mas eu tinha que tirar uma última carta da manga!

— Deixo a porta destrancada porque ainda tenho um pouco de fé de que as pessoas desse acampamento são educadas o bastante para não entrarem sem permissão no chalé dos outros. Se sinta lisonjeada por destruir essa pequena fé!

Eu sabia que ele não falava sério já que cada palabra sua vinha carregada de sorrisos sarcásticos. Mas o fato dele contar a Quíron poderia ser bem sério. Eu não podia arriscar ficar de castigo, mal havia chegado ao acampamento e acabara de ser reclamada como filha de um dos Grandes! Suspirei, me dando por vencida.

— Ok, foi um erro entrar assim. Eu deveria ter esperado você atender ou bater a porta na minha cara. - Olhei-o desafiadora. Ele pareceu ponderar arduamente sobre atender ou bater a porta na minha cara. Revirei os olhos e respirei fundo, faltava pouco para terminar o discurso e o que viria a seguir comc erteza deixaria Nico surpreso. Expeli o ar. - Mas eu te peço: porfavor não conta pro Quíron. Faço qualquer coisa, mas não queima meu filme assim!

Bim, bim bim! E a suroresa surgiu naqueles olhos negros. Ele perdeu a pose de badboy por alguns segundos, pena que ella voltou com tudo junto com mais passos em minha direção. Olhando para trás percebi que centímetros me separavam da porta do chalé. Centímetros para que eu ficasse totalmente encurralada.

— Qualquer coisa? - Ele pôs a mão no queixo, pensativo. - Quem sabe lavar minhas roupas por um mês? Não, muito coisa de mãe. Ou dar uma faxina no meu chalé? Não, dona de casa demais. Ou, melhor, massagear meus pés toda noite? Sim, essa é perfeita...

— Pra sua namorada Drew! - Bufei e meus olhos faíscaram de raiva. - Massagem toda noite? Esquece que disse! Prefiro mil vezes perder meus dias lavando as louças do acamapamento, obrigada!

Enfurecida, dei mais um passo para trás. Senti minhas costas tocarem na porta fechada e tateei cegamente à procura do trinco, sem parar de encarar Nico. Não porque eu não conseguisse desviar meus olhos das orbes negras e penetrantes, o que era realmente difícil, mas quem sabe o que ele faria se eu tirasse os olhos dele? Ele sorriu diante do meu desespero em achar a maçaneta da porta e deu um último passo para frente, ficando com todo o corpo colado no meu e as mãos pousadas na porta, uma em cada lado da minha cabeça. Predni a rspiração, sentindo todo o meu corpo formigar com a proximidade de Nico. Minhas mãos pararam de procurar o que que que ellas estivessem procurando. Paralisei enquanto os olhos negros dele vasculhavam lentamente todo o meu rosto. Olhos, nariz, boca. Percebi um brilho diferente neles ao se demorarem em minha boca. Eles se aproximou calmamente, seu corpo me apertando ainda mais e o nariz roçando em minha bochecha, sua respiração fazendo cócegas em meu pescoço. Não sei se passaram horas ou minutos, mas naquele momento eu estava completamente absorta no aroma amadeirado do filho de Hades e nada podia me tirar do transe até a voz dele soar rouca em meu ouvido.

— Você decide. Mas se mudar de ideia sabe onde me encontrar, filha de Poseidon....

— Não vou. - Minha voz saiu firme mesmo que meu corpo parecesse derreter por dentro. Ficamos em silêncio, Nico voltando a me encarar com seu típico sorriso e eu voltando a minha missão: encontrar o trinco da porta e sair dali antes que fizesse algo que fosse me arrepender pro resto da vida. Suspirei aliviada ao conseguir girá-lo. - De qualquer forma, foi um erro vir aquí já que claramente o que procuro não está aquí. Vou voltar pro chalé. Boa noite...

Abri uma pequena fresta na porta, mesmo que isso tenha feito eu ficar ainda mais colada no corpo de Vico já que ele continuava parado em minha frente. Até que, de repente, ele pousou sua mão sobre a minha na maçaneta e fechou letamente a porta do chalé novamente. Encarei-o confusa enquanto ele retirava minha mão do trinco e dizia em um sussurro

— Não há lugar como o lar, não é Dorothy? - E inclinou a cabeça em direção a sua cama.

