"Faz parte da vida errar, e as consequências desses erros é que te fazem crescer, aprender a lidar com o que não é premeditado faz parte do percurso."

POV Marie

Encarei Lene por alguns segundos, sem nada dizer. A questão era que eu não sabia o que dizer. Normalmente se lhe perguntam se você está grávida, você nega rapidamente, pois sabe que não está e essa hipótese é um absurdo. Mas no meu caso eu não tinha certeza, quero dizer, eu vim vomitando por semanas, minha menstruação estava atrasada, de uns dias para cá vim enjoando do perfume da Ali e fugi uma noite para ir na cozinha pegar brigadeiro! Mas eu não tinha certeza se...

–E-eu...- comecei a chorar e Lene me abraçou.

–Calma. Hey, tudo vai passar. Respire- ela dizia enquanto alisava meu cabelo.

Mas eu sabia que não ficaria nada bem.

–Você já fez o teste?- perguntou ao me levar para sentar em uma das poltronas do quarto.

Neguei com a cabeça.

–Isso é bom, significa que tem a possibilidade de você não estar com um bebê na barriga- ela sorriu na tentativa de me animar e dar esperanças- vamos providenciar um teste de gravidez com urgência!

–V-você pode chamar as outras meninas... eu preciso delas... eu- balbuciei em meio as lágrimas.

–Shiu... Eu vou ligar para elas, se acalme. Só um instantinho- ela se levantou e discou o número de alguém no celular. Afastou-se e passou a conversar com uma das meninas.

Pensei no que aconteceria se eu estivesse realmente grávida, quero dizer, tudo iria mudar! Eu... eu não poderia mais beber álcool, minha barriga iria crescer, as pessoas iriam falar de mim pelas costas... Eu seria responsável por uma vida! Era muita coisa para uma menina de 16 anos!

–Elas estão vindo. Mas não consegui falar com a Lily, mas ela já deve estar a caminho do dormitório por causa da hora- Lene sentou-se ao pé da minha poltrona- Ali vai trazer o teste de gravidez.

–Onde ela vai conseguir?- perguntei com um fiapo de voz.

–Ela é a Alice Sonanclair, essa menina tem espiões e fornecedores por todos os cantos dessa escola, quiçá em toda Londres!

Dei um sorrisinho de lado, mas por consideração a Lene do que por ter achado graça. Sabia que Marlene estava tentando ser legal, mas eu não estava querendo rir muito.

Esperamos por mais ou menos 15 minutos até Ali e Dô chegarem.

–E ai people!- Ali falou ao entrar.

Dorcas correu para meu lado e segurou minha mão.

–Vai ficar tudo bem, se o resultado der positivo...

–Pode dar negativo- Lene contra-argumentou otimista.

–Mas se der positivo, tenha absoluta certeza que ficaremos do seu lado- Dorcas completou depois de lançar um olhar demoníaco para Lene.

Confirmei com a cabeça, agradecida por essas meninas estarem na minha vida.

–Aqui, toma- Ali me estendeu o teste e me entregou.

–Você sabe como usar?- Dô perguntou.

–Sim- disse e me direcionei para o banheiro.

Fiz todo o procedimento e sai do banheiro com o teste na mão, encarando-o.

–Como vou saber se deu positivo?- perguntei voltando à poltrona.

–Se tiver um traço quer dizer que é negativo... - Lene disse.

–E se tiver dois quer dizer que você está grávida- Dô completou encarando o teste.

–Quem está gravida?- Lily perguntou parada na porta do quarto.

Ficamos em silencio, olhando para ela.

–Entããão? O gato comeu a língua de vocês ou o quê?- ela voltou a perguntar ao sentar-se no chão, em frente a poltrona onde Ali estava sentada.

–A Marie pode estar gravida- Dorcas respondeu lentamente, com medo da reação da amiga.

–Mas pode não estar!- Lene voltou a falar.

–Não, não posso não- disse olhando para o resultado.

–Claro que pod...- Lene se virou para mim– Pelas rugas de Matusalém! Deu positivo...

Segurei o ar. Não podia ser! Não! Não e não!

–Mas é impossível... - balbuciei.

–Hey, não é o fim do mundo. Já disse que vamos lhe apoiar com tudo!- Dô disse.

–É, vamos ficar do seu lado. Amigas são para isso- Lene confirmou.

Ótimo, desde que eu chegara quis que elas me aceitassem, e hoje parece ser o meu dia de sorte. Ganhe quatro amigas e um filho de brinde! Parece até uma piada cósmica.

