A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 17
Il sangue rosso , il bianco del suo vestito e il verde della speranza


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos. Aqui estamos nós para o último capítulo do ano. Obrigada por me acompanharem até aqui. Me sinto agradecido pelas pessoas que me acompanham. Meus leitores são os melhores DO MUNDO e são a razão de continuar, mesmo demorando muuuuuuuuuito tempo pra escrever um capítulo. Não faço por mal. Quero apenas que saia perfeito.

Hoje, parlare italiano.

Nos vemos nas notas finais... Hoje o capítulo é graaaaaaaaaaaaaaaande.



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Seis meses depois daquele domingo

Lucas narrando

Pausa na narrativa. Preciso comentar algumas coisas com vocês, meus companheiros.

Tenham vocês em mente o seguinte: Toda crença cega demais, uma hora é burra.

Eu cria demais naquelas pessoas, e talvez tenha tido tempo pra enxergar que eles não eram totalmente dignos de minha confiança. Outra vez uso o exemplo de meu pai: Ele estava comigo e agora minha Madrasta, Luiza, na igreja junto com meus irmãos. Mas ele era estranhamente cético. Nunca que eu iria perceber que lá no fundo ele estava certo. Ele era cético demais...

Ele morreu vendo o quão as pessoas do mundo de hoje são confiáveis. Ele morreu vendo o quanto a religião tem contribuído para “um mundo melhor”.

Pura utopia. Estão todos distantes. ESTÃO TODOS ERRADOS.

O abandono era tão certo, quanto óbvio e não tardou. Tão logo quanto possível abandonei aquele lugar que eles teimam até hoje em chamar de igreja.

Depois de um tempo, aquilo tudo não fazia mais sentido. Afinal de contas: Pra quem eles estavam fazendo aquilo? Era pra Deus? Ou pra eles mesmos? Era uma igreja, ou um desfile de modas? Eles idolatravam Deus, ou a si mesmos? Será que Salomão tinha razão ao dizer que no fim, “tudo é vaidade”? ² São coisas que eu nem dava mais atenção. Aquilo pra mim estava se transformando em algo insignificante e tão logo quanto possível, foi sumindo minha necessidade daquilo sumir.

Enfim, vamos mudar de assunto.

Em casa, tudo ia de vento em polpa. Sabrina e eu, tão logo quanto noivamos, buscamos um novo lugar pra morar. Nunca me foi de faltar dinheiro. Mas, ainda sim, estudei, estudei e acabei entrando na faculdade que tanto buscava: Jornalismo. Escolha pelo qual fui muito elogiado, pois eu domava e ainda domo as palavras, para convencer, para conseguir tudo o que um homem poderia ter. Antes que vocês passem a se perguntar: Consegui entrar na faculdade mais cedo. Realmente, muitos consideram e tenho no fim que concordar que sou um homem adiantado ao meu tempo. Estou muito bem mesmo. Uma pouca fortuna e já poderia constituir uma família com minha futura esposa, Sabrina, minha nerd, meu amor, meu ser, a única coisa pela qual acreditar em horas tão difíceis.

Sabrina, após aquela toda confusão, acabou descobrindo por meio da ardilosa Gabrielle que eu tinha a traído. Mas, por incrível que pareça, ela não me abandonou nem nada, ao contrário. Passou a enxergar da mesma maneira que eu enxergo. Explico: Considero que toda traição, é por que falta algo. Seja amor, seja carinho, seja afeto, seja qualquer coisa que torna um relacionamento estável. Claro que há o imponderável, como outros interesses, ou crocodilagem mesmo, mas no fim, sempre esse motivo acaba se revelando.

Se falta algo, a pessoa vai buscar. Isso é fato. Isso é humano.

Desde então, Sabrina se tornou uma mulher cada vez mais atenciosa comigo. Caprichosa e observadora, ela passou a sempre tratar de me agradar e tratou de me fazer entender que eu não precisaria buscar nada em outro lugar, nada que eu não tenha em casa. Só despertando cada vez mais o meu amor, meu respeito e meu afeto. Ela era a mulher que todo homem sempre quer e eu fui me tornando cada vez mais o homem que ela quis.

Outra coisa que até agora vocês estão curiosos pra saber é isso: Mas e com Luiza, como estão as relações?

Eu te respondo assim: Esse tipo de coisa não existe. Não com ela.