Sobre seu travesseiro um livro estava pousado. Meu livro para ser exato. Me afastei dele dificilmente, já que ele só saiu do meio quando o empurrei para o lado, indo em direção a cama box no canto do quarto. Sentei-me e folheei meu livro, sentindo o aroma de páginas antigas que eu tanto amava. Ergui a cabeça e vi Nico encostado na porta me olhando fixamente.

— Então você já sabia o que vim fazer aquí? - Pus o livro no colo e cruzei os braços com uma sobrancelha erguida.

— Depois de choque inicial de ver você invadindo meu chalé,- Ele dramatizou e eu revirei os olhos. - imaginei que estivese procurando seu livro já que não tinha muitos motivos para você me procurar.

— Porque não disse antes onde ele estava? Teria me poupado um gasto de voz enorme com você.

— Você não sabe como é bom implicar com você e te ver vermelha de raiva ou de vergonha. Eu sei como é bom. Essa é a explicação! - Ele deu de ombros como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Você é, oficialmente, o cara mais chato que já tive o desprazer de conhecer. - Comprimi os olhos na direção dele o que o fez rir. Ao baixar o olhar, percebi um marcador preto saindo de uma das páginas do meu livro. - Esse marcador não é meu... Espera! Você tava lendo meu livro? Tipo lendo, lendo mesmo?

Olhei-o com curiosidade e um sorriso zombeteiro enquanto ele mexia nos cabelos, sem jeito. Nico sem jeito... Cadê a câmera quando se precisa dele? Mas logo voltou a pose despreocupada.

— Devo ter lido alguns trechos enquanto estava entediado. Não tinha nada para fazer e o livro estava dando sopa então li algumas páginas só para passar o tempo. - Ele deslizou a mão pelo cabelo e descansou-a sobre a perna, olhando minha expressão surpresa. - O que?

— Nada, só acho que nunca imaginei O Mágico de Oz como um dos seus tipos de leitura. Pensei mais em um The Walking Dead ou Drácula. Bem, não julgue um leitor pelo estilo sombrio e badboy dele ser.

— Você já se enganou sobre mim antes. - Ele me encarou com uma expressão séria e eu percebi meu erro. O Nico que estava em minha frente naquele momento não tinha quase nada a ver com o Nico que li no livro. Eu tinha que me conformar com isso o quanto antes. Abri a boca pronta para me desculpar, mas ele deu de ombros. - Mas, na verdade, ele não chamou muito minha atenção até eu começar a le-lo. A história até que é muito boa!

— “Até que é muito boa”? A história é perfeita! - me indignei enquanto ele revirava os olhos. Encarei meu livro e decidi. - Olha, eu deixo ele com você se começar a trata-lo com o respeito que ele merece.

— Sério isso? - Ele parecia realmente surpreso. Afirmei irredutível e ele percebeu que era sério. - Ok, prometo tratar o livro com respeito enqaunto ele estiver sobre minha posse!

— Ouviu isso, livro? Acreditou nele? - Aproximei o livro do meu ouvido, como se ele estivesse respondendo. Nico me olhou completamente confuso como se eu fosse louquinha de pedra, mas ignorei e sorri. - Certo, ele acreditou. Pode ficar com meu bebê, mas leia logo e não fique enrolando!

— Tá bom... - Ele ergueu uma sobrancelha ainda suspeitando de minha sanidade mental e se aproximou, pegando o livro de minhas mãos. Pousou-o sobre sua cômoda marron com cuidado e me olhou. - Prometo devolver a sua “arma de treino” o mais rápido possível.

— Arma? - Indaguei confuso ele cruzou os braços. - Ah sim. Língua Encantada e tudo mais. É, vou realmente precisar já que essa é a única “arma” que possuo nessa área. Sem ela não há treino e sem treino a probabailidade de virar uma louca descontrolada que pode acabar destruindo o mundo vai para 99,8 por cento! - Começo a falar e gesticular rapidamente até ver o olhar repreensivo de Nico. Respiro fundo. - Enfim, esse livro é muito importante.

— Acho que não precisa se preocupar tanto, os filhode Atena tem milhares de livros e podem te emprestar alguns mesmo que você não diga o real motivo e, já que não estará em missão tão cedo, terá muito tempo para treinar suas habilidades e não se transformar em uma “louca descontrolada”. - Ele fez aspas com as mãos enquanto ria abertamente de minha palavras. Eu não via tanta graça por saber o que eu sabia e acabei dando com a língua nos dentes sem perceber...

