Malditos Cromossomos escrita por Felipe Arruda


Capítulo 16
Outro casamento terminando em divórcio


Notas iniciais do capítulo

Eu demoro para postar os capítulos? Sim, mas fé no pai que o inimigo cai. (No meu caso, meu inimigo é a procrastinação. Tá foda véi).



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— E foi assim que eu cheguei até vocês – disse Demétrio. – Quando eu vi você entrando no carro – ele olhava para Samuel – eu só consegui imaginar que algo tinha acontecido, então segui você.

Bruno olhava para ele desconfiado.

— Helena me ligou em seguida dizendo que tinha dado tudo errado – disse Demétrio. – Eu disse para ela ir para casa e que eu daria um jeito de arrumar tudo.

Quatro dias haviam se passado desde a explosão da loja Alfa. Amélia, Samuel, Demétrio junto com Carlos e Alisson estavam hospedados na mansão de George junto com Bruno, que havia tido uma piora significativa em seu quadro respiratório.

Angelina ficou surpresa quando encontrou todas aquelas pessoas estranhas em sua casa, principalmente por ter mais quatro garotos idênticos ao filho de George, que por sinal, não demonstrou surpresa alguma, como Bruno já imaginava que aconteceria.

Todos, exceto por Angelina, estavam na grande sala da mansão num fatídico domingo à noite, olhando um para a cara do outro se sentindo, a maioria, desconfortáveis com a situação. A sala da casa dos Dylan Cooper era luxuosa. O tapete no chão era egípcio e a TV de 52 polegadas estava fixada na parede. O lustre no teto era grande, bonito e fazia com que toda a sala ficasse iluminada. As janelas na parede de frente a TV estavam cobertas por persianas que combinavam com o tapete.

O terno casual de George havia sido substituído por uma roupa cara e engomada que o deixava descontraído, mas sem tirar a sobriedade de seu olhar.

— Presumo que todos aqui já sabem a verdade – disse George.

— Não sabemos de tudo – disse Demétrio pausadamente. Bruno ainda sentia calafrios sempre que olhava para o cabelo platinado daquele clone. Ele não podia deixar de pensar que se Samuel não estivesse ocupando seu lugar no dia da inauguração do shopping, ele certamente estaria morto. – O pai do Caio disse antes de morrer que a culpa era do Dylan Cooper.

George o encarou.

— Meu falecido pai financiou o Projeto Cromossomo – disse ele. – Realmente, vocês estão passando por isso agora por culpa dele ou do dinheiro que ele investiu.

— Pelo o que Demétrio nos contou – disse Samuel pensativo – o original está atrás de nós. Mas por quê?

George olhou para Amélia.

— Quando os bebês nasceram... – ela olhou para Samuel. – Quando vocês nasceram, foi constatada uma alteração genética... os bebês desenvolveram doenças respiratórias e começaram a morrer, então o genoma original sugeriu que fosse criada uma cura para os clones usando seu material genético. – Ela deu um suspiro longo e triste. – A Progênese concordou, mas resolveu usar o material genético para o aperfeiçoamento de novos clones e não para desenvolver uma cura.

George continuou a história.

— Alguns dos bebês sobreviveram enquanto outros não. E quando o original descobriu que a Progênese não estava pensando numa cura, ele enlouqueceu e pediu para ser desligado do Projeto, o que foi bem fácil, já que a empresa possuía todo o material que precisava para continuar com o processo de clonagem.

— Então ele tentou matar os bebês – disse Demétrio olhando para um ponto qualquer da sala.

Samuel encarou Bruno sentado do outro lado do sofá.

— A Progênese tentou detê-lo, mas ele destruiu tudo o que a clínica tinha do Projeto e sumiu – disse Amélia. – Sem o genoma original, sem novos clones.

— E sem a cura – disse Carlos olhando para Bruno. Bruno desviou o olhar para o tênis nos pés.

— Ao que tudo indica – disse Amélia – ele está de volta para terminar o serviço. Tentando localizar um a um para, enfim, eliminá-los.

Ouve um breve momento de silêncio.

— Quem é o original? – Perguntou Alisson. Ele parecia na maior parte do tempo distante.

