Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 30
2ª temp. - Leo 2.2


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores! Dessa vez não demorei muito para outro capítulo. (Eba!)
Não sei exatamente se isso se encaixa em categoria "romance", eu não consigo ser melosa e acho que humor e provocações são bem mais a cara de nosso casal predileto. Então espero que gostem!
Boa leitura :)



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—O que é isso? Está treinando pra ser a nova Chapeuzinho Vermelho? —Jenn pergunta assim que abre a porta e me olha.

—Tecnicamente não, mas até que não seria uma má ideia. Mas, isso, estaria mais para um sequestro. —sorrio malicioso.

—E para onde exatamente? —ela arqueia as sobrancelhas.

—Ai estragaria a surpresa, e, aliás, que tipo de sequestrador eu seria se lhe informasse o local?

—O tipo bonzinho que sabe que odeio surpresas, porque elas me deixam ansiosa e odeio ficar ansiosa. —ela diz sorrindo de lado.

—Foram tantos ódios nessa frase que até me perdi. —balanço a cabeça e sorrio. —Vamos logo, só pega um casaco, porque não sei que horas vamos voltar.

—Espera, mas eu vou vestida assim? —ela aponta para si mesma e olha pra mim incrédula.

—Não vejo problemas. Está ótima pra mim. —dou de ombros.

—Nem pensar. —ela me puxa pra dentro e fecha a porta, depois disso parte em disparada para o andar de cima.

Mulheres! —penso enquanto reviro os olhos e vou até a cozinha.

—Oi tia Marina. —sorrio quando a vejo arrumando a louça do café.

—Leo, meu querido. —ela se aproxima me dando um beijo na bochecha. Tenho que me inclinar um pouco, já que ela é alguns centímetros mais baixa que eu. —O que tem nessa cesta, hein?

—Comida. —rio baixo.

—Vai fazer um piquenique com a Jennifer? —ela parece encantada com a ideia.

—É a intenção. Só espero que sobre algo pra mim, sabe? —rio.

—Se tratando de Jennifer, é melhor que você se previna e esconda alguma coisa no bolso. —ela entra em minha brincadeira com um sorriso.

—Como você são engraçados, hein? —diz Jennifer surgindo na porta e balançando a cabeça em minha direção, depois seu olhar recai sobre sua mãe. —Mãe, nós vamos sair, eu não sei pra onde e nem que horas voltamos. Aparentemente, Leo quer me sequestrar.

—Será um favor que ele faz para mim. —ela ri e me olha. —Se quiser Leo, eu lhe pago o valor do resgate apenas para garantir que você fique com ela.

—Será um prazer. —acompanho sua risada e Jennifer revira os olhos.

Depois disso, saímos da casa, em direção ao meu carro, que está estacionado do outro lado da rua. Apesar de ser apenas por alguns passos, Jennifer faz questão de segurar minha mão. Abro a porta do carro para ela e coloco a cesta sobre seu colo.

—Apenas segure, nada de tentar furtar algo daí, mocinha. —digo me fingindo de sério.

—Terá que me obrigar. —ela debocha.

—Não brinque com isso, Jenn. —digo e ela me mostra a língua como a perfeita criança que é. Eu vou para o outro lado, também entrando no carro e logo colocando o cinto.

Dou a partida e ligo o rádio, depois, apoio uma das mãos sobre a perna de Jenn, e ela pousa sua mão sobre a minha, acariciando a mesma e me dando um sorriso de canto.

—Estou ficando cada vez mais curiosa. —ela me olha ansiosa.

—A curiosidade matou o gato, sabia? —rio.

—Esse ditado nunca me fez sentido. —ela faz careta.

—A mim também não.

—Isso aqui está com um cheiro tão bom. —ela abre a cesta, espiando seu conteúdo. Realmente, apenas o cheiro estava me dando água na boca. Santa Dona Júlia!

—O pessoal lá de casa acordou cedo para me ajudar. —rio. —Mas devo parte do crédito a Letícia.

—Letícia sempre sendo cúmplice em seus planinhos. —ela estreita os olhos.

—O que posso dizer? A pirralha tem uma mente perversa. —olho pra ela.

Jenn sorri e desvia o olhar para a janela, observando o movimento que se passa lá fora, enquanto eu me concentro ao trânsito. Depois de algumas curvas, desvios e paradas em semáforos, chegamos ao local que eu queria. Já conseguia ver, pelo canto dos olhos, que mesmo antes que eu estacionasse, ela estava deslumbrada.

Ela não era aquele tipo de garota “Abrace uma árvore!” ou “Vamos proteger os animais!”, mas tinha uma ligação com a natureza absolutamente estranha pra mim. Se ela precisasse de um lugar para ficar sozinha, a primeira opção seria deitada na grama, embaixo da sombra de uma árvore. Era o suficiente para ela.

