A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 12
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Senhores, depois de uma segunda-feira atípica, tendo que postar o capítulo na madrugs por que o Nyah não deixa programar capítulos para serem postados no mesmo dia... Mas, não será isso que fará o tio parar, né? Cá estou novamente... Para emocioná-los novamente.

Soundtrack hoje também mais que especial. Primeira do Malta na fic e estejam alertas, eles estarão nos embalando em muitas dos nossos encontros de segunda-feira na hora do almoço.

#AvanteMalta e Boa Leitura!



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Música: Malta – Tudo Outra Vez

Alguns anos antes

Eu era só uma criança, mas tinha certeza de algo; Meu pai escondia algo muito valioso. Por quantas vezes, nas poucas em que conseguia um contato com o meu pai, ele sempre me falava da Itália. Sempre me dizia que era um país lindo, que tinha cidades incríveis, contava-me todas as histórias de como Roma era poderosa e de como, por vários séculos, Roma dominou o mundo inteiro. Falava de suas obras, falava do Coliseu e eu era uma simples criança, adorava ouvir aquilo, mesmo sabendo que aquilo era uma realidade tão distante, mesmo tendo condições boas de vida... Eu desenhava e imaginava as formas, a realidade que, mesmo com boas condições financeiras, sempre me pareceu distante...

Distante, como as boas recordações de minha infância até alguns anos...

Distante como o meu pobre pai...

Distante como o carro, que agora deve estar em algum lugar na BR-116, Espatifado, Acabado...

Distante como meus irmãos, agora mortos.

Distante como o caminho que me levara aquele hospital...

***

Tempo presente

No Hospital Geral, alguns minutos depois...

O Caminho, outrora curto, havia se tornado longo. A Madrugada estava começando a se despedir. E com ela, levava minhas esperanças de ver o meu velho pai ter uma boa vida...

“Será que sobreviveu? Será que está vivo? O que teria acontecido?”

Duvidas e mais duvidas pairavam em minha cabeça naquele instante. Mas, eu só tinha uma certeza no volante daquele carro. Meu pai tinha que estar vivo. Não me mandaria me chamar com aquela urgência se não estivesse em apuros. Surpresas eram reservadas para mim. Eu não podia esperar. Tinha que correr!

Chegar ao hospital foi um alívio. Andei alguns corredores a direita e encontrei uma Mariana completamente assustada. Ela havia se tornado uma grande amiga do meu pai. Esse era um dos vários detalhes que fascinavam na Mari. Ela conseguia fazer amizade até com as mais fechadas, como no caso do meu pai. Ao me ver, me abraçou. Estava aflita, isso era notável. Seu corpo tremia. Tomou força e falou:

– Lucas, vai, seu pai não tá legal! Mas vai logo!

***

Não poderia ficar muito tempo no quarto, meu pai parecia seriamente afetado pelo acidente. Tinha poucas forças. Eu sabia que poderia ver o homem que me pôs no mundo morrer naquela cama... E naquela situação, aquilo parecia certo. Porém, meu pai ainda tinha forças. Olhou com o que podia em meus olhos. Seus olhos estavam avermelhados e ao redor deles, tudo estava inchado e roxo, seu corpo parecia totalmente debilitado, inchaços por vários pontos, seu cabelo, outrora grisalho e vivo, agora estava bagunçado e avermelhado, mexia um pouco suas mãos, seus braços, pareciam ter sangrado muito, pois haviam sido limpos, seus pés estavam encobertos, mas por de baixo das cobertas... Melhor não comentar o que vi, é sério.

Aproximei-me do corpo totalmente defasado que antes havia sido um homem muito bem conservado em seus cinquenta, quase sessenta anos, ele focou seus olhos nos meus, ergueu sua mão, outrora trêmula, apontando para um envelope e junto a ele, um bilhete. Olhei primeiro ao bilhete e depois ao seus olhos...

– Oh, Pai... O que fizeram com você? – Já tinha os olhos esbugalhados... A Culpa e a tristeza se misturavam no meu ser e me fazia mal...

– Fi...lho... – Falava com dificuldade. – Esto...u partind...d..o...

