Realidade Imaginária escrita por Duda Mockingjay


Capítulo 27
O que, em nome de Hades, estava acontecendo comigo?


Notas iniciais do capítulo

Hey Jujubaasss! Voltei e com um cap gigantesco para todas vcs!!
Obg pela paciência e esse semana se preparem parar mais caps pq estou de fériaaass!
E surpresa: Esse cap é todinho narrado pelo Nico. Então aproveitem!
Sem mais delongas vamos ao cap!



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É, essa era a grande pergunta que eu me fazia desde o fatídico dia em que minha vida deu um reviravolta. O que, por coincidência, foi o mesmo dia em que aquela filha de Poseidon apareceu de paraquedas em minha vida. Ok, coincidência não é bem a palavra. Digamos consequência! Sim, porque depois de pôr os olhos nela nada foi igual.

Depois da vitória contra Gaia, todos os sete estavam diferentes, mais adultos, porém mais marcados por todos os sofrimentos que aquela batalha causara. Cada um sofreu da sua forma, buscou uma cura da sua forma e isto acabou por distanciá-los. Eles não eram mais os mesmos e eu também não. Mas, diferente de todos eles, eu mudei para melhor do que era antes. Acabei por tirar um peso das costas e fiquei mais leve, melhor comigo mesmo e resolvi tentar ser um jovem normal, ou o mais normal que um semideus pode ser. Me dediquei mais ao acampamento e admiti que aquele era o meu lar. Fiz alguns amigos, conquistei algumas garotas e me tornei professor de esgrima oficial. Como podem ver tudo parecia perfeitamente bem, mas em mim ainda faltava algo. Sim, isso é bem clichê, mas eu não me sentia completo.

Certo, podem rir... Já acabaram?Bom. Essa é a única forma que posso descrever o vazio que sentia toda vez que uma garota saía do meu quarto soltando beijinhos e prometendo que bastava eu chamar e ela voltaria. O problema era: eu não tinha o mínimo de vontade de chamar nenhuma delas outra vez. Nunca chamei. E esse ciclo continuava sempre e sempre. Elas viam e iam e eu continuava ali achando que aquele buraco no peito permaneceria para sempre.

Bem, até aquele dia...

Era apenas uma simples missão de recrutamento. Entrar no colégio como um aluno normal, vigiar a garota e levá-la para o acampamento na hora certa. Simples e rápido. Uma missão até bem idiota comparada a outras que participei e só concordei por ser a viagem nas sombras o meio mais rápido e seguro da garota chegar ao acampamento já que morava do outro lado do mundo. Não que eu tivesse interesse pessoal nisso, mas Quíron ainda era meu superior e, bem, ordem é ordem. Tudo estava indo como planejado e, admito, até gostei de conhecer novos ares e por um dia ser apenas um “aluno normal”, mas minha perspectiva mudou completamente quando esbarrei na garota de olhos verdes-mar. Olhos tão límpidos, tão familiares.... que me fizeram perder o ar por segundos, até sentir a raiva me consumir e eu acabar descontando-a na pessoa errada. Essa é a marca registrada de Nico di Angelo e antes que pudesse ao menos me desculpar a garota apressou-se ate a escada e acabei por também seguir meu rumo. Ela era apenas uma humana e eu estava ali para achar a semideusa, não podia perder tempo.

Mas o destino ainda não tinha feito o trabalho completo, pois acabei por descobrir que a irritadinha de olhos verdes era, nada mais, nada menos, que a tão famigerada semideusa da minha missão. Descobri isso da pior forma ao vê-la correndo ao lado de Jerry enquanto um Manticore saído de lugar nenhum corria atrás dos dois compulsivamente. Mesmo com toda a multidão que gritava e barrava meu caminho, e até uma garota louca que pôs um número de telefone na minha mão, foi fácil achar os dois já que o Manticore não parava de urrar e ao dobrar o corredor perdi o ar pela segunda vez naquele dia. O animal estava a centímetros de distância da garota com as garras em volta de seu pescoço, mas, para minha surpresa, ela não parecia nada abalada. Com a cabeça erguida e os olhos escuros de fúria, ela bradou:”Acabe logo com isso, sua bola de pelos nojenta!”, e isso pareceu me despertar de um transe. Em poucos minutos de luta a criatura foi derrotada e, enquanto Jerry gritava comigo, percebi a garota no chão e tentei ajudá-la.

Até ela pronunciar o meu nome...

