POV Marlene:

 Acho que quase todas as garotas (E garotos que gostam de usar salto alto) já passaram pelo que eu estou passando agora.

 Sabe quando você está usando um sapato que está apertando até a sua alma, mas você não tira por nada? É o que está acontecendo.

 Depois de ficar um tempo em pé conversando com a Molly e com o Arthur, resolvi me sentar em uma das cadeiras do bar e pedi uma bebida. Foi quando Ben chega e se senta do meu lado.

 - Posso continuar te chamando de Lene ou tenho que me curvar e saudar a Cleópatra? – Ele disse claramente brincando comigo. Mas digamos que não estou em um dia muito bom.

 - Olha, Loki. Mais uma gracinha e te mando de volta pra Asgard. – Eu disse tomando um gole da minha bebida.

 - Será que eu poderia saber o motivo desse mau humor real? – Ele perguntou e eu o encarei.

 - Eu não estou mau humorada hoje... – Eu disse e ele me encarou cético. – Tá. Talvez eu esteja um pouco, por causa desses sapatos que estão deixando meu pé em carne viva.

 - Por que você não a tira? – Ele perguntou. – Assim fica mais fácil de danç...

 - Claro que não! – Eu o cortei. – Vai chegar o dia em que eu, Marlene Mckinnon, vou tirar o sapato em uma festa por causa de dor. – Eu disse convincente demais, e ele suspirou e mudou sua expressão.

 - Você sabe aonde as meninas estão? – Ele disse mudando de assunto.

 - Não vi elas desde que o James deu a louca na pista de dança e toda a escola se reuniu pra ver o espetáculo. – Eu falei tomando mais um gole, e me virei para ver a pista de dança. Nisso, percebo que, do outro lado da pista de dança, um grupo de pessoas estavam sentadas no canto mais escuro do salão.

 Severo Snape fantasiado de V de Vingança; Lúcio Malfoy vestido de Coringa (inspirado no Heath Ledger); Narcisa Black de Harley Quinn; Bellatrix vestida de Noiva Cadáver (igual a do desenho do Tim Burton, sabe?) e Régulo vestido com uma calça jeans preta, sapatos sociais, uma camisa social branca e um blazer azul escuro. Parece uma roupa normal, se não fosse o rosto da pessoa, que estava maquiado, o fazendo ficar com a aparência de uma caveira. Percebi que ele também havia pintado suas mãos.

 Mas ele estava com uma aparência triste...

 - O Régulo não parece estar bem... – Eu digo olhando o encarando, mas ele parecia estar tão absorto em pensamentos que nem notou que eu sequer estava na festa. – Apesar da fantasia muito foda...

 - Acho que eu sei porque ele está assim. É só olhar para a Miller.

 Carly Miller estava sentada exatamente do outro lado do salão, e também tinha a mesma expressão de Régulo. Inclusive...

 - As fantasias deles estão combinando! – Eu disse surpresa ao olhar ela mais atentamente.

 Seu rosto estava coberto por uma maquiagem de caveira mexicana, assim como a de Régulo, só que havia mais flores e coisas coloridas. Assim como ele, ela pintou os braços como se fosse realmente um esqueleto, e vi que tinha colocado uma meia calça imitando os ossos das pernas. Ela devia ter colocado aplique, pois seu cabelo estava simplesmente gigante. E sua franja estava presa com algumas flores. Usava um vestido vermelho simples, e estava de salto alto preto.

 Caramba... Ela estava linda.

 Nota: Preciso pedir emprestado aquele vestido um dia desses.

 Ela estava junto com duas garotas, provavelmente da Sonserina também, que estavam vestidas de dançarinas de Cancan e dois rapazes, que eu não soube identificar o que era aquilo que estavam usando.

 - Acha que eles brigaram? – Ben perguntou para mim.

