"As pessoas contam uma mentira por saberem que a verdade pode magoar mais."

POV James

Que porra de grupo dos infernos foi esse? Eu adoro a Ali, ela é minha amiga e tals, mas o clima entre ela e o Frank tá insuportável! O Frank tá estranho há dias. E se não bastasse essa briguinha entre esse casal ainda tem o idiota do Josh nesse grupo. Que porra! Já disse que é uma porra? É porque é uma porra das grandes!

Estávamos sentados em uma das mesas da biblioteca. Cada um sem fazer nada que prestasse. Ali olhava para as unhas, Frank trocava mensagens com alguém por celular e eu e Josh nos encarávamos.

–Gente, eu sinto interromper esse momento de desocupação alheia, mas nos temos que pensar em um tema!- disse por fim.

Frank desgrudou os olhos do celular, só para revira-los e voltou a digitar.

–Ai me dá essa merda- disse tomando o celular dele.

–Ei!- ele protestou.

–Ei nada, só devolvo no fim da aula- disse- alguém pensou em algum tema?

–Por que não... “ciúmes”?- Alice propôs.

–Boa ideia!- Josh concordou.

–Então vamos falar sobre ciúmes?- perguntei fazendo uma careta- que saco!

–É um bom tema, amplo e tudo o mais. Dá para falar sobre o que faz uma pessoa ter ciúmes, se você é contra ou a favor, se você já sentiu isso alguma vez- Ali disse.

–Tá. Vamos debater sobre isso- Frank disse- Quem já sentiu ciúmes de alguma pessoa?

Todos nós levantamos as mãos.

–Ok, e vocês sentiram ciúmes de quem?

Pensei em Lily beijando o Josh na festa do meu primo Lucas. E depois ela indo ao baile com ele, e dançando com ele. Digamos que eu não sou fã desse cara.

–De uma pessoa que gostamos- disse.

–E por que isso ocorre?- Frank perguntou.

–Porque a partir do momento que você passa a perceber que se importa com essa pessoa, que gosta dela, um sentimento de posse vem junto. E você se incomoda quando percebe que não é dono dela e que ela pode ficar com quem quiser- impressão minha ou a Ali olhou para o Frank enquanto falava?

–Eu acho que ocorre porque as pessoas querem controlar quem amam- Josh disse.

–Talvez, ou talvez seja apenas uma forma de se importar com quem você gosta- disse.

–Eu avisei que esse tema era bom de debater- Ali sorriu.

POV Lily

Perfeito! Simplesmente perfeito! Lene e Sirius não se falavam! Isso mesmo! Eles sentaram um em frente do outro, mas se recusavam a trocar qualquer palavra que fosse. Ou seja, eu e Marie estávamos fazendo tudo! Fazendo tudo sozinhas!

–Já chega vocês dois!- Marie disse sem aguentar mais- Não me interessa o que aconteceu entre vocês dois, não to nem ai para essa novela mexicana, mas esse trabalho é EM GRUPO e eu não to vendo vocês fazerem parte do grupo. Se querem nota façam alguma coisa! Porque eu não vou colocar o nome de vocês no trabalho se vocês não participarem.

–É, façam uma trégua e se falem enquanto estamos resolvendo esse negócio!- disse irritada-Vocês são ao menos um pouco maduros, não são?

Marlene e Sirius se encararam por um minuto e concordaram com a cabeça.

–Qual o tema?- Lene perguntou.

–Achamos legal falar sobre “medo de se apaixonar”- disse sorrindo, olhando para Six com uma sobrancelha erguida.

Ele cerrou os olhos e eu tinha certeza que ele estava fazendo força para não falar milhares de palavrões na minha cara.

–Certo... Mas por que esse tema?- Lene perguntou.

–Porque a paixão tá na vida dos jovens! Está na vida de todas as pessoas!- disse.

–Mas quando se é jovem você nunca experimentou isso antes e é normal ter medo... Então vamos abordar isso! Além de falarmos o que achamos desse medinho- Marie completou.

–Por mim tudo bem- Marlene disse.

–Ok. Começando o debate... Quem aqui já se apaixonou alguma vez?- todas as meninas levantamos as mãos.

Encaramos Sirius. Ele assobiava baixinho a música asa branca enquanto olhava para o teto.

–Que?- perguntou ao abaixar os olhos para me encarar.

–Você nuuuunca se apaixonou?- Marie perguntou prolongando o “u”.

–Você é nova por aqui e só por causa disso vou tolerar sua ignorância. “Sirius Black nunca se apaixona”, esse é meu lema de vida!

Marie se virou e trocou um olhar comigo. “Sério isso?” ela perguntou por meio de um olhar, no que eu respondi com um aceno.