—Na cidade, onde fica a faculdade, tem um espaço bem parecido com esse. Perto de meu apartamento. Eu sempre vou pra lá quando preciso de inspiração ou um tempo sozinho, sabe? —digo abrindo a porta de seu lado e a ajudando com a cesta. Depois de travar a porta do carro, seguro sua mão e começamos a andar por ali. —Sento debaixo de uma árvore e tento organizar minhas ideias. E desde a primeira vez que fui lá, só conseguia pensar: Jennifer adoraria este lugar. Até que um dia, estava pesquisando e descobri esse lugar. Era tão perto de nós que prometi a mim mesmo que te traria um dia, e bom, agora estamos aqui. —sorrio já sem graça, porque ela não dizia uma só palavra. —Então? Gostou?

—Se eu gostei? Leo, esse lugar é incrível! Eu nem acredito que você fez isso. Você não existe, sabia? —ela me olha admirada.

—Mas é claro que existo! O que seria desse mundo sem Leonard Carter?

Ela ri e então joga os braços ao redor de meu pescoço, iniciando um beijo calmo. Sorrio entre e abraço sua cintura com meu braço livre, a apertando contra mim. Nós separamos depois de alguns minutos, já sem fôlego, e o sorriso de Jennifer e o modo como seus olhos agitados percorrem o local, como se quisesse guardar e lembrar-se de cada pedacinho dele, faz com que tudo valha a pena. Ela faz o mesmo comigo quando me encara.

Forramos uma grande toalha, debaixo das folhas de uma grande árvore. Não éramos os únicos ali. Havia outros casais, famílias ou amigos reunidos, cada um sob sua árvore particular.

—Morangos com brigadeiro, sanduíche de frango e um parque arborizado. Você realmente sabe como me agradar. —ela diz esvaziando a cesta e organizando nosso pequeno banquete.

—Eu te conheço demais, isso facilita bastante às coisas. —rio me servindo de um copo de suco.

—Conhece até demais, chega a ser assustador. —ela passa um pouco de brigadeiro sobre minha bochecha e não tira o sorriso do rosto nem mesmo por um segundo.

—Ah, sua pestinha! Pode parando com isso. —digo ficando por cima dela, a segurando e lambuzando seu rosto completamente.

—Leo! —ela me repreende.

—Foi você quem começou, ué! —ela então começa a rir e eu a acompanho.

Depois de comermos um pouco, encosto-me sobre o tronco da árvore, com as costas apoiadas, ficando numa posição entre estar deitado e sentado ao mesmo tempo, enquanto Jenn deita a cabeça em meu peito, brincando com nossos dedos entrelaçados e eu com algumas mechas de seu cabelo. Ficamos ali em silêncio, apenas aproveitando o calor e companhia um do outro. Não queria tocar no assunto, mas sabia o que ela estava pensando, e talvez fosse o mesmo que eu. Aquela era nossa despedida. Mais uma delas.

—Eu queria poder congelar esse momento. —sussurro.

—Eu também. —ela suspira, fechando os olhos e se aconchegando a mim.

—Vou sentir sua falta, Jenn.

—Você precisa mesmo ir hoje à noite? —uma pontada de esperança é perceptível em sua voz.

—Eu não quero ter problemas com a reitoria. Meu professor está me acobertando o máximo que pode. Eu realmente não queria ir. Ficaria aqui o tempo todo com você.

—Está tudo bem. Eu não vou desistir dessa vez. Vou te esperar. —ela se ergue, apoiando seu corpo sobre os cotovelos para poder me encarar.

—Por que você desistiu da primeira vez? —eu realmente precisava saber. —Eu fiquei louco, Jenn. Pensei que você não gostava mais de mim. Eu me culpava todos os dias por ter aceitado aquela maldita vaga.

—Eu sinto muito. —ela olha pra baixo. —Não sabia o que fazer. Como lidar com aquilo. Achei que estava fazendo o melhor pra nós dois. E quando você voltou... Tudo se embaralhou de novo. Eu nem sabia como agir com você por perto.

—Eu fiquei assim por um bom tempo. Mal sabia se tinha permissão pra falar com você, mas não aguentei, soltei minhas provocações como sempre. Eu sabia que você não ia esquecer tudo tão rápido. Tinha imaginado até se não havia outro garoto envolvido. —a dor em minha voz era perceptível.

—Nunca houve. —ela balança a cabeça e volta a me encarar. —Os planos antigos podem ser utilizados. Férias, feriados, alguns fins de semana. A gente vai fazer dar certo. Não consigo imaginar a possibilidade de te perder de novo.

—Te prometo que vou fazer valer a pena.

—Você já faz. —ela sorri.

Então a puxo de volta pra mim e a beijo, dessa vez com bem mais intensidade.

***

—Pegou sua escova de dentes? Seu tênis? Leo! Leo! O carregador do celular, meu filho. —minha mãe irrompe pela porta de meu quarto e vai falando sem parar, tentando me ajudar a colocar meus últimos pertences na mala, mas sinceramente, ela estava mais me atrapalhando do que qualquer outra coisa.

