Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 1
Capítulo 1 – Um novo tipo de vida


Notas iniciais do capítulo

I've turned into a monster
A monster, a monster
And it keeps getting stronger



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[Dean]



Abri os olhos. Senti-me diferente, poderoso. Cada odor do meu quarto penetrava-me pelas narinas com uma intensidade que era difícil concentrar-me. Senti-me deslocado do meu corpo como se ele já não me pertencesse. Tentei mexer-me e senti a minha essência percorrer todo o corpo como que o tomando para mim. Sentei-me e olhei para o Crowley que sorria para mim.

–Olá, Dean. – cumprimentou-me de pé ao lado da cama onde eu estava.

Larguei a Lâmina, olhei para as mãos e vi o sangue já seco. Passei-as pela camisa reparando que também ela estava ensanguentada.

A imagem de Metatron veio-me à cabeça e toda a cena da luta invadiu o meu pensamento aos poucos… Estava um pouco confuso quando me lembrei dos meus últimos momentos com o Sam. “Estou orgulhoso de nós”; estas tinham sido as minhas últimas palavras. Tinha morrido e agora estava de volta.

Levantei-me e estava para sair do quarto quando Crowley se colocou à minha frente.

–Tem calma, Dean. Há umas coisinhas que precisas de saber.

–Sai da frente, Crowley. Onde está o Sam? – perguntei com uma voz grave e rouca. Sentia-me mais forte que nunca e a cada segundo que passava sentia-me mais instável dentro do meu corpo.

–Olha para mim. – mandou o Crowley. Olhei-o sério e reparei que ele me olhava fixamente nos olhos. Pisquei-os e arqueei uma sobrancelha à espera que ele se explicasse ou que dissesse alguma coisa. – Não é nada. Mais vale tratarmos disto os três.

Desviou-se do meu caminho e eu saí do quarto. O corredor estava às escuras mas conseguia ver perfeitamente. Ainda sentia um turbilhão de odores, desde o sangue seco na minha camisa, ao mofo das masmorras, até à cerveja da cozinha. Mas acima de tudo, conseguia sentir o cheiro do Sam que se encontrava nas masmorras.

Estava confuso. Talvez fosse a adrenalina mas… eu sabia que algo se passava. Também a minha audição estava ao rubro. Conseguia ouvir os murmúrios do Sam como se ele estivesse mesmo à minha beira. Olhei de relance para o Crowley que me seguia reticente mas sereno. A culpa disto tudo era certamente dele e eu estava de volta por causa de algo que ele tinha feito. Tinha um pressentimento que o Sam tinha feito algo para me trazer do volta: como vender a sua alma.

Estava a descer as escadas quando senti passos na nossa direcção. Parei. Passados uns segundos estava o Sam no fundo das escadas a olhar boquiaberto para mim. Caiu-lhe uma lágrima pelo rosto. Sabia que deveria sorrir por voltar a ver o meu irmão, mas não o fiz. Não sentia alegria para isso. Continuei no mesmo sítio a olhar para ele até que ele se aproximou de mim e me abraçou. Senti o calor dele, o cheiro, até os pensamentos. Dei um passo para trás e disse-lhe que precisávamos de falar e segui para a sala.

–Diz-me, - comecei – o que lhe ofereceste? – perguntei ao meu irmão apontando para o Crowley com a cabeça.

–Desculpa? –perguntou ele meio perdido.

–Conta-me a verdade, já! – perguntei novamente com uma raiva a invadir instantaneamente cada centímetro do meu corpo.

O Crowley ia abrir a boca mas antes que pudesse dizer alguma coisa olhei para ele dizendo-lhe para se calar.

–Dean… Eu não lhe ofereci nada… Eu… - tentava falar. Interrompi-o.

–Vais-me dizer que ele me trouxe de volta, só porque gosta de mim e é um coração mole? – cada vez estava sentia-me mais zangado que o normal.

–Dean! – chamou-me o Crowley.

–Cala-te! – gritei-lhe.

O Crowley olhou para mim abanando negativamente a cabeça. Olhei para o Sam que ficou em choque a olhar para mim. Comecei a aproximar-me dele mas a cada passo em frente que dava, o meu irmão dava dois para trás.

–O que fizeste ao meu irmão? – perguntava enojado enquanto se afastava, possivelmente para agarrar alguma arma.

–Sam… o que… - antes que pudesse acabar de falar reparei no meu reflexo num espelho.

