Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 16
Capítulo 16 - Não o Posso Fazer Sem o Meu Irmão Pt. I




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/518721/chapter/16

[Dean]

Segui para Phoenix, tinha que pensar numa forma de me vingar da Lia e com isso recuperar a minha Lâmina. Tinha saído de Kingman no dia anterior. Antes disso, tinha voltado ao parque, onde vi um perímetro montado com alguns polícias e um ou outro jornalista mais curioso; tinham encontrado o corpo dela. Bom, assim seria mais fácil o Castiel saber da amiguinha dele.

Pude notar um tom de afeto na voz dela, o que me mostrou que haveria uma hipótese de ela sentir algo por ele, o que tornou toda a situação muito mais interessante para mim.

Saí do carro e entrei numa loja de conveniência. Na caixa estava um rapaz, nos seus 18 ou 19 anos, meio carrancudo apesar da sua aparência frágil, a olhar para mim desinteressado. Ajeitei o casaco enquanto me aproximava da prateleira cheia de bebidas alcoólicas. Peguei numa garrafa de Jonhy Walker Blue, tinha criado um gosto especial por esse whiskey. Dei mais uma volta pela loja à procura de algo que me interessasse.

O meu telemóvel tocou.

–Quem fala? – Perguntei, distraído com um grupo de motoqueiros que entraram na loja. Ouvi risos do outro lado. – Ok, idiota, porque não ligas para a tua mãe a ver se ela te atura? – Devia ser um pirralho qualquer.

“Talvez ligue para a tua mais tarde, garanhão.”

–Manda-lhe beijos meus, então. – Não estava para aturar canalhada. Ia desligar.

“Ou talvez ligue para o teu irmão.” – Continuou a voz do outro lado. Arqueei as sobrancelhas. – “Ainda o consideras teu irmão, Dean?”

–Quem fala? – Perguntei novamente, num misto de curiosidade e irritação.

“Estás a ver esse grupo de motoqueiros que entrou na loja?” – Olhei à volta, tinha que estar ali algures. Depois olhei para eles, estavam separados ao longo da loja. Dois atrás de mim, um ao pé da caixa e um ao pé do expositor com caixas de preservativos à entrada da loja. Reparei que a porta estava fechada. “Eles não são motoqueiro!” – E desligou.

Olhei novamente para eles que se aproximaram de mim. O caixa estava entretido com uma revista de jogos. Pelo vidro da montra vi uma carrinha de caixa aberta com um homem adulto já com alguma idade a olhar para nós. Ao reparar que eu o estava a ver, piscou-me o olho, fechando o vidro do carro.

Dei uns passos em frente, mas fui interceptado por um deles. Olhei para o cinto dele, que tinha um revólver.

–Meu, tu não queres fazer isto. – Avisei. Depois tentei desviar-me mas ele colocou uma mão no meu peito, parando-me.

Fiquei uns segundos a olhar para a sua mão que permaneceu contra o meu peito e depois agarrei com força a garrafa de whiskey que tinha comigo, partindo-a na cabeça dele. Ele afastou-se, desnorteado. O rapaz, que até ali estivera desinteressado, ao ouvir o som da garrafa a partir, levantou a cebeça do livro, olhando para nós.

–Meu! – Reclamou com uma voz zangada mas pouco intimidativa. – Quebras, tens de pagar! – Disse, levantando os braços em protesto. Os outros três permaneceram atrás de mim.

–Cala-te! – Mandei. – Ou a próxima garrafa vai ser partida na tua cabeça. – Afirmei. O Rapaz arregalou-me os olhos, ofendido.

–Sabes que mais? Vou ligar à polícia, idiota! – Provocou, pegando no telefone fixo da loja.

Comecei a andar em direção a ele, mas de repente senti sensação de ardor na minha pele. Fechei os olhos em agonia, aflito com a dor. Parecia ter a pele em fogo. Tinham-me atirado com água benta.

–Santa Mãe do… - Praguejou o adolescente mal eu abri os olhos, deixando o telefone cair. – Mas que raio?

Devia ser uma visão engraçada, a minha: a fumegar e com os olhos num tom preto sólido. Voltei-me para os outros, que tinham feito um semicírculo à minha volta. Um deles continuava com o cantil de água benta na mão e o que tinha levado com a garrafa tinha na mão uma estaca de Palo Santo.

Coloquei a mão dentro do casaco, não me lembrando da ausência da minha Lâmina. Contraí o queixo quando percebi que não a tinha.

