Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 17
Capítulo 17 - Não o Posso Fazer Sem o Meu Irmão Pt. II




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/518721/chapter/17

[Sam]

Senti como se me tivessem acabado de dar um estalo na cara. Abanei a cabeça com a confusão e desespero a tomar conta do meu raciocínio.

–Basicamente, estás a dizer que não o posso salvar! – Atirei furioso, abrindo os braços no ar cansado. Ela permaneceu com um olhar desinteressado. Com essa reacção, outras teorias começaram a formar-se na minha cabeça. – Como sabes sequer disso? Tanto quanto sei, podes estar a mentir.

–Sim, porque tudo que preciso neste momento é mais um Winchester irritado comigo. – Era impossível não perceber o sarcasmo na voz dela. – Ter o Dean atrás de mim já é problema que baste. – Atirou de volta, desta vez com irritação a aparecer na voz dela. – Como já te disse, eu sei coisas! E não te estou a mentir. Não sobre isto.

–Então, não posso curar a Marca do meu irmão… - Concluí.

–A não ser que tenhas o Cain na lista de contactos, não. – Concordou.

Virei-lhe as costas e caminhei até à mesa, sentando-me. Toda esta conversa foi uma perda de tempo e ela não me poderia ajudar em forma nenhuma. Esfreguei as mãos na cara e resmunguei baixinho para mim mesmo a confusão que a minha vida estava. Para ser honesto, estou a um passo de esgotar as minhas últimas forças. Não que queira desistir, mas sempre que saio de um beco meto-me noutro.

–Se me permites opinar… - A voz dela chamou-me atenção e eu levantei a cabeça. – Faz o plano. Não o de trazer o Lúcifer até nós. O resto dele: atrair o Dean até aqui; prendê-lo nesta armadilha.

–E isso serve-me de quê? Eu não o posso curar… - Reclamei.

–…da Marca. Não o podes curar da Marca. – Ela completou. – O Diabo está nos detalhes.

–Eu pensei que—

–Que quê?! Só porque tem a Marca o exorcismo de purificação não ia funcionar nele?! Ele é um demónio. Independentemente da Marca, podes torná-lo humano. É um começo, certo?

Coloquei-me de pé, quase que num salto, pronto para me ir embora. Ela tossiu atrás de mim.

–Estrada de duas faixas, amigo. Eu fiz a minha parte, agora faz a tua.

–Eu ainda preciso de ti.

–E eu ajudar-te-ei, mas com a saída assegurada desta armadilha.

Decidi ceder às condições dela. Aproximei-me da taça, peguei nela e ia entregar-lha quando ela impediu-me.

–Oh, eu não o quero! – Riu-se e eu olhei-a zangado. – Vais precisar dele. Quero que me desenhes uma coisa para mim. Traz-me um lápis, uma folha e eu mostro-te. Ah, e as chaves para as algemas também seria bom. Obrigada.

Rolei os olhos, mas fui buscar o que ela pediu. Libertei-a das algemas e fiquei a ver o que ela desenhava no papel.

–O que é isso? – Perguntei curiosamente vendo o estranho sigilo na folha.

–A minha saída. – Resumiu. – Tu vives aqui, certo? Tua casa, tua armadilha, teu sangue. Com o feitiço certo podes contornar qualquer coisa; mesmo uma armadilha do Diabo. – Sorriu com o seu próprio conhecimento. Pelo aspeto do desenho parecia ser algo medieval, talvez ainda mais antigo. – Isto, Winchester, vai permitir que eu passe por qualquer armadilha do Diabo presente dentro deste sítio sem ficar lá presa.

–E o que é isto aqui por baixo? – Apontei para os estranhos caracteres que estavam por baixo do símbolo.

–É o meu nome… - Fez uma pausa. – O meu verdadeiro nome. Está escrito em grego arcaico. É preciso a identificação de quem queres que seja livre de andar por entre armadilhas de aprisionamento. – Explicou e eu continuei a olhar para o nome, agora com uma súbita tentação em tentar traduzi-lo. Ela pareceu ler os meus pensamentos. – Não te dês ao trabalho, não é da maior importância neste momento. – Passou-me o papel e eu tratei de me fazer ao trabalho.

–Muito bem, agora só falta trazer o Dean até aqui.

