A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 7
Os Pecados dos Meus Pais


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, antes de tudo, queria agradecer ao Márcio Gabriel, um dos autores que mais estou gostando de ler, que acabou por ler minha historia, comentar e o melhor, se identificar com meus personagens, foi algo que me deixou extremamente feliz. Gravelyn, Walker e outros usuários que estão comentando. Já são mais de 220 acessos e eu gostaria muito de agradecer vocês. Me prestigia muito saber que vocês estão por aqui.

Também quero agradecer ao site suafanfic.jimdo.com que está divulgando minha fic e postou uma resenha curta, mas que me deixou muito feliz. Espero estar correspondendo com a "fama" que eu estou ganhando.

Hoje tem mais reviravolta. E vocês achando que a situação da Luanna não poderia ficar pior, hein?



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Luanna narrando

– Bem, Luanna. Há muita coisa que preciso lhe explicar... A Começar por seus pais...- Mariana começou falando. Eu poderia me preparar pra tudo... Mas, foi ai que eu tive a minha surpresa.

– Mari, posso entrar agora? - Lúcia aparece... Revelava as lágrimas, lágrimas que estranhamente pareciam verdadeiras

– Sim, Lúcia, entra por favor. - Mari faz um sinal e Lúcia se revela então. Totalmente transtornada. Um caminhão de emoções revirava o seu ser e eu podia ver isso integralmente. Era uma sensação nova. Uma sensação que eu podia ver o que as pessoas sentiam e pensavam sobre mim... Nunca havia sentindo o que eu estava sentindo naquele momento... Era uma sensação estranha... Como se eu conhecesse todos eles...

Lúcia repousa a cabeça sobre os ombros de Mari. E chora. Chora como se não houvesse amanhã. Chora como se eu estivesse ou morta, ou prestes a morrer, mas, eu estava lá, viva e ainda sem entender o motivo de tanto choro. Até que ponho, com certa dificuldade, uma das minhas mãos no rosto de minha irmã, totalmente inchado e encharcado. Finalmente eu tinha consciência que uma tragédia tinha acontecido nos seis meses em que eu estive em coma. E pelo olhar de minha irmã, outra pior estava pra acontecer.

– Luanna, tá pronta? - Mari enfim, resolve falar.

– Para que?

– Para ouvir o que aconteceu nesses seis meses...

***

Consigo ver nos olhos de Mari, a tristeza. O fardo que estava sendo, ser portadora de notícias tão duras. Primeiro, ela me conta que meus pais se quer foram me visitar. Toda vez que Mariana insistia no assunto eles me chamavam de prostituta, suja, que eu não era digna da presença dele, como se eles fossem os reis do universo ou qualquer coisa do gênero. Era o mesmo pai que me batia. Que saia pra beber todas as noites e no dia seguinte estava na igreja passando de evangélico para todos pagarem adoração para aquele super santinho e era a mesma mãe que dizia que mulher não estuda e que mulher tem mesmo é que cuidar de casa e ser sustentada por um vagabundo que não vale um terço do que ele diz que é! A Cegueira da minha mãe contrastava com a minha raiva... E assim, aquela casa foi ruindo aos poucos, até que veio o baque final.

Mari me enche os olhos de tristeza ao me dizer que meu pai havia traido minha mãe durante seis meses com uma moça da minha idade e enquanto eu estava no hospital, em coma. Ele havia ido embora para outra cidade com um dinheiro que ele havia escondido de todos nós. Simplesmente partiu, deixando minha mãe descobrir junto com Mariana e minha irmã que ela tinha um câncer de colo de útero em estágio clinico avançado e o dinheiro que meu pai tinha poderia tranquilamente tratar a doença e ainda nos sobraria dinheiro para refazer a vida sem ele...

Lúcia assume a fala. Diz que ficou de hospital em hospital durante todos esses meses, tendo que aos 14 anos, trabalhar para ajudar Mariana a pagar a minha internação enquanto, por um milagre, minha mãe estava em tratamento pago pela igreja de Mariana, para mim aquilo havia sido suficiente para puxar Lúcia para o meu colo e abraçá-la com toda a pouca força que eu ainda tinha...

– Lúcia... Você se dispôs a se sacrificar dessa forma por mim? Mesmo eu tendo feito tudo o que eu fiz...