Atiraram-me novamente com água benta. Rugi dolorosamente, sentindo as minhas pernas ligeiramente trémulas. Nunca me tivera sentido assim antes. Mesmo assim aproximei-me do caçador que o fizera, tendo sido interceptado pelos outros dois que rapidamente atirei contra umas prateleiras. O que tinha o Palo Santo tentou empalar-me, mas com uma mão segurei-lhe no pulso, partindo-o de seguida. Ele gritou, deixando a estaca cair, que atirei para um canto com um pontapé. Com a outra mão, agarrei-o pelo pescoço, projectando-o depois contra a montra, que se partiu, o que fez com que o caçador caísse no passeio em cima dos vidros.

Estava só com o “Molhadinho” à minha frente. Ele tentou atacar-me de novo mas pontapeei-o na barriga atirando-o para o chão. Depois peguei noutra garrafa, sentando-me em cima dele, prendendo com um joelho a mão que tinha o cantil e depois de partir a garrafa no chão, espetei-lhe com o pedaço mais afiado no pescoço no sítio onde estaria a jugular, removendo depois o vidro. Vi sangue a esguichar para fora do corpo, formando uma poça de sangue à volta dele e podia ouvi-lo ainda a sufucar no próprio sangue. Levantei-me.

O Rapaz da loja, que estivera parado a ver a cena, ao ver-me matar aquele homem assim, saltou a montra e fugiu pelo passeio. A carrinha ainda estava ali, tal como o homem. Saltei o balcão e subi o parapeito da montra mas fui placado para trás pelo caçador que tinha caído no passeio.

Com o pulso são, começou a dar-me murros. Comecei a arranhá-lo na cara e depois a esganá-lo. Ele tentou soltar-se, e mal se levantou, pontapeei-o, projectando-o novamente para a rua. Os outros dois levantaram-se. Voltei-me para eles que estavam agora com revólveres.

–Eu juro que se mais alguém me alvejar, eu vou começar a arrancar os vossos membros um por um. – Ameacei. Um deles não me deu ouvidos e apertou o gatilho, baleando-me no peito. Parei, remexendo os ombros. Olhei para o peito, que sangrava. – Sabem que mais, estou cansado. Vamos logo acabar com isto. – Disse e rapidamente segui em frente em direção a eles, agarrando um pelo pescoço, partindo-o num só movimento. O outro afastou-se para ter um ângulo melhor para disparar, mas agarrei-lhe na mão que empunhava a arma e comecei a rodá-la em direção à boca dele, obrigando-o a colocar a ponta do cano do revólver dentro dela. Depois sobrepus um dedo no dele que estava sobre o gatilho e fiz pressão, disparando. O corpo logo caiu ao chão. Dirigi-me depois para a rua onde estava o velho a observar-nos. Contudo, ao ver os seus companheiros quase todos mortos, arrancou, deixando o seu colega inconsciente no chão, por conta própria.

Ajoelhei-me à beira dele. Dei-lhe um estalo, acordando-o. Ele tentou rastejar para trás para fugir. Fiz força contra o peito dele.

–Diz-me, quem vos mandou? Quem era o homem ao telemóvel? – Perguntei ferozmente. Ele não me respondeu. Peguei num caco de vidro que estava no chão e aproximei-o a um olho. – Não me provoques. Responde!

Ele tentou afastar a vista do vidro, sustendo a respiração. Permaneci imóvel, à espera de uma resposta.

–O homem que vai dar cabo de ti, Winchester… Davis. Jeff Davis. Não esqueças esse nome, miúdo.

Larguei o caco e levantei-me. Jeff Davis. O meu pai falava-me dele quando era ainda vivo. É uma espécie de herói entre os caçadores, um Einstein da Caça. Porém estava desiludido, tanta fama, mas a única coisa que fez foi uma chamada e mandar quatro capangas atrás de mim, enquanto observava na carrinha.

Voltei ao interior da loja, pegando numa das poucas garrafas ainda inteiras de Johny Walker Blue. Saí.

–A próxima vez que te ver, estás morto. – Afirmei, deixando-o para trás.

Entrei no carro e arranquei.

[Sam]

Encostei-me à mesa antiga que se queixava sempre que peso era colocado em cima dela. À minha frente estava Lia sentada com os pulsos algemados aos braços da cadeira que pertencia à mesa onde eu tinha usado como encosto.

O Sebastian tivera partido pouco depois de ma entregar, dizendo que o trabalho dele terminava ali e que, por isso, eu estava agora por contra própria.