[Dean]

“I wanna rock and rol all night, a party every day…”

Coloquei o volume do rádio mais baixo. Agora tinha duas preocupações: a Lia e o Davis. Oh, se eu não tivesse mais problemas massacrantes e mais importantes no momento, como é o caso da Lia, e se tivesse tempo para joguinhos, o Jeff seria o meu melhor entretenimento. Mas, claro, a Lia ocupava-me a cabeça toda. Tenho que a encontrar o quanto antes.

Mais uma vez o meu telemóvel tocou.

“Winchester!” Ouvi do outro lado da linha. Era uma voz diferente da de antes mas, contudo, familiar. “Lembras-te de mim? A tua puta de estimação lembra-se com certeza.”

–Lamento, a Lia não está disponível neste momento.

“Eu sei. É por isso que te estou a ligar, Dean.” Respondeu. Eu definitivamente conhecia aquela voz rouca e grave de algum lado. “Deves conseguir imaginar a minha surpresa quando a apanhei no meu quarto… com o teu brinquedinho.”

–Sebastian. – Reconheci por fim. – Posso saber a razão de me ligares? Ah espera, vais ser um bom menino e contar-me onde estás para eu poder ir aí buscá-la, é isso?

Ouvi risos do outro lado.

“Mais para te picar.”

Continuei a conduzir, olhando para a estrada deserta que se abria para mim.

–Estás a entrar numa guerra de onde não vais sair vivo, porque eu vou-te encontrar e aí, vou-te matar. – Ameacei.

“Já tiveste uma oportunidade para isso mas pelo que posso dizer ainda tenho dois pulmões que respiram. Ainda estou de pé, miúdo. E acredita em mim quando te digo que se há alguém que vai perder esta guerra, esse alguém és tu.”

–Achas mesmo? Então, porque não me dizes onde está e eu vou aí e resolvemos isto logo de uma vez, huh? Tenho a certeza que andas a manter as facas bem afiadas para mim, não é mesmo?

“Nós vamos ter o nosso acerto de contas, está descansado. Eu não esqueço, nem perdoo as coisas, e tu, tu tens umas quantas contas por pagar. Infelizmente, agora tenho algo melhor em mãos.”

Segurei um resmungo, - Eu quero o que me pertence, Sebastian. E não tenho nada melhor para fazer que a recuperar. E se és tu que a tens, ir atrás de ti e abrir-te a garganta é só um bónus.

Mais uma vez, a primeira resposta que tive foi risos.

“Tu achas que eu ando com a tua Lâmina? Não, não. O teu…” Parou de falar clareando a voz. “O Sam preferiu ser ele a ficar com ela. Eu só fiz de correio e entreguei-lha mais a gazela com duas pernas.”

Não perdi mais tempo de conversa e desliguei a chamada. Atirei o telemóvel para o banco de pendura. Se era o Sam que estava com a Lâmina, era para lá que eu ia. E se a Lia estava lá também, era da maneira que resolvia dois problemas de uma vez.

[Sebastian]

“Obrigado mais uma vez.” Agradeceu o Sam.

–Bem, se precisavas de uma maneira de chamares o Dean de volta para o bunker, quem melhor que eu para lhe puxar os botões certo? – Respondi enquanto conduzia. – E também foi só uma chamada, nada demais. Agora vê lá se tratas dele de uma vez. Tens a certeza que essa tal cura normal resultará?

“Não posso dizer com 100% de certeza, mas tentar não custa.”

Acenei apreensivo, - Bem, não sejas é morto. Lembra-te, ele neste momento não é…

“O meu irmão.” Interrompeu-me. Notei um tom de cansaço e saturação na voz dele, por isso decidi não o continuar a chatear com isso.

–Enfim, boa sorte, Winchester. Faz as mortes dos nossos companheiros valerem alguma coisa. – Pedi e desliguei a chamada.

Olhei atentamente para a estrada e acompanhava a batida da música que estava a passar na rádio com os polegares no volante.

Tudo tinha começado com uma infeliz coincidência. Eu e o Ryan estávamos na mesma cidade que o Dean e, mesmo sem termos feito nada, o meu companheiro de caça, o meu melhor amigo, faleceu nas mãos de um Winchester.

Na altura, fiquei com tanta raiva! Tão obcecado na minha própria caça que tentei arrastar o Sam comigo. Tentei fazê-lo sentir o mesmo ódio que eu. E foi nisso que fui ingénuo: ao pensar que conseguiria isso. O Dean é o irmão do Sam, ou pelo menos já o foi, outrora. É-me agora óbvio que o Sam nunca se desapegaria desse facto, não totalmente. E por isso eu chamei outros caçadores, na esperança de que conseguiria algo mais se estivesse em superioridade numérica. No fim, só acabei por causar a morte deles. Posso ter acusado o Sam de fraqueza, mas o sangue deles está nas minhas mãos.