Nico di Angelo...

E um choque pareceu percorrer meu corpo quando peguei em sua mão e sua voz chegou aos meus ouvidos. Ela sabia meu nome! Mas como? Como poderia? E mais uma vez agi por impulso. Aquela raiva que parecia viver em uma parte de mim, mas acima de tudo aquela garota. Ela me intrigava de uma forma que ninguém nunca havia conseguido. Ela sabia tudo e não parecia temer a nada. O medo a encorajava. E quanto mais eu pensava, mais algo me puxava para ela. Mas, como sempre, minha cabeça dura dizia o contrário. Bem, como disse, minha vida ficou meio confusa ao conhecer a dona daqueles olhos verdes.

Ela me lembrava a mim mesmo. Mostrava a todos uma determinação inabalável, era decidida e corajosa mesmo antes de saber que era metade deusa. Mas uma parte dela, aquela metade escondida e mascarada, sentia medo e tristeza. A viagem nas sombras me mostrou isso, ela não era totalmente durona, mas escondia bem a parte frágil.

Nós éramos iguais.

Mas, como disse antes, Nico di Angelo não é daqueles caras que falam esse tipo de coisa abertamente, ele guarda isso como forma de culpa ou raiva ou algo paranóico desse tipo.

É, e falar de mim na terceira pessoa é algo bem estranho. Ok, parei.

Mas algo que mais me intrigava nessa garota era o fato dela me enfrentar como igual. Ela era autoritária e em vez de recuar ante meus olhares raivosos ou minhas carrancas ela fazia o oposto. Aquilo parecia combustível, ela gostava de me irritar e noventa por cento da vezes ela conseguia. E o mais estranho: ela era a única capaz disso. Certo, eu sou uma pessoa movida pela raiva, mas não sou de demonstra-la por palavras ou gestos. Raramente isso acontece. Mas ela... ela tornava esse “raramente” em “frequentemente”. E aquilo me instigava a saber mais sobre ela, sobre como minhas atitudes que conseguiam deixar todos longe agia ao inverso nela.

Logo nunca pensei que não ouvir a voz irritada e as tiradas sarcásticas dela fosse mexer tanto comigo, por isso a preocupação que senti quando ela passou aquela semana na enfermaria sem abrir uma única vez os olhos esmeraldas foi estranha para mim. Poxa, no fim eu mal conhecia a garota e nos minutos que passamos juntos foi brigando ou fazendo piadas maldosas. Como isso que eu sentia podia ser preocupação? Mas eu sabia que era pois foi o mesmo aperto que senti ao ver Bianca sair porta a fora do acampamento. Muito cedo parar se sentir isso? Bem, pode até ser, mas foi naquele momento que esse sentimento que achei houvesse se perdido dentro de mim voltou com força total.

Hoje consigo admitir isso em alto e bom som, mas naquela época eu me multilava mentalmente, mas o sentimento não dava nem sinal de ter ido embora ate vê-la entrando na Casa Grande e sentir um alívio súbito me atingir. Um peso saía de meu peito enquanto meus olhos acompanhavam seus passos. Ela estava bem e.... completamente encantadora. Um quase sorriso surgiu inconsequentemente em meus lábios. Mas, como sabem, as palavras não passaram por eles, mas martelaram meu juízo. Assim como esse martelo cresceu ao ver sua mão entrelaçada na de Leo Valdez. Balancei a cabeça e cerrei os punhos enquanto a vi soltar rapidamente a mão de Leo. Porque eu me importava com um fato tão medíocre? Eu não deveria ligar, mas passei o resto da reunião com a maior carranca que eu poderia criar e me fazendo aquela mesma perguntinha: “O que Hades estava acontecendo comigo?”.

E voltei a mascarar tudo com a raiva e o sarcasmo, ainda mais quando ela me jogou um estojo na cara na frente de todos. Sim aquela foi a gota d'água. Por isso não me cupem por agir por impulso e chamá-la de mentirosa. Pensando bem, tive certa culpa sim, mas paguei o preço. E ouvi-la falando minha vida completa nos mínimos detalhes não apenas me deixou pasmo, mas no fundo me fez temê-la. O que mais ela poderia saber? E se ela não era mosntro ou mandada dos deuses quem ela realmente era. E aquele temor foi substituido pela curiosidade quase obcessiva. Ela era diferente e aquilo me excitava a saber mais e mais quem era aquela garota. E com a curiosidade surgiu algo novo, um sentimento novo. E sentimentos novos não são bem minha especialidade. No final tudo acabava em raiva e dor e foi isso que aconteceu na varanda aquele dia. Me arrependi amargamente, segundos depois, de falar tudo aquilo parar ela. Eu era um idiota com raiva e descontei o resto dela nas cadeiras. Meus olhos ainda encontraram os seus de relance e com decepção até ela sumir com Leo pela floresta.