–Mas talvez você já tenha se apaixonado, ou esteja apaixonado mas tem medo disso- disse.

–Ai! De novo esse papinho? Primeiro James e agora você! Eu não estou apaixonado! Eu não me apaixono, porra!- ele se pôs de pé.

–Claro que está! Eu vejo isso, James vê isso, todo o mundo vê isso! Menos você!- também fiquei de pé. Tinha uma pequena noção de que estávamos chamando a atenção de algumas pessoas sentadas ao nosso redor- Seu lema de vida devia ser “Sirius Black se apaixona, só não admite”.

Ele grunhiu e bateu com os pulsos fechados na mesa.

–O que está acontecendo aqui?- o professor se aproximou, mas nem demos atenção a isso.

–Você me disse dias atrás para eu ir cuidar da minha vida, e que da sua vida amorosa você cuidava! Mas agora quem tá metendo o dedo onde não é chamada?- ele me acusou.

–Dias atrás você não tinha fugido quando ia se declarar para alguém!- gritei frustrada.

–Se declarar para quem?- Lene perguntou sem entender.

–A vida é minha!

–Eu sei disso, mas a sua vida interfere na minha! E na das minhas amigas! Eu não vou deixar que você machuque ninguém que eu amo!

Sirius bufou. James chegou nessa hora, se postou atrás de mim e fez carinho no meu braço.

–Sirius, fica quieto!- ele disse- Se acalma senão eu vou lhe dar um soco para você acordar para a vida!

–Agora já chega!- o professor disse- Todos sentados com seus grupos e nada de debate aos gritos!

Me sentei e percebi que tinha se reunido uma galara ao redor da minha mesa.

Não falei com Sirius pelo resto do dia. Nem mesmo olhei para ele. Se ele queria arruinar a vida dele, ótimo, que se dane Sirius Black.

POV Dorcas

Depois dessa ceninha Black vs Lílian eu e meu grupo voltamos para a mesa. E quanto ao meu grupo...

AAAAAAH! O que eu tenho para falar do meu grupo? AAAAAAH! HORRÍVEL! TOTALMENTE HORRÍVEL! As meninas pelo menos conseguiram ficar com pessoas legais, e no caso da Lily e da Lene, conseguiram ficar juntas! Mas eu tenho que pegar esse grupo uó! E pior, pegar esse grupo sozinha! Sem ninguém para conversar!

–Vamos falar dos caras gatos do One Direction!- Emme tinha sugerido mais cedo.

Mas tanto eu quanto Remus não concordamos. Acabamos por ficar com o tema “mentiras”. Eu achei interessante falar sobre tal assunto meio polemico.

–Eu vou ao banheiro- Emme disse com sua voz enjoada- Clary venha comigo!

Clary se levantou e saiu com Emme sem dizer nada. Restou apenas eu e Remus na mesa, e um silencio incomodo pairou no ar.

–Então... Sua mãe está melhor?- puxei assunto quando ficou óbvio que ele não o faria.

–Sim, na medida do possível.

–Remus... é...- me perdi com as palavras.

–Sim Dorcas?- ele encarou meus olhos.

–Talvez devêssemos pegar algum livro que aborde esse tema- sorri amarelo.

–Claro.

Nos levantamos e nos encaminhamos para uma seção mais reservada no fim da biblioteca, onde se tinha livros grossos e empoeirados.

Achei um livro com um título que falava sobre mentiras e suas consequências, tentei pega-lo mais era muito alto. Peguei uma escadinha e tentei alcança-lo. Quando meus dedos tocaram no livro e consegui puxa-lo da estante acabei caindo da escada.

Mas em vez de cair no chão senti braços a minha volta e ao abrir os olhos vi Remus me segurando.

–Você tá legal?- ele perguntou preocupado.

–T-to sim- gaguejei.

Fui chegando mais perto dele e o beijei. A tanto tempo fora nosso último beijo, antes dele terminar comigo sem dar explicações. Sua boca parecia se encaixar na minha.

Ele se afastou de mim rapidamente, rápido de mais.

–Dorcas você não devia ter feito isso- e me pôs no chão.

–Feito o que? Lhe beijado?- perguntei quase chorando por ele ter me negado.

–Sim! Nós terminamos... Eu achei que com esse tempo você tivesse me esquecido! Seguido em frente!

–Não! Você terminou! Eu nunca concordei com isso Remus!- disse com as lágrimas rolando soltas, segurando o livro com força contra o peito- Você terminou, você me deixou e nem disse o porquê! Eu te amava e você nem se importou!

–De novo esse assunto!- ele parecia triste. Isso só me irritou mais ainda. Ele não tinha o direito de ficar triste!

