Forget me. escrita por Marril


Capítulo 6
Capítulo 6: You? Again?


Notas iniciais do capítulo

Heyy! Tudo bem?
Hoje tenho uma coisa importante para dizer, por isso espero que leiam as notas finais ^^



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Escuridão. Para qualquer lado que eu olho só existe escuridão. Corro na tentativa de encontrar um caminho, contudo nada aparece à minha frente. De repente, vejo-me no meio de um pavilhão, não o reconheço, mas este também parece um pouco distorcido, não avisto portas e as janelas parecem inalcançáveis. Começo a ouvir passos, primeiro distantes mas depois cada vez mais próximos, viro-me receosa e avisto uma pequena multidão. São todos apenas vultos, exceto a pessoa que se encontra mais perto de mim, desta consigo distinguir a face, é ele… Nathaniel.

Ele olha-me com um sorriso trocista e um olhar de desprezo, de seguida começasse a rir, sendo seguido por todas as outras sombras atrás dele. Todos juntos assemelhavam-se a um coro, primeiramente sinto raiva, mas esta é logo substituída por pavor quando eles começam a aproximar-se. Corro na tentativa de encontrar uma saída, enquanto ainda sou perseguida pelo coro de risos que me atormenta.

Tropeço em algo inexistente e sinto o meu corpo a cair pesadamente, surpreendentemente o coro cessa, no entanto deixo-me ficar mais algum tempo no chão. Quando me levanto e olho para trás verifico que já não existe nenhuma multidão, apenas Nathaniel. Ele possui um semblante um pouco diferente, pois sustenta desta vez um sorriso amável. Ainda assustada viro-lhe costas para me deparar com mais duas pessoas. Uma delas é Kentin e outra Castiel, o primeiro sorri também para mim enquanto que o segundo não sorri, mas mantém um aura amistosa. Fico confusa, sem saber a razão pela qual os três se encontram à minha volta. Subitamente os três estendem os seus braços na minha direção, mas antes que algum de nós pudesse fazer algo tudo desaparece e um som irritante invade-me os ouvidos.

Abro os olhos sonolenta enquanto tateio à minha volta à procura do telemóvel, assim que o sinto agarro-o e, tentando ignorar a luz incandescente que quase cega os meus olhos, desligo o alarme. Levanto-me meio desorientada, mas prossigo o meu caminho, ainda que muito lentamente, até à casa de banho.

Ao passar pela porta do quarto dos meus pais reparo que desta vez, ao contrário de ontem, eles já não estão em casa, quer dizer, eles definitivamente não estão dentro do quarto, portanto suponho que já tenham saído para o trabalho. Preparo-me rapidamente para a escola, escolhendo ao calhas a roupa, mas simultaneamente com cuidado para manter-me discreta. Coloco também uma pulseira de pele no um pulso direito de modo a esconder a marca de ontem, que acabou por ficar um pouco escura. Olho para o meu reflexo num espelho de corpo inteiro e sorrio falsamente, às vezes até me surpreendo como é que eu consigo encenar tão bem o meu sorriso. Olhando para mim até parece que estou bem, que nada corre mal na minha vida, que a felicidade sempre me acompanhou na vida… Mas, na verdade, não é nada disso… As pessoas só não notam porque eu sorrio e não as deixo ver os meus sentimentos. Enfio a mochila às costas e agarro no meu skate pronta para enfrentar o que o dia tem reservado para mim.

Antes de sair de casa roubo uma peça de fruta da cozinha e só depois saio, contudo assim que atravesso a porta tenho direito a uma agradável surpresa, ou melhor, uma espera mesmo à porta de casa. Mas o que terei eu feito para merecer isto? À minha frente está Kentin, assim que o vejo sou inconscientemente puxada a memórias antigas, mas antes que estas pudessem tornar-se mais presentes eu afasto-as com um abanão. Ele encontra-se ligeiramente encostado ao muro, como antigamente, e assim que me vê dirige-me o mesmo sorriso amoroso dantes.