Espera!

Floresta? O que o Valdez estava pensando em fazer levando-a parar a floresta? Segui, pisando forte, até a entrada da floresta, o mesmo caminhos que eles seguiram. Ah, com certeza eu ia tirar aquela história a limpo. Primeiro ela tinha que ter ido ido direto para o chalé que por acaso era do lado oposto ao da floreste e segundo quem deveria ter levado-a era eu, até o senhor Entrometido Valdez se oferecer quase implorando. Se eu tinha direito de interferir no que quer que eles estivesem fazendo? Nenhum. Mas naquele momento eu não era bem eu e acho que não pensei bem nas consequências. Estava quase adentrando a floresta quando Drew parou na minha frente, com uma cara manhosa e o jeito atrevido de sempre, me lembrando da aula de esgrima que eu tinha para lecionar. Droga! Olhei de relance para para seu rosto e me lembrei que ela falava a verdade deixando assim que me puxasse quase obcessivamente em direção a arena. Mas ainda olhei uma última vez para a floresta e pude ver os cachos castanhos da Swan que sumiam entre as folhas verdes.

Aquele dia passou rápido. Aulas de esgrima, leitura durante o intervalo, alunas me encarando com malícia e até algumas pedindo para passar no chalé delas à noite. Mais um dia normal. No jantar, como de costume, sentei sozinho na mesa da Hades e me peguei olhando ao redor procurando por algo. Certo, admito, alguém. E ela não estava em lugar algum. Leo estava em sua mesa com seus irmãos, o que me deu um certo alívio, e na mesa de Hermes nem sinal de cachos volumosos ou olhos verdes ou a voz irritante dela. Bufei comigo mesmo ao perceber que estava com aquela preocupação novamente até sentir alguém tocando em meu ombro. Querendo ou não uma certa esperança tomou conta de mim e a garota as minhas costas percebeu quando meu olhar mudou para desinteresse.

— Drew?

— Claro caveirinha. Quem mais seria? - E aquele bico somado ao apelido tosco quase me fez vomitar.

— Já pedi para não me chamar assim.

— Pode deixar amoreco, isso não vai se repitir. - E tudo isso enquanto ela se jogava cada vez mais pra cima de mim.

Revirei os olhos. Sim, eu e ela tivemos um namorico, se é que pode chamar aquilo de no mínimo namorico até porque só aceitei por ela ser tão iritantemente insistente e não sair do meu pé um segundo. Como eu aguentei ela? Bem digamos que como amiga ou pessoa pra conversar Drew se encaixa no último lugar, mas em outras coisas ela não é tão ruim assim. Mas, não, gostava mais dela. Melhor, eu nunca senti nada por ela, até já havia terminado, mas parecia que isso não entrava de jeito nenhum naquela cabeça de vento dela. Só que como ela parecia gostar seriamente de mim e eu não gostava seriamente de ninguém, mas gostava de me divertir, tinhamos uma espécia de amizade com benefícios. Depois de tudo o que senti por um certo filho de Poseidon, decidi não sentir mais nada sério por ninguém. Simplesmente para não me machucar. Drew me tirou dos devaneios puxando-me pelo braço em direção a fogueira. Sentei, apenas observandoo fogo creptar enquanrtoa garota não parava de falar sobre moda, roupas, sapatos, outras semideusas. Até chegar emuma em particular...

— Já soube da nova orfã que chegou? - Ok falar daquela forma não era necessário e mexeu com uma parte de mim. Encarei-a sério.

— Primeiro ela não é orfã pois tem um pai ou mãe olimpiano tanto quanto você. E segundo é claro que sei sobre ela já que fui eu que trouxe-a pro acampamento.

— Você? - ela parecia pasma e vi certo ciúme quando falou autoritária – Niquinho não quero vocẽ perto dela. Ela pode ter aquela carinha de santa e de “não sei o que está acontecendo, sou apenas mais uma caipira que descobriu ser parte deusa”, mas daquele tipinho eu conheço muito bem e...