–De novo esse assunto?! Sim! De novo e de novo até você me dar uma explicação! Porque eu sinceramente não entendo porque você terminou!

–Foi melhor assim Dorcas. Eu não sou bom o bastante para você... Você não iria entender.

–Quem decide quem é bom o bastante para mim ou não sou eu! Mas quer saber? Você está certo, você não é bom o bastante... Eu não mereço ficar com alguém que com toda certeza está me escondendo algo e subestima o que eu posso ou não entender- e sai correndo do corredor.

–Dô?- ouvi Lily gritar quando passei correndo pela mesa dela e fui em direção a porta.

Corri para fora da biblioteca e me sentei no chão.

–Dô?-Marie perguntou sentando-se ao meu lado.

–Oi- limpei uma lágrima.

–Ai Dorcas, o que houve?- ela perguntou.

Me vi despejando tudo nela, desde o inicio do meu namoro com Remus até o que houve minutos atrás. Ela ouviu tudo pacientemente e em silencio.

–E o pior é que eu sinto que ele não é honesto comigo! Ele tem um segredo!- disse ao terminar.

–As pessoas tendem a ter segredos por medo de se machucarem ao contarem para as outras pessoas, medo de não serem compreendidas- Marie tinha um olhar triste. Se era por causa da minha história ou por experiência própria eu não soube identificar. As vezes queria poder ler as pessoas tão bem quanto Lily, ou mesmo Lene- E a única maneira que elas encontram de se preservar é omitindo a verdade.

–Mas se ele me ama ele tinha que confiar em mim. Confiar que eu não o abandonaria simplesmente por causa de seja lá o que ele estiver escondendo.

–Às vezes é mais complicado que isso- Marie me abraçou- Vem, vamos voltar.

Me levantei e segui Marie para dentro da biblioteca. Não olhei para Remus até a aula ter terminado.

POV Lene

O dia foi um saco! Eu estava louca para sair da enfermaria, mas eu acho que era melhor eu ter continuado lá! Primeiro grupo com Black, depois sorteada para ser a dupla do Black no segundo horário. No almoço vejo Black comendo uma loira aguada no meio do corredor.

Até agora ainda não vi o meu novo quarto. A enfermeira tinha ido pessoalmente pegar meu uniforme, então eu não vi como o quarto ficou.

E depois do último horário eu vim direto para o jantar, porque comer comida de enfermaria por uma semana é horrível! Digamos que o cardápio de lá se resume a comida com gosto de vomito. E eu não sou muito adepta a comer vomito.

Me sentei de frente para Lily, entre Marie e Ali. Lily estava ao lado de Dorcas. Os Marotos ainda não tinham dado o ar da graça em aparecer para jantar. Mas pelo que Ali ouviu, Sirius não viria nem cedo, ele estava “jantando” uma cornival num corredor do terceiro andar. E ainda de acordo com minha amiga fofoqueira Frank tinha ido para o Salão Comunal com a nova amiguinha dele.

–Olha o James ali- disse olhando para a entrada.

James vinha andando em nossa direção quando uma menina branca, de cabelo loiro no ombro se aproximou dele. Ela pegou no braço dele e tinha nos lábios um sorriso colgate.

Vi Lily estreitar os olhos. A menina estava dando muito em cima do Jay, e ele agia naturalmente.

–Eu terminei meu jantar! Vou indo nessa, to morta de sono- e Lily saiu da mesa.

Com os cabelos ao vento ela passou por James e pela loira, com nariz empinado e sem olhar para trás.

James olhou para ela e a seguiu Salão a fora, deixando a menina falar sozinha.

–Lene!- Marie me chamou.

–Sim- me virei para ela.

–Quer ver seu quarto?

–Claro! Estou louca para ver como ficou!- e saímos de braços cruzados.

Incrível o quanto me aproximei de Marie tão rapidamente. Acho que ao compartilharmos o segredo do meu acidente criamos um laço forte.

Paramos em frente a porta do nosso novo quarto.

–Seja bem vinda- Marie falou sorrindo e abriu a porta.

–Ai nossa senhora da pegação!- disse entrando.

As paredes eram brancas. De um lado tinham as camas: dois beliches e uma cama normal. Entre o espaço dos beliches havia duas poltronas e três almofadas, para quando quiséssemos conversar. A janela ficava atrás das poltronas e era enorme! Um lustre de cristais caia do teto, dando um ar imperial e majestoso à decoração. Do outro lado do quarto tinham os guarda-roupas, que ocupavam toda a extensão da parede.

–Gostou?- Marie perguntou já sentada na cama normal.

–É... É perfeito!- sorri.

–Eu sei! Lily ficou dois dias aqui ditando ordens para os arquitetos. Ela tem jeito para liderança.

