A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 16
Partindo pra virar o jogo


Notas iniciais do capítulo

Com as bençãos de Jon Bon Jovi, um capítulozinho especial para vocês meus queridos!

Nos encontramos no fim...

Boa leitura.



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Luanna narrando

Seis meses depois daquele domingo

Música: Bon Jovi - Everyday

Como todos nós temos que fazer um dia, eu tinha que trabalhar. Por mais que eu gostasse de estudar e que visse que isso era realmente algo pelo qual eu deveria lutar pra ter um futuro melhor, eu não tinha outra opção. Alguém precisava colocar dinheiro naquela casa. Alguém precisava comprar comida. Alguém precisava seguir a vida... Alguém precisava entender que era hora de finalmente fazer daquela casa um lar.

18 anos... Quem diria que a maturidade viria de forma difícil? Quem diria que no final, eu não teria a chance de ter um bom relacionamento bom com os meus pais.

“Adeus a todos os meus passados

Adeus, até mais.

Eu estou indo”

– Quais são suas qualificações? – Dizia a “entrevistadora”, no caso, uma mulher de trinta, quase trinta e cinco anos. Parecia atarefada. Um olhar apressado. Uma típica mulher do século XXI, mulher de negócios, de múltiplas tarefas e que não tinha tempo nenhum a perder. Típico.

– Tenho ensino médio quase completo. Ainda estou procurando estudar, mas infelizmente, várias coisas atravancaram meu caminho. – Eu respondia firmemente. Sem perder a pose formal, estava diante de uma empresária, possivelmente.

– Atravancar? Tudo bem, Luanna. Parece que é sua primeira entrevista de emprego. Tente manter a calma, ok? Não me trate com muita pompa, é só um emprego de ajudante. – Dizia ela com um sorriso estranho. Não parecia tão dura quanto eu achava.

– Ajudante? Não era “Empregada”?

– Acalme-se Luanna. “Empregada” é um termo ultrapassado demais, querida. Prefiro ajudante. E gosto de estabelecer amizades com as pessoas que eu trabalho. Estou passando, não só a minha casa, mas o meu bem mais precioso. – Disse ela com um sorriso.

De um instante a vejo tomar o rumo de um corredor à esquerda. Ela chama alto:

– Gia! Agatha! Venham aqui! Rápido!

Logo, duas meninas lindas, porém diferentes demais, se apresentam na minha frente. Não era difícil diferenciar. Eu andava muito estranha ultimamente, com uma ideia esquisita de adivinhar nomes e características. Bastava olhar profundamente nos olhos das pessoas e em segundos é como se eu as conhecesse há muito, mas muito tempo. Seria um momento esquisito de apresentações. Logo, uma menininha linda, em torno de seus quatro, ou cinco aninhos, vestida com um pijama rosa estampado que claramente excedia seu tamanho. Sobrava para todos os lados. Arrastando aqueles clássicos ursinhos Teddy e esfregando os olhos azuis que lembram algumas perolas e cabelos morenos completamente bagunçados. Uma cena bonitinha.

Logo em seguida, o olhar conflitante. Os olhos, também azuis, combinados com o cabelo, também azul escuro por completo, contrastando com a pele alva e algumas cicatrizes nos pulsos. Shorts médios e uma camisa preta. Um piercing e uma cara de medo. Alguém provavelmente detestava pessoas estranhas naquele lugar.

– Bem, espere, deixe me ver... A pequenina princesa deve ser a Gia e você deve ser a Agatha. Estou certa?

– Si... – Dona Mônica ia vociferar algo...

– Sim, você está certa, maltrapilha. Tire-a daqui por gentileza, mãe! – Agatha toma as rédeas, e sai, dando a entender que fosse mimada, mas não. Não parecia, não pra mim...

Ouço a porta bater.

– Não se preocupe, ela não é assim todo o tempo. É só uma fase. – Mônica, minha nova patroa diz, altiva, parece não se deixar abalar pelas coisas que sua filha diz. – Venha, deixe-me mostrar o resto dos cômodos do apartamento.

Gia me dá a mão. Olhava-me com uma certa segurança. Acompanhou-nos durante toda a mostra. Parecia segura ao meu lado... Estranho.

