Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 3
Capítulo 3 – O assassino que a Lâmina queria que fosse


Notas iniciais do capítulo

"You should have known
The price of evil
And it hurts to know that you belong here"



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~Algumas semanas depois~

[Cas]

–Sim, eu percebo Hannah, mas não há nada que eu possa fazer. – Tentava explicar-lhe.

–Podes tentar localizá-lo, Castiel. Tens todo o Céu do teu lado, por agora, e com isso tens todos os serviços e instrumentos possíveis para o encontrares. Ele é nosso inimigo e precisamos de o parar. – Continuou ela.

–Eu já tentei isso, Hannah. Mais do que uma vez. Ninguém o quer encontrar mais do que eu. Mas parece que, de alguma maneira, ele se consegue proteger dos nossos mecanismos de localização.

–Muitos de nós estão a perder a esperança em ti, Castiel. Muitos dizem que és fraco, pois não o mataste quando tiveste oportunidade. Que o escolheste invés a nós. – Contou-me sentando-se numa cadeira, ajeitando a saia. – Eu confio em ti. Daria a minha vida por ti. Mas o Dean Winchester sempre fez o que queria de ti; controla-te. Ele é um demónio. E não um demónio qualquer. Ele tem a marca! E a contagem dos corpos está a aumentar todos os dias. Não nos podemos arriscar a tê-lo contra nós. – Desabafou. – Já o tentaste salvar demasiadas vezes. Promete que vais fazer algo... Encontrar algo. – Pediu-me seriamente.

Fiquei em silêncio encostado à mesa vendo-a sair do escritório. Suspirei. Os últimos dias tinham sido stressantes. Tudo que se falava era sobre o Dean e como eu não tomei medidas para o travar quando ele era ainda humanos. Anjos são realmente algo difícil de fazer entender a realidade de fora do que se passa nas cabeças dele. Precisava de ajuda.

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[Sam]

Não dormia há dias, estava demasiado ocupado em rastrear o Dean para descansar. O Cas ia aparecendo uma ou outra vez mas tinha assuntos a tratar no Céu que não podiam esperar. Tinha montado todo um caso sobre o meu irmão e estava a perder a cabeça. Nas últimas três semanas mais de 20 corpos foram encontrados com sinais de possíveis possessões. Tinha um trilho de corpos em toda costa oeste do país, mas sempre que chegava a uma cidade ou ele não tinha interesse naquela, ou já por lá tinha passado antes da minha chegada.

Estava a ler uns apontamentos sobre informações das mortes do caso do meu irmão quando o Cas apareceu-me com uma expressão preocupada e cansada.

–Olá, Sam. – Cumprimentou-me languidamente. – Encontraste alguma coisa do teu irmão?

–Para além de uma lista que aumenta todos os dias, não, nada. – Disse fechando o arquivo que estava a ler e atirando-o para cima da mesa. Esfreguei as mãos. – E tu, alguma coisa?

–Para além de anjos zangados? Não, nada. – Respondeu-me enquanto puxava uma cadeira para se sentar.

Olhei para ele. Reparei que estava cansado e em baixo. Estávamos os dois. Ficamos em silêncio durante alguns minutos, o que me pareceram ser anos. Remexi-me na cadeira, tentando encontrar uma posição mais confortável. Eu e o Cas estávamos mais próximos, mas nunca iriamos ter o mesmo tipo de relação que tínhamos com o Dean. Comecei a bater suavemente os dedos na mesa, tentando pensar no que fazer a seguir. Não havia padrão nenhum nas vítimas, tirando o facto de terem sido demónios. Decidi puxar conversa.

–As coisas lá cima andam complicadas, hein?

–Todos os dias o tema principal é encontrar e matar o Dean. – Começou. – Pensei que estivessem mais preocupados em reabrir os Portões, mas estão demasiados assustados com toda a história do Dean agora demónio. Muitos culpam-me, por eu não o impedir… Outros dizem que não o encontramos porque eu não quero que o encontrem… - suspirou cansado. – Enfim, está uma confusão…

–Pensei que ele não pudesse ser morto. – Comentei. – E a culpa disto não é tua. É de todos menos tua. Tu não o levaste até ao Caim, quem o fez foi o Crowley. Eu é que não estive presente quando ele precisava…

–Tenta dizer isso aos anjos. Para eles é tudo preto no branco. Eu tive uma Lâmina na mão, tinha-o à minha frente, e todos os meus seguidores à espera que eu o matasse, mas não o fiz. Para eles é tudo o que se passou. – Pegou num dos arquivos. – Ainda não consigo acreditar que foi ele que fez isto.

Tinha olhado para aquelas fotos o dia todo e cada vez me doía mais. A que o Cas tinha na mão era de uma jovem de 20 e poucos anos, loira, que tinha sido encontrada esventrada na própria casa e esfaqueada várias vezes post mortem. Tinha feridas que comprovavam que tinha sido severamente torturada e sinais de luta. Na parede da sala onde tinha sido encontrada estava escrito a sangue. “Ajoelha-te. O vosso Rei.”

