Forget me. escrita por Marril


Capítulo 4
Capítulo 4: Turn the music on!


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Prontas para mais um capítulo? Espero que sim xD Eu queria ter postado um pouquinho mais cedo, mas tive uns pequenos assuntos para tratar e não deu, ainda assim acho que ainda vou a tempo, não?
Agora vou ter de ir outra vez... Até segunda!



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Quando dou por mim já a conversa deles retomou, incidido desta vez noutro assunto qualquer. Saio da loja sem mais nenhum impedimento espumando de raiva tanto por Nathaniel não se lembrar de mim como por eles terem ignorado a minha presença completamente.

Respiro fundo tentando afastar estes pensamentos, não posso deixar-me ser controlada pelas minha emoções. Se quero vingar-me tenho de o fazer racionalmente, só assim é que resulta. Foi assim que percebi que é impossível esquecermo-nos do nosso passado, ele estará lá sempre para nos relembrar do que já passámos, foi racionalmente que cheguei à conclusão que tudo resultaria melhor se eles não se lembrassem de mim, o impacto seria maior, mais profundo.

Olho em frente e reparo que existe uma nova loja, se a memória não me falha antes existia ali uma loja de roupa, mas agora não, no lugar dela há uma loja de música. Curiosa aproximo-me, na montra esquerda posso observar vários instrumentos musicais, desde guitarras elétricas a saxofones, e na montra direita existem vários CD’s, desde bandas de rock a orquestras de música clássica. Ainda mais curiosa decido entrar, empurro a porta e entro, imediatamente chega-me aos ouvidos uma música muito conhecida, mas que de momento não recordo o nome, apenas sei que pertence a uma banda de rock. Entoo a música mesmo não sabendo de cor a letra e dirijo-me à seção de instrumentos musicais passando à frente a seção dos CD’s, pois de momento não tenho nenhum debaixo de olho.

Vou direta às guitarras acústicas, gostava de poder comprar uma nova, a minha já está a ficar velha e o seu tempo de glória já passou, porém nem os meus pais me darão dinheiro para comprá-la nem eu tenho poupanças suficientes. Suspiro tristonha enquanto deslizo os meus dedos pelas curvaturas das guitarras passando de uma para outra até que algo aparece à minha frente impedindo-me de continuar. Ergo o pescoço até encontrar-me com uma cara desconhecida, olhos de cores distintas como nunca vi, cabelos de uma coloração entre o branco e o prateado e, com mais alguma atenção, pode-se denotar uma cor mais escura nas pontas do cabelo.

Ele olha-me nos olhos curioso mas logo desvia o seu olhar para algo mais abaixo, sigo o seu olhar até encontrar um dos meus braços. Mas agora a minha questão é: Ele está interessado no meu skate ou no livro que acabei de comprar? Não foi preciso pensar mais, pois a sua voz grave impôs-se:

–A menina sabe tocar algum instrumento musical? – Menina? Mas que raio? Estamos em que século? Bem, tendo em conta o seu “estilo” não me devo surpreender muito, ainda assim ele não parece ser assim tão velho!

–Ah sim, sei. Porquê? – Digo rapidamente ao reparar que ele espera uma resposta e eu estive algum tempo a vaguear por aí.

–Gostaria de participar numa pequena audição?

–Audição? Ahm, não me parece, não penso tornar-me artista, mas obrigada. – Recuso rapidamente a proposta.

–Mas não é para esse propósito. Nós estamos a realizar audições para um mini concerto que iremos organizar dentro de alguns dias em comemoração do nosso primeiro aniversário. Necessitamos, em princípio, de mais uma pessoa, portanto estamos a convidar os nossos clientes. Não está mesmo interessada em participar?

–Hmm não, lamento.

–Oh está bem. Com licença então. – Despede-se avançando para a próxima “vítima”.

Encolho os ombros indiferente. Que pessoa mais estranha, além de não se apresentar, a sua própria atitude faz-me enquadrá-lo na categoria de pessoa não comum, bem, é sempre melhor ser diferente do que totalmente igual aos outros, acho eu.

Passo os meus olhos pela loja novamente sem saber para onde prosseguir, olho por fim para a saída passando pelo balcão, mas voltando imediatamente para este, primeiro porque na vitrina estão dispostas diversas palhetas, uma enorme quantidade delas, seria ótimo se eu encontrasse mais umas para juntar à minha própria coleção pessoal, e segundo porque atrás do balcão está alguém que eu “conheço”, o ruivo de hoje de manhã. Enfrento o dilema de comprar ou não uma palheta para juntar à minha coleção e ter de falar com ele depois da nossa conversa nada normal, o ambiente iria ficar estranho entre nós, mas sabem que mais? Que se lixe, eu vou comprar a minha palheta nova!