Algumas horas depois

– Bem, é só isso por enquanto. Espero que tudo dê certo. – Mônica terminava sua mostra feliz.

Almoçamos e me despedi, para tomar e organizar algumas coisas em casa. Um excelente salário me havia sido prometido para cuidar da casa. Um salário que daria para começar a colocar minha irmã e eu de volta nos eixos, se é que isso era possível.

Música: Bon Jovi - Bounce

Voltar pra casa com boas notícias era sempre muito reconfortante. No ônibus, meu pensamento era um só. Iria proteger minha irmã. Iria colocar nossa casa nos eixos e nada poderia nos deter agora. Nada poderia me atingir. Estava de bem com minha fé, estava de bem com Deus, estava de bem com a vida. Nada poderia dar errado, nada DARIA errado. Eu não iria deixar que nada desse errado.

Virada, Virada!

Nada vai me botar pra baixo

Virada, Virada!

Fique em pé. Grite alto!

Virada, Virada!

Eu jogo duro, Eu jogo pra vencer!

Dentro ou fora, eu vou virar o jogo outra vez!”

Ia com minha cabeça tranquila. Ia sabendo que depois de muito tempo, poderia ter alguma boa notícia. Algo que pudesse finalmente mudar os ares daquela casa. Observava os prédios. O movimento de pessoas apressadas que iam e vinham sem parar. A Aldeota era sim um bairro extremamente movimentado. Vez ou outra via aqueles carros de rico. Reluzentes, alguns cinzas, outros brancos. Nunca deixam de serem sonhos distantes, mas são sonhos. E até onde eu sei, sonhos são de graça. Então, ainda que pareça, vale a pena sonhá-los, não é?

Algumas horas depois, já no terminal próximo em casa, tenho uma pequena surpresa. Quer dizer, nada parece tão bom que algo não queira ser suficiente ruim para estragar. Logo, um aperto na fila do ônibus. Incomodo sério seguido de beijos nos meus ombros. Alguém estava realmente bem exaltado naquele dia.

Nem perdi tempo, desfiro uma cotovelada séria e pelos gritos, reconheço a voz...

Como eu odeio esse garoto. Como eu odeio o Valber.

– Valber, o que faz aqui? Você não deveria encoxar mulheres em um ônibus e sim estudar!

– E você, o que faz aqui?! Por que não volta para o colégio? Estou com saudad... – Nem o deixo completar a frase. Um tapa daqueles que afasta qualquer vagabundo. O deixo falando sozinho. Nem vale apena gastar meu tempo com um ser tão desprezível...

Um olhar para Mariana que se aproxima...va...

Estou tonta?

– Lu? Lu! – Uma Mari assustada seria a ultima coisa que iria ouvir naquele instante.

Passam as horas, e tenho a sensação que uma marreta me atingiu com força. Tomei um baque e acordei na minha cama. Uma Mari parecida com aquelas mães de filmes que estamos acostumados a ver por ai. Alguns copos com água, remédios...

– Devo ter tomado um baque sério, não foi?

Mari acaricia minha testa.

– Deite. Você está mal, precisa descansar, já que tem trabalho. – Uma voz doce. Ela tem sido uma mãe pra mim. E talvez só ela pra cuidar de mim, já que tenho que cuidar de tantos.

Uma rede. E estamos deitadas. Logo vem o silêncio... E um só pensamento. Mas nem eu mesma sei onde ele tinha se enfiado...

Logo, são três horas da manhã quando me levanto e vou ao quarto da minha irmã. Passo a lentamente acaricia-la. A Nino... Dou todo o carinho que ela possa precisar um dia.

– Luanna... – Lúcia parecia acordar, mas logo a impeço. A tosse vem me atrapalhar e desfazer a minha voz. Limpo minhas mãos e digo:

– Volte a dormir, meu anjo. Temos um longo dia pela manhã. Amo você.

Saio do quarto com uma estranha sensação de fraqueza...

Era corrosivo...

Algo estava definitivamente diferente em mim.


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Notas finais do capítulo

Prestem atenção nessas sensações... Elas trazem uma surpresa bombástica com elas.

Por enquanto é só. Feliz Natal e antes da virada, volto com mais surpresas bombásticas e fantásticas.

Grande abraço,

Dr. Lucas



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