— Não de acordo com Hera....

Essas cinco palavrinhas escaparam sem freios de minha boca e tapei-a no segundo seguinte. Ms não foi suficiente pois, Nico parou imediatamente de rir e me encarou com seriedade e confusão quando as palavras chegaram aos seus ouvidos. E, como disse, minha boca grande me deixou numa situação bem complicada. Quase bati em minha cara por ter falado demais enquanto Nico se aproximava vagarosamente da cama com suas sobrancelhas tão erguidas que quase tocavam o cabelo. Uma cena bem assustadora, acreditem!

— O que foi que você disse?

— Eu:? Nada. Não disse... absolutamente nada! - Engoli em seco com os olhos arregalados e Nico pareceu ignorar minhas negações.

— Hera falou com você?

— Claro-ro. Lembra quem me entregou os livros? Ela falou bastante comigo quando se passou por uma bi-bibliotecária. - tentei enrolá-lo, mas pela sua expresão percebi que havia falhado terrivelmente. E pela minha gagueira nervosa também!

— Swan, não adianta mentir. Você não me engana!

— Eu não tô mentindo-do – Torci as mãos já suadas, pousadas em meu colo. Tentei soar brava, mas o olhar feroz que Nico lançou fez minha voz sair bem mais fraca. Ele parecia totalmente sem paciência com minha enrolação.

— Eu sei que vocẽ está! - Ele pareceu aliviar o olhar quando ficou em pé em minha frente com as pernas tocando as minhas. - E sabe como eu sei? Quando você mexe as mãos incessantemente,como agora, ou quando começa a guaguejar de nervosismo, como agora, ou, principalmente, quando revira os olhos e olha para todos os cantos do quarto menos para o garoto bem na sua frente, como também está fazendo agorinha mesmo. Esses são alguns sinais da sua tentativa de mentir descaradamente. Quer mais?

Encarei-o, atônita, completamente sem palavras. Como ele sabia tudo isso sobre mim? Nico continuava com seus olhos negros presos em mim. Abri a boca várias vezes antes de deixar as palavras fluirem.

— Como você percebeu todos esses... sinais?

— Isso não é importante agora! - Ele tentou esconder sua vergonha com a impaciência. Depois de passar as mao pelos cabelos, um dos seus sinais de nervosismo, ele me encarou sério.- O que importa é: quando Hera falou com você e porque?

Ele ansiava por uma resposta. Eu comprimi os lábios, predendo o sonho com hera entre eles. Eu deveria falar para Nico? Contar a ele sobre a mais nova e mais perigosa ameaça que vem surgindo? Deveria dizer que logo, logo uma missão estaria à minha espera? De acordo com Héstia, eu deveria confiar em Nico. Mas, ao erguer os olhos vi apenas a leve raiva que as orbes delem direcionavam a mim. Não era fúria, apenas uma ansiedade raivosa de saber sobre o que Hera aprontava novamente, mas aquele olhar bastou para me fazer lembrar do aperto no pescoço e da fúria incontrolável que vi na floresta. E minhas palavras disseram o que minha mente estava pensando. Foram fracas, mas pareceram estrondosas no chalé silencioso.

— Não sei se confio em você depois do que houve na floresta....

E o universo pareceu estancar naquele momento. O silêncio se rpolongou e passou a sufocar tudo dentro do quarto. As falas, os gestos, as respirações. Tudo pareceu preso, apertado, encarceirado. Não queria erguer a cabeça e encarar o garoto a minha frente. Mas, depois do que havia dito, era o mínimo que poderia fazer. E meus olhos viram uma correnteza de sentimentos correr pelos olhos dele. Surpresa, raiva, incredulidade e, por último, uma tristeza esmagadora que fez seus olhos baixarem e suas mãos caírem imóveis ao lado do corpo. Eu poderia tentar mudar sua postura, tirar a tristeza, mas eu era a razão dela. E o silêncio continuou crescendo até Nico explodir com sua voz grave.

— Você não pode estar falando sério! - Sua tristeza sucumbiu à raiva em um piscar de olhos enquanto ele andava de um lado a outro do quarto, impaciente. - Aquilo... na floresta, não foi culpa minha. Não era eu! Você tem que acreditar em mim!