– Você é minha irmã, eu não tenho pretexto maior do que esse pra te ajudar... Minha disposição era apenas fazer com que você acordasse. Acordasse e visse que nós estávamos precisando de você... E agora que você está de pé, não me sinto mais sozinha. - Lúcia pragueja. Peço a ela que se cale e me abraçe. Pois, era disso que eu necessitava mais do que tudo. Minha família, da qual eu sempre fugi, sempre tive medo, pois muitas vezes me tratara com tanto desdem...

– Mari, quero ver minha mãe? Será que eu posso?

– Infelizmente, não. Sua mãe atingiu um estágio muito grave onde a quimioterapia não está mais fazendo efeito e ela teve que ser hospitalizada... Os médicos disseram para esperarmos o pior. - Mari começa a chorar...
De repente, sinto o baque. Uma pressão fortíssima em meu peito, enxergo um brilho na sala que transpassa o real, invade minha mente, meu subconsciente, um aviso, um aviso para dizer a Mari o inevitável...

– Mari, já é tarde demais. Nossa mãe acabou de morrer... - Digo friamente

– Luanna, não diga isso. Tente ter esperanças... - Minha irmã foi silenciada pelo telefone de Mariana, ela atende e despenca na cadeira e desanda a chorar, confirmando assim minhas suspeitas. Era morta a mulher que havia me trazido ao mundo. Havia acabado de morrer a mulher que mais deveria ter me amado... Sem dizer adeus. Sem uma última despedida.

A Moça então, completamente abalada fisicamente se levanta e apenas assente com a cabeça. Minha mãe estava morta e mesmo depois de voltar de seis meses de coma, eu já sabia que não teria uma vida fácil daquele dia em diante. Sem mãe, sem pai. Apenas eu e Lúcia. Impossível superar tamanha surpresa... Talvez esse tenha sido meu aniversário mais difícil de suportar, o mais duro de minha vida, mas foi o que com certeza, mais me ensinou.

Os médicos então chegam para encerrar o período de visitas. Agora que sabiam que eu estava acordada, pediram para controlar as visitas como forma de facilitar minha recuperação, confesso que eu precisava de silêncio. Os médicos me fizeram varias perguntas que eu não tinha resposta. Demonstravam preocupação. Nem precisaram me dizer mais nada, estranhamente, ao olhar para seus olhos, estranhamente eu sabia que havia tido um caso grave de overdose de crack e que milagrosamente eu havia sobrevivido sendo que 99% dos pacientes que eles recebiam já estavam mortos...

Eles estavam claramente cansados de assinar tantos e tantos atestados de óbito. Eu podia ver em seus olhos, a felicidade, de me ver salva e de saber que fizeram bem o seu trabalho, isso lhes parecia uma preocupação a menos. Uma sensação de dever cumprido invadiam seus olhos.. Até chegar ao momento em que peço que todos se retirem...

– Mari, leva a Lúcia pra casa e prepara tudo. Inclusive ela. - Digo.

Todos se retiram.

***

Música: Here Comes Goodbye, Rascal Flatts

Peço a um dos médicos que calmamente me trás uma caneca de café, papel e caneta. Agradeço. A Enfermeira se retira e antes que acontecesse qualquer coisa naquele quarto, caio em um choro compulsivo e duradouro... Eu estava me segurando. Me segurando para manter os meus dois anjos da guarda tranquilos... Eu não queria que elas me vissem naquele estado... Não queria que ninguém me visse naquele estado. Passam se uma hora e meia... Finalmente consigo me reerguer. Eu já não podia mais chorar minhas mágoas. Eu já não tinha para quem chorar as minhas mágoas... Até que finalmente, tomo a caneta em minhas mãos...

“Deus...

Se foi você que me salvou, obrigado. Obrigado por me dar uma nova chance. Obrigado por me fazer entender que a vida era bem mais do que se destruir, era bem mais do que tudo aquilo. Me sinto limpa. Me sinto viva e se foi você, obrigado. Sinceramente, não esperava tamanho presente de sua parte. Não esperava isso de ninguém... Obrigada. Tenha-me como sua filha. Uma filha que voltou e que muito precisa aprender. Preciso de forças... Não é uma jornada fácil...

Espero que esteja ao meu lado. Obrigado.”

Dobro o papel. E finalmente consigo recostar a cabeça no travesseiro. Tinha tirado um terrível peso das minhas costas. Foi ao me encostar que tive a tão deliciosa certeza, Havia sido Deus que me deu tal chance.

E não, não dava mais tempo pra desperdiçar...


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Notas finais do capítulo

Bem, galera. Estou quase encerrando a primeira fase, espero que estejam gostando e aguarde, a segunda fase pode virar vocês do avesso.

Grande abraço.

Dr. Lucas



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