Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 31
2ª temp. - Leo 2.3


Notas iniciais do capítulo

AMORES, PEÇO MIL DESCULPAS PELA DEMORA, MAS TÁ IMPOSSÍVEL.
A criatividade não tava fluindo. Fora que criatividade e tempo são melhores amigos, mas tempo é o que me falta. Enfim, espero que gostem.
Boa leitura :)



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—Está viajando aí, Leonard? —a voz de Charlie me desperta e ergo os olhos para ele. —Está tudo bem? —apesar de conviver com ele há algum tempo, não havia me acostumado com seu sotaque arrastado e, às vezes, me pegava falando como ele, involuntariamente.

—Está sim. —sorrio. —Foi mal. Só estava com a cabeça em outro lugar. —faço uma breve careta.

Estávamos no refeitório da universidade. Horário de almoço. Mas eu estava tão distraído que mal tocara na comida.

—Tudo bem. Você vive assim ultimamente. —ele ri. —Vamos para a biblioteca? Temos o trabalho daquele professor chato para entregar!

—Você pode ir sem mim? —digo numa voz suplicante. —Eu não tô com cabeça pra isso hoje. Mas te juro que compenso amanhã.

—O que tá havendo contigo, Leo? —ele me analisa.

—Saudades de casa. —solto um suspiro.

—Pensei que já tivesse passado dessa fase. —mas ele me lança um olhar de quem compreende. Também estava longe de casa. É com ele que eu divido o apartamento e as despesas do local. E é ele que tem escutado meus desabafos ultimamente.

—Eu também. —rio.

—Tudo bem. Te vejo mais tarde então. —ele se levanta, deixando-me sozinho na mesa.

Sinto meu celular vibrar em meu bolso, mas antes mesmo de desenhar meu bloqueio de tela, sou interrompido outra vez.

—Oi Leo. —Victoria senta no banco a minha frente e abre um sorriso sedutor para mim.

—Ah, olá Vic. Como vai? —retribuo o sorriso, apenas como um gesto educado e não exatamente porque sinto vontade de fazê-lo.

—Estou bem e você? —ela joga o cabelo para o lado e inclina um pouco a cabeça, na mesma direção.

—Bem também. —me sinto um pouco desconfortável e começo a tamborilar os dedos sobre a mesa.

—Você está sumido. —ela faz um beicinho. Era realmente muito bonita e eu não podia ficar alheio aquilo. O longo cabelo loiro, os olhos castanhos, aquela bela comissão de frente e... Leo! Mantenha a cabeça no lugar! —Dei uma festa ontem lá em casa, mas nem sinal de você. Cheguei até mesmo a te procurar, mas só vi aquele garoto com quem você sempre anda.

—Estava com muita dor de cabeça. —menti. Na verdade, havia ficado por muito tempo numa chamada de vídeo com Jennifer. Abaixo o olhar para minha bandeja de comida. —O Charlie me falou antes de sair, mas mesmo assim, não estava muito disposto.

—É uma pena. A festa foi boa, mas, com certeza, teria ficado melhor com você lá. —ela se inclinou para frente com um sorriso.

Controle-se homem, controle-se!

—Bom, eu tenho que ir. —me levanto subitamente. —Alguns trabalhos para fazer e muitas coisas pra resolver. Enfim, a gente se esbarra por aí. —falo tudo um pouco rápido demais, quase atropelando palavras.

—Ah, tudo bem. —ela parece decepcionada. —Até mais, Leo. —ela acena, mas já estou longe.

***

Vou ao único lugar que me deixa calmo. Olho para as pessoas ao redor. Um cheiro delicioso de café está no ar, vindo da cafeteria que se encontrava logo na esquina. Coloco as mãos dentro do bolso de meu casaco, a fim de esquentá-las. Não é típico da estação, mas há uma névoa densa cobrindo o local.

Me encaminho para a árvore mais próxima, sento-me e encosto-me ao seu tronco. Observo tudo ao redor, até que me recordo que ainda não li a mensagem que me enviaram.

Jennifer: Você não vai acreditar no que tenho pra te contar.

Eu: Depende... Descobriram a cura para o câncer? Michael Jackson realmente está vivo?

Jennifer: Ethan e Nanda reataram.

Eu: O quê???

Jennifer: Avisei que você não acreditaria.

Eu: Mas como assim? Do nada? E Rodrigo?

Jennifer: Eu não tenho muitos detalhes, mas parece que Rodrigo estava traindo Nanda, desde aquele intercâmbio.

Eu: Que babaca!

Jennifer: Enfim, ela descobriu e ficou completamente arrasada. Brigou feio com o Rodrigo. Com direitos a tapas e gritos no meio da rua. E adivinha quem foi consolá-la?