— Drew dá pra calar a boca! - E minha voz saiu tão alta que pessoas ao redor pararam parar olhar o que havia acontecido. Não me importei e fixei meu olhar na patricinha. - Não quero mais ouvir você falar dela assim, você não a conhece, não sabe o que ela passou e não vai ficar tratando-a assim. Não na minha frente. E por último você não manda em mim, em nenhum sentido, ficou claro?

— Sim sim.- Ela parecia realmente arrependida e se aconchegou próximo a mim. - prometo não falar mais daquela semideusa.

— Bom. Agora fica quietinha.

— Pode deixar.

E o incrível: ela ficou. Olhei de lado pra ver esse milagre até ela fazer o inesperado: puxar meu pescoço com seus dedos finos e me beijar de repente. O brilho labial sabor morango misturava-se aos meus lábios e ela beijava com fúria e possessividade. Não minto que gostei do beijo (“Oh deuses, que minha garota não me ouça dizendo isso”) até meu olhos desviarem e verem uma certa morena olhando diretamente para mim. Swan me encarava com um semblante confuso e seus olhos pareciam tão tristes até perceber que eu a encarava de volta. Seus olhos ficaram alertas e se voltaram para o chão enquanto seguia a passos rápido em direção aos chalés. Xinguei mentalmente e me levantei em um pulo, ainda com Drew tentando me agarrar. Disse a ela que precisava ir e que ela não me seguisse. Com a cara emburrada el ficou plantada ao lado da fogueira e eu corri em direção a morena.

Meu sangue gelou ao ver Swan de joelhos enquanto a brutamontes filha de Ares estava prestes a esmurrá-la. Nem pensei duas vezes. Entrei na sombra mais próxima que vi e num piscar de olhos apareci na frente da garota. Não sei explicar muito bem, mas naquele momento eu senti medo. Medo de verdade. Claro que nas batalhas que tive senti certo medo, mas logo era substituido pela adrenalina da luta ou, sem querer me gabar, eu sempre soube que tinha boas chances de ganhar. Mas ali não. O medo que penetrou meu corpo não era por mim, mas pela garota que jazia machucada as minhas costas. E mais uma vez meus poderes me dominaram e se não fosse pela voz que me alcançou no meu da minha escuridão não existiria mais brutamontes filha de Ares pra contar história. Mas a morena conseguiu, ela me alcançou. E no momento que chegamos em frente a porta do seu chalé percebi que não queria ir embora. Simplesmente queria passar a noite ali apenas conversando. Sim, apenas conversando. Nada mais. Porque, deixa eu te contar um segredo: aquela semideusa que me tirava do sério era a mesma que estava me mudando pouco a pouco. Ela me fazia rir e conseguia me irritar em segundos. Ela estava mexendo algo em mim, algo que pensei estar perdido parar sempre. Naquele dia segui parar meu chalé com um sorriso bobo que ficou em meu rosto até o sono chegar.

No dia seguinte acordei mais cedo do que costumava e ao sair do chalé e ver a garota de olhos verdes sair correndo da floresta completamente confusa agradeci aos deuses pela minha bela disposição daquela manhã. Observei enquanto Swan corria pro chalé e de lá trazia um livro seguindo novamente para a floresta, seguindo por um caminho diferente. Curioso, segui-a mas não esperava ver um cachorro surgir de dentro de um livro apenas por palavras serem proferidas. Bem, já devia estar acostumado com mágicas e coisas sobrenaturais, mas aquilo... aquilo era fantástico.

Ela existia.

Eles existiam.

Os Língua Encantadas eram reais e ainda vagavam sobre a Terra.

Apareci, ainda surpreso (não só pelos poderes, que eram supreendentes, mas também por aquele mini vestido que surgiu na garota que era realmente a definição perfeita de 'mini'), dando um belo susto na semideusa que parecia concentrada em sua dancinha da vitória. E mesmo com a discussão e o plano idiota de me por pra correr com aquele cãozinho ela acabou por me contar sua história Ela falou tão abertamente, ela confiou em mim tão rapidamente para falar sobre sua vida, sua mãe, seus poderes. Eu teria feito o mesmo se ela já não soubesse de toda a minha vida? Percebi que algo havia mudado nela quando ela chegou ao acampamento, mas resolvi não perguntar diante do que era óbvio que ela estava sentindo desde a morte da mãe: culpa. Mas não! Ela não podia se culpar. Não podia ser culpa dela. Eu não conseguia acreditar nisso, algo me dizia que tinha mais coisa nessa história. Naquele momento mais semelhanças entre nós apareceram.

