Realidade Imaginária escrita por Duda Mockingjay


Capítulo 21
Sempre e Para Sempre


Notas iniciais do capítulo

Hey jujubaaas!! Como sempre demorei, mas semana q vem ja estarei de férias e a fic será atualizada toda semana!! Aeeoo.. agr fiquem com o cap mais gigante até agr kkkk



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As dores que se estendiam por meus braços e pescoço eram intensas, mas me forcei a virar a cabeça lentamente para frente, percebendo que a garota que antes segurava meu outro braço também estava estendida no chão olhando abismada para a pessoa em minha frente. E eu estaria tão assustada quanto ela caso a minha felicidade não fosse maior do que a surpresa. Felicidade por ainda ter todos os dentes na boca e todo o sangue no corpo, felicidade por ter sido salva, felicidade por ter sido salva por ele, felici... Opa, o que? Me estapeie mentalmente pelo último pensamento, coisa que venho fazendo com frequência. “O importante era eu estar salva, não quem era meu salvador!”, tentei me convencer, mas a alegria por meu ‘herói’ ser um certo semideus especifico parecia incontrolável em meu peito.

“O que diabos estava acontecendo comigo? Eu não sou assim!”. Minha cabeça revirava, mas meus lábios não contiveram o sorriso involuntário que se abriu neles. Sorte que ninguém me observava, pois toda a atenção estava centrada no garoto postado a minha frente. Mesmo de costas, para mim, era impossível não reconhece-lo. Digamos que o di Angelo sabe como não ser esquecido. A tensão se estendia por todos o seu corpo e as mãos cerradas, com os nós dos dedos cada vez mais brancos, captavam a fúria que ele sentia. Os cabelos negros esvoaçavam descontroladamente, ora pelo vento frio da noite, ora pela aura negra de poder que contornava seu corpo, vinda do seu interior e tão forte e espessa que se tornava concreta e palpável. Nesse momento eu não queria nem imaginar como deveria estar seu rosto!

Eu permaneci de joelhos, sem forças para levantar, olhando fixamente para as costas de Nico e sentindo o frio que emanava cada vez mais dele. Um medo me invadiu subitamente e agradeci aos deuses pela fúria dele não estar voltada para mim. Até que ouvi a voz grossa e estridente da garota, se é que aquilo poderia ser chamado de ‘voz de garota’. Ela soava furiosa, mas tremida, como se pela primeira vez estivasse começando a sentir medo de verdade.

– Di Angelo, saia da frente! AGORA! Tenho contas a acertar e você não tem nada a ver com isso!

– Só repito mais uma vez: Deixe... ela.... em paz! – Nico tentava controlar a raiva na voz e seus músculos ficavam cada vez mais tensos. A preocupação me atingiu quando vi a aura negra ficar mais espessa, se é que isso ainda era possível.

– Nem pensar! – rosnou a garota – essa órfã indeterminada vai pagar por ter cruzado meu caminho! – Ela berrou com tanto desprezo que senti meu coração arder e lágrimas se formarem em meus olhos. “Ela estaria completamente errada?”. Mas percebi que suas palavras não atingiram só a mim. E sabia o porquê. ‘Orfão’ não era a palavra preferida de Nico.

– Bim bim bim, aviso: suas chances de ainda sobreviver diminuíram pra, vejamos, trinta por cento. – Ele andou de uma lado a outro, pensativo, e sua voz soou tão sarcástica que não contive uma pequena risada. Mas a dor que aquele pequeno gesto me causou fez a risada terminar em um gemido e eu

apertei minhas costelas, a dor latejante percorrendo meu corpo. E por um flash de segundo vi Nico desviar o olhar pra mim. Ele me observou da cabeça aos pés e vi o ódio voltar ao seus olhos gradativamente. Voltando-se pra brutamontes ele continuou: - Então é melhor você sair daqui agora e levar suas capangas com você. Quem avisa amigo é! Pensando bem, não, não sou seu amigo, e isso é mais uma ameaça que um aviso. – ele deu de ombros, o que fez a filha de Ares bufar.