—Meu Deus, mãe! Se acalma, tá legal? —digo exasperado. —O voo só é daqui a duas horas. Já peguei tudo e revisei essa bendita mala umas trocentas vezes. —saio do quarto levando minha mala e desço as escadas. Sabia que era errado trata-la daquela forma, mas ela me enlouquecia às vezes. Ao chegar, havia me esquecido o quanto minha sala estava lotada de pessoas.

Jennifer, Nanda e Ethan estavam sentados no sofá, conversando em voz baixa. Enquanto Letícia estava sentada na poltrona, mimando e brincando com Lizzie. Diego e Patrícia também estavam presentes, assim como meu pai, Michelle, tia Marina e Ricardo. Annie e Isaac estavam em lua-de-mel, mas já tínhamos nos falado, e eles fizeram questão de mandar alguns SMS’s desejando boa viagem. Todos haviam ido ali para se despedir, assim como da primeira vez que fui embora.

—Está pronto? —pergunta Jennifer se aproximando e me olhando cautelosa. Afirmo com a cabeça e ela me abraça. Sei que no fundo está tentando ser forte e não chorar na frente de todos, mas ela vacila dessa vez.

—Não chora, Jenn. —sussurro dando-lhe um beijo no topo da cabeça. —Vai passar rápido, te juro. Eu vou te ligar todos os dias.

—Tudo b-bem. —ela se afasta, mas permaneço com meu braço ao redor de sua cintura, enquanto ela seca as lágrimas das bochechas com o dorso da mão.

Me despeço de cada um, com um abraço apertado. Até que Lizzie me enche de perguntas. Por que estava de malas prontas? Tia Júlia havia me colocado pra fora de casa? Jennifer iria comigo? Respondo a todas com bom humor, fazendo os demais rirem e dou um beijo suave na testa de minha afilhada.

Meu padrasto diz que vai me dar uma carona até o aeroporto. Minha mãe parece à beira de um colapso de nervos e não consegue parar de chorar, mas eu a acalmo e ela decide ficar em casa. Aquela sensação de djavu me invade. Havia sido exatamente assim da última vez. Então eu, Jennifer, Letícia, Ethan e Robert vamos para o carro.

Passamos a viagem em silêncio, assim como o tempo de espera no aeroporto, só atrapalhado quando tive que fazer meu check-in. Estavam todos ansiosos e Ethan tentava fazer com que relaxássemos fazendo comentários idiotas sobre várias pessoas que passavam por nós. Eu rezava silenciosamente pra que houvesse algum problema e meu voo fosse cancelado. Pelo menos, poderia passar mais tempo com eles.

Primeira chamada para o voo 1807. Encaminhar-se para o portão de embarque.

Finjo não ter escutado nada, e continuo ali sentado, com o braço ao redor de Jennifer, zoando com minha irmã e Ethan, enquanto meu padrasto nos observa.

Segunda chamada para o voo 1807. Dirija-se imediatamente ao portão de embarque.

Dessa vez, não posso ignorar, e então me levanto.

—Eu vou sentir sua falta, cara. —diz Ethan, pela primeira vez sem seu habitual sorriso malicioso. Ele então bate a mão espalmada na minha e depois me dá um abraço rápido.

—Se cuida, tá legal? —diz Letícia se levantando.

—Deixa comigo, maninha. —eu a abraço apertado. —Você também.

—Boa viagem, Leo! —diz Robert me dando alguns tapinhas nas costas.

—Obrigado! Cuida delas pra mim, tá legal? —o olho sério e ele consente.

Então me viro pra Jennifer. Ela está calma, ao menos parece. Eu a abraço e nesse momento sinto minha camisa ser encharcada por suas lágrimas. Afundo meu rosto em seu cabelo e respiro fundo.

Última chamada para o voo 1807.

—Eu amo você. —ela sussurra contra minha orelha.

—Eu também amo você Jenn. —dou um último aperto antes de solta-la.

Então arrasto minha mala para o saguão de embarque. Eu aceno uma ultima vez e ela me manda um beijo de longe. Faço uma coisa que tenho certeza que vai fazê-la sorrir em meio às lágrimas. Levanto minha mão no ar e finjo agarrar seu beijo, depois coloco a mão sobre meu peito esquerdo. Faço uma careta.

—Essa merda continua sendo gay demais! *—digo em tom alto e outras pessoas olham, mas não me importo, porque, nesse momento, Jennifer está rindo descontroladamente.


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Notas finais do capítulo

*Capítulo 17: “—Se acha que eu vou pegá-lo e fingir que vou guarda-lo no meu coração, está muito enganada. Essa merda é gay demais! —digo.”
Gostaram? É isso!
Um beijo, um queijo e até o próximo/último capítulo. Tchau!



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