POV Marlene:

Estou aqui nos ensaios da peça com o Ben. E enquanto eu e ele estávamos escolhendo os tecidos para montar cada roupa, os ensaios estavam acontecendo no palco.

– Ama, onde está minha filha, ama? Chame-a. – Eu ouvia a voz de Alice, que estava interpretando a mãe da Julieta.

– Por minha Virgem! Já a chamei... Onde anda essa pequena? Julieta... Julieta? – Dorcas falou.

– Que há? Quem está me chamando? – Julieta, que no caso era Maggie Puta Falcon apareceu em cena. E o pior é que essa vadia interpreta bem...

– Vossa mãe. – Dorcas falou meio contrariada, mas acho que só eu que percebi isso.

– Eis-me aqui senhora minha mãe. Que desejas? – Maggie falou.

– Ama, deixe-nos a sós um momento, preciso falar em segredo. – Acho que, de acordo com o texto, Dorcas saiu de cena. - Volta. Pensei melhor, deves ouvir esta conversa. Falta pouco para completar dezesseis primaveras... Diga-me filha... Que sentes em relação ao casamento?

– Coisa com o qual não sonho. – Falcon falou.

– Já é tempo de pensar no assunto. Se não me engano com tua idade, já era tua mãe. E não sei já percebeu, o valente Paris anda interessando em você. – Alice falou.

Maggie e Severo? Até que seria engraçado...

– Ah, que homem senhorita, que homem! – Eu ouvi a voz de Dorcas. Ela havia voltado á cena.

– Não há em Verona melhor partido. – Alice falou, e eu percebi que ela estava segurando a risada.

– E que partido! – Dorcas (ama) também estava segurando a risada. E não é pra menos... Se o Snape é o melhor partido... Nem quero ver o pior.

– É de meu agrado receber Paris e seu corte aqui. – Alice (Mãe de Julieta) falou.

– Procurarei aceitar sua corte. Já que é de seu agrado. – Julieta falou.

– Eu sabia minha filha. Bem, o conde nos espera. – A mãe de Julieta falou.

– Vai pequena! Procura felizes noites para que tenhas felizes dias! – E a cena acaba com a Dorcas falando.

Depois disso, eu me foquei no trabalho das roupas, e com isso nem vi o tempo passar. Só sei que no final eles já haviam ensaiado mais umas três cenas.

– Trés bien! – Fraçois falou batendo palmas. – Agora, já que vai dar o sinal para o intervalo de vocês, darei cinco minutos de descanso.

– Aleluia. – Eu ouvi Alice suspirando atrás de mim, e não pude deixar de rir. Logo depois, todos que estavam no teatro se espalharam. – Lily veio para cá? – Ela perguntou.

– Eu nem sabia que ela estava por aqui... – Eu falei terminando de examinar o tamanho do tecido que mais tarde seria para a Alice. – O que acha dessa cor para você? Acha que rosa ficaria legal?

– Prefiro roxo, mas se bem que essa cor está bonita... – Ela disse pegando uma amostra de tecido na mesa e olhando. – Você desenha muito bem, Lenezita.

– Obrigada. – Eu falei. – Bem... Onde está a Srta. Lilian Sumida Evans?

– Estou aqui, Mckinnon. – Certa ruiva falou entrando na sala. – E a propósito, estou adorando a cor dos tecidos.

– Obrigada, ruiva. – Eu falei sorrindo marotamente para ela. – Veio ver os ensaios?

– Sim... Na verdade, fui meio que obrigada... James queria que eu viesse. – Ela falou mais séria.

– E isso seria uma coisa ruim? – Eu perguntei distraidamente. – Quero dizer... Ele quer que você confie nele e tal...

– Eu estou adorando descobrir mais coisas sobre o James, e eu confio nele... Mas eu não confio é na Falcon. – Ela falou emburrando igual uma criança quando o pai nega comprar um sorvete.

Quem diria... Ela, justo Lilian Evans, com ciúmes de James Potter!

Isso sim é uma coisa que não vemos todos os dias.

Mas acho que isso vai mudar a partir de agora.

– Uau. Lily... Você está gostando realmente do Potter... – Alice comentou divertida e eu ri junto com ela.

– Mereço... – A ruiva revirou os olhos, mas mesmo assim estava rindo.

E ficou aquele silencio mortal por uns dois minutos...

– Então, Lene... E você e o Sirius? – Alice começou. Sabia que iria chegar nisso...

– O que tem eu e ele? – Eu perguntei distraída.

– Não me venha com isso! Todo mundo sabe que pelo menos tem alguma coisa com vocês dois! – Lily falou divertida.