Eu o garoto solitário e antisocial

Ela a garota sempre divertida e extroverdita.

Nós escondíamos nossos medos, nossas culpas, de formas diferentes, mas ainda assim eles continuavam ali nos atormentando do primeiro ao último momento do dia. Eu me culpava por minha irmã, me culpava pelo amor que tinha pelo Percy. Essa culpa podia até não existir mais já que eu havia contado a ele

Em uma de nossas batalhas, durante a Grande Guerra contra Gaia, fomos separados em duplas e Percy e eu acabamos seguindo juntos para uma das provas. Sortudo como sou a prova era: 'Revele seu segredo mais obscuro ou morra atravessando o Lago Fervente.”. Ainda acho que isso foi coisa do Cupido, mas tivemos que passar pela prova pra poder nos encontrar com os outros. E assim eu falei,olhando nos olhos dele. Ele pareceu surpreso, mas confirmou o que eu já sabia. Ele ama e sempre, sempre amará Annabeth Chase. E depois de conseguirmos atravessar o Lago entramos em uma luta contra o demônios de terra mandados pela nossa querida titia avó onde Percy acabou sendo nocauteado, mas vencemos. Levei-o parar fora e acabamos por nos encontrar com os outros. Não sei se pela pancada forte na cabeça ou por apenas não querer lembrar da conversa, mas ele nunca voltou a tocar no assunto. E aos poucos aprendi a superar, mas no profundo esse sentimento ainda corroi, ainda é difícil.

E quando Swan entrou no assunto aquele sentimento escondido começou a crescer e se tornar algo mais violento. Mas acreditem quando digo que nunca, nem no ódio mais alastrador, eu seria capaz de machucá-la, nunca seria capaz de enforcá-la. Naquele momento eu senti algo invandindo meu corpo, um ódio puro e bruto. Um ódio que não vinha de mim mas que alimentava meu corpo e o controlava. Eu não era mais responsável por minhas ações. Por fora eu me via cruel e violento, mas por dentro eu ainda era eu pensando que minutos antes estivemos tão próximos de uma forma que jamais estive de ninguém. Como as coisas mudaram assim tão drasticamente? Eu não conseguia saber, mas pedia parar que aquilo parasse, que ela conseguisse se salvar. E quando ouvi a voz fraca e vi as grandes iris verdes me implorando foi como se aquilo que me dominou não tivesse mais poder sobre mim e meu mundo voltou ao eixo. Aquelas esmeraldas brilhantes me trouxeram o foco novamente.

Mas já era tarde demais.

Ela já me olhava como se olha para o pior monstro que já pisou na face da Terra e correu parar a floresta antes que eu pudesse ao menos falar. Gritei seu nome aos quatro cantos, mas ela já seguia distante em direção a praia. Nunca pensei que fosse me odiar tanto quanto naquele momento. “O que havia acontecido comigo?”. Mais uma vez o slogan da minha vida brilhou em letras garrafais na minha mente. Eu havia enforcado-a. Eu era um monstro. Mas aquele, aquele que fez tudo aquilo, não era eu! Mas como explicar isso a ela ou a qualquer um? Descontei minha frustração na grande rocha no centro da clareira o que foi uma péssima ideia já que meus dedos só não se quebraram por um milagre. Mas que se importava? A dor parecia o único conforto naquele momento. Ela havia confiado em mim e eu a decepcionei. Porque eu sempre fazia isso com as pessoas? Mas ir atrás dela nesse momento era a pior coisa a se fazer.

Idiota foi a menor das palavras que usei para me descrever enquanto seguia para a sombra mais próxima, querendo apenas chegar em meu chalé sem ter nenhuma garota pegando no meu pé. Cheguei na sombra de um grande carvalho e pensei no meu chalé. Mas bem na hora que as sombras começaram a me envolver uns certos olhos verdes invadiram minha mente involuntariamente e um segundo depois eu estava em um lugar ensolarado com aroma marítimo, o completo oposto do meu escuro e sombrio chalé. E o pior? Eu não estava no chão. Estava a alguns centímetros dele. E o pior ao quadrado? Abaixo de mim só havia a imensidão azul chamada 'mar'. Só deu tempo de olhar pra baixo e eu senti a gravidade me puxando para a água. Afundei até me concentrar e nadar para a superfície. Havia água em meu nariz e meus olhos ardiam do sal, mas nada mais me pertubou tanto quanto ver a cena que se desenrolou a alguns metros de onde eu estava.