Não conseguia acreditar. Não podia ser verdade. Por um momento, tudo à minha volta tinha parado, sendo agora apenas eu e o meu reflexo no espelho. Passei os dedos pela cara, tentando acreditar no que via. Eu era aquilo? Algo demoníaco? Respirei fundo, tentando voltar a mim. Estava a tremer. Tinha-me tornado no meu pior inimigo, cada vez que me olhava ao espelho com mais raiva, desprezo, nojo, ódio ficava. Afastei-me, piscando os olhos numa tentativa de voltar ao normal. Olhei para o Sam que estava paralisado e para o Crowley que ainda estava à espera para falar.

–Como eu te estava a contar quando estavas a… marinar aí dentro, há uma pequena história sobre o Caim que eu posso ter-me esquecido de contar.

O Sam olhou para nós tentando permanecer racional e tentando perceber o que se estava a passar. Tentei lembrar-me do que ele estava a falar mas… eu estava tecnicamente morto, por isso era normal não me lembrar de nada.

–Está por aí, Dean. Tenho a certeza que se puxares pela memória te vais lembrar. – continuou o Crowley.

Franzi a testa tentando puxar essa memória para a superfície. Olhei para o chão para me concentrar mas a última coisa que me lembrava era de cair nos braços do Sam. Concentrei-me com mais força e frases soltas começaram a saltar-me na cabeça. “assassino” “nunca o deixou realmente partir” “novo tipo de vida” “abre os olhos, Dean!”. Lembrei-me.

–A marca… Quando o Caim se matou, a marca não o deixou partir então trouxe-o de volta como um demónio. O mesmo aconteceu comigo quando o Metatron me esfaqueou no peito. – dizia sério enquanto me afastava dos dois. Estava de costas para eles. Aproximei-me da garrafa de whiskey e coloquei algum líquido num copo, bebendo-o de seguida. Ainda gostava do sabor. – Então agora sou um demónio. – a última palavra saiu-me carregada de ódio.

–Oh, não sejas tão resmungão. – comentou o Crowley. – Não é a pior coisa do mundo! Continuas a ser o Dean… só que numa versão mais… - fez uma pausa para pensar. – arrojada.

–Olha, Dean… - disse o Sam com uma voz meio abalada. Dava para perceber que estava quase a chorar. – Nós vamos arranjar uma maneira de consertar isto… Como arranjamos sempre. Eu e tu, irmão. – disse aproximando-se de mim e colocando uma mão no ombro.

Olhei para ele. Não senti nada… nenhum tipo de afeto. Apenas sorri, dando-lhe um falso sentimento de fraternidade. Olhei para a garrafa de whiskey e decidi beber outro copo. O Sam sentou-se numa cadeira e passou as mãos pela cara sem saber o que fazer. O Crowley estava parado no meio da sala a olhar para nós os dois, mas principalmente para mim. Eu apenas queria saber da garrafa de whiskey.

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[Sam]

O meu irmão era um demónio. Um demónio! Estava completamente desolado, sem ideia nenhuma de como reagir. Olhava para ele e via o Dean mas ao mesmo tempo sentia-o distante, como se não fosse ele. De certa forma não era. Gostando ou não, demónios são versões deturpadas de um humano, exaltando todos os seus pontos fracos. Suspirei, não sabia como deveria de ficar. Eu não queria odiar o meu irmão, pois apesar de tudo, aquela versão maligna à minha frente, fazia parte da minha família. Era a minha única família. Olhei para o Crowley que ainda estava no meio da sala e apetecia-me matá-lo. Se alguém tinha culpa disto era ele.

Tínhamos tudo contra nós: o Metatron estava vivo, o meu irmão era um demónio e o Cas e o Gadreel nunca mas tinham dado notícias. Estava a ficar preocupado.

–Alguém sabe alguma coisa do Cas? – perguntei olhando para os dois. O Dean nem se mexeu.

–Não. – respondeu-me desinteressado.

–Passarinhos contaram-me que algo aconteceu lá cima e que alguém morreu. Não consegui muitos detalhes. – informou o Crowley enquanto ajeitava o seu longo casaco preto. Ficamos novamente em silêncio. – Bem, eu tenho questões mais importantes a tratar. Não se matem. – e desapareceu.