– Aqui não é um bom lugar para falar... – Eu cochichei. – As paredes têm ouvidos. Muitos ouvidos. – Eu olhei para o lado e vi que Maggie Falcon nos olhava discretamente.

– Marlene? – Ben me chamou assim que terminou de pegar o ultimo rolo de tecido que faltava. – Eu sei que todas vocês são lindas, mas a Falcon e a trupe dela está olhando até demais para vocês.

– Eu sei que nosso brilho incomoda, mas não é pra tanto... – Alice resmungou e eu ri.

– Vamos nos encontrar com os outros... – Eu comentei saindo dali e sendo seguida pelas meninas.

(...)

Depois que achamos todo o resto da corja, fomos fazer uma coisa muito especial, que me emociona toda vez que fazemos isso.

– Comida! – Eu comemorei junto com Mary, e todos ficaram olhando com caras de bosta pra nós. Não tenho culpa se eu tenho fome, e se a Mary come por dois agora, ok?

– Até parece que nunca viram um pedaço de pizza na vida... – Dorcas resmungou rindo da nossa cara. E eu fiz a coisa mais sensata... Mostrei minha língua para ela.

Depois de comermos, fomos para a sessão de tortura... Digo... Aula de matemática.

Eu não estou nem um pouco interessada em saber a regra de Cramer, ou esse negócio de escalonamento!

Mas como meu futuro depende disso, fazer o quê...

Estava tentando me concentrar na lição, até que eu recebo uma bolinha de papel na cara.

Exatamente isso que você leu.

Eu olhei para o lado em que a bolinha assassina veio, e vi a cara de vergonha de Dorcas. Ela sempre foi ruim no basquete, e agora sei porquê.

– O que foi? – Eu sussurrei.

– Desculpe pela bolada. – Ela disse rindo sem graça. – Cadê a Lily?

– Ela está aqu... Ué, ela estava na minha frente até uns dez minutos atrás. – Eu falei confusa olhando para os lados.

Lily possui a capa de invisibilidade e não me contou.

Ou alguma coisa aconteceu.

Ou ela foi no banheiro. O que deve ser a opção mais provável. E sim, eu sou um pouco dramática.

POV Lilian:

– Professor, posso ir no banheiro? – Eu perguntei para ele assim que ele viu que eu havia feito toda a minha lição, e estava sem fazer nada.

– Sim. – Ele respondeu seco. Credo. Amor no coração, por favor.

Saí da sala de aula e fui ao banheiro que fica no final do corredor.

(...)

Quando estava lavando minhas mãos, eu recebo um telefonema. Era a minha irmã. O que ela queria?

– Alô? – Eu falei atendendo.

– Lily? – A voz de Petúnia soou no telefone.

– Não, é um programa de celular tecnologicamente desenvolvido para se passar por uma voz artificial, para enganar a todos que ligam neste aparelho. Claro que sou eu. – Eu revirei os olhos e a ouvi bufar do outro lado da linha. – O que foi?

– Já te disse que te amo, e que você é a minha irmãzinha preferida ever? – Ela falou com uma voz melosa.

– O que você quer? – Eu perguntei segurando a risada.

– Nossa, é assim que você trata sua irmã? – Ela se fingiu de ofendida e eu ri.

– Primeiro: Você só fala que me ama quando quer alguma coisa que eu tenho. E segundo: Sou sua única irmã, você teria que me aturar de qualquer jeito. – Eu falei.

– Pior que isso é verdade. – Ela suspirou. – Preciso de convites para aquela festa que você vai com aqueles seus amigos estranhos. – Ela foi direta.

O que?

– Que eu saiba você não gosta de festas assim. – Eu falei arrumando meu cabelo no espelho.

– Eu não. Mas o Válter gosta, e é aniversário dele nesse sábado, e eu não penso em outra coisa pra dar a não ser isso. – Ela falou.

– Inventa alguma coisa! Não posso pedir convites assim, na cara de pau. – Eu reclamei.

– O que? Por acaso você ainda não a encerou e está com vergonha de se mostrar assim? – Ela provocou.

Que fique claro que ela provocou.

– Escuta aqui “Cara de cavalo”. Não é assim que vai conseguir esses convites. Já vai ser um milagre eu arranjar eles, agora com você falando desse “jeitinho”, estou pensando em não pedir. – Eu disse ficando levemente brava.

– Ok, qual seu preço, Lily? – Ela perguntou frustrada.

Agora sim chegamos a algum lugar.

– Sua mesada por quatro meses. – Eu falei singelamente.