Ela olhava-me cinicamente, não se mexendo, um sorriso a brincar nos lábios dela e os seus olhos fixos nos meus como que lendo a minha íris como se fosse um livro cómico. Remexi-me no meu lugar e peguei na Lâmina que pertencia ao Dean.

–Porque andas tu com isto? – Levantei-me e caminhei até ficar a poucos centímetros dela.

–Pergunta à tua mãe.

Cerrei o queixo, rolando os olhos, - Vejo que apanhaste o humor do Dean, também… Não me respondeste à pergunta.

–Ele pediu-me para a guardar.

–Não pediu não. – Contrariei. – Eu sei como o Dean é obcecado com esta coisa. Nem a mim a confiava, quanto mais a um demóniozinho que tu.

Ela arqueou uma sobrancelha ligeiramente ofendida.

–O Dean não é mais o Dean que conhecias…

–Talvez não… - Acenei concordando. Olhei para a Lâmina trocando-a de mão. – Mas um viciado é sempre um viciado. – Disse isto e ela não se mexeu, continuando com o olhar neutro que me dava desde o início da nossa conversa. – Tu enganaste-o, não foi? Má decisão.

–Não foi difícil. Vocês subestimam sempre os demónios das encruzilhadas. Somos sempre considerados os “demónios de segunda categoria”, sempre no fundo da pirâmide hierárquica. Mas estão tão enganados ao fazer isso… Nós somos os mais importantes de todos.

–Claro… - Bufei rindo-me.

–Controla essa arrogância, Sam, e abre os olhos… Nós andamos entre vocês, nós sabemos exactamente como vocês, animais falantes, funcionam e o que querem. Nós sabemos ler a vossa alma, os vossos desejos e tentações, e sabemos manipular-vos. Temos uma boa lábia e muita inteligência… Músculos podem dar força, mas nunca se viu um touro ganhar uma tourada.

Suspirei, - Bem, até hoje nunca conheci um demónio tão inteligente como tu dizes existir…

–Mais uma vez com a arrogância, Sammy. – Ripostou aborrecidamente. – Tens o melhor exemplo na tua cauda há anos e ainda assim não o consegues ver… O Crowley, idiota. Aquele rechonchudo barbudo e com falta de cabelo que não passava de um “vendedor” reina agora o Inferno. Um demonioznho, tão pequenino e tão cheio de si. Um tão chamado de demónio de segunda categoria mostrou-se ser o mais resiliente de todos. Agora é a minha vez. – Afirmou olhando-me confiante.

–Hmmpf, algo me diz que a tua vez nunca irá realmente chegar. – Comentei, voltando a colocar a Lâmina do Dean na mesa, para pegar na minha.

Ouvi um bufar irritado e virei-me para ela.

–Olha para mim, Sam. Sou velha, mais velha que tu, que o teu irmão. Mais velha que o Crowley. Eu já andava por estas paragens antes do Crowley ser sequer uma ideia. Eu vivi durante a altura mais escura que esta amostra de planeta alguma vez viveu. – Gabou-se orgulhosamente. – Eu vi e fiz coisas que tu nem imaginas! Coisas que te colocariam numa camisa de força para o resto da tua miserável vida!

Alguém tem a confiança lá no topo. Pensei, cada vez mais incrédulo em como o Dean poderia de alguma forma ter visto algo de interessante naquilo.

–Mas… - Ela continua, a voz dela mudando de um tom satisfeito para um tom mais sério. – Temos algo em comum. E por isso, eu ajudo-te.

–Como é que é? – Perguntei não tendo a certeza do que tinha acabado de ouvir.

–Tu queres salvar o teu irmão, eu quero ver-me livre dele…

Acenei, cruzando os braços, - E como me poderias ajudar, huh?! Eu já te tenho onde preciso…

–Por favor. – Deu uma gargalhado inclinando a cabeça para trás. – Tu tens-me a mim onde precisas? – Suspirou sonoramente. – És engraçado. Mas não, não… Eu é que te tenho onde preciso. – Disse e eu olhei-a confuso. – Achas mesmo que eu deixaria o Sebastian ganhar-me numa luta? Eu podia partir-lhe o pescoço e fazer as unhas ao mesmo tempo, querido. Não, eu estou aqui, porque quero estar aqui! – Bocejou cruzando as pernas.

Não lhe respondi. A segurança na voz dela ao dizer aquilo fazia-me ponderar realmente em como ela chegou ali. Talvez ela sempre fosse mais do que aparentava. Mais que aquele ser vestido com roupas que nem a prostitutas faziam jus, mais que aquele ser com longos cabelos encaracolados e longas pestanas que tornavam o ser olhar ainda mais penetrante. O que antes me parecia um demónio reles, vendido e sem valor, lentamente se tornava num demónio que sabia o que queria.

