Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 17
Leonard 3.3


Notas iniciais do capítulo

Achei que esse capítulo ficou meio chatinho, mas okay 'u'
Espero que gostem!
Boa leitura.



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Atravesso a rua praticamente correndo. Escuto a buzina de um carro, mas já estou do outro lado, chegando ao portão de Jennifer.

—Tá maluco? —escuto a voz de um motorista irritado.

—Desculpe! —grito por cima do ombro. Toco a campainha e aguardo. Estou impaciente. Coloco as mãos no bolso, depois as tiro e passo-as no cabelo.

Alguns segundos depois tia Marina surge à porta. Ela está um pouco mais magra, e cortou bastante o cabelo. Sua expressão parece à mesma de sempre. Ultimamente, ela matinha aquela expressão a todo o momento.

—Oi tia. —digo sorrindo enquanto ela me deixa passar pelo portão.

—Como vai Leo? —ela pergunta.

—Ah, estou legal. E a senhora? Está melhor? —pergunto erguendo as sobrancelhas. Involuntariamente, meu olhar recai sobre as marcas de seus pulsos.

—Acho que sim. Meu trabalho anda ocupando bastante meu tempo. É ótimo para me distrair de pensamentos ruins. —ela dá um pequeno sorriso.

—Fico feliz! —sorrio. Quando vejo já estamos na varanda, entrando pela porta da sala. —Jennifer está lá em cima?

—Ela estava dormindo da última vez que olhei. —ela diz.

—Ah, pode deixar que eu mesmo a acordo! —digo com um sorriso malicioso.

Subo às escadas e vejo Jennifer deitada. Se ela parecia um anjo e bem jovem quando dormia? Nem um pouco. Ela dormia de boca aberta, com o cabelo espalhado pelo travesseiro. Eu tentava entender como aquela posição a deixava confortável. Toda jogada sobre a cama. O edredom que a cobria já estava no chão. Ela era inquieta demais, até na hora de dormir. Vê-la daquele jeito me dá uma tremenda vontade de rir, que ao morder os lábios, consegui controlar.

—JENNIFER! TÁ NA HORA DE ACORDAR! —digo gritando e pulando sobre o colchão dela. —NA VERDADE, PASSOU DA HORA!

Ela, ao tomar o susto, rola para o lado e acaba caindo no chão. Ela afasta os cabelos do rosto e me lança um olhar mortífero.

—QUE MERDA É ESSA? —ela grita.

Eu então me sento sobre a cama e me dobro de tanto rir.

—Eu não tô achando isso nada engraçado, sabia? —ela diz enquanto eu choro de tanto rir. —DÁ PRA VOCÊ PARAR COM ISSO?

Eu respiro fundo e olho para o teto. Mas ao relembrar a cara de susto dela, minha crise de riso recomeça.

—Você deve ter algum tipo de problema mental. —ela resmunga enquanto se levanta e pega o edredom, o dobrando.

—Tá bom, parei. —digo levantando as mãos num sinal de rendição. —Mas se eu tivesse filmado isso, o Youtube teria muitos acessos hoje.

—E sua mãe teria um belo velório para organizar. —ela diz guardando o travesseiro e o edredom no armário. —Dá pra você sair da minha cama?

—Pede com carinho, amorzinho.

—Sai daí, infeliz! Antes que eu te jogue por essa janela. —ela diz.

—Sempre tão amorosa. —digo sorrindo e me levantando da cama.

—Vai ver o amor daqui a pouco. —ela diz com raiva.

—Eita, tá de TPM, é?

—Isso é da sua conta? Você por acaso tem um útero? Não! Então não faria a mínima pra você.

—Vish, estoque de chocolate deve ter acabado. —digo sentando na cadeira que ficava em frente ao computador. —Vim te contar uma notícia. É importante!

—O que é? —ela diz enquanto coloca o lençol sobre sua cama. Eu me levanto e a ajudo a esticar.

—Talvez eu não seja mais pai. —digo.

—O quê? —ela me olha incrédula.

—Tipo, a Patrícia tava lá em casa agora. —tento ignorar a careta involuntária que ela faz. —O Ethan também.

—Voltou a falar com o Ethan?

—Isso é outra história. Me deixa terminar.

—Okay.

Conto a história toda para ela. Sobre Ethan e Patrícia. Sobre Patrícia e Diego. * Sobre o teste de DNA que aconteceria daqui a cinco dias.

—Mas meu Deus! —diz Jenn boquiaberta.

—Eu também fiquei assim.

—Mas ainda tem chances de você ser o pai?

—De certo modo sim. Mas acho difícil. Como você disse mais cedo, eu sempre fui responsável nesse quesito. Acho que Diego não é assim. É bem capaz de ser dele.

—Patrícia não é mole não em?

—Ela não é tão ruim assim, okay?

—Uhum, tá bom. —ela diz com a voz carregada de ironia.