 - Eu tenho certeza. Não se vira a cara um pro outro desse jeito do nada. – Eu disse tomando mais um gole da minha bebida. – Acho que eles deviam fazer as pazes... Ficam tão lindos juntos... Apesar de o Régulo ser um Black. Mas nem tudo é perfeito, não é mesmo? – Eu disse suspirando.

 E involuntariamente a imagem de certo cachorro veio a minha mente.

 - Aposto que quando diz Black, é no Sirius que você pensa, e em mais ninguém da família.

 - Como você adivinhou? – Eu disse olhando para baixo.

 - Por que você é Marlene Mckinnon! E ele é Sirius Black. Que pessoa não pensa em Sirius Black? – Ele disse rindo alto.

 De vez em quando esqueço que ele é gay.

 Eu ia falar alguma coisa pra ele, mas alguém me chamou.

 - Falando nele... – Ben sussurra no meu ouvido antes de sumir na pista de dança.

 Eu me virei para trás e lá estava ele... Ou o que eu acho que é ele. Ele estava usando máscara, então não consegui ver muito bem, e fora que o lugar já estava escuro o suficiente.

 - Sirius? – Eu perguntei forçando meus olhos.

 - Sou eu, Marlene. O Remo está nos chamando lá fora. – Ele disse sério. O que não é típico de Sirius Black em uma festa.

 - Certo... – Eu disse me levantando e passando do seu lado, me dirigindo para a porta de entrada da festa.

 Lá estava ele e James conversando como se nada estivesse prestes a acontecer.

 - ... E as meninas? Não seria bom tirar elas por uns segundos até começarmos? Só pra não correr riscos desnecessários... – Remo disse todo preocupado.

 - Benjamin já está cuidando disso. Ele me mandou uma mensagem falando que está com a Dorcas e a Mary. Agora ele vai procurar a Alice e a Lily. – James falou checando seu celular, e logo depois notou que eu e Sirius estávamos atrás dos dois.

 - E ai? Tudo certo pra hoje? – Eu perguntei para os dois, que me afirmaram balançando a cabeça.

 - Mudança de planos, mas vai dar tudo certo. – Remo disse sorrindo para nós.

 - Que mudança?

 - Era pra você ir para a sala 20 da Sonserina com o Frank, só que ele vai ir comigo na sala de Artes, enquanto Pedro e Remo vão para a sala do lado da de vocês. Aí depois descemos todos e fazemos a festa aqui embaixo.

 - Sendo assim... – Eu comecei.

 - Sirius vai ir com você. – Remo concluiu.

 Que maravilha. No bom e no mau sentido. No mau porque estamos meio que nos evitando ultimamente, esperando as coisas esfriarem um pouco. E no bom... Porque ele é Sirius Black! Precisamos de mais alguma explicação?!

 - Precisamos ir rápido! – Frank falou correndo, com Pedro, vulgo Darth Vader, atrás dele. – Arthur está enrolando as meninas também! Mas elas parecem um tanto impacientes.

 - Certo. – James disse arrumando seu chapéu de pirata. – Vamos logo. Peguem as bolsas. E não se esqueçam, não entrem na quadra de basquete. – Ele disse correndo e Remo foi atrás dele como uma das três bolsas que estavam no chão.

 - Por que não podemos entrar na quadra de basquete? – Eu perguntei para os meninos, que já estavam pegando uma das bolsas.

 - Ele está querendo fazer uma certa... Surpresa. – Frank disse todo Maroto. – Espere e verá. – Ele disse rindo. - Caprichem. – Ele disse e saiu correndo, sendo seguido por Pedro.

 Que tipo de surpresa será que o Potter está arrumando?

 Tenho certeza que tem algo a ver com a Lilian.

 Será que...

 - Marlene... Vamos? – Sirius disse pegando a bolsa e saindo na minha frente, nem olhando na minha cara.

 Vai ser uma longa noite...

 (...)

 - Aqui estamos. – Ele disse quando chegamos à sala 20 do corredor da Sonserina.