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[Crowley]

Trabalhar com o Dean nos últimos dias tinha sido definitivamente difícil. A lista que lhe tinha dado reduzia de dia para dia e eu tinha que arranjar maneira de o manter entretido antes que ele começasse a atacar tudo que lhe aparecia à frente. Por outro lado, quanto mais ocupado ele estivesse menos tempo tinha para marinar lá dentro e de certa forma o Dean antigo começar a aparecer. Sim, tinha saudades do antigo esquilo mas não era dele que precisava agora; precisava de uma arma mortífera que estivesse sempre pronta a matar. Sabia que era um risco que estava a cometer e que não o conseguiria manter sob controlo durante muito mais tempo.

Estávamos em Fresno, Califórnia e Dean estava a interrogar o próximo demónio da lista.

–Diz-me, eu sei que há mais no teu grupo, onde estão? – Perguntava ele sentado numa cadeira à frente da rapariga possuída.

Estava encostado a um canto a observar o Dean com atenção. Ele conseguia ser assustador, principalmente agora que era um demónio. Estava um dia de sol mas a sala estava bastante escura. A rapariga, que devia estar na casa dos trinta, estava amarrada a uma cadeira no meio da sala. Não havia mais nenhuma protecção na sala, como armadilhas do diabo, a simples presença dele impedia-a de fugir.

–Estou sozinha. – Disse ela com uma voz falsamente segura. Tentou ajeitar-se na cadeira. – Não és nada simpático com as mulheres, agora percebo porque estás sem ninguém.

–Onde é que estão? – Perguntou de novo.

–Eu… não… sei! – Mal acabou de responder, Dean deu-lhe um murro forte na cara. Começou a sangrar pelo nariz. Ela riu-se.

–Eu não tenho o dia todo! Por isso diz-me de uma vez onde estão… Eu sei que o teu grupinho de rebeldes estava nesta cidade… - pediu enquanto passava a Lâmina pela bochecha da mulher seguindo para o pescoço. Fez um pequeno corte.

–Porque estás tão preocupado com um grupinho de demónios que não te podem fazer mal nenhum? – Perguntou provocando-o. Dean olhou-a enojado. Passou a mão pelo queixo olhando para ela. Tinha a mão a tremer devido à Lâmina.

Levantou-se pousando a Lâmina na cadeira. Aproximou-se dela agachando-se à frente da cadeira. Olhou-a nos olhos. Podia reparar que ela estava com medo. Aborrecido suspirei e quando dei conta o Dean tinha-se atirado a ela, partindo a cadeira quando ela caiu ao chão. Estava a espancá-la.

–Esquilo, para! – Chamei. Ele não me ouviu. – Dean! – Chamei mais alto. Ele não parou. Eu conseguia ouvir os ossos do corpo da mulher a partir a cada ataque do Dean. – Raios, Dean, para! – Berrei. Ele olhou para mim. Olhei-o sério. – É assim que queres tirar informação? Depois de três semanas nisto ainda não aprendeste a como fazer as coisas discretamente? Já temos corpos que cheguem para caçadores, e com isto digo o teu irmão, – ele olhou-me sério – virem atrás de nós. Sai de cima dela… Anda lá. Não sejas tão temperamental!

Ele levantou-se deixando-a no chão. Ela tossia sangue e olhava-o revoltada. Tinha pelo menos um braço e umas costelas partidas, algo que não afectasse o demónio, mas que não era por isso mais agradável de se ver.

– Querida… -comecei. – Ajuda-nos. Quanto mais tempo resistires, pior vai ser. Ele ainda nem chegou à parte preferida dele, acredita. – Fiz uma pausa. – Todos voltaram ao meu lado, menos vocês: os mais próximos da Abaddon. Eu estava de braços abertos para vos receber mas… Não posso confiar em demónios que mudam de clube como quem muda de t-shirt. Mas se me ajudares posso reconsiderar a tua sobrevivência.

–A minha sobrevivência? – Respondeu rindo-se. – Bem que prefiro morrer a trabalhar para um fraco, viciado e um… um Winchester. – Disse com ódio.

–Muito bem, mas pelo menos torna a tua morte menos dolorosa. – Continuei. – Não queiras passar o que a Pam, ou o Phillip, ou a Christine passaram.

O Dean pegou na Lâmina, passando por traz da mulher que estava ainda deitada no chão. Ajoelhou-se, agarrando-a pelos cabelos e puxando-a para cima. Cheirou-a com os olhos fechados. Sorriu. Atirou-a para a frente e sentou-se em cima das costas delas.

–Qual mão primeiro? -perguntou olhando-lhe para os braços.