Respirei fundo. Estar a virar as costas à minha caça ao Dean não me era fácil. Cada fibra do meu corpo queria que eu vira-se o carro e corresse de volta para o bunker para lhe espetar uma no meio dos olhos. Ainda queria a cabeça dele num espeto, mas o Sam estava a resolver as coisas à maneira dele e, apesar de não o ter deixado parecer, confio que ele consiga fazer o que planeou. Para além disso, são problemas de família, logo, que seja família a corrigi-los.

Tudo isso dito: saí. Também não sei se aguentaria estar ao pé do Dean, mesmo curado. Não sou propriamente a pessoa mais compreensiva do mundo.

Algo na estrada me pareceu errado então semicerrei os olhos. Mais adiante estavam uns carros a fazer uma barreira. Perdi a cor da cara quando reconheci um dos homens que estavam ao pé dos carros: Jeff. Bufei, para ele estar ali, eu ia ter problemas.

Parei o carro e saí. Ele aproximou-se.

–Conner, certo? – Perguntou, estendendo a mão. Atrás dele estavam nove caçadores espalhados pelos carros.

–Todos me tratam por Sebastian, mas sim. – Confirmei sem o cumprimentar. Ele acabou por baixar a mão. Decidi fazer-me de desentendido. – Há algum problema na estrada?

–Ora, Sebastian… Tenho a certeza que já ouviste falar de mim. E certamente sabes o porquê de eu estar aqui a falar contigo.

–A cicatriz pelo menos existe. – Olhei para o queixo do homem à minha frente. – Mas eu tinha a ideia que o lendário caçador trabalhava sozinho, como um lobo solitário. – Repliquei com um sorriso trocista.

–Bem, este não é um trabalho como os outros. – Caminhou, convidando-me a juntar-me a ele. Não levantei um pé e ele voltou a parar, cruzando os braços. – Precisamos de conversar. Num sítio mais privado, se não houver problema.

Dei uma olhada no grupo de caçadores atrás dele: todos armados. Conhecia alguns de vista. Não tinha confiança em nenhum.

–Esta estrada parece-me privada que chegue.

–Se queres falar aqui, tudo bem. – Ficamos os dois em silêncio por uns segundos. – Já soube do que aconteceu ao Ryan. Lamento muito. – Começou. Deu um passo na minha direção.

–Deixa-te de tretas! – Rezinguei. – Diz logo o que queres de uma vez. Não é por me dares palmadinhas nas costas e lamentares a morte do meu melhor amigo que me vais cair nas boas graças.

Ele parou, arqueou uma sobrancelha, surpreso. Depois olhou para o grupo.

–Ele acha que lhe estou a dar graxa. – Disse começando-se a rir. Os outros caçadores juntaram-se a ele. Voltou-se para mim. – Eu só disse isso porque acho que temos um objetivo em comum. Digo, não queres vingar a morte do Ryan?

Olhei para o chão remexendo com a bota algumas pedras perdidas no alcatrão.

–É complicado. – Acabei por responder num suspiro.

–Complicado?! Eu acho que é bem simples. Tu és um caçador. Todos nós aqui somos. Somos uma família. Protegemos o coiro uns dos outros. E caçamos o mal e aqueles que nos atacam. E o Dean… Ele tem sido um pesadelo. – A sua voz profunda fazia-me arrepiar, sentindo-me nada ao pé dele. Ele era realmente uma figura. – Ele já matou mais pessoas que a maior parte das coisas que nós já caçamos mataram em anos. Junta-te a nós! Eu sei que tens andado atrás dele, se há alguém que conheça o padrão, o estilo do Dean, esse alguém és tu!

–O Sam tem as coisas a serem resolvidas enquanto falamos. – Informei.

–Sam: o outro Winchester? Se estou correto, esse é outro poço de problemas. Eles não são caçadores, não como nós. Nós permanecemos puros, enquanto eles se venderam para esses demónios e sei lá mais o quê!

Não podia discordar mais com o que ele dizia.

–Eu não colocaria isso dessa maneira. O Sam Winchester é um ótimo caçador. Melhor que eu ou que os teus amiguinhos ali atrás, todos juntos.

Mal disse isto, alguns caçadores desencostaram-se dos carros, reclamando. O Jeff simplesmente levantou uma mão e o silêncio foi reposto no grupo.