 O plano era o seguinte...

 Fazemos algumas coisinhas muito legais aqui nessa sala e nos banheiros desse corredor, enquanto os meninos terminam o serviço. Ai depois descemos e damos umas boas vindas para o pessoal na Sonserina na festa.

— Trouxe tudo? – Eu disse tirando minhas sandálias e dando graças á Merlin por meus pés poderem descansar.

 - Sim. – Ele disse pegando uma lata de spray preta e um molde de grafite e me entregando, e depois pegando um saco, que dentro tinha várias bexigas, e eu não quis saber o que tinha dentro delas.

 - Pedro desativou as câmeras. Elas só vão ficar desligadas durante quinze minutos. – Sirius falou saindo da sala silenciosamente e indo para os armários do lado. – Você fica com os banheiros. Eu com os armários. – Ele disse sério.

 - Certo... – Eu sussurrei e saí de perto. Eu nunca vi Sirius Black ficar emburrado desse jeito em uma festa.

 Chegando ao banheiro, comecei a pichar nas portas dos boxes.

 Havia vários desenhos que os meninos me pediram para pichar.

 Um era a de um leão, o outro de uma cobra com um nó na cauda... Enfim. E eu achando que eu era a infantil. Mas como eles são os anfitriões da festa e eu tenho um ódio profundo por certas pessoas da Sonserina... Decidi fazer isso.

 Assim que acabei de pintar as portas e os espelhos, voltei para a sala para pegar a mochila. Não encontrei Sirius nem no corredor nem na sala.

 - Não é possível que aquele imbecil me deixou aqui sozinha... – Eu resmunguei, mas continuei fazendo o que deveria fazer.

 Voltei para o banheiro, mas dessa vez eu não entrei, e fechei a porta. Na maçaneta da parte de fora, eu passei um pouco de cera de lustrar carros, aquelas bem escorregadias.

 James disse que essa é a parte crucial da “missão”. De vez em quando eu acho que ele viaja um pouco e acha que é o Tom Cruise. Só acha mesmo.

 Depois de limpar minhas mãos, voltei para a sala em que a mochila estava, e encontrei Sirius sentado em cima de uma das carteiras.

 - A Cinderela apareceu... – Eu disse caminhando até ele e me sentei na carteira que estava do lado da dele. – Sirius? – Eu o chamei, mas ele continuou sério. – O que aconteceu?

— E você ainda pergunta... – Ele resmunga. Ele está parecendo aquelas velhas chatas que ficam te criticando por qualquer motivo.

 - O que foi? – Eu perguntei séria para ele. Me levantei e fiquei na frente dele. – Você tá com essa cara amarrada comigo desde o começo da festa, e olha que já faz tempo que ela começou.

 Ele me encarou, ele logo depois tirou a máscara de Zorro e o chapéu.

 - Eu preciso tomar um ar... – Ele disse saindo de perto de mim.

 O que acabou de acontecer, produção?

 - Sirius! – Eu o chamei, mas quando cheguei até o corredor, ele já não estava mais lá.

 POV Narradora:

 Benjamin estava conversando sobre as fantasias da festa com Molly no jardim, enquanto Arthur entretia as meninas, para que elas não reparassem muito que todos os Marotos (e Marlene) sumiram, o que já deixava um suspense no ar. Ele ouviu passos indo até ele, e se virou.

 - Posso conversar com você? – Um certo Zorro o chamou. Eles se encararam sérios.

 - E a Marlene? Aonde ela está? – Ele perguntou, e viu que Molly saia de perto.

 - Ela está... No prédio ainda. Já está saindo. – Sirius Black falou sério.

 - Sorte sua que ela sabe se virar sozinha se for pega por algum professor. – Bem resmungou. – O que quer falar comigo?

 - Vou ser direto... Como eu falo pra alguém que eu gosto dela?

 Benjamin o olhou diretamente com uma cara cética.