Foi tudo muito rápido!

Quando me dei conta vi apenas uma bola de fogo, lançada por Leo, seguir até a garota e segundos depois ela voava para o meio do mar.

E quem era a garota?

Ninguém mais ninguém menos do que a Swan!

Consegui ouvir o barulho de seu corpo atravessar a água e segundos se passaram. Minutos se passaram. E ela não voltava a superfície! Continuava no fundo do mar enquanto o idiota do Valdez parecia enlouquecer na areia da praia. Saí o mais rápido que pude, com as calças jeans grudando nas pernas e o cabelo molhado caindo sobre os olhos atrapalhando minha visão e me fazendo tropeçar várias vezes. Adentrei novamente a floresta e corri o mais rápido que conseguia.

“Oh Nico você foi covarde. Porque não nadou para salvá-la?”. É isso que você deve estar pensando. E a resposta é simples: sou um peśsimo, um terrível nadador. Se fosse ao menos invertar de salvá-la acabaria morrendo junto com ela. O único jeito de resgata-la era encontrando o cara que não apenas era um perfeito nadador mas que, em todo caso, era o herdeiro do mar.

Sim, esse mesmo.

E eu precisava encontra-lo a tempo.

Por sorte avistei Percy e Annabeth logo ao sair da floresta. Eles treinavam com espadas no ginásio. A disputa estava bastante acirrada e nenhum deles estava disposto a ceder. Até eu chegar afobado e repleto de folhas grudadas nas calças falando rápido enquanto gesticulava freneticamente. Eles me olharam confusos até eu respirar fundo e falar quatro simples palavrinhas:

— Swan. Afogando. Na. Praia!

E eles já não estavam mais ali. Jogaram as espadas no chão e correram parar a floresta enquanto eu seguia-os respirando com dificuldade. Tomei a dianteira e mostrei-os o caminho. Quando chegamos Annie foi acalmar Leo que andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça enquanto Percy pôs as mãos na água e descobriu facilmente a localização da garota. Sem perder tempo, pulou na água e sumiu nas profundezas.

E eu fiquei lá. Parado. Encarando o horizonte ou quem sabe esperando ver algo dela. Cabelos, mãos, qualquer coisa. Ela não estava morta. Pelo menos não ainda. Me concentrei e felizmente não senti sua alma adentrando o mundo dos mortos. Um alívio me dominou. Ela ainda tinha chances de sobreviver.

— Vamos Percy. Traga-a de volta. - sussurrei para o vento.

Eu estava tentando me controlar. Realmente estava. Mas quando ouvi a voz de Leo enquanto conversava com Annabeth parece que algo em mim se quebrou. E esse 'algo' se chamava controle!

— Valdez! O que você fez? Porque diabos jogou uma bola de fogo nela? Voce perdeu a cabeça? - Vociferei, beirando o ódio. Ele apenas me encarou perplexo e envergonhado. Andei em sua direção e se Annabeth não tivesse me interceptado não sei o que teria feito.

— Espera. O que? Como assim uma bola de fogo nela? - Annie alternou a visão entre mim e Leo. Leo completamente perdido. Eu completamente irado. Não me admiraria se fumaça estivesse saindo do meu nariz.

— Foi isso mesmo que você ouviu! Sem nenhuma explicação ele simplesmente criou uma bola de fogo e jogou na Swan o que fez ela voar metros de distância e cair no meio do mar! Ele pode tê-la matad.... - Não consegui nem ao menos terminar a frase. Pensar naquilo era absurdo demais. Joguei a mão de Annabeth pro lado e fui pra cima de Leo, mas, com os reflexos rápidos, Chase segurou minha blusa como quem segura uma criança birrenta. Encarei-a com os olhos dominados pela fúria.

— Nico deve haver alguma explicação paulsível para o que....