– Nem morta! – Ela vociferou, e acabei descobrindo que se chamava Chris, pois uma de suas colegas caídas ao meu lado gemeu seu nome, praticamente suplicando que ela calasse a boca e fosse logo embora. Mas o tremor de medo que antes possuía a voz de Chris foi substituído pela raiva. Acho que ela não reagia muito bem a ordens. Mas não foi umas ideia muito inteligente ter dito logo aquelas duas palavrinhas.

Pensando bem, inteligência não é o ponto mais forte dos filhos de Ares.

Até consigo imaginar perfeitamente o sorriso torto e irônico de Nico que surgiu antes de suas palavras saírem.

– Seu desejo é uma ordem! – E a risada rouca que escapou dos lábios dele me fez arrepiar dos pés à cabeça. Não de uma forma boa, se é o que estão pensando. Ele com certeza não estava brincando e seu corpo cada vez mais rígido e frio eram a prova disso.

A aura negra que se espalhava por ele ficava cada vez maior e mais concreta, serpenteando e tomando espaço ao redor como fumaça. A nuvem negra se uniu e seguiu diretamente para a filha de Ares. Nico estava bem a minha frente e eu com certeza não teria visto a nuvem envolver a garota e o horror tomar a sua face se ela não estivesse flutuando a metros do chão, bem acima de Nico. A nuvem contornou-a, como uma sombra colada ao corpo, enquanto ela se debatia desesperadamente com os olhos arregalados e a boca aberta procurando por ar. Nico tremia de fúria e o vento ao seu redor estava descontrolado fazendo suas roupas e cabelo voarem, não só as suas como também as minhas. As de Chris nem se fala, e mesmo com a ventania ainda era possível ouvir seus gritos de pavor. Quanto mais escura ficava a aura dele, mais ela gritava. As sombras invadiam o corpo dela por dentro e saiam por sua boca e nariz. Ela estava ficando cada vez mais magra e pálida, o corpo era apenas pele e ossos e o olhar, antes ameaçador, não passava de um brilho medroso e suplicante por ajuda. A nuvem negra sugava mais e mais a vida da garota. E Nico descontrolado, tomado pela raiva, não conseguia parar.

Eu tinha que impedi-lo. O descontrole pelo ódio era algo que eu conhecia bem e sabia como aquilo ia terminar. Principalmente, sabia como ele iria se sentir se tirasse a vida dela, pois eu já havia sentido o mesmo. Tinha que salva-lo. Dele mesmo. Mas como? Nem um grito atravessaria aquela ventania. Ergui o olhar, ainda com os cabelos voando por meu rosto, e toquei a perna dele, sentindo seu poder gelado percorrer meu braço e queimar-me por dentro.

–Nico... – minha voz saiu mais fraca do que eu esperava, mas foi suficiente. Mesmo por sobre o furacão, ele conseguiu me ouvir de alguma forma ou apenas sentiu meu toque. A tensão em seus músculos desapareceu lentamente no momento em que minha voz chegou a ele.

Ele pareceu relaxar e a nuvem negra ao seu redor diminuiu pouco a pouco até sumir completamente. O mesmo aconteceu com a garota que, por estar a metros do chão, despencou aos gritos até pousar, de forma nada elegante, no chão de terra e pedras. Ela já havia voltado ao normal então seu excesso de músculos deve ter servido para amortecer a queda. Nico voltou a respirar normalmente e cambaleou para o lado, mesmo com anos de treino aquilo ainda sugava demais suas forças, ele parecia exausto. E mesmo com a voz controlada ele não parecia completamente ‘curado’ da raiva.

–Saiam... AGORA! – E não precisou de mais nada para as garotas, já recuperadas, ao meu lado correrem em direção a Chris e ajudarem-na a levantar. Ela ainda estava tonta, mas passou por Nico com a cabeça erguida e quando me olhou, com as íris em chamas, permaneceu em silêncio, mas eu sabia exatamente o que significava: “Vai ter volta!”

Segui-as com o olhar até sumirem entre a multidão da Fogueira. Pelo visto, ninguém percebeu o furacão interno que Nico criou por estarmos a uma distância considerável de lá e acredito que Chris e suas coleguinhas resolveram ficar de bico calado sobre o que aconteceu, até porque ela não seria vista da mesma forma pelo acampamento depois de descobrirem que não era tão poderosa quanto tentava mostrar. Sorri, ao menos não teria que enfrentar uma “reunião de pais” e encarar a fúria de Quíron e acabar lavando a louça como castigo. “Mal chegou e já fez inimigos. Ótimo jeito de se enturmar, Duda!”, debochei de mim mesma e estremeci ao lembrar da ameaça silenciosa da garota. Mas meu temor sumiu quando Nico se virou em minha direção com o olhar mais preocupado que eu já vira alguém dirigir pra mim. Nunca imaginaria ele assim a alguns minutos atrás!