— Eu tento acreditar, tento mesmo... - Eu encarei o garoto a minha frente e baixei os olhos em seguida, tentando aumentar a voz já fraca. - Mas aquela cena fica voltando e voltando. Sua mão apertando meu pescoço...Eu poderia ter morrido ali!

— Não! Não, não, não! - Ele pareceu desesperado ao se ajoelhar na minha frente e pousar a mão delicadamente em meui quixo. Ergueu minha cabeça, seu toque frio causando arrepios onde tocava, e sua mão deslizou do queixo para o pescoço, seus olhos seguindo o mesmo caminho.

Até aquele momento eu nem havia me importado se o breve acontecimento na floresta havia deixado marcas no meu pescoço. Acho que muita coisa aconteceu para que eu percebesse. Mas quando os olhos de Nico pousaram ali e se arregalaram, percebi que deveria estar pior do que eu imaginava. Seus olhos asustados carregavam uma culpa intensa e sua mão pousou onde os olhos observavam. Ela era tão delicada e calma, como se tocasse a coisa mais preciosa do mundo, mas quando passaram pelo local machucado uma dor aguda correu por meu pescoço e braços, uma dor que e lembrou o quanto aquelas mãos poderiam ser perigosas e fortes quando queriam. Automaticamente me afastei de Nico, mas ele foi insistente. Pousou as duas mãos em meu rosto e me fez encara-lo. Seus olhos na altura dos meus,sua respiração embaralhada com a minha, seu toque fazendo uma corrente elétrica percorrer meu dorpo. Com o turbilhão de sensações que se chocavam com minha mente foi difícil prestar atenção nas palavras que saíram dos lábios dele.

— Hey, eu nunca te machucaria. Nunca te faria nenhum mal. Nem em pensamento eu poderia mat.. - ele engasgou com a palabra e suspirou, fechando os olhos. Balançou a cabeça para espantar algum pensamento. - Eu não consigo nem falar isso de tão absurdo que soa em minha cabeça. Você não entende? Não percebe? Eu não conseguria te machucar nem se quisesse porque estou.....

— Mas naquela hora pareceu que você podia me machucar e muito! - Interrompi e me levantei da cama, tentando fazer minha cabeça voltar pro lugar depois de toda aquela proximidade. Mas me arrependi por ter paradao a frase dele. Daria tudo para saber como terminaria. Porém impedi minha vontade de perguntar e continuei firma. - Não só pareceu que podia me machucar como o fez!

— mas aquele não era eu... Quantas vezes vou ter que dizer? - Ele se levantou e me encarou suplicante. Quem diria que o filho de hades era capaz de suplicar? - Bem, era meu corpo, mas não era eu que controlava minhas ações. Era como se algo tivesse invadido minha mente. Era mais forte do que eu e quase perdi todo o meu corpo para ele até que ouvi sua voz... - Ele me olhou, ou melhor, seus olhos pareciam me admirar como nunca vira antes. - Ela soou tão suplicante e ao mesmo tempo imponente. Foi como uma ordem para o ser que estava na minha cabeça. Ele pareceu asustado e foi obrigado a sair de mim. Foi realmente obrigado! Como se não pudesse mais ficar em mim depois de ouvir sua ordem. - Ele deu de ombros com um sorriso sincero. - No fim sua voz me salvou. Mas o estrago já estava feito.Você estava caída e tão assustada como se olhasse para um monstro. Eu fui o monstro... Mas você tem que entender, nada daquilo foi culpa minha!

— Nico, eu entendo! - Gritei de frustração. Passei a mao pela testa e encarei o rosto confuso de Nico.

— Como assim “você entende”? - Ele cruzou os braços erguendo uma sobrancelha. - Quer dizer que eu falei todo um discruso por nada porque você já sabia de tudo?

— Eu não sabia de tudo... Mas até que achei seu testo bem fofo, principalmente a parte “sua voz me salvou”. Mas voltando... No começo achei que fosse mesmo você. - Vi seu rosto incrédulo e tentei consertar. - Não me julgue! Eu não sabia como você agia quando estava zangado então você poderia muito bem ser o Hulk e gostar de esmagar tudo pela frante quando alguém toca em um assunto delicado. De qualquer forma, eu percebi que não era você em sua perfeita sanidade apenas quando saí correndo pela floresta. Lembrei-me que uma linha vermelha circulou sua íris quando você me impressou na pedra. Uma linha que não estava lá antes.