–Obrigada meninas, eu estaria sem chão se tivesse descoberto isso sozinha- sorri para elas com a boca, mas meus olhos carregavam minha tristeza.

–Sem querer ser grossa nem nada... mas quem é o pai dessa criança? Quero dizer, Marie não fez um filho sozinha, fez?- Lily, que até então tinha ficado calada até então, falou. Queria que ela tivesse permanecido em silencio.

POV Lily

–Jay... Eu preciso entrar!- disse enquanto ele beijava meu pescoço em frente à porta do meu dormitório.

–Só mais um, não, dois beijos- ele fez olhos pidões.

–Não! Você falou a mesma coisa doze beijos atrás! Eu estou aqui há dez minutos! E antes disso nós paramos na salão comunal! Eu preciso entrar James.

–Tudo bem, se você não aprecia o namorado legal e carinhoso que eu sou... – deu de ombros.

–Primeiro: nós não somos namorados, bem, oficialmente ainda não. E não se faça de vítima pois não comina com você!- o beijei- agora, boa noite!

–Tchau- se afastou a contra gosto.

–E NADA DE AGARRAMENTO COM OUTRAS MENINAS PELO CAMINHO!- gritei, no que ele se virou para mim, sorriu e deu uma piscadela. James Potter, espero de verdade que você não faça nada que se arrependa antes de chegar a seu quarto, sou muito vingativa.

Ao entrar no meu quarto ouvi a conversa das minhas amigas pela metade. Mas logo elas me colocaram a par de tudo: Mariele Payne Evans... Estava grávida. As Powerful’s passaram a consola-la, mas eu não conseguia parar de pensar em quem seria o pai da criança. Até porque James e ela tinham ido muito além de beijos na festa do Lucas.

– Sem querer ser grossa nem nada... mas quem é o pai dessa criança? Quero dizer, Marie não fez um filho sozinha, fez?- verbalizei meus pensamentos e percebi que Marie não gostou da pergunta.

–Lílian!- Dorcas me censurou.

–Lily tá certa, temos que saber quem é o pai- Ali me apoiou.

–Agora não é o momento!- até Lene defendeu a Loirinha? Eu sei que não era a hora mais apropriada, mas poxa, melhor não adiar o que se pode fazer agora!

–Só estou dizendo que o pai deve ser informado sobre essa criança- dei de ombros.

–Não tem pra quê- Marie falou, atraindo o olhar de todas- eu não vou ficar com esse monstrinho que está na minha barriga.

–Como pode pensar algo assim? É uma vida! Você não tem o direito de mandar tirar esse bebê de você!- Dorcas se pôs de pé.

–Essa coisa é que não tem o direito de arruinar minha vida!-Marie levou a mão à cabeça- eu tenho um futuro pela frente, tem coisas que eu quero fazer, sonhos que eu quero viver. Eu não posso ter um filho quando estou no auge da minha vida!

–Marie, você querendo ou não, deve arcar com as consequências dos seus atos!- disse encarando-a- Você dormiu com um garoto, e isso resultou num filho, você não pode querer que essa alma, que não tem nada haver com seus problemas, seja tirada. Se você fizer isso, não será melhor que nenhum assassino por ai.

–Lílian, esse bebê vai nascer da minha barriga, vai ser fruto do meu sangue! Eu é que descido o que faço ou não com el...

–Não, a decisão não é sua. É uma vida, e você não tem o direito de tira-la- Lene falou, ao olhar para ela meu coração se partiu. Lembro-me quando o irmão dela engravidou uma garçonete e a menina tirou o bebê, Lene odiou isso- É sua responsabilidade, você não pode simplesmente joga-la fora.

Marie tinha lágrimas nos olhos ao direcionar o olhar diretamente para Lene.

–Eu só tenho medo. Eu não queria ser mãe agora- ela falou.

–E que pessoa em sã consciência iria querer?- Ali sorriu tentando aliviar o clima.

–É, Ali está certa. Mas agora é tarde para chorar pelo leite derramado. Vamos, quem é o pai?- perguntei.

Marie olhou para o teste de gravidez e suspirou.

–O pai... O pai... É James Potter- disse por fim, fazendo as meninas olharem de olhos arregalados de espanto para mim.

O som do nome dele ecoou pela minha cabeça. “James Potter”, “James Potter”,”James...” Foi como levar um soco na boca do estômago ouvir essas duas palavras. Mesmo que eu suspeitasse que James pudesse ser o pai, não esperava que ele fosse de fato.

–E ele já sabe?- perguntei com minha voz sobre controle.

–Não...-Marie suspirou.