–Vês? Eu avisei-te que podias evitar isto… - disse, fingindo-me chateado. – Lá vamos nós outra vez…

Houve um momento de silêncio, depois o Dean esticou um dos braços da mulher no chão e numa única tentativa, cortou-lhe os dedos. O demónio gritou em agonia. O Dean sorriu prazerosamente. Uma poça de sangue começou a formar-se no chão consoante o sangue esguichava pelo que restava da mão direita da rapariga. Dean permaneceu em cima do corpo dela, puxando o outro braço para repetir o que tinha feito à outra mão. Olhou para mim, piscando-me o olho. Pensava que lhe ia cortar mais uma vez os dedos mas em vez disso apenas a esfaqueou na mão deixando lá a Lâmina. A mulher mais uma vez gritou e com a mão cortada tentava socorrer a mão que tinha a Lâmina espetada. Tinha começado a chorar.

–Matem-me de uma vez! – Disse desesperadamente. O Dean removeu a Lâmina.

–Diz-nos onde eles estão. – Ordenou ele.

Ela respirou fundo, tentando controlar a dor.

–Eles estão algures no estado de Utah. É tudo o que eu sei… Por favor… - dizia ofegante.

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[Dean]

Olhei para o Crowley. Já tínhamos a localização do resto do grupo dos rebeldes. Saí de cima dela mas ela permaneceu deitada no chão. Tinha algum sangue nas minhas mãos mas não estava preocupado com isso. Sabia bem libertar-me e fazer o que me apetecesse, quando me apetecesse. Aproximei-me do Crowley que me olhava com um olhar enigmático.

–Que me dizes? Confias no que ela disse? – Perguntei apontando com a Lâmina para a mulher no chão.

–Honestamente? Confio… Não me parece que ela conseguisse mentir. – Respondi.

–Podemos sempre cortar a outra mão para ver se está a mentir… - sugeri. Ela olhou para mim.

–Estou a dizer a verdade, por favor! – Disse chorando. Podia ver que apesar de ser um demónio ficava mais fraca consoante o sangue se drenava do corpo. De tempos a tempos tossia e a voz dela estava ofegante como se não conseguisse respirar. Devia ter-lhe quebrado uma costela que lhe tinha perfurado um pulmão.

–Acho que acabamos o que tínhamos a fazer aqui, então. – Afirmou o Crowley virando costas para a sala. – Demora o tempo que quiseres. – Disse-me antes de sair da casa.

Voltei-me para ela e sorri. Ela olhou-me nos olhos e assustada tentou-se levantar apenas conseguindo rastejar para trás. Comecei a andar em direcção dela, tinha a Lâmina na mão e sentia-me fantástico, forte. Ela continuou a rastejar até bater contra a parede cinzenta da sala. Olhou para mim. Tinha feito todo um rasto de sangue enquanto se deslocava na sala. Agarrei-a por uma perna e comecei a puxá-la para o meio da divisão. Ela virou-se ao contrário e com a mão que ainda tinha dedos tentava agarrar-se ao soalho do chão. Podia ouvir o arranhar das tábuas e vi as unhas dela a partir-se enquanto se tentava soltar.

–Não te canses. – Aconselhei enquanto me colocava em cima dela. – Não vale a pena. - Ela começou a chorar. Coloquei a minha mão esquerda na nuca dela fazendo força na cabeça dela contra o chão. – Shhh, não chores, não chores. Está tudo bem. Respira. – Disse. Ela calou-se mas as lágrimas continuavam a cair-lhe pela cara. – Está tudo bem… - continuei a dizer enquanto a olhava tão frágil, fraca, vulnerável ali, deitada de costas no chão, sem ter por onde escapar.

Ficamos assim durante algum tempo: quietos. A respiração dela era pesada devido ao ferimento no pulmão. Embora estivesse a chorar estava calma, à espera que eu fizesse alguma coisa. Ela sabia que não ia sobreviver, mas a falta de sangue no corpo impedia-a de fazer alguma coisa. Se fosse humana já tinha morrido. Fechei os olhos, apreciando o momento. Um soluço soou na sala e eu levantei a Lâmina no ar e depois deixei o meu braço ir em direcção às costas dela. Esfaqueei-a. Ele gritou enquanto todo o seu corpo queimava por dentro. Fi-lo de novo… E de novo… E de novo. Perdi a conta de quantas vezes cravei a Lâmina na carne dela. Apenas não conseguia parar, era mais forte que eu. O pouco sangue que ela ainda tinha no corpo tinha jorrado certamente para mim; estava com as mãos todas ensanguentadas e tinha saboreado o sabor do sangue enquanto a atacava. Parei quando não tinha mais nada para esfaquear. Levantei-me limpando o queixo com o meu antebraço. Olhe para o cadáver no chão. Não senti nada: nem pena, remorso… nada. Antes de sair, aproximei-me de uma das poças de sangue onde molhei as minhas mãos. Fui até à parede e com dois dedos comecei a escrever a minha mensagem:

“Corram,

O vosso Rei.”


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