—Estou falando sério.

—Ter o coração partido não significa que você vai virar uma vadia. Isso acontece. Decepções são necessárias, é assim que amadurecemos.

—Nem sempre as pessoas lidam com os problemas do mesmo jeito.

—Não quero discutir os motivos que levaram Patrícia a dar pra Deus e o mundo, tá legal?

—Tudo bem. —digo bufando.

Ficamos em um silêncio constrangedor por alguns minutos.

—Então era isso? —Jenn pergunta me olhando. Ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.

—O que você esperava?

—Sei lá. Notícia importante: você voltou a falar com seu pai; Terceira Guerra Mundial; J.K. Rowling vai escrever livros baseados nos filhos de Harry, Rony e Hermione...

—Eu posso não ser pai... E você não acha isso importante?

—Você pode não ser... Mas não tem certeza. —ela diz encarando o chão.

—O que foi aquilo mais cedo no armário?

—O quê?

—Você me chamando de futuro papai e dizendo que queria ser madrinha... E bom você estava chorando.

—Queria que eu explodisse de felicidade? Você é tão cego assim ou está fugindo do que é óbvio? —ela me olha com uma expressão que parece raiva.

—Jennifer, eu...

—Leo, por algum motivo você tenta fugir de tudo aquilo. Lembra-se de dois meses atrás?

—Sim, eu me lembro. Queria muito voltar no tempo e consertar tudo. —murmuro.

—Voltar no tempo? Isso só existe em ficção, Leo. No mundo real, quando algo é quebrado ou rompido tentamos consertar, tentamos juntar o que restou. Não podemos voltar no tempo... Apenas, temos que conviver com as imperfeições que causamos àquela coisa. Temos que nos convencer que, de certo modo, nada será como antes.

—Você realmente me perdoou Jennifer? —pergunto a encarando.

—Sim. Eu te perdoei. Mas morro de raiva que sempre que eu tento tocar nesse assunto, você se esquiva. Foge. O que foi? Você mudou tanto assim? Nós mudamos tanto assim? Você não tem mais certeza de... —ela olha pros lados, talvez a procura da palavra certa.

—Certeza de nós? —completo. Ela assente lentamente com a cabeça. —É claro que tenho Jenn. Você é única coisa que tenho certeza. Acho que, no fundo, você sempre soube disso. —ela está sentada ao meu lado. Eu seguro sua mão e entrelaço nossos dedos.

—A gente é tão complicado, não é? —ela sorri calmamente.

—Até demais. —eu rio.

—Poderia ter sido de forma tão mais simples... Sem brigas, sem traições, sem separações... —ela diz em voz baixa.

—Talvez se tivesse sido tão rápido e natural assim, não daríamos tanto valor ou importância. —eu digo e depois dou de ombros. —Sei lá. Vi essa frase num livro uma vez.

—Você é tão estraga prazer. —ela ri.

Eu olho bem nos olhos dela. Nos inclinamos em direção ao outro no mesmo instante e isso faz com que sorríssemos na mesma hora. Então coloco a mão em sua nuca, a puxando para mim e a beijo. Depois de algum tempo, nos afastamos.

—Senti falta disso. —digo.

—É, eu também. —ela diz. —Mas, ainda tem a questão da criança e...

—Não vamos nos preocupar agora, tá bem? Sofrer antecipadamente é uma enorme perca de tempo.

Ela assente afirmativamente com a cabeça e dá um sorriso. Ela me puxa novamente e nos beijamos.

Passamos a tarde toda assim. Agarrados um ao outro, trocando beijos e carícias.

—Acho que já tá na minha hora. —digo me levantando da cama.

—Ah, mas já? —ela diz fazendo bico.

—Não faz essa carinha. Já fiquei muito tempo aqui.

—Nunca é o suficiente.

—Não? Depois que a gente casar, você não vai mais aguentar ver minha cara todo dia.

—Casar? Nossa! Vai com calma aí. —ela diz rindo.

—Te assustei com meus grandes planos para o futuro?

—Até que não. Imagino há quanto tempo você desejava dizer isso.

—Alguém já está ficando muito convencida.

—Te vejo amanhã?

—Temos escola, se lembra?

—Estava muito feliz não me lembrando disso. Obrigada por estragar o resto da minha noite.

Me inclino e lhe dou um selinho, seguido de um beijo na testa.

—Boa noite, Jenn.

—Boa noite, Leo.

Me encaminho em direção a porta e quando estou a fechando, Jenn me joga um beijo no ar.

—Se acha que eu vou pegá-lo e fingir que vou guarda-lo no meu coração, está muito enganada. Essa merda é gay demais! —digo.

—Você é um ridículo!

—Também te amo! —digo já descendo as escadas.


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Notas finais do capítulo

*
(N/A: Se fossemos colocar todos os caras com quem Patrícia já se relacionou, teria que criar uma história só pra ela.)
Beijos!