Nem eu e ela conversávamos. Era como se fossemos desconhecidos um para o outro. Não que eu tivesse tentado me aproximar. Talvez isso fosse um erro. Ela nem desconfiava que eu já soubesse, ou pelo menos tinha ouvido tudo o que meu pai tinha falado naquele dramático dia de sua morte. Nada eu considerava certo com relação a isso e preferi considerar assim.

Outro ponto que me intrigava: Luanna. Como será que ela está? Nunca me ligou nem nunca mais conversamos depois daquele dia. Espero que ela esteja bem. Ainda me estranha o fato de ela já saber absolutamente tudo sobre a morte do meu pai. Sendo que ela sequer me conhecia. Estava naquele dia em que nos encontramos no hospital, claramente apenas acompanhando Mariana estavam no hospital.

Luanna era um personagem que me intriga até agora.

Feitos esses esclarecimentos, continuemos com o nosso dialogo. Espero que ainda estejam atentos: Afinal, muita coisa muda. Não é?

***

Julho estava chegando. E com ele, o primeiro recesso da faculdade. Estava na hora disso acontecer. Era cansativo, mas a Universidade a cada dia me traziam novas surpresas e novas descobertas. É uma experiência que, quem pode ter, recomendo. Vocês não vão se arrepender especialmente se escolherem uma área que vocês se dão, e gostem.

Com o recesso, novamente, a carta de meu pai vinha à mente. Novamente, voltava a pensar no que ele queria dizer com aquilo tudo. Gabrielle? Italiano? Mentiras? Homem mau? Arrepender-se do que? Muitas perguntas me intrigavam e me faziam perder dias pensando e bolando um jeito de entender o que meu pai queria dizer.

Quem era Nicole? Por que ela tinha um nome falso? Que história é essa?

Pensei em desconfiar de tudo. E No fim, finalmente tomei uma atitude.

Na cama, com minha noiva, comuniquei minha decisão em forma de proposta.

– Sá?

– Oi. Meu amor. – Responde ela com a sua clássica simpatia. Ela havia acabado de se sentar. Uma camisola branca contrastando com a pele alva, os óculos e o cabelo preso a um rabo de cavalo clássico. Naquelas horas da noite, era normal ver minha mulher assim. Um livro de Edgar Allan Poe. Acima de tudo, muito bom gosto.

– O que acha de viajarmos? – Pergunto fingindo receio.

Ela estampa um sorriso e logo me relembra.

– Era aquela viagem que você queria fazer pra Itália?

– Sim, é. O que acha de irmos sei lá... Próxima semana? – Sim, pareço apressado demais, mas, eram só um mês e meio de férias, não havia tempo a perder.

– Assim tão cedo? Muito bem. Já estava curiosa pra sabermos quando isso ia acontecer! – Ela rebate.

– Como assim?

– Lucas, talvez essa viagem viria bem a calhar. Tudo está muito bagunçado. Precisamos de férias desse mundinho. O que acha? Quero isso tanto quanto você. E vai ser bom curtir um pouco de você sem todas essas coisas chatas acontecendo.

A encaro por alguns segundos. Ela parecia ler meus pensamentos ou algo do gênero. Simplesmente me entendia e havia uma harmonia entre nós que parecia cada dia mais impossível de ser quebrada.

– Pra onde nós vamos então aventureiro? – Sabrina muda os ares da conversa...

– Depois conto. Agora nós vamos para outro lugar... – Mudo de volta.

Desligo a lamparina, fecho o livro, tiro os seus óculos.

– Nós vamos pro céu, meu amor. Nós vamos pro céu!

A encho de todos os beijos e de todo amor que possa eu possa dar. Cada dia mais, mostro que preciso dela. Mostro que ela é minha vida. Mostro que tenho prazer em estar do lado de minha amada.

Beijo-a cada vez mais. Sua boca, seu rosto, seu queixo, seu pescoço e seus ombros para enfim chegar às alças de sua camisola. Roupas já não são suficientes para nos segurar. Logo, elas somem e enfim me entrego. Me entrego a mulher que quero e que amo, sem pensar e sem hesitar. Me entrego ao seu olhar sereno e apaixonado, me entrego aos ardentes beijos, aos pelos dourados arrepiados de sua pele. Me entrego a mulher que eu amo. Me entrego a única coisa em que posso ter certeza de segurar e confiar plena e cegamente. Me entrego a seu amor. A única coisa que verdadeiramente me resta. Me entrego a seus gemidos de prazer... Me entrego a tudo que ela representa.

Uma noite de amor. E enfim, a levo completamente pro céu.

Eu sou completamente dela e ela é completamente minha e é assim que as coisas tem que ser.