— Não... - Leo interrompeu-a, olhando em meus olhos. - Ele está certo. Eu joguei a bola de fogo na Duda. Mas... é difícil explicar... Eu não era realmente eu! Sei que é coisa de louco, mas você precisam acreditar. - ele parecia prestes a arrancar os cabelos. Annabeth soltou minha blusa ao perceber que eu parecia mais calmo. Cruzei os braços e esperei Leo continuar – Não foi minha culpa! Na hora estávamos apenas brincando, estavamos tão felizes. Mas do nada um fúria começou a surgir dentro de mim, um ódio que nunca senti antes e logo percebi que não era meu. Mas já era tarde demais. Quando voltei a mim o estrago estava feito e a bola de fogo já havia atingido-a e lançado-a para longe. - Ele levantou o rosto agora com a expressão determinada. - Mas Nico eu nunca machucaria ela. Não por vontade própria. Estou dizendo, algo tomou meu corpo!

Silêncio.

Annabeth parecia completamente confusa e eu completamente surpreso. Não surpreso pelo que Leo dizia. Não, eu sabia que ele falava a verdade pois o mesmo haviua contecido comigo horas atrás. Minha surpresa era por nós termos tido a mesma experiência no mesmo dia. E o mais intrigante: Nós dois passamos por isso quando estávamos próximo a uma pessoa em comum.

Swan.

Isso não podia ser apenas coincidência.

— Leo eu acredito em você... - Annie olhou pra mim e balancei a cabeça em afirmação–... e Nico também. Mas isso teremos de resolver outra hora. Pedirei uma reunião com Quíron amanhã. Mas agora precisamos de algo que nos ajude com Duda. - ela olhou para o mar. Ainda nenhum sinal de Percy e Swan. Suspirou e voltou a encarar Leo. - Vadez, ela subiu à superfície alguma vez enquanto você estava aqui?

— Não. - Leo baixou os olhos e esfregou as mãos – Nenhuma vez. E já faz bastante tempo que ela está lá embaixo.

Annabeth olhou para Leo com um alhar tão solidário e triste. Como se já soubesse o que iria acontecer.

— Temo que não haja mais...

— ELA NÃO MORREU! - falei mais alto do que esperava e eles me encararam assustados. - Eu sei que ela não morreu. Ela ainda está viva lá embaixo. Não sei como... mas ela ainda está viva.

— Certo, ok. - Annabeth falou calmamente como quem amansa uma fera. Nesse caso a fera era eu. - Vamos esperar até Percy....

Mal ela terminou de dizer o nome do namorado, uma onda saída de lugar nenhum quebrou na areia da praia revelando um Percy completamente seco com uma morena nos braços. Ela estava pálida e imóvel. Parecia tão fraca. Seus lábios ressecados mesmo tendo acabado de sair da água e a respiração era quase inexistente. Contive a vontade enorme de pegá-la nos braços e ver por mim mesmo se ela estava viva. Percy pousou-a na areia fofa enquanto se ajoelhava ao seu lado. Leo se ajoelho no lado opsoto, lágrimas enchiam seus olhos enquanto ele parecia fazer uma prece silenciosa. Annabeth ficou ao lado do namorado enquanto tomava o pulso da Swan nas mãos.

— Os batimentos estão extremamente fracos....

E Percy começou a fazer massagem cardíaca.

Um.. dois... três. Nada. Um.. dois... três. Nada

— Ela não está respirando! - Ouvi Percy vociferar. Mas sua voz parecia distante diante dos meus pensamentos.

Eu continuava plantado onde estava não me aproximei. Não me afastei. Como se a um movimento meu ela fosse se perder para sempre. Apenas observava a comoção. Ela não respondia à massagem. Senti o desespero corroer-me por dentro ao sentir sua alma começando a se afastar do corpo, lentamente.

— Não, não, não.... - Minhas mãos foram automaticamente para a cabeça. Naquele momento eu era o reflexo da angústia. Mas antes que me aproximasse percebi sua alma voltando subitamente para o lugar. Para seu corpo.

Ela acordou em um solavanco com a respiração acelerada e os cabelos desgrenhados e repletos de areia. Mas naquele momento ela não poderia estar mais perfeita. Ela estava viva. Com o mini vestido rasgado em alguns pontos, mas viva. Isso era tudo que importava. Ela se sentou e olhou ao redor vendo todos sorrirem aliviados. Apenas em ver seus olhos verdes com o brilho de sempre o alívio tomou conta de mim. Dei um sorriso discreto e me afastei enquanto todos pareciam preocupados em saber se ela estava realmente bem ou se sentia algo.