— Como é que você percebeu isso?

— Sdeu rosto estava a centímetros do meu. Deu para ver seus extravagantes olhos negros bem de perto e perceber que uma linha vermelha no meio de tanto preto não era normal! - Dei de ombros, como se aquilo não fosse grande coisa, mas minhas bochechas vermelhas provaram o contrário. Pus as mãos na cintura e voltei ao assunto principal. - Então, sim, eu sabia que não era você, ou pelo menos que não era sua mente, que estava tentando me matar. Mas esse não é o problema. Você não percebe? O problema é: E se ele voltar? E se esse ser invadir seu corpo de novo? E se você voltar a ser aquele brutamontes agressivo?

— isso não vai acontecer! - ele tentou soar firme, mas vi que ele não tinha certeza. Essa possibilidade paracia assusta-lo tanto quanto a mim.

— Como você pode ter a certeza de que não vai? Ele saiu uma vez, mas o que garante que não vai voltar? O que garante que minha 'voz' vai faze-lo ir embora pela segunda vez? E se ele estiver mais forte? E se você não puder dete-lo? E se isso acontecesse agora mesmo aquí nesse quarto? E se não conseguisse para-lo a tempo de impedir uma tragédia? - minha voz diminuía a cada palabra, mais angustiada a cada pregunta e Nico tentava parar de pensar em todas aquelas possibilidades. - São muitos “E se...”. Você não perceb o quanto é mais forte que eu? E com sua raiva parece que a força dobra! Eu sou completament fraca e patética em relação a você. Nunca teria força suficiente para impedi-lo e não quero que minha vida dependa de dúvidas!

Parecia que eu havia falado tudo em uma única respiração. Eu estava angustiada e com medo. Medo de verdade. Uma sensação fria e sombria me fez abraçar meu corpo. Olhei para Nico que parecia assustado. Ele tinha o mesmo medo que eu. Se aquilo voltasse ali, naquele momento no quarto? A pregunta silenciosa flutuava pelo cômodo até que o filho de Hades pareceu acordar de uma transe. Com uma expressão decidida, ele seguiu para o guarda roupa negro ao lado da cama e tirou algo de dentro. E antes que se virasse sua voz soou determinada.

— Você está certa. Se aquilo voltar não sei se serei capaz de impedi-lo. Não conseguiria faze-lo parar. Mas posso fazer você me parar. - Ele se virou revelando em suas mãos uma espada negra e brilhosa. Ela parecia pesada e mortal. Era a famora espada de ferro estige que Nico usava sempre. Acho que uma das mais poderosas que existiam. E ele estava caminhando em minha direção, pronto a me entrega-la. - Só assim você poderá se defender se algo acontecer comigo....

— Nico, eu não...

—Você precisa estar com ella. Precisa estar segura se algo tomar o controle do meu corpo. Asism você pode me ipedir de machuca-la.

— Não, eu não consigo! Além dessa espada parecer ter meu peso, eu não conseguiria machuca-lo! Não seria capaz disso nunca.

— Você tem que ser. Lembre-se de que não será eu a dominar meu corpo e você conseguirá me acertar. - Ele segurou o cabo da espada e abriu minhas mãos. Quando a espada negra pousou nelas percebi que ella não era tão pesada quanto parecia, mas a lâmina brilhava em ônix e parecia ser bastante afiada. Ele fechou minhas mãos ao redor da arma delicadamentee pôs os olhos nos meus. - Um único golpe no peito, répido e preciso, e você estará salva.você consegue fazer isso! Eu não quero voltar ao normal e perceber que eu tirei a sua vida. Você precisa fazer isso, não só por você, mas por mim....

— Mas Nico... - Um bolo se formou em minha garganta me impedindo de continuar e senti meus olhos arderem com as lágrimas que se precipitavam. Droga, eu ia chorar a qualquer minuto!

— prometa que fará isso se for preciso! Não importa quando nem onde! - Seus olhos eram firmes nos meus e seus dedos acariciavam os meus em círculos contínuos. - Por favor, prometa...

— Eu... eu.... eu prometo.- Baixei a cabeça e enxuguei uma lágrima solitária que rolo por minha bochecha. Ouvi Nico suspirar e suas mãos saírem das minhas.