Cá entre nós, é um preço razoável.

Sim, eu sou boa negociante.

– QUATRO MESES? FICOU MALUCA?!

– Maluca, não. Surda, provavelmente. – Eu falei afastando o celular do meu ouvido. – Olha, é esse o trato e...

Quando eu me virei, uma pessoa estava bloqueando a porta.

– Túnia, te vejo mais tarde. – Eu falei desligando o celular e nem esperando sua resposta.

Uma garota morena, dos olhos azuis, que sorri singelamente pra mim. Maggie Falcon é uma bela atriz, isso eu posso garantir. Mas posso dizer que decorei mais do que ela as falas de Julieta, por simplesmente amar essa peça.

– Acho que precisamos ter uma conversa séria, Evans. – Ela falou fechando a porta.

– Olha, se é pra me ameaçar, esnobar, humilhar... Tira seu jegue da chuva, ok? – Eu falei guardando meu celular. – Se me der licença, tenho aula agora. – Eu falei tentando chegar até a porta, mas ela não deixou, o que me fez encara-la. Ela estava séria.

– Lily, caso não saiba, meu jegue já está ensopado. E, o professor nem notou a sua existência até agora, então temos tempo. – Ela falou cruzando os braços. Se ela tivesse o quádruplo do peso que ela deve ter, ela daria uma ao segurança de boate.

– Eu não tenho tempo, muito menos paciência e ânimo pra ouvir suas besteiras, Maggie. – Eu falei impaciente. – Logo, logo, algumas pessoas naquela sala vão sentir minha falta e vão me procurar. – Eu falei e ela deu de ombros.

– Mais um motivo pra você calar a boca e me ouvir. – Ela falou e eu bufei de raiva.

– Eu. Não. Quero. Te. Ouvir. Custo olhar pra sua cara... – Eu reclame e ela revirou os olhos.

– Lily, parece ser mentira o que eu vou te falar... Ou parece ser babaquice da minha parte... Mas... Abra seus olhos. – Ela falou.

Que?

Eu vou abrir é a minha mão na cara dela daqui a pouco.

Quem ela pensa que é? Tô atrasada para uma aula, e ela vem me dar lição de moral? Justo ela?

Eu devo ter sambado em cima da mesa da Santa Ceia pra merecer isso...

– Falcon... Me deixa sair daqui, agora. – Eu falei tentando me controlar.

– Evans... Você quer saber a verdade? Sobre tudo? – Ela falou séria.

– Onde está querendo chegar? – Eu falei a encarando séria.

– O que James Potter viu em você além dessa ruivisse? Por que ele fez todas aquelas coisas por uma pessoa que há menos de um ano atrás era uma Zé Ninguém, que ninguém se importava, inclusive ele? Quem é, realmente James Potter? Não vai me dizer que essas perguntas nunca passaram pela sua cabeça de fósforo? – Ela falou cruzando os braços.

– Já passou pela minha cabeça isso sim. Mas eu confio nele, e ele confia em mim. Não preciso desse seu discurso. – Eu falei. – Muita coisa aconteceu, e o que eu tenho com o James hoje foi consequência de todas essas coisas, e não estou nem um pouco arrependida.

– Lilian... Até onde eu posso perceber, James conhece muito bem você. Esse seu jeito, as coisas que você gosta, o que você não gosta... Mas... Você o conhece realmente? – Ela falou me encarando, e é impossível não se sentir intimidada com isso.

– O conheço suficientemente bem. – Eu falei tentando me manter estável.

– Então fico feliz por você... – Ela falou e, aquilo era solidariedade? – Afinal, você é a mulher da vida dele. A garota perfeita. – Ela falou sorrindo.

– Garota perfeita? Do que você está falando? – Eu falei confusa. Eu poderia ser muitas coisas, mas estava bem longe de ser perfeita.

– Ora, olha pra você. Por mais que eu te odeie, tenho que admitir, você está bonitinha (agora), inteligente, não mais do que eu, chama a atenção nessa escola por sua história de superação de ogro com AIDS até uma princesinha... – Ela fez uma ceninha. – Você e suas amigas são tudo o que um garoto popular precisa para ser mais popular ainda... Ou melhor... Tudo o que cinco garotos precisam. Não percebeu isso?

– Está falando bobagens... – Eu falei a olhando com certo receio, enquanto a mesma me olhava parecendo que estava analisando a minha alma. – Nunca pedimos para sermos namoradas ou amigas deles. Somos só nós, apesar de termos mudado, não mudamos nossa personalidade como certas pessoas aqui... Eles estão perto de nós porque gostam de ficar conosco. – Eu falei decidida.

