A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 21
Redenção


Notas iniciais do capítulo

Senhoras e senhores, sejam bem vindos a casa de Hades com jogos e prostitutas e... não, pera...

AH, oi! Vocês estão ai, nem notei!

Sejam bem-vindos de volta e agora as coisas estão ficando sérias. Sabe por que? Eu te digo o porque...

PORQUE FALTAM 5 CAPÍTULOS PARA O FINAL!

"Sério, tio?"

Sério! Eu estou me sentindo ainda mais de dever cumprido e sei que o final vai deixá-los loucos.

Entãaaaaaaao não me perca tempo aqui, vai!



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Luanna narrando

Música: The Last Night, Skillet (Inspiração direta nessa canção)

Muita coisa mudou desde aquele dia. Desde o dia em que eu resolvi por algum milagre, cair no chão e dar de cara com o algo em que não sei definir, que podemos chamar de paraíso, ou algo parecido. A voz daquele homem ainda me vinha de forma nítida na mente. Sua doçura, suas vestes brancas e a maneira que me fez acreditar que ainda não era a minha hora. A Maneira que ele tinha me mostrado que ainda não havia chegado a minha vez. Me mostrando que ainda havia chance de fazer tudo de forma diferente.

Me fez certeza de que havia sim uma chance para recomeçar. Recomeçar sim e fazer diferente.

Caio do meu salto que era o meu raciocínio. Já eram 17 horas! Já era pra eu estar na igreja. Ainda não havia me vestido e nem encontrado a Lúcia que a essas horas, nunca se sabe por onde anda. Sempre sumindo no momento exato em que falo a palavra “Igreja”. Sempre me falando do que aconteceu naquele dia em que o Lucas deu uma surra em alguém que estava beijando sua noiva. Isso pelo menos, segundo a versão “oficial” dos fatos.

Aquilo me impressionou. Não por ele ser cristão e sair agredindo qualquer um a torto e a direita, mas pelo fato de saber que aquilo tudo era armado...

Ou vocês realmente imaginavam que eu não desconfiei? Lucas tinha um alto garbo. Opiniões fortes e que batiam de frente com o sistema que logo eu viria a conhecer e entender.

Tudo precisava de uma burocracia infernal, o que é irônico, visto que estamos falando de uma igreja, que passavam pela administração e pelos irmãos da igreja que não passavam de massa de manobra nas mãos das famílias que já residiam por lá e a família do Pr. Bittencourt que havia chegado há dois anos e mudado praticamente todo o habitat em questão. Vi amigos de longa data se tornarem inimigos, famílias não se falarem. Um antro verdadeiro de desunião e rixas que ia exatamente ao contrário do que a Bíblia dizia. Uma bíblia que prega amor e união não poderia ter seus seguidores divididos dessa forma. Mas, eu não me importava mais com os seguidores e sim com o que o livro tinha a me dizer.

Ou seja, aquela igreja havia virado uma espécie de selva.

E o rei daquela selva estava absolutamente nem aí para o que estava acontecendo.

Por falar em seguidores, ouço a porta batendo. Gabrielle havia me colocado no meio do fogo cruzado sem que eu soubesse, afinal. Tinha virado segunda no comando dela nos ministérios que Lucas havia deixado... o que me fez perceber várias coisas.

Uma delas: Estávamos com um comandante simplesmente insignificante. Que apenas fazia a vontade de sua filha. Aquela igreja estava entregue ao caos e iria pouco a pouco se destruir se nada acontecesse na realidade.

Gabrielle, que como “presidente”, nada sabia ou nada fazia pra evitar ou ajudar a evitar alguma coisa. Eu estava atolada com coisas dos ministérios e quem sabe até, coisas dela mesma como carregar suas bolsas e algumas coisas a mais.

Eu era o burro de carga dela e logo percebi estar virando chacota daquilo, mas por incrível que pareça, eu não dava a mínima. Acreditava eu estar fazendo o certo. Não me parecia estar errada e eu acreditava piamente que eu estava fazendo o que a bíblia me dizia.

Bem sabia eu que aquilo não era tão importante assim.

***

Desde aquele dia também, mudaram as coisas na casa de Mônica, Agatha e da pequenina Giovana, ou Gia, como ela mesma gosta de ser chamada.

Mônica e Agatha estavam cada vez mais afastadas, brigando de forma forte quase todos os dias, com direito a várias mesas, talheres e um coraçãozinho de cinco anos quebrados.

A pequenina Gia, se escondia atrás de mim. Estava estática. Embasbacada ao ver duas pessoas que ela ama tanto se matarem na sala de estar sem motivo realmente aparente ou plausível. Eram cobranças, cobranças e mais cobranças somadas a ameaças vindas de Mônica e tristeza e declarações de horror e acusações de afastamento e outras coisas vindas de Agatha. Que resultavam apenas em uma pequenina Gia e algumas palavrinhas que soavam em minha cabeça:

“Me ajuda”.

No entanto, essa noite estava um pouco diferente. Não só por eu continuar apresentando fraqueza corporal, e outras doenças que geralmente eu não pegaria em um momento normal como gripe e outras infecções, mas porque, depois de toda a discussão rotineira. Agatha resolveu se trancar no quarto enquanto sua mãe parece que se esqueceu de tudo e resolveu sair com as suas amigas, me incumbindo de dormir com Gia.

