POV James:

– Então... – Dorcas começou. – Você quer que eu convença a Lily a fazer audições para fazer o papel da Julieta na peça, sendo que ela quase morre quando vê muita gente olhando pra ela? – Ela olhou para mim como se eu fosse um louco.

– É.

– Estamos falando da mesma Lily, James?

– Dorcas... Faz esse favor pra mim. Eu nunca te pedi nada... Só as respostas de algumas questões de Geografia, mas isso não vem ao caso.

Lá estava eu, ajoelhado na frente da loira, que tentava sair da escola, mas eu não deixava.

Eu sei ser persistente quando eu quero.

– James, acha que isso vai dar certo? – Ela perguntou ainda na dúvida.

– Claro que sim. Eu sou o Romeu da Julieta dela. – Eu falei um “pouquinho” convencido. Me levantei e ela me encarou.

– Sabe de alguma fala na peça, ó Romeu? – Ela perguntou brincando.

– Sim... Mais ou menos... Não. – Eu falei derrotado.

Eu NUNCA assisti Romeu e Julieta. Simplesmente porque eu não gosto de filmes melosos.

Prefiro Homem de Ferro, obrigado.

– E como você pretende ser um perfeito Romeu, sendo que quase todos os garotos da escola querem esse papel? – Ela perguntou.

– Porque alguém quer ficar com esse papel? Pra pagar mico? – Eu arqueei a sobrancelha.

– Você fecha com dez em três matérias da escola. – Ela falou.

– Entendi.

Não tinha outra razão, não é mesmo?

Os professores têm umas chantagens bem estranhas, do tipo: Ou você paga o maior mico da sua vida na frente de um palco, ou repete de ano.

Nossa muito legal isso.

– Você não decorou nem o nome do autor da peça por inteiro, que dirá a peça em si. – Ela disse analisando uma capa de um livro que ela carregava.

Aí eu tive uma ideia.

– Eu sei de alguém que pode me ajudar com a peça. – Eu peguei meu celular e digitei a seguinte mensagem:

“Vai pra minha casa assim que der.”

E mandei.

– Se eu te prometer ser um perfeito Romeu, você me ajuda com a Lilian? – Eu fiz carinha de cachorro sem teto (vulgo Sirius Black) e ela me encarou.

– Você gosta dela, não gosta?

– Tenha certeza que sim. – Eu falei sorrindo e indo em direção ao meu carro.

(...)

– Demorou, hein, Pontas. – Sirius meio que me cumprimentou assim que cheguei em casa. Mas não tirando os olhos da televisão. – Onde você estava?

– Não pense em besteira, Pads. – Eu falei sorrindo. – Estava colocando meu plano em prática.

– O CCLE? – Ele perguntou distraído.

– O quê?

– Como Conquistar Lilian Evans.

– É, esse mesmo. – Uma dica: Não discuta com as ideias que vem dessa coisa que o Sirius chama de cabeça.

– E deu certo, por acaso? – Ele perguntou e percebi que estava prendendo uma risada. Idiota.

– VAI dar certo, meu caro Padfoot. – Eu falei sorrindo e ele riu.

– Espero que sim.

A campainha tocou e eu fui atender.

– Oi, Marlene! - Eu falei mais alto, só pra um certo alguém perceber a presença dela.

– Pra que você me fez vir aqui? –Ela perguntou de mau humor.

Acho que é TPM...

– Pode me ajudar? – Eu perguntei, ou melhor, implorei.

– Com o que?

– Bem... – Eu ia começar a falar, só que ai uma anta (ou melhor) um cachorro desmamado praticamente pulou na minha frente.

– Oi, Lene! – Ele falou sorrindo.

– Oi, Sirius. – Ela disse normalmente, afinal, ela via ele todo dia, e toda noite.

Sim, ela já dormiu aqui uma vez... Ou duas.

Safados, nem um pouco.

– O que faz aqui... Uma hora dessas? Saudades? – Ele perguntou sorrindo pra ela.

– James me chamou aqui. – Ela disse entrando na minha casa (ainda estávamos na porta) e se sentando no sofá.

– James? – Sirius perguntou confuso.

Normalmente é ele que convida a Mckinnon para vir até aqui em casa, então...

– É. – Eu falei na maior cara de pau e ele me encarou.

– Por que? – Ele perguntou desconfiado.

Ciúmes do Sirius modo: ativado.

– É isso que eu quero saber.

– James, até onde eu sei, você quer conquistar a Lily, não a Lene. – Sirius falou rindo nervosamente.

– O quê? – Marlene perguntou mais interessada no assunto. Quem não ficaria sabendo que tem alguém interessado na sua melhor amiga?

(... Depois de explicar tudo pra ela...)

– Então... Você quer ajuda minha para ser um Romeu perfeito pra Lilian, e a Dorcas vai ter que convencer a ruiva a fazer o papel para a Julieta? – Ela perguntou.

– Basicamente isso.

– Ele é ou não é louco? – Sirius falou para Marlene, mais aliviado se posso dizer.

– James... Tem certeza que vai dar certo? E por que anda estranho com a Lilian? – Marlene ignorou o comentário desnecessário do Sirius.

– Ela está se importando? – Eu perguntei mais interessado.

– Claro, ela está preocupada com você e... Ah... Entendi. – Ela sorriu marota. – Você não tem jeito, Potter.

– Então... Vai me ajudar ou não a ser um Romeu perfeito? – Eu perguntei já impaciente.

– Vou. Mas com uma condição... – Ela começou a revirar a bolsa. – Você vai ter que dar um jeito de me colocar para fazer os figurinos da peça.

