Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 16
Leonard 3.2


Notas iniciais do capítulo

(Tive minha primeira recomendação hoje e estou muuuuuito feliz *-*
Dedico esse capítulo a você, Mila Ribeiro! Obrigada ^-^)
Boa leitura!



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Assim que escuto a campainha tocar, desço as escadas e logo abro a porta. Patrícia está com um short curto jeans, uma camiseta branca e o cabelo preso. Ela olha pra mim receosa.

—Acho que temos muito pra conversar, não é? —digo.

—É, acho que sim. Não deu muito pra falar hoje mais cedo. É muita coisa, e aconteceu tudo rápido demais. —ela diz entrando e se sentando no sofá. Ela tira a bolsa que estava em seu ombro e praticamente joga sobre o tapete da sala.

Ethan que estava ao pé da escada também se senta, na poltrona, defronte de Patrícia.

—O que ele tá fazendo aqui? —ela pergunta me olhando.

Ele tem nome, sabia? —diz Ethan.

—Acho que ele merece participar da conversa. —digo me sentando no lugar ao lado de Patrícia, mas de lado, a fim de poder encarar tanto Ethan quanto ela.

—Ainda não consegui entender. —ela diz.

—Sobre a festa, Patrícia. No quarto do Luís. Lembra-se daquela noite? —Ethan diz baixinho, olhando ora para seus próprios pés ora para Patrícia.

—Lembro bem pouca coisa. Mas o que tem?

—Leo falou da sua gravidez e acha que... —começa Ethan.

—O quê? —diz Patrícia com uma voz alterada. —Acha que eu não sei quem é o pai do meu próprio filho? Você acha que eu estou mentindo pra você? Dando o golpe da barriga? —diz Patrícia praticamente cuspindo as palavras sobre mim.

—Filho? —escuto a voz de Letícia.

Ela está com um copo de água na mão e nos olha espantada. Ela deveria estar esse tempo todo na cozinha.

—Ah, meu Deus! Ela tá grávida? E você é o pai? —ela coloca a mão sobre sua boca que estava aberta.

—Letícia, que isso não saia daq... —começo a dizer, enquanto isso ela corre até o balcão.

—Cadê meu celular? Cadê? Mamãe precisa saber disso. —ela começa a murmurar.

Corro pra cima da bancada e pego o celular dela primeiro. O coloco sobre a estante, onde ela não poderia alcançar.

—Será que dá para parar de se comportar como uma criança? Isso é sério, não quero que você conte isso pra ninguém, está ouvindo? Ninguém! Muito menos pra nossa mãe. —digo em tom ameaçador segurando o braço dela de leve.

—Como você pode ser tão burro? —ela olha pra mim decepcionada. —É óbvio, que essazinha aí—ela diz apontando para Patrícia —só está mentindo pra você.

—Eu já só bem grandinho Letícia. Sei lidar com meus problemas. Não preciso ouvir sermão de irmã mais nova no momento. Dispenso!

Em todo esse tempo, Patrícia e Ethan ficam nos olhando.

—Espero mesmo que você saiba lidar com seus problemas. —diz Letícia se soltando de meu fraco aperto e subindo as escadas.

Sento-me de novo em meu lugar.

—Acha mesmo que eu estou enganando você, não é? —pergunta Patrícia em tom baixo.

—O que você quis dizer com “Carlos falou algo pra você?” —pergunto a olhando.

—Bem, é que, ultimamente, ele anda preocupado demais comigo. Ele sabe sobre... Bem, sobre tudo. —ela diz colocando a mão sobre a barriga. —Ele teme por mim.

—E? —continuo.

—Você sabe a fama que eu tenho, certo? —confirmo com a cabeça. —Bem, quem não sabe não é? —ela dá um sorriso fraco. —Não que eu queira esconder isso, mas eu não era assim. Nem sempre fui. Algumas pessoas e fases em sua vida fazem você mudar, e nem sempre, como no meu caso, é pra melhor. Se um garoto pegar todas, ele é um máximo. Todas as garotas o querem. Se uma garota pegar todos, ela é puta, galinha, fácil. Tudo de ruim... —ela diz.

—Aonde você quer chegar com isso? —pergunta Ethan.

—Espere. —ela diz levantando um dedo para silencia-lo. —Eu sinto muito, Leo. Eu queria poder te afirmar com toda certeza que essa gravidez era invenção minha. Mas não é. —algumas lágrimas escorrem pelas bochechas dela. —Eu queria poder dizer que era mentira. Minha vida acabou. Tudo desmoronou.

—Não precisa chorar. —minha raiva se desmancha lentamente. Odiava quando alguém chorava perto de mim. Sentia-me impotente.