 - Não acredito que você me perguntou isso... Chega pra pessoa e fala! – Ele disse dando uma risada no final.

 - Eu já sei dessa parte, Sr. Óbvio. O que eu quero dizer é... Como eu chego nessa parte. – Sirius falou impaciente.

 - Na hora que você olhar pra Lene, você vai saber o que falar. – Ben disse sorrindo e bebendo um pouco da bebida que estava em seu copo.

 - Como você sabe que é a Lene? – Sirius perguntou, mas Benjamin já estava entrando novamente para a parte movimentada da festa.

 - Quem não sabe disso? – Benjamin falou alto suficiente para ele ouvir, e depois resmungou baixinho: - Depois eu é que sou o Sr. Óbvio...

 POV Lilian:

 Se o Arthur acha que vai ficar me enrolando aqui, ele está muito enganado.

 - Arthur... Sei que o papo de como as nossas fantasias estão legais está muito interessante... – Eu disse suspirando. – Mas eu queria saber onde a Lene está.

 - Estou aqui, Lilica. – Marlene disse chegando perto de onde estávamos. Percebi que ela havia tirando o aplique de franja que estava usando.

 - O seu cabelo está diferente. – Dorcas disse.

 - Aquele aplique estava me incomodando. – A morena disse. – Acho que vou deixar só essas pequenas trancinhas aqui, e já ficou bom.

 - Ah... – Dorcas disse.

 - Onde você estava? – Eu perguntei para ela.

 - Estava resolvendo umas coisas ai... Nada demais. – Ela disse. E ainda acha que me engana.

 - Entendi... – Eu disse olhando pra ela, e ela me olhou de volta.

 Ela que pensa que eu vou deixar isso de lado.

 - E o James e os meninos? – Lene perguntou.

 - Não vi eles ainda. Devem estar organizando coisas da festa, certo? – Dorcas perguntou olhando para Lene, esperando uma confirmação.

 - Talvez sim... – Ela disse. – Vou procura-los, vem comigo, Lily? – A morena disse para mim, que assenti na hora e fui com ela. Era agora a minha oportunidade de saber aonde e com quem ela estava.

 Assim que entramos na festa, fomos atacadas por uma avalanche de pessoas fantasiadas. Mas quando eu digo avalanche, eu não disse no sentido figurado.

 Era literalmente um monte de pessoas caindo em cima das outras.

 - Mas o q... – Eu deveria ter continuado... Mas eu fui amassada pela Rainha da Inglaterra. O pelo menos era o que eu achava que a fantasia da menina era.

 - Lily! – Marlene não sabia se ria da minha cara ou se me ajudava a levantar.

 Bela amizade.

 Depois que essa multidão passou e eu consegui me levantar, Marlene começou a rir descaradamente da minha cara.

 - Isso, ri mais. – Eu disse suspirando.

 - Desculpa, Lily. Vem, vamos achar o James. – Ela disse pegando na minha mão e me guiando no meio da multidão.

 - Por que temos que achar ele?

 - Ele disse que tem uma surpresa pra você. – Ela disse sorrindo maliciosamente.

 Só eu que estou sentindo que ela faz parte desse plano dele?

 POV Dorcas:

 - Alice! Vamos! – Eu disse para a morena do meu lado, vestida de Gata Risonha. Estava tentando convence-la de entrar para a festa.

 - Dorcas... Olha o tanto de gente. Vi a coitada da Lily ser espremida pela bunda da Rainha. – A morena disse. Arthur tinha nos deixado aqui depois que viu a Molly o chamando, e claro, ele não podia a deixar esperando.

 - Tenho que achar o Remo... Se bem que eu acho que ele foi pra Nárnia. Porque aqui ninguém sabe dele. – Eu disse ficando preocupada. Nunca tinha visto ele sumir desse jeito.