Eu: Não acredito!

Jennifer: Isso já tem algumas semanas, mas eles não quiseram nos contar de imediato. Fiquei sabendo ontem.

Eu: Eu falei com o viado do Ethan ontem e o desgraçado não me contou nada.

Jennifer: Então espere ele te contar. Finja que não sabe de nada.

Eu: Pode deixar.

Alguns minutos se passam até uma nova mensagem chegar.

Jennifer: Sinto sua falta...

Eu: Também sinto a sua! Muito.

Jennifer: Ainda está na universidade?

Eu: No parque, na verdade.

Jennifer: Eu enviei um negócio pelo correio para você. Já chegou?

Eu: Que negócio? Não, não chegou nada até agora.

Jennifer: Você verá quando chegar, ué.

Eu: Na verdade eu não conferi o que tinha no correio hoje.

Jennifer: Então confira!

Eu: O que você está aprontando Jennifer?

Jennifer: Eu nunca apronto nada.

Eu: Estou indo pra casa.

Jennifer: Tudo bem, nos falamos quando você chegar lá.

Levanto e sacudo meu jeans, o livrando de pequenos galhos e folhas soltas. Jogo minha mochila sobre um dos ombros e vou apressadamente na direção do prédio em que eu agora morava.

—Tem alguma correspondência para mim, sr. Jackson? —pergunto assim que chego a portaria.

—Mandei entregar no seu apartamento quase agora, rapaz. —ele me diz sem desviar os olhos da tela de seu computador.

—Obrigado.

Então entro no elevador e pressiono o botão 7. Assim que chego à porta, começo a vasculhar os bolsos e a mochila, a procura da chave. Mas que droga! Tinha esquecido a porcaria da chave em casa. Então aperto o botão da campainha, torcendo para que Charlie já tenha chegado em casa. E me sinto aliviado quando a porta se abre.

—Até que enfim, hein? —ele diz assim que passo pelo batente. —Tem uma garota procurando por você.

—Uma garota? —franzo a testa. —Que garota?

—Uma de cabelo castanho e comprido. —ele volta a se sentar no sofá. —Eu a deixei entrar. Acho que ela está no seu quarto. —ele dá de ombros e volta sua atenção para a TV.

—Como você deixa alguém sair entrando assim? —começo a reclamar enquanto ando na direção de meu quarto. Volto a franzir a testa quando vejo uma mala encostada na parede.

Assim que abro a porta, todas as perguntas se calam.

Ela está de costas, com as mãos cruzadas para trás, observando os pôsteres que estão colados nas paredes Os cabelos caem em cascatas sobre suas costas e ela veste um sobretudo e calça jeans. Sinto que estou sonhando e tento repassar os pensamentos para ver se havia tomado alguma substância suspeita hoje no laboratório de química. Estava há mais de três meses sem vê-la.

—Desde quando você gosta de futebol americano? —ela se vira para mim, e sinto que existe uma curiosidade verdadeira em sua voz. Nos avaliamos por algum tempo, apenas com nossos olhares se cruzando. Ela então sorri abertamente.

—Desde que passei a morar com o Charlie. O cara é completamente viciado. —tenho medo de dar um passo e ela desaparecer da minha visão, mas o faço mesmo assim, bem lentamente. —Então, acabei me infectando, como um vírus.

—Sempre achei um jogo interessante. Costumava assistir com meu pai. —ela dá de ombros e baixa os olhos para meus movimentos.

—Talvez possamos jogar uma partida um dia. —meu tom saiu com uma pontada de dúvida. Será que ela ficaria tempo suficiente pra isso? —O que está fazendo aqui?

—No momento? Esperando meu namorado idiota, que está com uma expressão boba e quase hilária no rosto, dar mais alguns passos e me dar um abraço dito de tirar o folego.

Solto uma risada e me aproximo dela, a abraçando pela cintura e, praticamente, a tirando do chão. Ela passa os braços à volta de meu pescoço, também me abraçando. E em milésimos de segundos, estamos nos beijando. Não penso mais em nada. Ela está ali. De verdade. Eu posso tocá-la. Não é apenas uma imagem refletida numa tela de computador, a quilômetros de distância. Ela é real.

—Eu senti tanto a sua falta. —ela sussurra contra meu ouvido depois que nossos lábios se separam.

—Eu também sentia a sua, Jenn. —a aperto contra mim. —Não sei o motivo, mas parece que foi pior do que a primeira vez em que vim para cá.

—Pra mim também foi. —aos poucos vou afrouxando o abraço e ela acaricia meu rosto enquanto encara meus olhos.