–Então vamos chamar a ele e aos outros Marotos e avisa-los- decidi.

–O que os outros Marotos têm haver com isso?- Ali perguntou, certamente pensando em Frank.

–Eu sei que todas nós estamos em uma faze difícil com eles, mas James irá precisar dos amigos. Assim como Mariele precisou de nós- falei.

–Pode ir chama-los- Marie autorizou. Como se eu precisasse da autorização dela!

–Certo quem vai se voluntariar para ir no dormitório deles?- perguntei com as duas sobrancelhas levantadas.

Ninguém se pronunciou.

–Sério? Tudo bem, eu mesma vou!- me levantei e caminhei até Lene- Mas você vem junto!

A puxei pelos pulsos até sairmos pela porta do quarto e entrarmos no corredor.

–Você tá bem- ela me perguntou me olhando pelo canto do olho.

–Por acaso pareço doente?-retruquei.

–Pare de estar sempre na defensiva!- ele me segurou pelo braço- É sério, você tá realmente bem? Quero dizer, se eu descobrisse que o meu homem engravidou minha irmã eu estaria um caco!

–Meu homem?- engoli em seco.

–Ai pela amor de deus! Você achou mesmo que eu não perceberia? Ou a Dô? Ou a Ali? Sabemos disso a dias!- ela deu de ombros- Na verdade eu que disse a elas... Mas não importa. Você está bem?

–O que você quer que eu diga, Lene? Que me matou ouvir que o Potter vai ser pai do filho dela? Porque me matou...

–Era isso que eu queria ouvir- Lene disse triste.

–Por que? Por que você faz tanta questão que eu sempre expresse o que eu estou sentindo?- perguntei irritada.

–Porque as vezes você guarda as suas dores, seus problemas só para você e acaba que você não sente eles como deveria. E o problema da dor é que ela deve ser sentida, completamente sentida e explorada.

Caminhamos em silencio pelo resto do caminho, até entrarmos (lê-se: sem bater) no quarto deles.

POV James Potter

Sai do banheiro enrolado com uma toalha na cintura e vejo Sirius deitado na minha cama, com os braços atrás da cabeça. Devo dizer que ele estava bem a vontade.

–James, eu sei que você é veado, mas eu não sou. Então trate de ir colocar uma cueca. Meus olhos agradecem!- disse sorrindo maroto.

–Eu sei que você gama ser penetrado pela caneca, Sirius, não precisa negar- fui em direção a gaveta das cueca, mas ainda vi Sirius fazendo um gesto obsceno.

–Vai se ferrar Potter- ele disse, me fazendo rir.

–O casalzinho quer fazer silencio? Estou tentando estudar!- Remus reclamou de sua cama.

–E eu tô tentando dormir!- Frank bufou .

–As duas senhoras tão de TPM hoje James-Sirius falou, e como consequência, quase foi acertado por um tênis voador lançado por Remus.

–Meninos, temos que conver...- disse Lene, entrando com minha ruivinha no quarto- James! Coloca logo essa cueca que tá na sua mão! Não vim aqui para ver você pelado!

–Quem manda não bater na porta antes de entrar?- perguntei abaixando a toalha.

Elas encararam meu amiguinho de fora e trataram de tapar os olhos com as mãos em meio a palavrões contra minha pessoa. Coloquei a cueca enquanto ria acompanhado de Sirius, depois vesti a calça do pijama.

–Pronto?- Lily perguntou abrindo uma fresta entre os dedos.

–Pronto- disse me jogando na cama do Almofadinhas.

–O que aconteceu para vocês virem aqui depois do toque de recolher- Remus perguntou se aproximando. Como se o toque de recolher já as tivesse impedido antes!

Lene olhou para Lily, e elas adentraram mais no quarto. Lene pegou uma almofada e jogou em Sirius, fazendo-o olhar indignado para ela.

–Levanta- ordenou. Ela e Lily adoram mandar, né?

Eu realmente pensava que meu amigo não iria obedecer, mas ele me surpreendeu ao sentar-se na cama para dar espaço a Lily e Lene.

Estranhei a tensão nos ombros da Lily e o fato dela não ter feito nenhum comentário irônico sobre o que faziam ali.

–Então...?- perguntei preocupado.

–É algo sério e importante- Lene falou.

O tom de voz dela fez meus pelos do braço se arrepiarem, agora u tinha certeza que algo acontecera, e não era algo legal. Olhei para os outro marotos e eles pareciam ter chegado a mesma conclusão que eu cheguei. Remus parou ao lado de Lily, e Frank sentou-se ereto em sua cama, todos prestando atenção as palavras de Lene.