Dirijo-me naturalmente ao balcão como quem não quer nada, evito o contato visual olhando para a vitrina e peço para ver as palhetas. Ele, inicialmente, não está a prestar atenção, dando-a a uma guitarra que mantém-se no seu colo, mas ao ouvir o meu pedido pousa-a com um suspiro, levanta-se e retira da vitrina a grande placa onde se mantém expostas as palhetas colocando-a sobre o balcão, só de seguida é que me encara, a sua cara torna-se surpresa enquanto eu finjo estar também espantada.

–Tu? – Questiona-me um segundo depois, refazendo o seu semblante para o neutro.

–Olá, outra vez. – Respondo com um sorriso um tanto o quanto sarcástico.

Ele abre a boca para responder (provavelmente apenas merda), mas é interrompido por uma voz que eu identifico como pertencente à pessoa estranha de há bocado. As minhas suspeitas confirmam-se ao vê-lo aproximar-se do ruivo e dizer:

–Uma das nossas clientes quer participar na audição, importaste de me aju… oh desculpa, não sabia que estavas ocupado.

–Não há problema, eu tenho tempo. – Digo despreocupada, pois sei que vou demorar-me a decidir entre tantas opções que tenho. Os dois prendem a sua atenção em mim enquanto eu sorrio ligeiramente embaraçada por tê-los interrompido. -Desculpem…

–Nós já nos vimos antes? – Perguntou-me o recém-chegado, olhando mais uma vez para mim. -Oh é claro, é a menina de há bocado! Perdão, só depois de conversar consigo é que notei que não me tinha apresentado. O meu nome é Lysandre e sou o proprietário desta modesta loja, muito prazer.

–Prazer… – Começo por dizer, mas Lysandre continua a falar sem notar que eu abri a boca.

–É lamentável que não queira participar na nossa audição, seria muito interessante se o fizesse tendo em conta o conhecimento musical que possui.

–Como? – Pergunto perplexa sem entender muito bem o que ele está a dizer.

–Perdão, mas eu não pude deixar de denotar. Vi-a dirigir-se às guitarras e observá-las, o seu olhar parecia o de alguém que realmente aprecia e conhece música.

–Ah estou a ver… – Murmuro um pouco confusa, sem saber o que dizer.

–Não tínhamos de avaliar uma pessoa? – Interrompe-nos o ruivo, exatamente no momento certo.

–Ah claro, peço desculpa por estar a atrasar-vos. – Digo tentando não deixar escapar, por educação, um tom irónico. -Eu fico aqui a escolher as palhetas que quero e espero até regressarem.

–Então, se me dá licença. – Diz Lysandre num tom ainda formal, retirando-se para outra sala e fazendo sinal para o ruivo o acompanhar. Este lança-me um último olhar, que eu respondo com um aceno e um sorriso cínico, antes de, também, se retirar.

Dedico, então, a minha atenção às palhetas que se encontram à minha frente. Demoro-me a escolher. No fim, seleciono algumas tendo em conta os desenhos ou as mensagens que contém, separo-as das restantes dispondo-as em cima do balcão perfeitamente alinhadas. Sinto imediatamente uma vontade de experimentá-las, olho em volta à procura de algum instrumento que pudesse satisfazer a minha necessidade, no entanto as guitarras expostas encontram-se presas nas paredes e seria uma pena retirá-las de lá. Pouso os meus cotovelos em cima do balcão suspirando tristemente como se desejando que, por obra mágica, uma guitarra caísse em cima de mim. É nesse momento que a “salvação” atinge-me os olhos. À minha frente, do outro lado do balcão, encontra-se a guitarra que o ruivo estivera a mexer. Mordo o lábio inferior, indecisa entre pegar na guitarra e tocar umas notas ou deixar-me ficar quieta e… bem-comportada?! Mas, pensando bem, quem disse que eu sou bem-comportada? Essa “eu” já não existe, portanto que se lixe!