Olhei para o Dean que se tinha ido sentar numa poltrona a beber mais um copo de whiskey, já ia no quinto, mas não me parece que isso lhe tivesse feito alguma diferença. Ele viu que estava a olhar para ele mas não mostrou interesse em dizer alguma coisa ou em parar de beber. Respirei fundo. Queria confiar nele, tinha que confiar nele, mas sentia que ele não era mais o Dean que me criou durante todos estes anos. Havia algo diferente nele, um vazio, uma escuridão, que era difícil de entender. Era algo que nunca tinha sentido na presença de qualquer outro demónio. Talvez fosse por ele ser meu irmão e eu me sentir mais familiarizado com ele e por isso notava mais a diferença, mas… Não tinha um bom pressentimento sobre isto.

De repente o Dean virou a cabeça para o corredor com uma cara séria. Não ouvi nada, por isso não liguei. Levantei-me e fui para o meu quarto. Tinha muita coisa em que pensar e mais que isso tinha que conseguir chamar o Cas, isto é, se ele estivesse vivo.

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[Crowley]

O Dean ter-se tornado num demónio pode ter sido a melhor coisa que me podia ter acontecido. Agora com a Abaddon morta e o Céu ainda num caos, todo o poder que posso ter está ao rubro. Ainda existem alguns demónios que se recusam a voltar à minha equipa, e por isso preciso de algo que os tire da folha de pagamento e esse algo é o Dean Winchester. É claro que ele não vai aceitar mal eu lhe peça, por isso a minha vinda ao seu lar secreto não era só para ajudar na transição do irmão mais velho, mas sim também para preparar o meu terreno e pegar umas certas coisas que preciso para trazer o Dean até mim. Desapareci da sala e aterrei no quarto do esquilo.

Ainda cheirava a morte e a sangue. Olhei para a secretária e reparei na foto de família que Dean tinha ao pé do candeeiro. Bonita família, a mãe dele era certamente uma brasa. Ri-me quando percebi a ironia do que tinha acabado de pensar. Passei a mão pela secretária e reparei no pó; limpei os dedos e vi o arsenal que ele tinha na parede.

–E ainda dizem que eu sou viciado. Olhem-me para isto… - disse para mim.

Mas a razão de eu estar ali não era para comtemplar o quarto do Dean, mas sim o seu vício. Aproximei-me da cama onde a Lâmina estava pousada. Olhei para ela por uns segundos até que peguei nela. Examinei-a e sorri. Agora era minha e se o Dean a quisesse teria que trabalhar comigo. Guardei-a no bolso interior do casaco e antes de desaparecer deixei um bilhete no lugar onde a Lâmina tinha estado. Desapareci.

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[Dean]

Apesar de ser demónio não me sentia mal com isso… apenas indiferente. Sabia que me devia sentir mal, desolado, a remoer-me, mas sentia-me bem. Melhor do que quando era humano. Apenas não sentia nada: nada de culpa, solidão, tristeza, desespero. E isso fazia-me sentir mais vivo que nunca, como se o mundo pudesse ser meu.

Ouvi barulho no meu quarto e por um minuto hesitei se ia ou não. Ainda não estava habituado a ter os sentidos tão apurados por isso receei que fosse só a minha imaginação. Mesmo assim levantei-me e segui para o meu quarto. Quando lá entrei, senti o cheiro do meu sangue mas mais que isso sentia o cheiro do Crowley como se ele tivesse acabado de lá estar. Olhei para a cama e em vez de ver a Lâmina estava um pequeno bilhete. Peguei-o e li.

“Sabes onde me encontrar,

O teu Rei.”

Amassei-o na minha mão e atirei-o para o chão. Respirei fundo mas a raiva tomou conta de mim. Voltei-me de costas para a cama e dei um murro na secretária, rachando-a. Uma fotografia caiu ao chão. Peguei nela e vi que era a foto com os meus pais. Olhei para ela com desinteresse, abri o armário e retirei um saco já cheio com algumas roupas e outros objectos que levava sempre comigo. Olhei uma última vez para o quarto e quando saí deitei a fotografia ao balde do lixo.

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[Sam]

–Cas, estás aí, preciso de ti, meu… - chamei sentado na minha cama. Olhei à volta e ainda estava sozinho. – Eu sei que costuma ser o meu irmão a fazer isto, eu… Por favor, as coisas aqui em baixo estão fora do controlo… O meu irmão… - não consegui acabar de falar, uma lágrima caiu-me pelo rosto e eu sustive a respiração para conter o choro. – Preciso da tua ajuda. – implorei passando as mãos pela testa para tirar o cabelo da frente dos olhos. Respirei fundo. – És o único que sobrou. Se puderes aparece que preciso de falar contigo.