–O que foi Marlene?- Sirius perguntou.

Mas quem respondeu foi Lily:

–Tem haver com a Marie e James- ela lançou seus olhos verde esmeraldas em minha direção, passando a falar diretamente para mim- Sabe que vocês transaram no aniversário do seu primo...- ela falava lentamente, confirmei com a cabeça, me lembrando da festa- Bom, a Marie está grávida. Parabéns, temos um novo papai!

Sirius soltou um “Putz” ao ouvir isso. Frank abriu a boca. Lene, assim como Lily e Remus esperavam minha reação.

Ao ouvir o que Lily disse meu cérebro se deu conta de duas coisas. Primeiro: o sarcasmo de Lily tinha voltado, porque os “parabéns” dela foram carregados de pura ironia. Segundo: O que eu tinha haver com a Marie estar grávida?

–E em que eu me relaciono com o estado da Mariele?- perguntei sem entender.

Lene levou a mão à testa e suspirou.

–Santa paciência, meu pai! Tão inteligente e as vezes tão obtuso! James, a Marie. Tá. Grávida!- ela disse pausadamente.

–Eu. Já. Entendi. Isso!- retruquei da mesma forma que ela falou.

–Ai senhor!- ela levou as mãos ao alto. Depois desabou de lado, como se não acreditasse no que ouvira. Só que ao fazer isso ela acaba por bater no peito de Sirius. Ao perceber, ela logo voltou a sentar-se reta.

–James- Remus chamou minha atenção- O que elas estão tentando dizer é que o filho da Marie é seu.

Puta.Que.Pariu. Fiquei sem reação.

–Lil’s, vem, acho melhor deixar o James processar isso- Lene enlaçou o braço no de Lílian e as duas saíram do quarto.

Frank sentou-se onde as meninas estavam instantes atrás. Frank sentou-se ao lado dele. Sirius veio e postou-se ao meu lado, colocando a mão em meu ombro.

–Você não usou proteção não cara?

–Usei, né Sirius? Acha que eu sou leso ou o que?

–Na verdade eu acho, mas isso não vem ao caso agora. Você conferiu se tinha... sei lá, furado ou coisa assim?- Remus perguntou.

–Não. Mas como é que eu ia adivinhar que a Mariele não usaria pílula no outro dia?!Quero dizer, ficou óbvio agora, que ela não tomou!- me joguei de costas na cama, passando a encarar o teto.

–Agora teremos um mini veado pelos corredores!- Sirius fez graça.

–Sirius, o papo não é para brincadeira- Frank reclamou.

–Eu sei- Sirius suspirou- Pô James, mas agora já foi, né? Assume a criança e bola para frente!

–É melhor irmos para a cama. Amanhã James estará com a cabeça mais relaxada e descansada para pensar no que fazer- A voz da sabedoria (vulgo Remus) sugeriu.

Cada um foi para sua cama. Me levantei da cama de Sirius e fui para minha. Algum tempo depois, quando já se podia escutar os roncos de Frank e Remus eu murmurei:

–Sirius, tá acordado?

–Não, acontece que sou sonambulo. Que foi?- ele perguntou com voz de sono.

– O que eu vou fazer Sirius?- encarei o teto.

–James, eu sei que você acabou de receber uma bomba, uma baita de uma bomba, mas você deve ficar do lado da Marie nessa. Afinal, você é responsável pela metade da formação do mini Jay.

–Eu sei, eu sei. É só que... eu nunca imaginei muito esse lance de se tornar pai e mesmo quando eu sonhei uma noite, eu meio que vi um menininho com os cabelos bagunçados iguais aos meus e olhos verdes iguais ao da mãe, iguais ao da Lily. E agora, do nada, eu vou ser pai! Eu só acho que não estou preparado.

–Nem tudo sai do jeito que imaginamos. Esse filho é apenas mais um desafio, e a vida é cheia de desafios. Eu sei que o que eu vou dizer agora vai soar muito gay, mas... Eu tô aqui, tá veado? Eu sempre vou estar, afinal, somos Sirius Black e James Potter... eu vou ajudar. – era por isso que Sirius era mais que meu melhor amigo, era meu irmão, porque ele sempre estava do meu lado nos bons e maus momentos- Agora me deixa dormir em paz. - isso me fez rir.

–Sirius?

–Grr. Tá difícil dormir aqui hoje, né?- ele grunhiu, mas continuou calmo-Que é Pontas?

–Obrigado cara.