– Você está bem? Elas te machucaram muito? O que houve? – Ele se abaixou ao meu lado, verificando meus braços e pernas como se fosse o melhor médico da região, e disparou as perguntas atropeladas.

–Quem é você e o que fez com Nico di Angelo? – perguntei rindo, mas parei quando uma nova onda de dor se alastrou pelo meu corpo. Nico revirou os olhos, mas a preocupação continuava neles. – Ok. Sim, eu estou bem. Sim, elas me machucaram bastante. Sim, eu sei o que houve e foi uma coisa totalmente estupida. Eu tropecei em uma pedra enorme e, sem querer, meu suco gigante de uva caiu em cima daquele monstro em forma de pessoa e ela não soube aceitar bem as minhas desculpas e acabou dando naquilo. Agora dá pra ficar calmo?

– Isso foi pra me deixar calmo? – perguntou ele, atônito, e voltou a atenção para o meu rosto, especificamente para o arranhão que se destacava em minha bochecha.

E que deveria estar bem feio pela cara de espanto que Nico fez. Ele aproximou calmamente a mão, passando o polegar pelo arranhão. O ardor em minha bochecha aliviou instantaneamente quando o toque frio dele invadiu minha face. Aquilo foi tão bom! Fechei os olhos e, automaticamente, aproximei o rosto da palma de Nico. Um sorriso bobo surgiu em meus lábios.

Frio. Esse era Nico. Seu toque, sua forma de ser. O que para muitos era um defeito. Mas eu via uma qualidade. A segurança que ele me transmitia era incomum e surpreendente. Aquela era a forma de defesa dele e eu compreendida, pois era a minha forma de defesa também. E, em vez de afastar a mão, ele continuou acariciando mais e mais o meus rosto e eu aceitava de bom grado.

Até que a cena dele com a garota na Fogueira passou como um filme em minhas pálpebras fechadas e me obriguei a raciocinar sobre o que estava acontecendo. Ele tinha namorada, ou seja lá o que ela fosse pra ele. E eu estava ali, sonhando que aquela simples carícia era algo especialmente meu. Mas não era. E nesse momento eu me odiei por ter me deixado levar. Eu nunca fui assim. Sentimental, melosa. “O que tava acontecendo comigo?”, era a pergunta que se repetia em minha mente. Abri os olhos e me afastei da mão de Nico, o frio em meu rosto sumindo gradualmente, e me pus a uma distância ‘segura’ dele. Nico me olhava confuso, baixando a mão lentamente para pousa-la no joelho, e quando compreendeu meu ato vi seu olhar ficar duro. Ele me observava, provavelmente com as palavras presas na garganta. Eu esperei uma explicação, mesmo não perguntando em voz alta, mesmo que ele não fosse obrigado a me dá-la. Minutos se passaram como séculos, mas suas palavras não responderam as minhas perguntas.

– Acho que tenho um pouco de ambrósia aqui comigo. – E começou a procurar nos bolsos.

– Não! – falei rápido – Não precisa. É apenas um arranhão....

– Um arranhão que está muito, mas muito feio e que precisa de cuidados... – ele tentou, com o olhar de ordem.

– Mas apenas um arranhão. Deixe sua ambrósia para algo mais importante. No chalé eu cuido disso. – Dei um breve sorriso. O arranhão ardia como fogo no inferno, mas não admitira, até porque não queria aproximar-me dele novamente. Não queria sentir aquelas coisas estranhas que sentia quando ele estava ao meu alcance. Ele continuava me encarando como se soubesse o real motivo da minha recusa. Silêncio, apenas o som do vento normal. Tive que dizer algo. – Já está tarde. Preciso ir pro chalé. – Me ergui lentamente, ainda com os braços latejando de dor e a cabeça girando. Devo ter me desequilibrado um pouco, ou muito, pois um segundo depois da tontura Nico estava ao meu lado, transmitindo o frio por suas mãos que seguravam fortemente o meu braço, me dando apoio.