Sorrio maliciosa, se me despachasse ninguém iria notar que a guitarra foi tocada, pouso as minhas coisas no chão e aproximo um banquinho para mais perto do balcão, trago a guitarra para o meu colo, escolho uma das palhetas e preparo-me para tocar. Passo suavemente a palheta pelas cordas, no entanto o som que me chega aos ouvidos é completamente diferente daquele que eu espero, analiso mais pormenorizadamente a guitarra, as cordas estão bem esticadas, contudo a guitarra não está bem afinada. Será que ele não terminou o trabalho? Encolho os ombros começando então a afinar como deve de ser a guitarra, aproveitando a oportunidade para experimentar todas as palhetas que escolhi, até o som parecer-me mais harmónico.

Depois da guitarra estar bem afinada e as palhetas testadas levanto-me satisfeita com o meu bom trabalho. Guardo o banquinho e a guitarra no mesmo sítio, deixando tudo como estava, volto a arrumar as palhetas que não levarei comigo na placa e guardo-a também dentro da vitrina, que entretanto ficou aberta. Inclino-me novamente no balcão desejando que a audição não durasse muito mais, pois a fome começa já a atingir-me. Como se as minhas preces tivessem sido ouvidas, vejo Lysandre a aparecer.

–Desculpe a demora, foi difícil persuadir Castiel a deixar-me colocar o nome da cliente na lista de possíveis candidatos e mesmo assim não sei se consegui.

–Quem? – Pergunto um pouco confusa, sem saber ao certo a quem ele se refere.

–Castiel. Aquele rapaz ruivo que ainda há pouco estava aqui.

–Ah, sim! Eu não sabia o nome dele por isso não associei…

–Compreendo.

Nesse mesmo momento vejo uma rapariga a sair da sala, passar por mim rapidamente e de seguida pela porta, sem deixar sequer rasto algum. Lanço um olhar confuso a Lysandre que mo devolve igualmente. De seguida vemos o ruivo a sair também da sala, ele mantém um ar descontraído, mas eu consigo denotar uma ponta de… divertimento, satisfação ou será sarcasmo? Bem, não importa, mais importante de tudo é a minha barriga que está a ficar ainda mais esfomeada!

Incido novamente a minha atenção em Lysandre, ignorando completamente o ruivo, que entretanto se sentara e estava prestes a agarrar na guitarra. Tento apressar o pagamento das palhetas, desviando-me o mais educadamente que consigo das perguntas de Lysandre para não prolongar demasiado a conversa. Contudo não o faço tão rapidamente como espero, pois logo oiço Castiel reclamar:

–Quem é que mexeu na minha guitarra?

Torço os lábios nervosa, a bomba está prestes a explodir e o melhor é que eu não esteja presente para apanhar com ela. Reúno as minhas coisas e aproximo-me sorrateiramente da porta de maneira a não chamar à atenção, aproveitando também o facto de o ruivo estar distraído com Lysandre, no entanto parece que ele tem uma bela visão periférica, pois logo vozeira, fazendo com que eu desse eu pequeno salto assustada:

–Onde é que pensas que vais?

–Ah, para casa? – Respondo como se fosse a coisa mais natural do mundo.

–Nem penses nisso! Tenho quase a certeza que foste tu! – Acusa-me levantando-se, depois de pousar a guitarra, e aproximando-se de mim para me impedir de fugir

–E com que provas me acusas?

–Foda-se, eu não preciso de provas nenhumas para saber que foste tu. Vê-se a milhas que és culpada!

–Oh, agora és vidente para saberes que fui eu?! – Provoco-o com um sorriso sarcástico.

–Não te atrevas a provocar-me! – Ameaça-me agarrando com força o meu pulso esquerdo, trazendo-o para mais perto de si de modo a que eu não pudesse fugir. Por reflexo, tento libertar o meu pulso agitando o meu braço, no entanto isso apenas tem o efeito contrário, pois Castiel força ainda mais o aperto fazendo com que eu deixasse escapar um gemido de dor.

–Larga-me! – Exclamo e numa última tentativa de me soltar dou-lhe uma cotovelada no estômago, o impacto não é muito forte, mas é suficiente para fazer o ruivo soltar um pouco aperto, aproveitando a deixa aplico um outro golpe, desta vez no seu braço, libertando-me assim dele.

Não penso duas vezes, disparo porta fora sem dizer mais nada e corro para longe daquela loja, desejando não ter de me encontrar muitas mais vezes com aquela pessoa de cabelo escarlate.


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo - Capítulo 5: The past is well behind you.

Bye and Kisses :3

@Marril .