– Então me diga... Se eles gostam da “personalidade” de vocês, porque não ficaram amigos ano passado, ou até antes disso? – Ela falou caminhando lentamente até mim. – Não seja mais idiota do que já é, Evans. Não percebe? Tudo isso é um jogo. Um jogo em que apenas eles sabem as regras. Vai ser muito fácil chutar a bunda de vocês quando bem couber á eles.

– Está mentindo... – Eu falei com os olhos marejados.

Isso não poderia ser verdade.

– Pensa... Frank e Alice vivem na corda bamba, e uma prova disso é aquela festa em que ele encheu a cara e nem se preocupou com ela. Pedro e Mary... Ela está grávida, se ele se importasse mais com ela, ele teria evitado isso. Dorcas e Remo são “casal paixão”... Vamos ver por quanto tempo essa melação vai durar. E os principais, Sirius e Marlene, que vivem uma amizade colorida estranha, que vão acabar brigando uma hora ou outra por causa do ego altamente inflado dos dois, acha que não vão se sentir sufocados com isso? E você e o James... Que nem são namorados, e que não têm compromissos nenhum um com o outro. O que mais posso dizer?

Eu fiquei uns segundos em silencio.

Será que era verdade?

– Sabe, Falcon... Você não sabe nada sobre mim, nada sobre o James, nem nada sobre nós dois. – Eu grunhi e ela deu de ombros.

– Sei que ainda está pensando no que disse... Pense: ou eu posso, pela primeira vez na minha vida, estar te ajudando e poupando de uma catástrofe amorosa na sua vidinha, que pode afetar na minha também, só que positivamente... Ou eu sou uma excelente atriz. – Ela falou olhando para suas próprias unhas.

James não faria isso comigo... Isso seria covardia...

Ele não é capaz disso.

Ou é?

– Sabe, Falcon... Você tem razão. – Eu a encarei depois de ficar uns segundos encarando o chão. – Você é uma boa atriz... E uma boa manipuladora. Já posso ir embora? – Eu perguntei e ela me encarou com um sorriso no rosto.

– Você fez sua escolha, Evans. Agora, uma ultima pergunta, e não precisa responder, ok? – Ela me encarou e depois abriu a porta. – Depois de tudo o que eu falei para você, você ainda vai acreditar que James não tem segredos?

– E como sabe que ele tem segredos comigo?

– Todos têm segredos. Ninguém vive sem segredos. E um dia você vai saber que uns dependem disso mais que outros. E James é assim. Espero que tenha feito a escolha certa.

E ela saiu.

POV Maggie Falcon:

Sim, você não leu errado. Sou eu mesma.

Vocês devem estar me odiando, eu sei. E não estou pedindo para não me odiarem. Eu estou fazendo isso por amor. Acreditem se quiser.

Assim que saí do banheiro e deixei a idiota da Evans lá pensando em tudo o que eu falei, me encontrei com a Ashley no corredor.

– Deu certo? Falou com ela? – Ela perguntou e eu confirmei com a cabeça.

– Deu. Consegui colocar tudo o que faltava naquela cabecinha dela. Espero que agora ela tenha um pouco de bom senso. E você?

– Conversei com o Black. Se ele entendeu tudo, eu não sei. Mas eu dei o recado. – Ela falou abrindo seu armário, que é do lado do meu.

– E falou tudo certo?

Digamos que a Ashley é meio lerda para essas coisas.

– Sim. Disse tudo o que eu achava sobre isso. Que elas não vão fazer eles felizes, que elas nem sequer vão aguentar isso, e já que ele as conhece bem, ficou pensativo. Acho que funcionou.

– Vamos ver o que vai acontecer... – Eu falei pensativa.

– O que acha que vai acontecer depois disso?

– Eu não sei... – Eu comentei pensativa. – Digamos que eu não sei como isso vai terminar. Eu só estou fazendo o que ele me pediu, e como não consigo fazer tudo sozinha, preciso de você.

– Ele vai vir pra cá? Quando? – Ela perguntou, e parecia não querer a resposta.

– Eu não sei... Mas vamos fazer o que ele está pedindo, ok? Ele vai ficar feliz conosco.

– Ainda não sei por que ele tem tanta raiva dos Marotos... – Ashley disse.

– Rixas antigas... Talvez. Eu também não sei direito... E nem quero descobrir.

– E qual vai ser o próximo passo? – Ashley perguntou.

– Ele não me contou. Pelo jeito a Bellatrix vai fazer todo o trabalho sujo. E não vai demorar muito.