—Mas, eu precisava te falar uma coisa. —ela diz passando os dedos no rosto pra secar as lágrimas. —Eu estou grávida sim. Mas não tenho certeza se esse filho é seu. —ela olha pra Ethan. —E nem seu.

—Como assim? —perguntamos eu e Ethan em uníssono.

Ela dá uma risada fraca.

—Bem antes de você pedir pra ficar comigo, eu era uma garota comum, talvez até um pouco esquisita. Até que apareceu um garoto na minha vida. Ele era perfeito. Fiquei apaixonada no mesmo instante. Eu era fissurada por ele, enquanto ele nunca me dava bola. Até que um dia ele aceitou sair comigo. Ele me levou no carro dele e... Bem, fizemos tudo o que tínhamos direito. Pensei que ele gostava de mim. Eu nunca estive tão errada. —ela respira fundo e olha pro teto por um instante antes de prosseguir. —Ele espalhou para a escola inteira o que tínhamos feito. Isso chegou ao ouvido dos meus pais e tudo. Eu fiquei arrasada. Mas depois disso pensei: “toda a escola já acha que eu sou uma vadia, o que custa interpretar o papel?” Então comecei com essa minha fama de hoje.

—Ainda não entendo. —murmura Ethan.

—Alguns dias antes daquela festa, esse garoto veio me pedir desculpas por tudo o que fez. Eu aceitei e tive uma recaída. Nesse dia nos fomos novamente para o carro dele. Cerca de três dias depois houve aquela briga sua com ele e bem... Logo depois a festa.

—Espere, minha briga com ele? Não vai me dizer que o garoto da sua história é o... —começo a dizer.

—O Diego? Pois é ele mesmo. —ela completa.

Fico boquiaberto por alguns instantes. Então me lembro, subitamente, de Patrícia nos corredores da escola. Uma garota loira, de óculos, cheia de livros nas mãos e com aparelho dentário. Lembro como a maioria dos garotos caçoavam dela. Olho pra Patrícia que está na minha frente e a mudança é absurda.

—Então isso quer dizer que o filho pode ser do Diego? —pergunta Ethan.

Ela confirma com a cabeça.

—Eu não queria te enganar nem nada, Leo. Mas eu estava e ainda estou com dúvidas em relação a isso. —ela diz. —Mas se eu pudesse escolher, escolheria você. —ela dá um sorriso que logo se desmancha. —E eu já marquei o teste. Não quero que você fique com uma responsabilidade que não é sua. Sabia que a qualquer momento a verdade viria à tona. E era isso o que Carlos sabia.

—A cada hora essa história da uma reviravolta. —diz Ethan. —Uma hora o filho é do Leo. Outra hora é meu. Agora pode ser do Diego. Caramba em Patrícia?

—Desculpa? —ela diz em tom quase inocente.

—O teste está marcado pra quando? —pergunto.

—Daqui a cinco dias. —ela responde.

—Hum, cinco dias... —repito pra mim mesmo.

—Ethan? Será que você poderia dar licença pra mim e Leo por um instante? —pergunta ela.

—Eu já estava de saída. Agora que tudo ficou esclarecido. Bom, mais ou menos. —ele dá uns tapinhas no meu ombro. —Qualquer coisa pode falar cara.

—Valeu mano! —digo.

Ele sai e bate a porta.

—Leo... —Patrícia me chama.

—O quê?

—Eu realmente gosto de você, e você sabe disso não é?

—Sei?

Ela revira os olhos.

—Ah, por favor, Leo! E nós dois também sabemos que você não gosta de mim.

—Não é isso. Eu não quis te usar nem...

—Não precisa se desculpar. —ela sorri. —Eu sei de quem você gosta.

—De quem eu gosto?

—Ainda em fase de negação?

Permaneço em silêncio.

—Espero que dê tudo certo pra nós dois. —ela diz. —Na verdade, três. —ela suspira. —Vai ficar tudo bem. —ela diz passando a mão pra ajeitar meu cabelo. —Eu já vou indo. —ela se inclina e me dá um beijo na bochecha. —Se cuida! Eu não devo aparecer na escola por um tempo. A gente se vê na clinica. —ela joga o cartão com o endereço e sai. Escuto o barulho da porta se fechando.

Olho para o cartão e o reviro nas mãos. Sinto uma esperança crescente e o peso que vinha carregando nas costas parece um pouco mais leve, suportável. Respiro fundo. Existia uma possibilidade. E essa possibilidade poderia mudar tudo... Ou não.


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Notas finais do capítulo

Prevejo pessoas comentando sobre o Diego...
Até mais.
Beijos