–Bom dia! – Diz-me alegremente ao mesmo tempo que olha duas vezes para mim e levanta uma sobrancelha prosseguindo: -Não devias comer mais alguma coisa que isso?

Deixo de respirar por cinco segundos sentindo-me novamente sugada para o passado, são as mesmas palavras de sempre… No entanto consigo recuperar a tempo. Decidida, tento passar por ele sem lhe dirigir a palavra, mas o moreno percebe as minhas intenções e corta-me o caminho. Clareio a garganta para pedir-lhe logo de seguida:

–Com licença?! – Ele mantém a sua posição sem sequer mover-se um centímetro.

–Vais continuar a ignorar-me?

–Desculpa, mas não falo com estranhos. Agora, se me dás licença. – Repito-me.

–Por favor Chye, não me venhas com essa! O facto de viveres aqui prova quem tu és, não vale a pena mentires mais, aliás nem percebo porque estás a fazer isto. – Acusa-me gesticulando para dar mais enfâse às suas palavras.

–E se eu for mesmo a Chye? Que tens tu a ver com isso? Eu já não sou a mesma, vê se percebes isso! Já não somos nada. Nada! – Rebento sem pensar duas vezes, depois avanço em direção ao rapaz dando-lhe um encontrão para poder passar. Este cede-me a passagem ligeiramente em choque.

Deslizo rapidamente em cima do skate para me afastar o mais depressa possível da minha casa e de Kentin também. Por duas vezes quase caio do meu meio de transporte, ambas devido a certas irregularidades no caminho e, é claro, também devido à minha velocidade. Porém, no fim, consigo chegar sã e salva à escola e mesmo a tempo da primeira aula. Confirmo no meu telemóvel a sala e dirijo-me de seguida para o bloco A, onde terei a minha primeira aula de Biologia e Geologia.

Quando me aproximo da porta sinto um pequeno frio na barriga, aquela pequena ansiedade que sentimos sempre no nosso primeiro dia, no entanto a minha “ansiedade” é outra: chama-se medo. Medo do passado, medo de, por estar de volta, o meu ciclo de dor recomece. Coloco a mão em cima da barriga, apertando um pouco a blusa, inspiro duas vezes para me acalmar. Não posso deixar que esta aflição me controle, este sentimento irritante tem de ser superado, digo para mim mesma de modo reconfortante. Forço um sorriso confiante, mas discreto e aproximo-me da sala de aula.

Assim que me aproximo um pouco mais reparo na existência de pequenos grupos à porta, todos eles constituídos por pessoas alegres a contarem a última novidade do Verão ou o que fizeram nas férias ou quem conheceram, enfim, aqueles assuntos normais, de que ninguém quer realmente saber, que existem no regresso às aulas. Suspiro, ao que me parece a turma já formou os seus grupos e, mais uma vez, eu fico de fora, mas não há problema, eu nunca me integrei numa turma, então também não vai ser desta, afinal parece-me que simplesmente não está destinado a acontecer.

Analiso mais uma vez sem grande interesse a multidão, contudo quando os meus olhos avistam duas pessoas em particular que, apesar de estarem um pouco afastadas uma da outra, mantinham-se no meu campo de visão, sinto o meu coração a falhar uma batida. Do lado esquerdo e perto da porta encontra-se Nathaniel a falar com uma morena, o sorriso simpático que lhe mostra causa-me enjoos e para não ter de olhar duas vezes para ele foco a minha atenção na outra pessoa. Uma pessoa que eu já desejei não ver outra vez, mas que, por ironia do destino, aparece mesmo à minha frente, como se estivesse a ser esfregado mesmo debaixo do meu nariz. Lá está ele, do lado oposto de Nathaniel, encostado na parede direita e… sozinho? Espera, sozinho? Afinal não sou a única de fora… Sorrio ligeiramente sem saber muito bem porquê e dou um passo em frente na sua direção, porém sou impedida de prosseguir com a chegada da professora. Uma pequena algazarra forma-se imediatamente enquanto os alunos abrem passagem e eu, consequentemente, sou forçada a afastar-me.