 - Vamos... Só que eu não quero ser esmagada. Vamos pelas portas dos fundos. Deve ter menos gente. – Alice disse enquanto eu já puxava ela pela porta dos fundos.

 Assim que chegamos no fundo do salão da festa, percebi que não tinha quase ninguém ali. Porém, eu ouvi murmúrios.

 - Ele está mesmo vindo pra cá? – Uma voz masculina disse.

 - Sim. Mas ele está disfarçado, não vai ser problema. – Uma voz feminina cochichou de volta.

 - Será que isso não vai dar problema. Já tive muitos problemas desde a ultima vez. A polícia foi parar lá em casa. – Uma outra voz feminina disse, e essa eu reconheci. Era Bellatrix Black.

 - Eu ainda acho que essa não é uma boa ideia. – Uma outra pessoa disse, que reconheci ser Narcisa. – E-Eu...

 - Você quer que ele nos ferre? – Um homem perguntou para a loira. Não conseguia ver quem era, pois as decorações tapavam todos, de forma que só me era permitido escutar suas vozes. – Vamos fazer o que ele quer.

 - E como conseguiram o convite? – Bellatrix perguntou.

 - Isso não foi difícil. É só ameaçar um pouco os fracotes daqui que eles te dão tudo o que você quiser.

 - Vamos sair daqui antes que... – Não ouvi o resto da conversa, pois Alice já tinha me puxado pra dentro da festa.

 Olhei pra ela indignada.

 - Se eles no pegassem, estaríamos mortas. – Ela disse sorrindo para o pessoal que a cumprimentava, como se nada tivesse acontecido.

 - Eles sabem do que aconteceu na boate... – Eu disse para mim mesma. – E... Quem é que vai vir pra essa festa? – Eu sussurrei em meio aos esbarrões de pessoas dançando freneticamente.

 Decidi deixar a Alice lá dançando e me sentei um pouco.

 Eles tinham relação com o que acontecera comigo e com a Marlene uns tempos atrás. E Bellatrix com certeza estava envolvida nisso. Mas pelo que sei a polícia só fez algumas perguntas pra ela e pronto. E como não tinham provas realmente concretas, deixou esse caso de lado.

 Agora a Narcisa está nesse caso também? Se ela estiver, com certeza Lúcio também está. E é bem possível que os amiguinhos grudentos dele também...

 Será que Régulo também está nisso? Ele pode ser da Sonserina, mas ele não tem cara de que faria uma crueldade dessas.

 Nesse meio tempo, eu senti dois braços passando pela minha cintura.

 Um certo Príncipe Encantado veio me buscar.

 Sim, agora eu posso falar isso.

 - Já se acostumou com sua fantasia, Príncipe? – Eu o provoquei enquanto ele ficava de frente para mim.

 - Não, estou doido pra tirar isso... Tô parecendo que saí do conto da Cinderela. – Ele fez uma careta. – Que cara é essa? – Ele perguntou, eu ainda deveria estar com uma cara um tanto séria.

 - Remo... Você percebeu alguém aqui nessa festa, que não deveria estar... Digo, alguém desconhecido? – Eu perguntei séria.

 Ele olhou em volta e depois se voltou para mim.

 - Eu não vi ninguém diferente aqui não... Fica difícil quando está todo mundo fantasiado. Por que?

 - Eu... – Eu olhei para ele. Não queria estragar a festa dele com um comentário que eu ouvi, sendo que eu nem sei se é verdade, já que o pessoal da Sonserina estava meio desconfiado. – Não é por nada. – Eu sorri para ele, que sorriu de volta.

 - Você quer alguma coisa? – Ele perguntou indo rumo ao bar.

 - Eu vou com você. – Eu disse agarrando seu braço. Acho que, apesar de ser apenas ideias da minha cabeça, não me senti muito bem ao me imaginar sozinha naquela festa.

 Assim que chegamos ao bar, eu vi Sirius sentando ali. Dava pra ter certeza que era ele, já que ele estava sem a máscara, apenas com o chapéu. Me aproximei dele, e vi que ele estava bebendo...