“Mas qual é! Isso já está muito conto de fadas pro meu gosto. E eu não estou na categoria ‘donzela indefesa’!”. Estava a ponto de dizer tudo isso para ele, porém nossa aproximação me fez perder a fala e quando seus olhos se prenderam aos meus, como se nada mais no mundo importasse, eu perdi todos os meus pensamentos. Malditos olhos negros que fazem eu ter uma parada cardíaca involuntária! Ele desceu a mão vagarosamente por meu braço, em direção a minha mão, e eu não contive o sussurro que saiu de minha boca.

– Obrigada...

– O que? – ele me olhou surpreso e inclinou a cabeça com um sorriso nos lábios, como se para me ouvir melhor, e foi soltando minha mão.

– Obrigada. – repeti mais alto, ainda sustentando seu olhar e hipnotizada pela droga de seu sorriso perfeito, o que me fez soltar mais palavras que eu não soltaria em meu juízo perfeito. – Você chegou na hora certa.

– Wow, Swan sendo gentil? Comigo? Acho que vou procurar abrigo porque esse sim é o fim do mundo! – ele debochou, alargando os lábios sarcasticamente. Ok, ele sabe me tirar do sério!

– Olha aqui, cada um vê a parte de mim que merece. Se você só viu minha gentileza agora deve ter um bom motivo... – Deixei a frase no ar e imitei seu sorrisinho irônico – Se tiver tão incomodado assim, eu retiro meu ‘obrigada’ com todo prazer.

– e a antiga Swan ataca outra vez! – Ele levanta seu olhar em direção a Fogueira – E quanto a brutamontes filha de Ares não precisa agradecer – ele deu de ombros – Você não é a primeira que eu ‘resgato’ das mãos dela.

Aquilo me incomodou mais do que deveria. Ele me incluiu no grupo de “você é como qualquer outra”. E pra ele eu era como qualquer uma. Porque só eu não conseguia aceitar isso? Éramos apenas companheiros de acampamento, brigávamos mais do que conversávamos, é claro que eu não tinha nada de especial pra ele, como ele também não deveria ter pra mim. Comecei a ficar confusa com minha discussão mental e debochei.

– bem, eu teria dado conta dela sozinha! Ela nem era tão grande assim. – “Que mentira descarada essa minha!”, pensei, mas por fora apenas dei de ombros. – Estava tudo sob controle!

– Uhum, sei. – Nico ergueu uma sobrancelha e riu sem humor. – Muito controle mesmo. Como ela controlando você de joelhos no chão.

– A...Aquilo foi apenas um... momento de descuido. – Me esbofeteei mentalmente por ter gaguejado. E o sorriso esnobe dele continuava intacto, só aumentando minha raiva. – Já estava quase me soltando quando você deu o ar de sua graça!

– Tá certo. Ta bom. Agora será que dá pra gente voltar pro momento Swan meiga e gentil que disse ‘Obrigada, você chegou na hora certa?’ e que não estava mentindo? – E fez uma imitação ridícula da minha voz. Devo ter ficado bem vermelha, tanto de raiva quanto de vergonha – Ok, acho melhor parar. Você está prestes a explodir de tão vermelha.

– Bem, agora que você já cumpriu sua missão de me deixar completamente irritada e com vergonha, vou pro chalé antes que arranque sua cabeça do pescoço feito se abre uma garrafa de champanhe. – Dei um sorriso falsamente meigo e segui novamente o meu antigo caminho, antes de toda aquela confusão, parando apenas para pegar o bendito copo vazio da discórdia e jogá-lo em um lixo ali perto. Quem diria que um suco de uva poderia causar q quase-morte de uma pessoa. Então senti um calafrio percorrer meu braço e revirei os olhos, já imaginando quem causara aquilo. Nico caminhava despreocupado ao meu lado, com o braço extremamente próximo ao meu, de propósito. Bufei e suspirei. – O que foi agora?

– só achei mais seguro deixar você na porta do seu chalé. – olhei-o surpresa e ele apenas debochou – Ora, sou um cavalheiro e do jeito que você é desastrada e chama confusão ia acabar morrendo antes de chegar na porta!