A professora entra na sala com pequeno um sorriso, sendo logo seguida pelo resto da turma que entretanto começou a fazer pequenos comentários particulares sobre o que acham da recém-chegada. Entro também na sala, escolhendo um lugar perto da última fila junto à parede. Retiro da mochila o estojo juntamente com um caderno e aguardo, sem prestar muita atenção, que a professora comece a aula. Contudo antes que esta pudesse fazer fosse o que fosse alguém bate à porta. A professora manda a pessoa entrar e, para meu grande horror, vejo Kentin a aparecer por detrás da porta. Este murmura um pedido de desculpas enquanto se apressa para um lugar qualquer.

–Bom dia! A partir de hoje e durante este ano eu serei a vossa professora de Biologia e Geologia, espero que consigamos trabalhar bem juntos. – Diz.

De seguida, começa a falar sobre si mesma, nome, como veio cá parar e outros assuntos menos interessantes… Pede-nos também que fizéssemos uma pequena apresentação quando ela chamasse o nosso nome. Imediatamente, inicia a chamada, ao mesmo tempo que cada aluno se apresenta ela faz algumas perguntas mostrando-se interessada. Porém, quando chega a minha vez hesita:

–Ah… Chalrrye Day?! – Pronuncia o meu nome quase corretamente, mas fazendo-o parecer ainda mais esquisito do que realmente é.

Levanto-me sendo prontamente alvo da maior parte dos olhares da turma. Tento ignorar o olhar de triunfo (acompanhado de um sorriso demasiado largo) de Kentin, o mirar curioso de Nathaniel após ter ouvido o meu nome e as espreitadelas discretas de Castiel e inicio o meu discurso:

–O meu nome é Chalrrye Day. – Recito o meu nome da maneira correta. -Mas podem chamar-me só de Day, que é mais fácil…

–É só? Não tens mais nada a acrescentar? – Pergunta-me a professora depois de eu já me ter calado.

–Não, pelo menos que seja importante.

–Certo… – Murmura entredentes torcendo os lábios e prosseguindo.

Volto a deixar de prestar atenção à aula, mergulhando profundamente nos meus pensamentos. Recordando que agora já não posso mentir a Kentin, já não há maneira de desviar ou ocultar a minha identidade e não é só a Kentin, também Nathaniel vai acabar por se lembrar de mim, no entanto não sei bem se isso pode vir a ser um ponto positivo ou negativo para a minha vingança. Por falar em vingança, ainda não me decidi ao certo sobre como é que ela vai ser exatamente, todas as ideias que já tive até agora parecem-me muito estúpidas e infantis ou então sem grande impacto. Continuo a pensar em outras possíveis soluções, no entanto nenhuma de jeito me ocorre. Vagueio pelos meus pensamentos sem realmente me aperceber o que se passa à minha volta. Só quando oiço um arrastar contínuo de cadeiras é que desperto para a realidade e reparo que a aula já acabou.

Arrumo as minhas coisas à pressa e saio a correr da sala antes que alguém me pudesse intercetar. Consigo cumprir esta primeira parte, no entanto a parte de ninguém me intercetar já não correu assim tão bem, num certo momento de distração sou agarrada por um braço e, sem sequer conseguir dar um grito, sou levada novamente para a escuridão.


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Notas finais do capítulo

Então é assim, eu vou durante cerca de uma semana viajar e não levarei o pc comigo. Portanto não poderei postar mais capítulos enquanto estiver fora, no entanto como o Nyah! permite a programação de capítulos... A minha proposta é: escolham dois dias entre dia 20 a 26 (até amanhã, para eu ter tempo de programar), os que forem mais escolhidos já sabem, capítulo novo (Se não houver um consenso no fim, eu mesma escolho os dias)... Os comentários serão respondidos quando eu voltar! ^^

Próximo Capítulo - Capítulo 7: Under the stairs.

@Marril .



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