Avisar para Lúcia estava impossível. Ela sequer atendia o telefone, e quando atendia parecia ofegante em um lugar cheio de vozes, gemidos e coisas muito, mas muito estranhas. No entanto, desde que ela tem começado a dar esses sumiços, O dinheiro aumentou bastante e nossas condições melhoraram com isso. Coisas pelas quais, estava começando a deixar de ter tempo hábil para investigar. Estava preocupada demais com aquilo e logo teria outra coisa para me preocupar. De tanto lugar, pego no sono, por alguns minutos ou horas, isso não importa agora.

O que importa é que Gia me acordava. Efusivamente, diga-se de passagem.

– Tia Lu. Me ajuda, me ajuda por favor! – Ela implorava.

– Gia, o que foi? – Um abraço forte na pequenina assustada.

– Vem cá... por favor. - Ela me leva até o quarto de Agatha.

Sigo o corredor até o quarto. A porta não se abre e tudo o que se ouve é a torneira do banheiro aberta.

Me sinto sem forças, mas tinha o suficiente para descobrir que Agatha precisava de mim.

Tentei mover todas as forças até abrir a porta, mas era impossível e a água da pia aumentava o seu ritmo. Parecia uma preparação para algo muito ruim que estava acontecendo. Um disfarce. Algo iria acontecer naquele quarto que não poderia ser ouvido de forma nenhuma.

– Seu mentiroso! Mentiroso! – Era o que a voz de Agatha gritava aos quatro ventos assustando talvez todo o prédio naquela situação.

Um heavy metal começa a subir. A Minha preocupação contrastava com minha falta de forças. Reúno tudo o que eu posso para gastar em um único grito:

– AGHATA! EU SEI O QUE VAI FAZER. POR FAVOR, ABRE ESSA PORTA!

A música cessa.

A porta se abre.

Uma Agatha de maquiagem desmanchada em lágrimas, toda cortada, uma porção de lâminas residiam em um canto, um porta-retrato em pedaços no outro. O olhar era de espanto total.

Despenco em seus braços, quase sem forças. A Tosse me domina. O sangue de um corte anterior já invade o meu vestido.

– Eu sei o que você está passando. Eu sei que se sente abandonada. Que não te dão atenção. Que você não se sente feliz aqui, mas você pode fazer um favor para essa mulher quase sem forças despencada no chão do seu quarto?

As lágrimas de Agatha começam a aparecer outra vez.

– Por que você está fazendo isso? – Começa a prantear.

– Porque, algum tempo atrás, eu estava na mesma situação que você está agora. Abandonada, me sentindo sozinha, prestes a desistir. Me entreguei a tudo que você está se entregando agora. As drogas, o sexo, tudo o que você possa imaginar eu já me entreguei, até mesmo o rock. Mas, eu consegui ver que isso ia me levar exatamente até a onde eu queria. A Morte. Por favor, me faz o mesmo favor que me pediram há pouco mais de um ano?

– O que é? – Ela gagueja. Parece surpresa, eu diria até um tanto assustada.

– Não desiste só porque o mundo te abandonou. Não desiste só porque tudo te transformou nisso. Não se acaba nessas lâminas. – Um momento, tusso e concluo – Elas só vão fazer todos nós sofrermos...

– Luanna...

– E eu te prometo, essa é a última noite que você passará sozinha.

Fecho os olhos.

***

Horas mais tarde

“Quando o sol

Bater

Na janela

Do teu quarto”

Um pouco grogue... A Legião embala o meu despertar

Primeiro vem a tosse. Depois ela revela coisa pior.

Sangue...

Agatha e Mari estão do meu lado. Devem ter conversado bastante enquanto eu estava nesse hospital...

De novo a cama. De novo o hospital.

Agatha acorda.

– Lu... tá melhor? – Um bocejo

– Um pouco fraca. E você?

– Esperando a minha salvadora acordar. Obrigada. Eu não sei se suportaria se alguém não acreditasse em mim.

– Hei, pare de chorar, ok. – A mesma voz mansa que Mari usou – Você ainda tem muito a viver. – O que pelo jeito seria bem menos do que eu. – Viva, meu amor. Não estrague sua vida com perdas, mas faça delas a sua próxima vitória.

Agatha me abraça. Mari vem logo em seguida. Nunca mais pensei que fosse receber tanto carinho na vida. Me lembro então das minhas heroínas. E sei que nelas posso confiar. Mas, tento esconder o aparente medo. Ninguém desmaia sem forças do nada, se alimentando normalmente, comendo e andando normalmente. Algo ruim estava pra acontecer comigo. E enfim o médico resolve entrar na sala.

– Ok. Luanna de Freitas?

– Sim, sou eu – Respondo assustada.

– Nós fizemos uns exames e.... – Noto em seu olhar que algo grave havia acontecido e o interrompo.

– Agatha, Mari. Podem me dar um minuto a sós com o médico? – Elas assentem e deixam o quarto rumo a sala de espera.

Olho em direção ao médico:

– Bem, Luanna. Nós fizemos exames para tentar entender essa sua fraqueza momentânea e descobrimos uma gravíssima quantidade que só pode ter uma explicação aparente...

Um momento de silêncio.

– Na sua ficha médica, constatamos que haviam indícios recentes de uso de drogas e suas amigas contaram do momento horripilante que você teve. Nós levamos a fundo a tal “explicação aparente” para os exames específicos e ela se confirmou.

Resolvo seguir o script, vocês já devem imaginar o que é essa “explicação aparente”.

– Então, doutor. O que resultou?

Outro momento de suspiro. O Doutor parece nervoso. Não consegue ser frio, pois sabe da proporção do atestado que vai dar.

– Você tem AIDS


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Notas finais do capítulo

AGORA FALTAM 4 CAPÍTULOS PRO FINAL!

Grande abraço,

Dr. Lucas



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