– Ahn? – Sirius perguntou confuso.

– Eu não quero aparecer em cena... E sei costurar bem, se posso dizer... É só unir o útil ao agradável. Achei! – Ela levantou o celular e começou a discar um número.

– O que você vai fazer?

– Não pense que vou te ajudar sozinha. – Ela disse atendendo. – Oi, Ben!

– Ben? – Sirius perguntou chegando mais perto dela, mas ela deu um passo pra trás.

– Então... Pode vir me ajudar? Estou na casa do James e do Sirius. Pode? Ah, que bom! Te espero então. – Ela desligou.

– Então agora é você quem convida gente pra minha casa? – Eu perguntei arqueando a sobrancelha.

Eu tô começando a achar que isso não deu muito certo.

– Eu preciso de alguém pra me ajudar. – Marlene disse.

– E eu?

– Eu disse alguém que não vai participar da peça, Sirius. – Ela suspirou.

– O boiol... Quero dizer... O Benjamin não vai participar do teatro?

– Não nas cenas. Quero ele pra me ajudar a fazer os figurinos. E pelo jeito, o professor François precisa de alguns alunos pra isso. Pelo jeito ele até chamou alguns sobrinhos deles... – Marlene perguntou fuçando no celular sem parar.

– Não acredito... Você está jogando Candy Crush? – Eu perguntei segurando a risada.

É meio impossível imaginar uma pessoa durona como a Marlene jogando Candy Crush.

– Qual é o problema? – Ela praticamente rosnou pra mim.

– Qual nível você está? – Sirius perguntou se sentando do lado dela.

– Cinquenta e sete.

– Eu já cheguei no sessenta. – Ele disse rindo.

Coisas estranhas que aconteceram hoje:

– Benjamin Wood vai vir na minha casa.

– Marlene gosta de joguinhos envolvendo doces.

– Sirius gosta de joguinhos envolvendo doces.

Agora só me falta o Barney e Seus Amigos entrarem na minha casa cantando.

O que não duvido.

– O que quer fazer comigo? – Eu perguntei curioso, e ao mesmo tempo, com medo.

– Calma. Não confia em mim? – Ela fez aquela carinha de gatinho do Shrek.

Não.

– Certo... Qual o primeiro passo?

– O primeiro e mais importante de todos... – Marlene se levantou e me olhou séria. – Eu esqueci um brinco meu aqui um dia, você viu ele, Sirius? – Ela perguntou para ele, e eu fiquei com aquela clássica cara de bosta.

– Marlene... – Eu comecei.

– Ok. O brinco fica pra depois. – Ela suspirou. – Vamos ver... Enquanto o Benjamin não chega, precisamos saber de algumas coisas. O que a Lily gosta em um garoto.

– O que?

– Eu não sei. – Ela disse por fim. Acho que se o Sirius não estivesse aqui, eu já teria a tacado em cima do telhado.

– Mas...?

– James... Ninguém sabe ao certo. Se bem que eu tenho algumas coisinhas em mente...

– Tipo...? – Eu perguntei.

– Ela não gosta de caras como o Lúcio.

Nossa, que grande descoberta...

Mas se eu falasse isso, quem iria parar em cima do telhado era eu... Então como prezo pela vida (especialmente pela minha), fiquei quieto.

– E o que mais? – Eu perguntei.

– Ela gosta de caras que gostam de ler, como ela, que gostam de estudar, como ela. Que são bondosos, como ela. Que são felizes...
– Como ela? – Sirius perguntou caçoando. Na hora ele ficou até meio pálido com o olhar que Marlene o lançou.

– Mas... Eu não sou quase nada do que você falou.

Eu não gosto dos mesmos livros que ela. Eu não gosto de estudar, apesar de que tiro notas ótimas. Não sou tão bondoso assim.

A única coisa que temos em comum é a felicidade, mas os meios de cada um ser feliz são totalmente diferentes.

– Vai ser complicado... – Sirius falou mais pra ele do que para nós.

Logo a campainha tocou e o Wood entrou.

– Oi, Benjamin. – Eu o cumprimentei e ele sorriu.

– Olá, Potter. Black. – Ele fez o mesmo com Sirius, que apenas acenou levemente com a cabeça.

Dor de cotovelo, sabe?

– Oi Ben! – Marlene o abraçou. – Precisamos da sua ajuda.

– Precisamos? –Sirius perguntou meio que pulando entre os dois.

– SIM! – Marlene falou e ele achou melhor não contestar.

– Qual o problema? – Ben perguntou alegre. Se bem que... Eu nuca vi ele triste.

– Precisamos fazer o James ser o cara perfeito pra Lil’s.

– Ele? – Benjamin perguntou me apontando.

Não, queremos colocar o Sirius pra fazer par com a ruiva. Claro que sou eu, idiota.

Mas eu não falaria isso em voz alta, não com a Mckinnon me olhando psicópaticamente.

– É.

– Bem... Vai ser difícil. Eles são completamente diferentes, até onde eu conheço.

– Essa é a hora de o Potter provar que os opostos realmente se atraem. – Marlene falou me encarando.

Mas desistir da ruiva não estava cogitado.

– Por onde começamos? – Eu perguntei decidido.

Marlene se aproximou de mim, como se tirasse um raio-X da minha alma.

– Não pense que vai ser fácil, James. Vou fazer o possível pra Lily ficar feliz, nem que seja ao seu lado. Ou o lado do seu novo você. – Ela sorriu com aquela cara “Faz o que eu mando ou eu te castro”.

Marlene... Meiguice em pessoa.