— Um homem que eu achei que jamais veria outra vez na minha vida – disse Amélia pensativa. – Martins Fonseca... meu pai.

Samuel estava prestes a falar algo quando Angelina desceu as escadas da mansão afobada e com duas enormes malas sendo arrastadas pela escadaria. Ela parou na porta da sala e encarou a todos.

— Angelina – disse George indo até ela. – O que você está fazendo?

— Você acha que eu consigo ficar aqui depois disso tudo? – Ela perguntou o encarando seriamente.

Samuel olhou para Amélia e para os outros clones.

— Acho melhor a gente ir respirar um pouco do ar lá fora – disse ele. Todos concordaram e foram levantando de fininho e saindo do cômodo, exceto por Bruno que permaneceu no mesmo lugar. Angelina o encarou e ele não pode deixar de pensar no quanto ela estava deslumbrante dentro de um vestido preto e salto médio.

— Como eu cheguei até você George? – Perguntou Bruno. Ele olhou para Angelina. – Quem é minha mãe?

 George ficou pensativo por meio minuto.

— Eu morava nos Estados Unidos quando meu pai apareceu com você dizendo que eu precisava assumir a sua guarda – ele sorriu para Bruno. – Eu havia recém casado com Angelina e eu não podia revelar para ninguém sobre os clones – ele riu baixinho. – Nem preciso dizer que aquilo quase destruiu meu casamento.

Bruno olhou para Angelina e seus olhos se encontraram por alguns segundos até ela desviar o olhar para um ponto qualquer.

— Por quê? – Perguntou Bruno sentindo o ar faltar em seus pulmões. A noite estava quente e o clima fazia com que seu nariz coçasse e que sua garganta ardesse.

— Porque ele mentiu... – Disse Angelina agora o encarando. – Ele disse que teve um caso com outra mulher – os olhos dela se encheram de lágrimas. – Que essa mulher tinha morrido no parto e que você era filho dele.

Angelina estava diferente. Suas expressões faciais estavam sérias e sua postura era de tensão. Nada comparado com a mulher arrogante, fútil e narcisista com quem ele conviveu boa parte da vida.

— Por isso você sempre me tratou assim, não é? – Perguntou Bruno compreendendo por fim aquele comportamento indiferente de Angelina. Agora eram os olhos dele que estavam cheios de lágrimas. – Você sempre achou que eu fosse o filho bastardo, não é? Surpresa! – Ele fez um gesto com as mãos como se revelasse algo escondido – eu sou um clone! – uma lágrima escorreu de seu olho. – Como você se sente agora sabendo da verdade? – Bruno não havia percebido que sua voz estava uma nota mais alta. – Me diz! Como você se sente agora?! Sente algum remorso por sempre ter me tratado como um cachorro sarnento de rua?!

— Não ouse falar assim comigo! – Gritou Angelina dando um passo em direção a Bruno. Seu dedo estava apontado para o rosto dele. – Você não tem esse direito! Eu não sabia!

— Parem com isso... – George tentou interferir na discussão inutilmente.

— Eu tenho tos os malditos direitos! – Gritou Bruno. – Eu nunca tive culpa de nada do que aconteceu comigo! – Bruno socou com o punho a parede chorando descontroladamente.

— E eu tenho culpa?! – Angelina se colocou ainda mais perto de Bruno. – E eu pedi para isso acontecer comigo? Porque eu não me lembro de ter pedido a alguém para ter meu casamento quase arruinado!

— Chega! – A voz de George ecoou pela sala. – Parem com isso vês dois!

— Não! – Vociferou Angelina entre lágrimas. – Eu passei quase dezoito anos da minha vida tendo que conviver com um filho que você disse ter tido com outra mulher!

George andou até Angelina e a segurou pelos braços na tentativa de que ela recobrasse o equilíbrio.

— Eu fiquei do seu lado por todos esses anos! – Gritou ela. – Eu merecia saber a verdade! Eu não merecia ter sofrido tudo o que eu sofri quando eu achei que você me traia!

Bruno começou a bater palmas com força fazendo um pequeno eco na sala. Ele sorria de forma sarcástica, seus olhos estavam inchados e o ar cada vez menos respirável para seus pulmões. Angelina parou de falar quando ouviu o som das palmas de Bruno. Ela agora estava abraçada a George, manchando a camiseta cara dele com lágrimas.