 - Água? Me surpreendendo em, Sirius? – Eu brinquei com ele, que sorriu para mim.

 - Estava procurando a Marlene, viu ela? – Ele perguntou.

 - Não... Ela deve estar lá fora. – Eu disse e ele saiu depois de se despedir de mim e de Remo.

 Esperava realmente que Sirius achasse a Lene. Assim ela também não correria riscos desnecessários.

 Assim que ele saiu, Remo me chamou.

 - Você está preocupada com alguma coisa.

 - Eu... Estou com medo. – Eu disse para ele, que me olhou confuso. – Essa é a primeira festa que eu fui desde que aconteceu aquelas coisas comigo e com a Lene. Estou preocupada. – Eu disse suspirando.

 - Não se preocupe... Estou aqui com você, e não vou sair do seu lado. – Ele disse me beijando logo em seguida.

 POV Narradora:

 Sirius saiu da festa para procurar Marlene...

 “Quando eu mais quero ver ela, ela não aparece de jeito nenhum...”— Ele pensou.

 Quando ele se virou para voltar para a festa, ele viu uma sombra embaixo de uma árvore. Na verdade, duas sombras.

 Ele se aproximou e suspirou de alívio. Tinha achado ela.

 Marlene estava encostada na árvore, conversando com uma menina da Corvinal, e percebeu que tinha atrapalhado a conversa, já que quando se aproximou, sentiu uma tensão no ar.

 - Marlene, posso conversar com você? – Ele perguntou cautelosamente, vendo o olhar mortal da morena para ele.

 - O que foi? – Ela perguntou e ele ficou olhando para a Corvinal, ignorando o fato de que a garota olhava fixamente para ele, esperando uma deixa pra ela se agarrar no rapaz. Marlene percebeu que ele queria conversar a sós, então se virou para a menina e falou: - Julie, pode pegar uma bebida para mim lá dentro?

 A menina, fazendo uma careta mínima, se virou e entrou para a festa. Assim que percebeu que estavam a sós, Sirius pegou na mão da garota na sua frente, e saiu rapidamente para o prédio da escola, a arrastando consigo.

 Os corredores estavam todos escuros, então não dava pra perceber se tinha mais alguém ali ou não. Não que isso importasse, pois rapidamente ele entrou numa sala com Marlene e fechou a porta.