–Essa é a hora que começamos a chorar como mulherzinhas enquanto choramos e declaramos nosso amor um ao outro?- perguntou com em tom forçado de inocência.

–Ah, vai se catar pulguento!- sorri.

–Uma última coisa James- o tom de voz de Sirius fez com que eu me deitasse de lado para esculta-lo- se eu fosse você eu iria falar com a pimentinha.

–Quê? Por quê eu iria falar com a Lily- perguntei tentando parecer não ter entendido.

–Tá tentando se fazer de leso, né? Eu já saquei o lance de vocês dois, cara.

–Eu não sei do que você está falando- disse.

–Não importa se você vai ou não admitir que tá rolando algo entre vocês. O fato é que mesmo se esteja acontecendo algo, ou não, eu iria atrás dela. Porque, tipo, vocês dois se gostam e o fato de você ter engravidado a Marie deve ter acabado com a Lily. E se você se importa um pouquinho só com a Lílian, eu iria ver como ela está, resolver a situação esquisita que ficou depois da notícia do bebê, porque quanto mais tarde você for a procurar, pior será.

Voltei a deitar de costas.

–Agora me deixa dormir, senão...- ele deixou a ameaça no ar.

Me virei na cama, pensando no que Sirius falou. Eu precisava falar com Lílian, e isso não podia esperar até amanhã.

Peguei meu celular no criado mudo e disquei o número da Lily. Ela não atendeu. Liguei mais duas vezes até ouvir a voz dela do outro lado da linha:

–Quem é?- ela perguntou, e sua voz dizia que eu tinha acordado-a.

–Sou eu, James. Será que nós poderíamos nos encontrar em frente ao Salão Comunal?

–To saindo do quarto- desligou.

Cheguei ao Salão Principal ao mesmo tempo que ela.

–Precisamos conversar- dissemos ao mesmo tempo.

–Pode falar primeiro- ela disse como um pedido.

–Não, você é a dama então deve falar primeiro.

–James você me ligou!- ela revirou os olhos- Então fale logo seja lá o que você quer me dizer!

Suspirei, era muito difícil ganhar uma discussão com a Lily, e não queria ter que começar uma briga agora.

–Tá. Lily, eu queria saber como você tá.

–Eu não vou dizer que eu to achando a novidade maravilhosa, nem que eu gostei de ouvir que você vai ser pai! Mas eu to aguentando, dá para aguentar. Mas e você? Sabe... você vai ser papai!

–Foi um susto ouvir você me dizendo isso mais cedo, mas eu conversei com o Sirius e não tem nada que eu possa fazer agora. Só devo apoiar a Marie, e esperar pelo bebê.

–Sei...

–Eu queria falar mais uma coisa- era agora.

–O que foi?- Lílian parecia saber que o inevitável estava chegando.

– Nós íamos falar com todos sobre estarmos juntos, e eu acho que agora não é o momento certo- disse temendo sua reação,

Ela suspirou e olhou para baixo.

–Você tá certo. E eu acho que você deve se focar no bebê e na Marie por hora- ela levantou os olhos.

–Como assim?

–Eu e você, agora- ela suspirou- Como eu disse, você tá certo. James, nós não podemos ter nada... Não por enquanto.

–Mas eu não disse isso! Eu disse que não podemos assumir agora, não que devemos terminar!

–Jay... Não torna as coisas mais difíceis! Você entrará em uma nova fase da sua vida... E admita, eu seria só uma distração!

–Você nunca será só uma distração na minha vida- peguei em suas mãos, entrelaçando nossos dedos.

–Você é um fofo- ela sorriu- mas isso não muda nada. Por favor, respeita minha decisão. Eu não posso aturar mais esse drama na minha vida, eu não preciso aturar esse.

Ela estava certa. Eu precisava aturar toda a história do bebê, mas ela não, e eu não podia pedir a ela que aturasse isso.

–Se duas pessoas nasceram uma para outra, se elas são almas gêmeas, o tempo irá tratar de uni-las quantas vezes for preciso- sorri de lado.

Uma lágrima desceu pelo olho esquerdo de Lily, ela desentrelaçou nossos dedos e iria limpa-la, mas eu fui mais rápido e limpei com um beijo.

–Jay...

–Shiuu. Tudo bem- beijei sua testa- Eu espero por você, leve o tempo que levar, eu espero.

Ela sorriu, e por um momento só existia eu e Lílian, sem bebê, sem problemas, só eu e ela presos no nosso mundinho. Ela estava certa, se eu ficasse com ela agora, iria deixar de lado o bebê, afinal, quando ela não está certa?