— Palmas a você e ao quanto você sofreu Angelina... – Ele colocou uma mão sobre o peito, primeiro porque era dramático e segundo porque ficava a cada segundo mais difícil de respirar. – Como sempre, vamos nos sentar e perguntar ao seu ego como você se sente.

— Bruno... – George começou a falar.

— Nem tente – disse ele interrompendo o homem. – Eu vou falar para você Angelina tudo o que está entalado na minha garganta. – Novas lágrimas se prepararam para cair de seus olhos. – Eu cresci com a sua indiferença. Eu cresci com você sendo evasiva e fazendo com que eu sempre me sentisse parte de algo que não te pertencesse. Você sempre dava um jeito de me deixar de fora de tudo! Até me deixou boa parte da minha vida num internato bem longe sem ao menos pensar em como isso pudesse me afetar!

Bruno engoliu a saliva da boca e enxugou as lágrimas.

— Eu fico extremamente feliz ao saber que você não é minha mãe! Sabe por quê? – Ele fez uma expressão de desprezo no rosto. – Porque você é nojenta! Graças a Deus eu não possuo um maldito cromossomo teu, porque você é tóxica. – Ele bateu no peito. – Eu glorifico ao saber que laço algum nos une e estou infinitamente feliz ao saber que eu não faço parte de algo que te pertence!

Angelina chorava compulsivamente no peito de George.

— Os sentimentos que eu tenho por você – disse Bruno secamente – são os mesmo que eu tenho por uma barata.

— Bruno já chega! – Disse George fazendo com que sua voz grave explodisse pela sala.

Angelina desgrudou do abraço de George e não disse nada. O silêncio pairou pela sala por alguns segundos até que a mulher se recompôs. Ela passou as mãos pelo cabelo para que continuassem belos e alinhados e enxugou as lágrimas do rosto.

Depois de cinco minutos no mais completo silêncio, Angelina soltou um suspiro e controlou a enxurrada de sentimentos dentro de si.

— Clones... – Angelina riu. – Isso é muito para mim – ela olhou para Bruno. – Eu já te fiz sofrer de mais garoto e eu sei que foi por conta do meu egoísmo. – Bruno olhava fixamente para ela. – Eu não posso perpetuar esse monte de sentimentos, porque eles não vão mudar. A verdade não vai nos desprender do passado e o passado vai continuar sendo a cicatriz aberta em nossos peitos...

— Para onde você vai? – Perguntou George um pouco mais calmo.

Angelina encarou o marido e sorriu.

— França – disse ela. Angelina se aproximou de George e ele a segurou pela cintura. Ouve um breve momento de silêncio onde tudo o que se ouvia era a respiração pesada de Bruno. – Eu amei você – disse ela. – Foi verdadeiro da minha parte, mas nós somos completos estranhos hoje George e eu não quero fazer parte disso. – Ela olhou para Bruno.

— Nós vamos nos ver de novo? – Perguntou George.

— Não... – Disse Angelina deixando uma lágrima cair. – Eu vou entrar com os papeis do divórcio assim que possível. Então vamos encarar isso como um adeus definitivo.

George secou a lágrima dela com o polegar.

— Posso te pedir sigilo sobre os meninos? – Perguntou ele. Angelina fez que sim com a cabeça. A mulher se inclinou e beijou George na boca. Foi um beijo rápido e meigo. Em seguida ambos trocaram um olhar carinhoso e George deu um leve beijo na testa daquela que foi sua mulher por muito tempo.

— Eu amei você – disse ele secando mais uma lágrima que descia pelo rosto dela.

Angelina soltou um suspiro e voltou a limpar o rosto com as mãos. A mulher encarou Bruno e acenou um adeus com as mãos, mas não obteve resposta alguma do garoto que se limitou a olhar para outra coisa. Em seguida, Angelina girou os calcanhares e a saiu pela porta da frente da mansão dos Dylan Cooper.


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Notas finais do capítulo

Deixe nos comentários o que você achou e diga as suas expectativas para o história! Beijão :D



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