– Não, está pai. Não está não... Você vai ficar comigo! Eu imploro!– As lágrimas já haviam me tomado. Chorava em silêncio.

– E..Eu sei q...que não. Iss...ss.o me desespera... D...D...D...Desculpe-me, meu filho.

– Pelo que?

– De...deixei você lo...n..ge. do que re..almente impo..rta... Dei...xei... momento...s... pa...ss...arem... Mil des...culpas...

– Eu sei. Eu sei. Eu não deveria deixado você tão distante de mim. Desculpe não ter te aproveitado o senhor, só não se vá! – Ainda implorava, mesmo sabendo que aquilo dificilmente seria possível...

– Só te peço a... algo. – Engasgou-se e cuspiu sangue. – Fa...ça.. s...s..s...sua vida va...ler.... Ca...da... segundo – Fez uma pausa. Respirou. – Vale a pena. Não a perca por co...isa...s fú...teis... c...c..como eu fiz. – Mesmo perto da morte. Meu pai me dá uma lição de vida...

O Tom de despedida já havia tomado a conversa, quando meu pai resolve me dizer algo que ia mudar o rumo da minha vida... pra sempre.

– Não... Não, Luc..as... Eu esto..u fala...fala...ndo da sua mãe. A Luiza não é.. s..s..sua mãe... Me perdo...

Entregou sua vida.

Terminou assim a vida do meu pai. Terminou a vida da pessoa, que mesmo nos seus últimos anos, estando distante de mim, eu sabia que me amava e que daria sua vida para que eu fosse uma pessoa melhor... Pena que não honrei com seu legado.

Restou a mim um último ato...

Contemplei novamente seu corpo, totalmente destruído. Toquei seus cabelos. Seus olhos ainda estavam abertos. Olhei em seu fundo... Eles estavam avermelhados. A íris estava trincada como um vidro. Eles eram negros mas com resquícios de azul. O detalhe mais perfeito no meu pai. Ele era diferente... Eu sentia isso. Mesmo estando longe, ele era meu herói...

Aproximei minha mão e num único ato de cuidado, baixei seu respiradouro e fechei seus olhos.

Tomo o papel com o bilhete, agora amassados e cheio de sangue. Claramente meu pai carregava isso com ele. Não sabia porque, mas ele carregava. Não fiz questão de abri-lo. Mas se ele o carregava, é por que lhe parecia importante.

Repeti algo que passei minha infância dizendo ao meu pai, quando ele vivia uma de suas noites de insônia...

– Boa noite, papai. Até mais tarde.

***

Fecho a porta. Viro-me. Faço um caminho silencioso por aquele corredor. A Sala de espera havia ganhado mais um integrante. Luanna havia chegado lá. Lúcia não a acompanhava. Seu olhar era de negação. Luanna parecia vir preparada para o pior. Ergueu-se. Foi a primeira a me abraçar...

– Sinto muito. – Luanna cochicha em meu ouvido

– Você já sabe? – Assumo um tom de surpresa

– Simplesmente sei. Não me pergunte como, mas simplesmente sei

Luanna desfaz o movimento, porém, recosta em meu peito. Vejo uma Luiza um tanto indiferente. Uma Sabrina ofegante entrava na sala, beijou minha boca. Luanna se afasta. Tornou a sentar ao lado de uma Mariana muda, abraçando a logo em seguida.

Ergo os meus olhos. Os médicos viam atrás de mim. Faço um sinal para que se mantenham em silêncio. Eu queria assumir aquele fardo. Eu queria transmitir aquela noticia. Eu já o havia visto morrer, eu deveria transmitir a notícia.

– Senhoras. Ele se foi. Meu pai está morto. – Digo em um tom grave. Ríspido e direto. – Não há mais nada a ser feito.

Um peso sai das minhas costas. Desabo de joelhos naquela sala. Diferente daqueles momentos de choro com meu pai. Apenas me ajoelhei. Sem reação...

Luiza... sorria? Ela estava tentando disfarçar um sorriso?


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Notas finais do capítulo

Jovens... por hoje é só e sim, o barato pode ficar cada vez mais tenso! Preparem-se! O Mundo vai virar de cabeça pra baixo!

Grande abraço

Dr. Lucas



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