Depois de tudo, já abraçados e ofegantes, uma voz ofegante soa pelo quarto enfim silencioso...

– Pra onde nós vamos, meu amor? – Sabrina me pergunta, aninhada a mim.

– Nápoles. Sul da Itália. Pelo que andei pesquisando, é uma cidade bonita.

Era uma cidade bonita e que me reservava muitas e muitas surpresas.

***

Alguns dias depois

Nápoles, Itália

Primeira surpresa: A Cidade estava incrivelmente quente e linda ao mesmo tempo. Nada muito diferente do clima de Fortaleza, minha cidade natal. Os ventos do mar mediterrâneo tornavam o lugar mais delicioso de estar, e mais refrescante que minha cidade.

O Imponente Vesúvio que em eras distantes, já enterrou cidades, hoje nos encara com a mesma imponência. Porém, não ameaça mais. A Visão do mar mediterrâneo fascina. Paz de espirito enquanto contemplava abraçado a minha esposa. Era isso que se podia ter.

Experimentar passar entre as vielas pequenas e estreitas. Pessoas de bicicleta e a pé, passeando pelo centro histórico. Um patrimônio da humanidade. Extremamente resguardado. Tudo muito lindo.

Passear pelas ruas e esquinas...

Tudo estava lindo, mas eu tinha poucos dias, então precisava correr, eu ainda tinha muitas coisas para concertar.

***

De noite...

– Você tinha razão, meu amor – Sabrina dizia em seu terno sorriso – Nós precisávamos demais disso. Demais...

– Bem, eu achava que as pizzas brasileiras eram boas... Não sabia que as de Nápoles eram melhores ainda.

Risos e mais risos depois de uma bela saidinha na noite italiana... Pelo menos. Até Sabrina se incomodar com algo...

– Lucas, acho que estamos sendo seguidos. – Ela diz, já se agarrando a mim.

Ouço rastros.

Passos...

Então, homens muito bem trajados como se estivessem voltando de uma noite de gala, nos abordaram. Eram em torno de oito ou dez. Não tive como contar direito... Logo, ouço um deles falar.

– Lui è il figlio di Marconi , Uccidilo ora! (É o filho de Marconi. Matem-no já!) – Um deles ordenou.

Eles sacaram armas. Metralhadoras pequenas. Não houve tempo pra pensar. Tão logo, já nos esgueirávamos pelas ruas de Nápoles em uma fuga desesperada de homens que disparavam rajadas de tiros de Ozi sem pensar.

O que estava acontecendo? Porque dispararam em nós? O nome do meu pai? O que aqueles homens tem haver com isso?

Não havia tempo para pensar e sim para fugir e fugir desesperadamente. Após alguns minutos de desespero e nos entocarmos em alguma viela estreita, finalmente os despistamos... Mas, para meu desespero, algo muito pior havia acontecido...

– Lu... Socorro! – Era Sabrina!

Quando a adrenalina da fuga baixou, vimos na hora o estrago que aqueles homens tinham feito. Sabrina havia sido atingida na costela. A Mancha de sangue havia tomado conta do vestido branco que ela vestia. E o desespero tomava conta de mim...

Longos minutos se passaram. Sabrina era forte e eu implorava para que não me deixasse. Aquilo não iria acontecer enquanto eu pudesse evitar.

Após mais alguns segundos... E muitas orações silenciosas minhas e de uma Sabrina, agora em meus braços, esguichando sangue e agarrada a mim com todas as forças. Nossos clamores foram atendidos e finalmente uma ambulância havia sido encontrada...

Conseguimos chegar ao hospital...

Um suspiro de alívio e ao mesmo tempo um desespero implacável tomaram conta de mim ao ver o amor da minha vida numa maca indo para o centro cirúrgico...

Seria uma longa noite...


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Notas finais do capítulo

Ok. Esse foi o último capítulo do ano de 2014. E tinha que ter uma reviravolta muito louca pra deixá-los babando para o ano que vem. Desejo a todos vocês um excelente ano de 2015 e que venham novas histórias, novos amores, novas experiências e tudo de melhor que vocês possam ter nessa vida.

Obs: Muita atenção nesse capítulo. Ele vai ser ferramenta vital para o desfecho do Lucas.

Grande abraço, ou melhor dizendo: grande abbraccio.

Dr. Lucas.


Nota 1: Tradução do título: O Vermelho de sangue, o branco de seu vestido e o verde de uma esperança. O Ninja que entender essa jogada merece uma estrela.

Nota 2: O Texto citado trata se de Eclesiastes 1, cap 2.



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