–Como me poderias ajudar? – Perguntei, desta vez a sério.

–Primeiro o mais importante. Isto é uma estrada de duas faixas. Eu ajudo-te e tu ajudas-me a mim. Eu faço isto e saio daqui livre e viva.

–Como me podes ajudar? – Voltei a perguntar.

Caiu um momento de silêncio entre nós. Ambos sabemos que eu não vou ficar do lado de demónio nenhum. Ela é mais inteligente que isso, para pensar por um minuto sequer que eu aceitaria fazer um acordo com ela. Por isso, o pedido dela foi ligeiramente considerável. Ligeiramente. Nada me impediria de algum momento mudar de ideias.

–Se vais abrir uma janela, tens que ter cuidado com as decisões que tomas. Um pequeno erro e, puf, vamos ter o nosso Paizinho a caminhar entre nós… outra vez. Tu não queres que isso aconteça, pois não?

Congelei. Como é que ela sabia do plano?! Supostamente só o Crowley soubera dele antes de me contar, e não penso que depois disso eles se tenham tornado melhores amigos.

Fiquei sem falar, simplesmente a olhar para ela. Ela reparou na minha expressão e um toque de vitória preencheu o rosto dela.

–E eu sei que vais cometer esse erro, Sam. – Concluiu.

–Que erro?

Ela juntou os lábios retraindo um sorriso, - Isso significa que temos um acordo?

–Que erro?! – Voltei a perguntar quase aos berros. Ela permaneceu imóvel. – Olha que eu posso arrancar a informação à força, se não me deres o que eu quero. - Ela inclinou a cabeça com um sorriso desafiante, sem nunca pronunciar uma palavra. – Que queres?

–Antes de mais que me deixes sair desta armadilha.

Ri-me.

–A única maneira disso é arrebentar com ela e eu não posso fazer isso ou depois não tenho onde prender o Dean. E eu preciso de ti aí dentro como isca! – Expliquei.

–Relaxa, eu tenho a minha própria maneira de sair. Só preciso de uma coisinha tua. – Disse. Fiquei à espera, expectante. – Um pouco do teu sangue.

Franzi as sobrancelhas, negando-lhe o pedido com a cabeça.

–Diz-me o erro e eu depois logo penso no teu pedido.

–O sangue! – Ordenou, mas eu não me mexi. Ao ver que não ia ceder às ordens dela bufou. – Muito bem! Supostamente, o feitiço só dura uns quantos dias e depois o nosso Anjo caído retorna para a casinha de cerca branca lá no meio do poço, certo? – Perguntou.

Acenei que sim.

–E o hospedeiro é arrastado com ele…

–Ora Sam, isso não te parece um tanto fácil demais?! Uma janela que se abre e depois se fecha assim do nada? Por favor… - Suspirou. – Agora a sério, pensa, como poderemos mandar Lúcifer de volta para o buraco onde ele pertence? – Fizemos uma longa pausa. Não me veio nada à mente. Ela abanou a cabeça desanimada. – Sabes, estou a começar a perceber o porquê do Crowley te chamar “Alce”. – Brincou. – O sangue! – Ordenou sabendo que tinha a mão superior sobre este assunto.

Olhei para ela pensativo.

Estaria o Crowley enganado? Bem, ele dissera que não passava de uma lenda, mas ele parecia estar certo do que dizia. Porém, agora tinha a Lia a contradizer quase tudo que ele me tinha dito anteriormente. Uma coisa era certa: não podia confiar nela, mas também não podia ignorar e descartar o que ela tinha a dizer. Sim, os demónios mentem, mas também dizem a verdade, principalmente quando isso os favorece.

Passei a mão pelo cabelo enquanto decidia o que fazer. Ela queria certamente escapar do Dean, logo não vi motivos para me enganar sobre isso.

Peguei na minha navalha respirando fundo. Depois agarrei numa taça de latão e, dando um longo golpe na minha mão, fiz força, deixando algum sangue jorrar para o recipiente. Depois amarrei um lenço à volta da minha mão e pousei a taça no chão, ainda fora do alcance dela.

–A única maneira de fechar a janela é matando o recipiente onde Lúcifer está ligado. – Estava a sentir um “mas” a chegar. Estava certo. – Mas, o único que pode fazer isso eficazmente é o portador da Marca do Cain. Se mandares o tiozinho Lú arrancar aquela coisa asquerosa do braço do teu irmão, estás tramado. – Contou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mark of Dean" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.