 - Sirius... O que foi? Primeiro você fica todo seco comigo... E agora quer conversar... Confesso que estou curiosa. - A morena disse se escorando em uma das carteiras ao fundo da sala. – Só espero que não me arrependa.
 Sirius se aproximou devagar, pensando muito bem em quais palavras iria pronunciar. Talvez seja o momento, mas ele reparou o quanto os olhos castanhos da garota brilhava na luz da Lua que emanava da janela. E mal sabia ele que esse brilho que estava admirando era o efeito que ele causava na morena.
 - Lene... Me desculpa. - Ele falou sussurrando. - Me desculpe por não ser o príncipe que você merece, afinal, nunca tive vocação pra isso. Eu sou o vilão da história. - Ele sorriu de canto. - Me desculpe por te fazer sofrer, e por ficar te decepcionando. - Ele se aproximou da garota suficientemente bem para encara-la nos olhos.
 - Você já disse isso... E não deu certo. Você sabe... Como vamos continuar desse jeito? Eu não consigo mais. - Marlene disse desviando o olhar.
 - Mas eu também não quero que as coisas fiquem desse jeito. - Sirius disse sério. - Lene, eu estou longe de ser o cara perfeito pra namorar, mas eu te peço uma coisa... 
 - Que coisa? - Ela perguntou se virando, e percebendo que ele estava mais próximo, fazendo seu coração pular e sua voz vacilar por alguns segundos. Mas ela não podia perder o controle agora.
 - Uma chance estaria bom. - Ele disse com divertimento, mas continuou com seu semblante sério. - Eu posso não ser a pessoa mais perfeita e certa do mundo... Certo, estou bem longe disso. Mas eu quero te fazer feliz... E pelo que o Remo me disse em uma conversa sobre “essas coisas”, isso é o bastante. Isso seria o bastante, não seria? - Ele perguntou brincando com uma mecha do cabelo da morena.
 - O que? Você está querendo... Namorar? - Marlene perguntou vacilando na voz.
 Ele pareceu pensar um pouco. Ela tinha certeza de que ele iria negar, afinal, não tinha cabimento uma coisa dessas estar acontecendo.
 - Descobri que tenho mais medo de falar essa palavra do que pensava. - Ele disse voltando a encarar a moça a sua frente. - Eu gosto muito de você. E infelizmente só percebi isso agora, quando estava prestes a te perder. Espero não ter sido tarde demais.
 Marlene poderia jurar que tinha alguma câmera escondida em algum lugar, e que tudo isso era uma pegadinha dos Marotos. Mas ela sabia que não era isso.
 Primeiro: porque eles nunca brincavam com os sentimentos de outras pessoas.
 Segundo: Sirius estava muito sério, coisa que ele fazia apenas quando estava sendo totalmente franco com alguém. Ou quando estava muito bravo.
 - Seu cachorro. - Marlene falou, e antes que ele pudesse ter alguma reação, ela o puxou para mais perto, selando seus lábios num beijo terno, que rapidamente se transformou em algo mais profundo, com paixão, desejo.
 Suas mãos foram parar no colarinho do rapaz, enquanto mãos masculinas brincavam no espaço entre suas costas e sua cintura, a fazendo arrepiar. É graças a sua roupa, que era aberta nas costas, Sirius pôde perceber isso, o que o fez sorrir.
 Ele não queria parar nunca mais, mas conforme a falta de fôlego foi chegando, eles tiveram que se separar, mas ainda continuaram abraçando-se um ao outro, com os rostos a centímetros de distância.
 - Posso te perguntar uma coisa? - Marlene disse brincalhona para Sirius, que concordou sorrindo de orelha a orelha. - Quer namorar comigo, Sirius? 
 O garoto a encarou, mal acreditando que aquelas palavras haviam saído da boca que acabara de beijar.
 - Você diz, ficar se agarrando, e enchendo o outro de beijos e abraços vinte e quatro horas por dia? - Ele perguntou e ela fez uma careta.
 - Claro que não. Uma coisa sem contrato... - Ela aproximou sua boca perigosamente perto dele. - Vamos ter um compromisso. Trocamos presentes e beijos... - Ela aproximou sua boca do pescoço do rapaz. - Saímos de mãos dadas e vamos ser fiéis um ao outro... - Ela beija vagarosamente a parte do pescoço de Sirius que fica embaixo da orelha, o fazendo arrepiar. - Você é meu... - Ela o encarou com olhos brilhantes. - E eu sou sua.