– Oh, depois dessa belíssimas palavras não poderia me sentir mais segura, belo cavaleiro de armadura reluzente. – Falei com desdém e cordialidade falsa e me curvei, como se segurasse um enorme vestido pelos lados, aqueles do século passado, fazendo uma mesura exagerada o que fez Nico gargalhar, algo bem raro de se ver. Enquanto ria, senti um aroma diferente. Perfume. Doce e enjoativo. E que vinha de Nico. E fez tudo voltar como um tapa na cara. Suspirei – De qualquer forma é melhor você se preocupar com a segurança da sua namorada e não com a minha. Até porque ela deve estar dando um pite nesse momento, procurando por voc...

– Namorada? Que namorada? – ele me interrompeu, parecendo realmente confuso. Ou ele era um ótimo ator ou realmente não sabia do que eu falava. Fiquei com a primeira opção.

– Aquela que estava com você na Fogueira, ora. Ou vai dizer que não percebeu uma garota praticamente te engolindo... – parei ao perceber o que tinha dito. Maldita hora que resolvi abrir a boca. Que droga, aquilo não era da minha conta. Pelo menos Nico não havia percebido meu falatório exagerado, pois franziu a testa e me encarou sério.

–Drew não é minha namorada. Ela é apenas... – Ele tentava inutilmente classificar a garota, mas ao ouvir o nome entendi todo o drama.

– Não precisa explicar. Eu entendo. Quer dizer, não entendo, entendo. Só...entendo. – falei confusa demais até pra mim – Eu conheço a Drew ficcional e se ela for igual areal, bem, eu tenho pena de você. Mas isso não é problema meu. Seja feliz com ela... ou não.... tanto faz, isso não é da minha conta.

O pior é que lá no fundo eu me importava. Continuei caminhando, decidida a deletar aquela cena da mente, até que Nico segurou meu braço e me puxou de volta. Seus olhos aflitos estavam focados nos meus e o silêncio fluiu por um tempo.

– Sério, eu não tenho nada com ela. E nem quero ter. Mas ela não entende isso. – Seu olhar suplicava para que eu entendesse e acreditasse no que ele dizia – Aquele beijo na Fogueira foi um erro.

–Uhum... – Foi a coisa mais inteligente que saiu de minha boca. A aproximação dele me deixava desconexa e confusa, queria pôr um ponto final naquela conversa e naquela proximidade o quanto antes. – Tá certo. Eu entendo.

– Ãhn... pela forma como você reagiu quando disse o nome da Drew acho que descreveram direitinho ela nos seus livros. – Ele mudou drasticamente de assunto e desviou os olhos dos meus, voltando a caminha. Agradeci mentalmente por isso.

– se ela for arrogante, mesquinha, egoísta e um pé no saco acho que estamos falando da mesma Drew. – Sorri e caminhei ao seu lado, já bem próximos ao chalé.

–Então sim, é a mesma Drew. – Nico deu seu simples sorriso, mas logo ficou pensativo. – E eu? Sou muito parecido com o Nico ficcional?

–Sim, praticamente idênticos. Só que esqueceram de citar no livro que o Nico real é cem vezes mais arrogante, sarcástico e insuportável do que o ficcional. Pensando bem, acho que só acertaram ao dizer que era branco e magrelo.

– Magrelo? Quem é magrelo aqui? – E tive que prender um mini ataque quando achei que ele iria levantar a blusa pra provar o contrário. “Eduarda lembre-se: Você odeia o Nico. Então, se acalma mulher!”. Até que ele levantou o braço e mostrou os diversos músculos que haviam por lá, com um olhar vitorioso. É, acho que “magrelo” não era o melhor adjetivo para descreve-lo agora. Baixou o braço e sorriu – E eu não sou branco. Sou moreno, mas acho que ser filho de Hades te deixa mais pálido que o normal.

–provavelmente... Gasparzinho. – Gargalhei, enquanto subia a pequena escada que dava para a varanda do chalé de Hermes. Nico também sorriu e me acompanhou, subindo a escada.

– acho que tem apelidos melhores com Caveira Negra, ou Supremo Senhor Semideus da Morte. Aceito até Darth Vader. – Ele falou com ar altivo e a cabeça empinada.