— Ótimo, me sinto bem melhor assim. Voccê precisa ser rápida ou eu conseguirei me esquivar do golpe e...

— Hera apareceu para mim em sonho. - Minha voz saiu fraca, enquanto eu ainda me recuperava. Eu não queria mais ouvir Nico me ensinar como mata-lo e acabei soltando o primeiro assunto que me veio a mente, um assunto que lhe interessava bastante. Consegui faze-lo parar de falar e me olhar curioso.

— Quando isso aconteceu?

— Na noite de ontem para hoje. E foram dois sonhos. - Segurei a espada firmemente pelo cabo e fui ao guarda roupa de Nico a procura da capa dela. Eu não queria correr o risco de me cortar com aquilo. - O primeiro foi meio que uma visão e o segundo com ella pessoalmente... ou mentalmente já que era um sonho e tudo mais.

— Espera, dois sonhos? Na mesma noite? - Ele parecia realmente surpreso e se sentou na cama encostado na cabeçeira. No mesmo momento encontrei a capa e guardei a espada nela, colocando-a encostada na cama. Pretendia nunca usá-la na realidade, mas promessa é dívida. Seu cabo parecia de bronze com pedra de safira encrustadas, era linda e letal. Ergui os olhos e vi Nico pensativo. - E o que ella queria de tão importante?

— Bem, ela falou bastante no segundo sonho. - Tentei lembrar de toda a conversa enquanto voltava meu olhar para os cabides repletos de blusa do di Angelo. E advinha: todas pretas! Movi a cabeça para trás e encarei Nico. - Sério que você não tem uma camisa de outra cor além de preta? Tem até uma do acampamento preta com o pegasus laranja. Você é o que, o Campista Reverso?

— Muito hilário. - Ele alargou os lábios sarcasticamente e tirou os tênis, ficando apenas de meia. - Será que dá para voltar pro sonho?

— TDAH lembra? Mas ok. Bem, ella nos levou para o alto de um monte e começou a falar de muitas coisas. - Voltei minha atenção para o guarda roupa e puxei uma camisa negra com uma caveira branca no centro que em volta de luz parecia prateada. Em baiso, com letras vermelhas estava escrito Punisher. Revirei os olhos e lancei a blusa na direção do garoto esparramado na cama que foi acertado em cheio com sucesso. - Nuncapensei encontrar um fã da Marvel por aquí. Pena que sempre gostei mais do Batman!

— Hey, na cara não vale! - Ele retirou a blusa do rosto e olhou o que havia nela. Me encarou com um sorriso de lado. Batman é Batman, mas digamos que Justiceiro me define melhor.

— Nem em sonho. - Ri ironicamante. - Se bem que Batman você não poderia ser. Cadê sua agilidade?

— Ser atingido por uma garota baixinha não estava nos meus planos, foi meio que golpe 'baixo'. - Ele aumento o sorriso o que me fez cruzar os braços e vir5ar a cara. - Afinal como sabia que era minha blusa preferida?

— Eu não sabia, foi apenas sorte. - Dei de ombros e vi Nico embolar a blusa e jogar no canto da cama. - Então... já pode vestir.

— O que? Eu não vou vestir nada. Estou bem confortável sem ela. - Ele me desafiou com o olhar. Pus as mãos na cintura e minha melhor cara de ordem no rosto - É o meu chalé, lembra?

— Tudo bem, então já vou. Quem sabe um dia você descubra os sonhos. Quem sabe... – Fechei as portas do guarda roupa e caminhei para a saída. Mãos frias envolveram meus pulso e ao me virar dei de cara com uma Nico invadindo mais do que deveria em meu espaço pessoal. Respirei fundo e dei uma passo para trás.

— Tudo bem eu me visto! - Ele levantou as mãos em rendição e depois pegou meus braços e me levou para a cama me sentando em seguida enqaunto eu lhe lançava a blusa e ele vestia lentamente, quase me provocando a olhar seu corpo carregado de músculos. Que visão. Balançei a cabeça espantando esses pensamentos. - Agora fique bem aí e voltei a contar esse sonho eterno ok?

— Melhor assim... - Nico sentou-se na cama novamente, a uma distância 'segura' de mim. Agradeci aos céus por isso. - Bem, voltando ao sonho...

— Finalmente! - Ele ergueu as mãos e relaxou esperando a narrativa.