—Mas o que você está fazendo aqui? Por que não avisou que vinha? Poderia ter te buscado no aeroporto.

—Queria fazer uma surpresa. —ela sorri.

—E realmente fez. —rio e ela me acompanha. —Por quanto tempo vai ficar? —fico um pouco receoso enquanto espero a resposta dela.

—Bom, aí é que está a grande questão. —ela se afasta e fica de costas para mim. Parece escolher bem as palavras antes de proferi-las. —Eu sai de meu emprego.

—O quê?

—Deixe-me terminar. —ela ri. —A faculdade me ofereceu um novo estágio. Com uma remuneração mais alta e uma carga horária claramente menor. Eu tinha três opções. E bom, a maioria das faculdades tem suas parcerias. Se eu conseguisse passar na entrevista de emprego, que aconteceria lá no campus mesmo, eu poderia ver um novo campus, mas próximo do estágio que escolhi. Nenhuma das opções era perto de casa. Mas uma delas era a St. Louis, o campus em que você estuda.

—Então você está dizendo que...?

—Eu tenho um estágio de seis meses pra cumprir aqui, Leo. —ela me olha. —E vou precisar de ajuda com a mudança e na procura de um apartamento. Você sabe como odeio caixas e ter que desempacotar tudo e...

—Jennifer! —digo em êxtase. —Você está dizendo que vai morar aqui? Que vai terminar a faculdade e fazer estágio na St. Louis?

—Você não escutou nada do que eu disse? —ela finge seriedade, mas estava claramente se divertindo com a situação.

—Eu não estou acreditando nisso, Jenn. —balanço a cabeça, completamente deslumbrado e descrente. Minha vontade é abraça-la fortemente, mas havia tantas perguntas em minha mente, que meu próprio corpo não reagia. —Quando você decidiu isso?

—Fiquei sabendo dessa proposta três semanas depois de você partir. —ela dá de ombros. —Mas era uma burocracia tremenda. Muita papelada. Foi bastante tempo até consegui acertar tudo.

—Escondeu o tempo todo de mim?

—Era necessário. Parte porque não sabia se conseguiria, e outra, porque queria te surpreender.

—Você não existe, sabia?

—Claro que existo. Imagina o mundo sem Jennifer Lewis?

—Considero isso como plágio. —rio e ela faz cara de desdém. —Largou sua família, amigos, emprego e faculdade só pra isso? —aponto para mim mesmo.

—Não fique se gabando aí. —ela faz uma careta. —Parte é pelo profissional também.

—Não estrague o clima, Jenn. —reviro os olhos e depois abro um sorriso. —Tenho tantos lugares pra te mostrar aqui. Mal sei por onde começar.

—Quem sabe até possamos ficar aqui? Mesmo depois da faculdade... —ela parece em dúvida sobre o que diz.

—Você estaria disposta? —pergunto surpreso, erguendo as sobrancelhas.

—Contato que você estivesse comigo. É, eu estaria. —ela sorri.

Então me aproximo dela, a tirando outra vez do chão. Dessa vez ela entrelaça suas pernas em minha cintura, acaricia minha nuca com suas unhas e se inclina para mim, me beijando lentamente. Um beijo calmo e bom.

—Eu te amo, Jenn. —sussurro com minha testa encostada na dela. Ainda conseguia sentir seus lábios quentes nos meus.

—Eu também te amo, Leo. —ela mantém os olhos fechados enquanto mantém um sorriso nos lábios. —Nunca deixei de amar.


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Notas finais do capítulo

"E as luzes do teatro se apagam. É o fim de outro espetáculo!"
Não sei se ficou convincente para um final, e se soa meio incompleto, mas talvez tenha sido a intenção. Não sei farei 'Agradecimentos e Fatos' desta vez, mas agradeço aqui mesmo, nessas notas, o apoio, o acompanhamento e a fidelidade de vocês que me acompanharam desde inicio e, claro, as novatas também.
Vocês viram meu amadurecimento como escritora e pessoa. Criticaram, elogiaram, se apaixonaram. E é isso que fez tudo valer a pena.
Espero que encontrem um/a Leo/Jenn em suas vidas e lembrem-se "Não existem contos de fadas, apenas pessoas que lutam para dar certo".
Foi uma honra compartilhar essa história surgida do nada com vocês.
(Seria um abuso pedir recomendações de vocês? Se a história realmente foi boa, quero ler o que vocês tem a dizer. Quero que convençam outras pessoas a lerem.)
Agradeço a minha insônia.
A Bianca, Lidiane e Thais. Pessoas que inspiraram/motivaram a continuar.
Agradeço a vocês leitores/as.
Um beijo, um queijo e até uma próxima!



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