Em mim eu sabia que ela ficaria bem. Mas eu estando ali poderia piorar a situação. Segui pela floresta pensando que se ela me vissem o medo em seus olhos voltaria. O medo de estar perto de mim. O medo de que eu a machucasse novamente. E eu não aguentaria vê-la dessa forma. Não de novo. Não por minha culpa. Passei as mão no cabelo enquanto caminhava pela trilha que acabou me levando novamente para a clareira. Olhei ao redor e acabei por ver o livro dela no meio da grama. Apanhei-o e limpei a capa.

“Alice no País das Maravilhas”

Sorri ao lembrar de nossa conversa na clareira. Antes de tudo dar errado. Sorri. De uns dias para cá isso se tornou quase normal para mim.

— Ela fez isso comigo...

Balancei a cabeça. Eu estava mudando por causa de uma garota. Eu não era esse tipo de cara. Olhei parar a sombra do mesmo carvalho de antes mas resolvir seguir a pé para o chalé com o livro sob o braço. Não ia arrisacar as sombras novamente. O que me fez pensar: As sombras sabiam do perigo que Swan corria ou a culpa foi minha por não conseguir tirar os olhos esmeraldas dela da minha cabeça?

— Essa garota tá me deixando completamente doido! - Sussurrei para mim mesmo enquanto entrava no chalé rapidamente evitando ter um encontro indesejado com alguma de minhas perseguidoras.

Mas essa era a verdade mesmo que eu quisesse negar. Ela havia me transformado em apenas poucos dias que passara no acampamento. Nem Hazel conseguiu tal proeza! Ela me fazia pensar diferente e sentir algo que havia desacreditado a muito tempo. Ela me até me fazia esquecer do sentimento que tive por Percy, esquecer completamente. Aquele resquício de amor por ela sumiu totalmente e Swan era a culpada!

—É, tenho que agradece-la qualquer dia! - Debochei parar as paredes. - Eu estou falando com as paredes. Agora chega! Tenho que esquece-la até porque depois de hoje ela não vai querer me ver nem pintado de ouro!

Troquei a roupa encharcada e percebi que havia perdido o almoço. Entrei na sombra do guarda roupa, dessa vez pensando apenas no M vermelho e gigante, e ao voltar trazia comigo um McLanche Feliz numa mão e um copo de refri na outra.

— Finalmente almoçar!

Comi ouvindo música deitado no sofá negro no canto do quarto. Deve ter dormido pois ao abriri os olhos já era noite e já quase hora do jantar. Peguei a toalha e corri para a banheira esperando a água quente chegar a metade. Só assim para evitar o resfriado que com certeza eu pegaria!

— Não apenas eu. Com aquele mini vestido é bem provável que aquela irritante fique ainda pior. – pensei enquanto entrava descansado na banheira. - E lá estou eu novamente pensando nela! Nico di Angelo você é idiota. Até porque ela parecia bem seca ao cair desmaiada na praia!

E involuntariamente minha cabeça começou a pensar e pensar. O que ela fazia para estar “tão feliz” com Leo na praia ainda mais usando aquele vestido minúsculo? E bota minúsculo nisso! Se é que aquilo podia ser chamado de vestido. Dorothy usava um vistido tão pequeno assim? Mas até que ele não caiu tão mal nela....

E enquanto minha cabeça rondava as peças de roupa de Swan ouvi batidas freneticas na porta do chalé. Gritei parar que esperassem, mas acho que a pessoa não ouviu e continuou batendo incessantemente.

— Será que não se pode mais nem tomar banho em paz sem ter alguém chamando? - Vesti a calça e o all star em um pulo ainda com metade do corpo molhado. - Eu não sou o único herói nesse acampamento!

Me olhei no espelho tentado enxugar o cabelo e quando ia vertis a blusa as batidas ficaram cada vez mais fortes. “Se for a Drew com mais um de seus charminhos eu juro que ponho ela parar fora aos pontapés!”, pensei enquanto deixava a blusa de lado e abria a porta do banheiro ainda olhando se tinha posto o tênis no pé certo.

— Por Zeus, não precisa quebrar a por....

Parei no meio da frase ao olhar para frente e ver, surpreso, quem havia quase quebrado minha porta e agora estava plantada em minha frente. Seu olhar de espanto fez meu sorriso de lado aumentar.

— Isso vai ficar bem divertido....


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Odiaram? Amaram? Deixem sua opiniões
O que acharam do POV Nico? Gostariam de ter POVs de outros personagens!
Deixem suas sugestões! Mil bjs e até a próxima XoXo



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