–Essa é sua cama?- perguntei me sentando ao lado dela.

–Sim e a sua é a em cima da Lily. Deixamos a mesma ordem da anterior. Só que agora se eu quiser falar com Lily eu posso só me sentar e falar da minha cama mesmo!

–Marie eu posso lhe fazer uma pergunta?

–Claro, o que foi?

–Por que você não disse às meninas o que realmente aconteceu na noite do meu acidente?- despejei minha dúvida nela, porque realmente o que Ali falou fez sentido se ligado ao fato de Marie ter mentido e protegido Mika.

–Você por acaso falou? Entenda Lene, isso era assunto seu. Eu não podia me intrometer e sair falando algo que não é da minha conta. E quando alguém passa por esse trauma é normal esperar um pouco até poder falar sobre. Acredite, eu sei como é horrível ser abusada- ela disse com um olhar triste.

–Você já passou por is...

Antes que eu completasse a frase Marie saiu correndo para o banheiro. A segui e vi quando ela vomitou todo seu jantar no vaso sanitário.

Quando ela levantou a cabeça após já ter dado descarga, seu rosto estava sem cor.

– Ai minha nossa senhora da pegação! Você tá grávida?- perguntei/ acusei.

POV Lílian Evans

Sai do Salão Principal depois de ter presenciado aquela ceninha patética entre o Potter e aquela garota. Ainda o ouvi gritar meu nome, mas me fiz de surda.

Senti uma mão se sentar no meu pulso e me fazer girar.

–Você não me ouviu lhe chamando?- Jay perguntou me encarando.

–Desculpa... Sabe como é, estava com pressa- respondi com um sorriso muuuito falso.

–Por que saiu daquele jeito sem nem me cumprimentar?

–Por nada... Só que parecia que você estava ocupado- Me escorei na parede.

–Foi por causa da Elena? Foi isso! Por acaso isso é ciúme Lílian Evans Potter?- ele sorriu travesso.

–Claro que é- disse sarcástica- e um meteoro vai cair em cima de nossas cabeças agora mesmo. Não seja ridículo Potter!- e voltei a andar, mas ele me puxou de volta.

–Se você não está irritada comigo para que me chamar de Potter? Vai Lily, confessa de uma vez que você morreu de ciúmes.

–Eu ainda estou viva, então sua afirmação está errada.

–Você entendeu.

Revirei os olhos.

–Tá! Tá bom! Eu estava louca de ciúmes sim, e dai? Você ficou todo todo perto daquela mina! Queria o que?

Ele sorriu e se aproximou mais de mim.

–Não tem pra que ter ciúmes de mim. Sou todo seu- e me beijou.

Depois que nos separamos ele falou:

–Acho que talvez se você não quer que as meninas deem tanto em cima de mim poderíamos oficializar nosso relacionamento e dizermos a todos que estamos juntos.

–Jay...

–Eu seu, eu sei... Marie. Mas ela não tá nem ai para mim! Ela já ficou com um lufano final de semana passado!

Encarei os olhos pidões dele e suspirei.

–Tá!- ele gritou um “isso!”- mas primeiro só com nossos amigos e depois que o resto dessa escola descubra por si só, ok?

–Ok! Como você quiser minha ruivinha-e me beijou de novo.

–Sr. Potter e Sr.ª Evans!-McGonagall disse em tom de desaprovação, fazendo com que nos separássemos a contra gosto- Voces sabem que é terminantemente proibido troca de afetos em público depois das 20 horas!

–Desculpe tia Minnie!- James disse, o que provocou um olhar carrancudo de Minerva.

–Desculpe professora McGonagall, isso não vai se repetir- dei um tapa em Jay antes de começar a falar.

–Sei- ela disse sem acreditar na minha palavra. Me senti ofendida por causa da desconfiança de Minerva. Ora bolas, eu lá tinha culpa se eu desrespeitava todas as regras dessa escola? Mas, pensando bem, nem eu mesma acreditaria em mim, porque eu sou uma das maiores causadoras de problemas dessa escola.

–Bom, nós vamos andando para nossos quartos, né James?- perguntei segurando a mão dele.

–Sim, claro!- ele concordou.

–Sem desvio pelo caminho! Direto para cama!- Minerva ordenou.

Saimos andando mas ainda ouvimos ela sussurar:

–Até que em fim eles se acertaram. Talvez eu possa ter um ano de paz nessa escola sem me preocupar com as brigas deles!

Entreolhamos-nos e sorrimos. Se dependesse de mim, não haveriam brigas por um logo tempo. Mal sabia eu que o destino iria brincar comigo de novo, transformando dias de sol em dias de chuva.