– Não, acho que prefiro continuar com o ‘di Angelo’ mesmo. – Dei de ombros e me encostei na porta do chalé. Ele sorriu e concordou.

–É, ‘di Angelo’ já é um bom começo. – Ele piscou pra mim e um silêncio caiu sobre nós. Não era constrangedor, era apenas um silêncio de não saber como se despedir. Ou não querer se despedir. O som dos grilos até parecia mais alto e todos ainda continuavam na Fogueira, ninguém seguia para a área dos chalés. Calma e paz, até Nico suspirar. – Bem, está entregue. Sã e salva. Sobreviveu aos perigos e conseguiu chegar a porta.

– oh, o que seria de mim sem você? – debochei com ar de ‘dama indefesa’ – Quer que eu faça outra reverência para que nos despeçamos?

– Não será necessário senhorita Swan – ele entrou na brincadeira, fazendo voz de duque. Rimos e nos encaramos – Mas você percebeu que a gente passou mais de cinco minutos sem brigar u tentar nos matar?

– É um recorde! – Sorri. Estava prestes a abrir a porta quando me virei novamente, ainda tentando prender o orgulho e ser educada, apesar de tudo – Obrigada de novo. Odeio admitir, mas se não fosse você eu estaria bem ferrada!

– Eu nunca deixaria ela machucar você. – Ele confessou e olhou com certa tristeza para o arranhão em minha bochecha – Poderia ter chegado mais cedo. Eu vi você saindo às pressas da Fogueira e naquele momento soube que precisava te seguir, mas acabei ignorando o pensamento. – ele abaixou a cabeça – mas não consegui por muito tempo, aquilo continuava me incomodando até que olhei para onde você tinha ido e vi muitas pessoas. Andei para perto e vi você ajoelhada e de cabeça baixa e a idiota da Christina prestes a te bater. Entrei na primeira sombra que vi e apareci na sua frente. – Ele levantou o rosto e me encarou profundamente – Sei que cheguei tarde...

– Você chegou no momento certo. – Interrompi-o, sustentando seu olhar, mas ele continuou.

– Mas isso não vai se repetir. Nunca mais deixarei se repetir. Pode contar comigo – vi seus olhos brilharem – Sempre...

– E para sempre. – sussurrei, mas ele ouviu e abriu um largo sorriso. Se aproximou um pouco mais e beijou minha mão, sem desviar, nem por um segundo, os olhos dos meus.

– Boa Noite... – Ele sussurrou e abriu a porta para mim. O vento pacífico parecia repetir suas palavras como uma carícia.

– Boa Noite. – Entrei, sem conseguir desviar o olhar dele. Ele deu um último sorriso galanteador e desceu as escadas, seguindo despreocupado para seu chalé. Segui-o com o olhar até sumir dentro do chalé de Hades. Fechei a porta lentamente, como se não quisesse e despedir daqueles últimos minutos tão cedo. Ainda sentindo um formigamento na mão pelo beijo depositado.

O chalé estava vazio, então aproveitei pra ficar com meu sorriso bobo no rosto o tempo que pudesse. Encostei as costas na porta e desci vagarosamente até chegar ao chão, sem saber o que pensar. Ou o que sentir. Meus sentimentos estavam tão claros quanto no momento em que Héstia me tocou. Porém tão confusos quanto claros. Minha mente parecia um cubo mágico gigante. Eu conseguia distinguir os pequenos pedaços de cada sentimentos, cada cor, mas estavam tão embaralhados, tão confusos, que não conseguia uni-los em um só. O que so fazia minha pobre cabeça pulsar, como se pudesse explodir a qualquer momento. Aquilo era um saco! Mas Héstia estava certa, eu tinha que admitir.

Mas admitir o que?

Como admitir o que nem eu mesma sabia que estava sentindo?

E, pela terceira vez naquele dia, a pergunta de ‘um milhão’ gritou em minha mente.

– O que raios estava acontecendo comigo?


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Notas finais do capítulo

Não sei se perceberam, mas o título do cap é a frase que o Nico e a Duda falam e será tipo a "frase deles", se é q me entendem!! JUJUBAS, CAMPANHA COMENTEM E FAÇAM UMA AUTORA FELIZ :D XoXo



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