 Ela definitivamente sabia como convencê-lo de uma maneira que ninguém nunca conseguiu, e percebeu do poder que tinha sobre ele quando viu seu pescoço todo se arrepiar com o simples toque de seus lábios nele.
 - Fechado. - O moreno disse sorrindo e logo depois a beija intensamente. - Vem cá... - Ele disse entre beijos. - Meu carro está parado aqui no estacionamento... Bem distante dos outros, atrás do teatro...
Ele nem terminou de falar, quando Marlene sai de perto dele.
 - Esteja me esperando daqui dez minutos. - Ela disse saindo da sala.
Assim que ela saiu, ele se desabou em uma cadeira sorrindo para as paredes e suspirando pesado, em busca do fôlego. Ela tinha topado isso mesmo? Não que esteja surpreso... Já transaram no carro dele. Mas dessa vez ela foi bem decidida.
 Agora, Sirius Black tinha uma namorada. E essa pessoa era ninguém mais ninguém menos que Marlene Mckinnon.
(...)
 Marlene não podia estar mais feliz. Simplesmente não conseguia parar de sorrir. E tinha motivos, bons motivos... Ela havia encoleirado o cachorro mais safado do Reino Unido.
 Entrou no salão de festas, e logo achou James. 
 - James... Tem alguma coisa que temos que fazer agora? - Ela perguntou e James sabia que ela estava se referindo ao Sirius também.
 - O show já vai começar, iria pedir pra arrumarem alguma coisa pra fazer de todo jeito... - James disse sorrindo safado. - Estava indo procurar a Lily, aliás.
 - Bem, sendo assim, nos vemos depois. - A morena disse saindo saltitando pela festa.
 - Lene, não sei o que o Pads disse pra você, mas parece que você ganhou na loteria. - Foi o que ela ouviu antes de a próxima música começar.
Estava indo em direção à saída dos fundos, quando alguém se esbarra nela.
 - Me desculpe... - Ela disse, mas logo viu quem era. - Régulo! Oi!
 - Vi o Sirius indo para o carro. Aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou sério.
 - Aconteceu... E é por isso que tenho que ir. - Ela disse sorrindo. - A propósito... - A morena parou e se virou para o amigo novamente. - Carly quer conversar com você.
 E saiu. Era mentira... Era. Mas era por uma boa causa.
 Assim que chegou ao estacionamento, viu que o carro de Sirius bem no canto, distante de todos os outros. Foi caminhando lentamente, quando viu que ele estava encostado no capô do carro, tremendo de frio, ficou com um pouco de dó e apressou o passo.
 - Não pode ficar ai no frio, idiota. - Ela disse se aproximando, e ele a encarou sorrindo de canto.
 - Então eu acho melhor entrarmos logo. - Ele disse entrando logo no carro.
 Sirius não dava bola para gentilezas fúteis, como abrir a porta do passageiro, ou ceder seu lugar no banco do metrô. Mas Marlene não reclamou, ela estava feliz com aquilo. Porque aquela pessoa era ele, e ficava feliz de pensar que ninguém, nem mesmo ela, vai mudá-lo.
 Assim que entrou no carro, sentiu uma onda de ar quente, o que a esquentou na hora.
 Mas não era o calor do aquecedor que ela queria, e sim o calor do corpo de Sirius colado ao seu. Isso era o que ela mais queria.
 E não demorou muito para que seus desejos pudessem ser atendidos.
 Em menos de cinco minutos, ela já se encontrava sem sapatos e no colo de Sirius, que tinha os primeiros botões da camisa social preta desabotoados.
 - Qual é a dessa fantasia de Zorro? - A morena perguntou em meio aos muitos beijos.
 - Eu não tive tempo de elaborar uma melhor. Tinha a calça e a camisa. Achei essa mascara num baú do tio Charlus, e depois foi fácil arrumar a capa e o chapéu. E essa Cleópatra? - Ele disse sorrindo e indo para o banco de trás.
 - Miriam disse que adoraria me ver vestindo uma roupa clássica, já que não se vê muitas pessoas vestindo coisas assim. Até que gostei da ideia. -  A morena disse acompanhando o rapaz. - James disse que já está tudo pronto.
 - Assim que voltarmos, podemos nos deliciar dos espetáculos de fantasias que veremos. - Sirius disse sorrindo e beijando o busto de Marlene, enquanto a mesma enlaçava seus braços nos largos ombros do rapaz. Ele subiu seus beijos para o pescoço, a fazendo suspirar. - Só não quero que saia do meu lado.
 - Por quê? - Ela perguntou inocentemente enquanto se sentava no colo dele novamente, dessa vez tirando sua camisa.
Sirius segurou o rosto de Lene com calma, e a encarou fixamente.
 - Porque você é a minha namorada, não é?