Levantei-me; se havia sítio com livros sobre tudo era na sala e se eu queria encontrar maneira de trazer o meu irmão de volta tinha que começar a pesquisar. Saí do quarto. O corredor estava silencioso até ter ouvido um som sólido, como se fosse um murro. Deve ter sido o Dean, não me ia meter. Cheguei à sala e estava a pegar num dos livros quando ouvi alguém atrás de mim.

–Eu ouvi-te, Sam. Lamento muito. – lamentava o Cas de pé no meio da sala.

Virei-me e vi o ar de tristeza no rosto do Cas. Aproximei-me dele e abracei-o. Nunca tínhamos sido muito próximos, mas estava mesmo a precisar de um abraço.

–Pensei que tivesses morrido, nem sabia se valia a pena chamar-te, estava com medo que não viesses. Como correu lá em cima? – perguntei preocupado.

–O Metatron foi capturado, o Gadreel morreu… - disse-me abalado. – Ele sacrificou-se para me ajudar, morreu como um herói. – senti um tom de dor na voz dele. – O Metatron contou-me da morte do Dean, lamento muito. – lamentou Cas olhando-me nos olhos.

Ia contar-lhe o que se passava, mas antes que pudesse dizer alguma coisa fui interrompido.

–Pois, sobre isso… - disse uma voz grave.

O Cas ao reconhecer a voz, sorriu-me e eu vi um olhar de felicidade nos olhos dele antes de se virar. Mal se virou e viu o Dean, a sua felicidade transformou-se em desespero. Tinha-me esquecido que anjos conseguiam ver a verdadeira face dos demónios. O Dean permaneceu quieto no mesmo sítio olhando, também ele, para a verdadeira forma do Cas.

–O que te aconteceu? – perguntou o Cas sem saber muito bem como reagir. Dava para ver que lhe tinham tirado o chão dos pés. – O que foste tu fazer? Eu não… Eu não compreendo.

–Uma nova vida aconteceu. Parece que a marca faz-te mais favores que apenas te dar uns poderes adicionais. – comentou Dean, com uma voz grave mas segura. Até parecia estar a gostar do momento. O Cas olhava para o chão, incapaz de olhar Dean nos olhos que tinham ficado negros mal viu a sua presença. – Nossa, tu és definitivamente… grande. – comentou com um sorriso trocista na cara. Devia-se estar a referir à verdadeira forma do Cas. Ele não lhe respondeu.

Reparei no saco que ele trazia no ombro. Olhei para ele, que olhou para mim com os olhos novamente verdes.

–Onde vais? – perguntei apontando para o saco.

–Sair. – disse secamente.

–Vais-te embora, não vais? – perguntei desiludido.

–E se for? – perguntou novamente secamente.

–“E se for”? Meu, vai ser assim? Agora és um demónio e simplesmente vais deixar a tua família, os teus amigos, para trás? É assim que vai ser? – Eu não queria perde-lo. Não sabia do que ele era capaz de fazer.

–Demónios não têm família… amigos. – respondeu-me.

–Tu tens! – comentou o Cas olhando novamente para ele.

–Eu tinha… Quando era humano. Agora estou sozinho. Não preciso de ninguém para me atrasar. – afirmou, ajeitando o saco no ombro e virando-nos as costas para se dirigir para as escadas. O cas agarrou-o pelo ombro.

–Raios, Dean, nós podemos consertar isto! – disse o Cas com uma voz carregada de agonia.

O Dean olhou para ele e removeu-lhe a mão do seu ombro. Olhou para mim e piscou-me o olho. Por fim voltou-se para o Cas.

–Não há nada para consertar. – disse num sorriso de orelha a orelha e subiu as escadas fechando a porta atrás de si.


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Notas finais do capítulo

Fiz este capítulo a um tempo atrás mas nunca tive coragem de o publicar, estava receosa que ninguém fosse gostar, mas vá, também não custa tentar. Digam-me o que acharam nos comentários se querem que continue com a história. A vossa opinião é-me muito importante. Se gostaram partilhem com os vossos amigos, quantas mais pessoas gostarem mais feliz eu fico ^^ Obrigada, somos todos uma grande família.SPN hoje, SPN sempre.ps: digam-me também de que tópicos gostavam que eu me focasse, sinto que neste capítulo deixei tudo em aberto e gostava de saber como vocês gostavam que a história crescesses. Isto é afinal uma história de uma fã para outros fãs... São vocês que tornam isto possível. :D



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