— Silêncio! - Franzia as sobrancelhas e ergui as pernas, cruzando-as sobre a cama e me preparando para o longo relato. - Primeiro ela me contou sobre quem criou os livros que relatava a história de vocẽs. Foi isso que vi no primeiro sonho, Apolo escrevendo um dos livros da coleção. Ela me disse que ele os criou escondido de todos os deuses querendo fazer uma espécie de surpresa quando terminasse tudo.

— Agora faz mais sentido. - Nico pensou em voz alta. - Apolo sempre adorou escrever histórias e fazer poemas sem pé nem cabeça.

— Bem, mas a surpresa foi perceberem que o último livro da saga, O Sangue do Olimpo, havia sido roubado.

— “O Sangue do Olimpo”... - Nico sorriu tristemente. - Esse é um ótimo nome. Mas quem o roubou?

— Gênio, essa é a grande questão! - Bufei e cruzei os braços. - Ninguém sabe, eles tentaram localizar, mas não conseguiram. Então resolveram procurar pessoas que poderiam “usar” o livro para o mal.

— Mas porque se preocupar tanto? - nico deu de ombros. - É só um livro.

— Foi exatamente isso que os outros deuses pensaram. Mas imagina esse livro nas mãos de alguém que poderia tirar as palavras do papel? - Baixei a cabeça, meio envergonhada. - Nas mão de alguém como eu?

— Uou... agora entendi. - Ele pensou um pouco e logo sua voz soou firme. - Mas você nunca faria algo assim!

— Claro que não. Mas se existisse alguém com os mesmos poderes que os meus e não fosse tão bonzinho?

— Mas vocẽ é a última de sua espécie. - Ele engoliu em seco percebendo o que dissera. - Sem ofensas.

— Não ofendeu. - Ergui a cabeça e lhe lancei um sorriso. - E foi isso que Apolo e Hera constataram quando foram procurar os Língua Encantadas. Foi assim que eles acabaram me encontrando. Mas...

— Mas o que? - Nico pareceu confuso, cruzando as pernas e apoiando os braços nos joelhos.

— Não sei, mas Hera pareceu estranha quando perguntei se eles haviam encontrado outros como eu. Ela pareceu perder a fala antes de negar.

— hera perdendo a fala? - Ele parecia espantado. Esticou as pernas e cruzou os braços. - Você acha que ela mentiu?

— Não... - Eu mesma me sentia confusa. Mas porque ella mentiria? - Acho que foi apenas coisa da minha cabeça. Mas o que importa é que ela me encontrou e resolveu me dar os livros restantes para que eu conhecesse a história do percy e também de todos vocês.

— Mas porque isso? - Nico deixou a mãos caírem ao lado do corpo. - Porque issio é tão importante?

— Reagi da mesma forma antes dela me dizer que eu precisava saber a história pois vocês próprios estavam esquecendo...

— O que? - ele ergueu as costas, deixando a postura despreocupada para trás.

— É. Ela disse que vocês precisavam se lembrar que foi a união de vocês que salvou os acampamentos e o mundo. - Encarei os olhos de Nico com um leve medo preso na garganta. - Ela disse que vocês precisavam se unir novamente pois a ameça que ia surgir era ainda mais perigosa do que a anterior.

— Alguém mais perigoso que Gaia? - Nico estava espantado, os olhos arregalados e a pele ficando mais branca do que já era. - Como isso pode acontecer?

— Essa é uma ótima pregunta que ella não me deu nenhuma respota! - Caí deitada na cama, as pernas pendendo do lado de fora e os braços cobrindo os olhos. - Ela não deu nome nem lugar.

— Isso não é novidade. - Nico soou irritado e, mesmo sem ve-lo, pude imaginar seu rosto indignado.

— A única coisa que disse com clareza é que o livro roubada tinha que ser encontrado. - Tirei os braços do rosto e olhei de lado para Nico que parecia ansioso para saber mais. - E advinha quem vai ter que encontra-lo?

Ele pensou em silêncio por segundos e vi claramente seu rosto confuso se transformar em uma expressão asustada e ao mesmo tempo irritada antes de ouvir sua voz grave encher o chalé.

— MAS O QUE?



 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O que esperam da parte 2? Deixe seu coment!
P.S Perdão por qualquer erro gramatical! A pressa é inimiga da perfeição, né?
Mil bjus jujubas e nos vemos cap q vem!



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