–Responde-me a isto: Lembras-te do Gordon? – Aproximou-se de mim. – Um dos melhores caçadores de vampires que esta lixeira de planeta alguma vez teve: morto. Steve Wandell: morto. Robert Singer, o nosso guru do conhecimento, Rufus Turner, Ellen Harvelle: a dona do antigo Roadhouse, a filha dela, Joanna Beth… Ou então a Gwen Campbell. Melhor: toda a família Campbell riscada do mapa quando andaram a brincar às caçadas com eles. O Garth desapareceu e bem, agora podemos juntar à lista Ryan Thompson, Derek Collins, Shawn Reily, Deacon McCartney e os meus três amigos: John e Tom Plant e Cole Farrell. O Matt mal sobreviveu. – Apontou para um que estava sentado numa carrinha de caixa aberta cheio de nódoas negras na cara. – Estás a ver o que eu quero dizer? – Olhou-me nos olhos e eu não consegui evitar olhar para o lado. – Nada nem ninguém causou a morte de tantos caçadores como esses dois. Agora… Podes ir ter com o Sam e esperar pela tua morte, ou podes vir connosco e fazer o teu trabalho.

Suspirei sonoramente, ignorando a sensação de pressão na minha garganta.

–Como eu disse, o Sam já está a tratar do problema. – Respondi convictamente. – E todos nós já causamos a morte de alguém! Se fosse por aí então todos nós éramos monstros. – Argumentei. O Jeff não mudou de expressão. Decidi voltar-me para um público mais acessível. – Quantos de vocês já trabalharam realmente com os Winchesters, huh? Quantos?! – Apenas um levantou a mão. Abanei a cabeça. – Vocês querem ir atrás de dois caçadores sem sequer os conhecerem!

–Tu vais beber um copo com um vampiro antes de o decapitares? – Perguntou o Jeff em retorno. A essa pergunta respondi com um olhar de “estou farto das tuas merdas”.

Uma terceira voz levantou-se do silêncio, - Eu posso nunca ter trabalho com eles, mas lembro-me perfeitamente quando entrei no quarto de motel deles com o meu colega e os baleei aos dois no peito como pagamento de terem começado o Apocalipse. E mesmo assim, aqui estão eles, a respirar o ar de cada dia. Eles não são humanos, são caça justa.

Todos os outros hurraram em concordância. O Jeff sorriu.

–O Walt diz que eles não são de confiança, Sebastian.

Passei a mão pelo cabelo pousando-a na parte de trás do meu pescoço. Rodei a cabeça em círculo, ouvindo o estalar das minhas vértebras, depois suspirei. Tinha-me esquecido de como os caçadores conseguem ser casmurros.

Por um lado, parte de mim queria ir com eles, mas depois das semanas que passei com o Winchester mais novo, não o podia entregar ao bando de lobos.

–Boa sorte. Estou fora disso. Já fiz a minha parte. – Dei a conversa por terminada e virei-lhes costas com o intuito de voltar para o meu carro. Fui parado quando uma mão me agarrou pelo ombro.

–Não me vires as costas, a nossa conversa ainda não acabou.

–Não me toques. – Simplesmente disse sério enquanto olhava de lado para a mão dele sobre o meu ombro. – Só porque és o Jeff Davis não quer dizer que eu te dê esse tipo de confianças. – Rugi ouvindo os caçadores agora mais inquietos. A mão do Davis largou-me.

–Está bem. Não queres vir connosco, tudo bem. Mas ainda tens informações importantes para nós.

–Vai-te lixar. Eu já disse e repito que não vos vou ajudar. Vão chatear outro! – A minha impaciência estava a vir ao de cima e por isso resumi a minha caminhada até ao carro, tirando o maço de cigarros do bolso do casaco para fumar.

Mais uma vez agarraram-me pelo ombro. Irritado bufei e girei sobre mim mesmo, punho em riste, só para encontrar outro caçador, alto, uns 15cm mais alto que eu, a olhar-me. Não estando com medo daquilo, tentei socá-lo, mas ele foi mais rápido a desviar-se da minha investida e atirou-me para trás onde outro caçador me prendeu os braços. Dois outros caçadores aproximaram-se, um com um carapuço, outro com cordas.

–Amarrem-no e tragam-no! – Ordenou o Jeff já a entrar na carrinha dele.

Depois disso taparam-me a cabeça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mark of Dean" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.