Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 15
Leonard 3.1


Notas iniciais do capítulo

POV's Leo
(Vocês devem estar querendo me apedrejar né? Soltar uma bomba assim e do nada desaparecer? Podem me xingar nos coments , eu deixo -q. Comentem bastante. E já que vocês dizem que gostam tanto da história, queria pelo menos 1 recomendação. Iam fazer a tia aqui tão feliz :3 Okay, sem apelação. Vamos pro que interessa.)
Boa leitura o/



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Jennifer me olhava como se eu estivesse falando outra língua.

—Grávida?

—É, Jennifer!

—Mas como assim, Leo?

—Você quer mesmo que eu te explique?

—Não é isso, é que... Isso é algum tipo de pegadinha não é? Daqueles programas de TV.

—O quê?

—Isso não pode ser sério, Leo. —o sorriso dela se desmancha ao perceber que eu não estou brincando. —Ah, meu Deus!

—Eu sei. —digo.

—Não, Leo! Você não sabe. Qual o seu problema? Faltou as aulas, é? Pelamor de Deus. E agora?

—Por que você acha que eu tô desesperado?

—Caramba, Leonard! —ela anda de um lado pro outro, passando a mão no cabelo. Ela para e me olha.

—Ela foi ao médico?

—Eu não sei e...

—Como assim você não sabe? É obvio que tem saber. E se ela estiver inventando tudo isso só pra você voltar pra ela?

—Eu não acho que ela seria capaz disso e...

—Não acha? Você conhece mesmo essa garota? Não banca o ingênuo, Leo. Que droga! Nunca pensei que você fosse tão idiota.

—Ei! Se acalma, tá legal? Parece até que é você que vai ter um filho.

—Você não entende mesmo, né?

—Porra Jennifer. Você tá pior que minha mãe.

—É óbvio seu babaca. Eu me preocupo com você. O que acha que vai acontecer agora? Você vai continuar sendo sustentado pela mamãe? Você vai ter que se dobrar pra estudar e trabalhar pra cuidar dessa criança. Isso se esse filho for mesmo seu.

—Tá querendo insinuar o quê?

—Entenda como quiser. —ela diz e sai do corredor.

—Aonde você vai? —grito.

—Não te interessa. —ela então vira calmamente. —Parabéns, futuro papai! Não se esquece de me convidar pra ser a madrinha, tá? —ela me olha sorrindo. Seus olhos estão lacrimejando. Antes que eu posso dizer qualquer coisa, ela se vira e sai dali.

—Droga! —digo com raiva e dou um soco no armário mais próximo.

Saio o mais rápido possível, sem que ninguém veja para o estacionamento da escola. Pego minha moto e tento não pensar em nada. Por que eu não podia simplesmente acreditar no que Jennifer falou? Era só um engano... Ela nem havia ido ao médico. Pra que eu me preocupar tanto? Era só um engano. Só isso. Respiro fundo e estaciono a moto na calçada. Vou para uma praça, onde eu vou quando estou afim de ficar sozinho. É um bom lugar pra pensar. Quando estou sentado num banco de madeira observando as pessoas que passam, escuto uma voz:

—Leonard?

Ah, só podia ser brincadeira! Meu dia, agora sim, estava completo.

—Não era pra você estar na escola uma hora dessas? O que aconteceu? —pergunta meu pai.

Respiro fundo e tento ignorar que ele está ali do meu lado. Penso em simplesmente levantar e em ir embora, mas com certeza se eu permanecesse quieto, ele se mancaria, viraria as costas e eu poderia aproveitar o resto do meu dia ali. Mas como sempre, eu estava errado.

—Você não vai me responder, Leo?

Eu levanto os olhos me preparando pra dar a resposta mais malcriada que me viesse à cabeça quando uma jovem moça se aproxima de nós. Ela não é tão mais velha que eu, uns quatro anos de diferença no mínimo. O que podia sugerir que meu pai tinha idade pra ser pai dela.

—Ah, querido! Estava te procurando. O que foi que... —então seus olhos se abaixam em minha direção. —Oh, Leo!

—Como vai, Michelle? —digo abrindo um sorriso debochado.

—O que faz aqui? —ela pergunta.

—É isso que quero descobrir, mas ele insiste em não me responder. —diz meu pai.

—Que tal essa resposta aqui: isso não é da sua conta, papai querido! —digo me levantando.

—Olha só garoto! Isso é jeito de falar com seu pai? Se falar assim comigo de novo, eu vou...

—Vai o quê? Me bater? Me poupe. —digo me afastando.

—Não vire as costas pra mim. —ele diz elevando a voz.

—Querido, se acalme! As pessoas estão olhando. —diz Michelle.

—Danem-se as pessoas! Danem-se todos! —ele diz.

Dou uma risada em tom baixo e volto pra onde estava a minha moto. Pego meu celular e vejo que tem novas mensagens.

[Jenn 10:05] Desculpa pelo surto. É que isso foi muito chocante pra mim e bom, isso muda tudo em relação a... Bom, em relação ao seu futuro e... Eu não sei o que te dizer.

[Eu 10:07] Chocante pra você? Imagine pra mim! Eu não quero me estressar com isso agora. Ainda não tenho certeza... Vou marcar com a Patrícia pra ela ir ao médico. Mas mudando de assunto, adivinha com quem acabo de esbarrar?

[Jenn 10:08] Não faço a mínima ideia. Quem?

[Eu 10:08]Meu pai e sua digníssima esposa Michelle.

[Jenn 10:09] Eita! Deixa eu adivinhar agora... Discutiram?

[Eu 10:09] Velhos hábitos não mudam... Posso ir à sua casa hoje?

[Jenn 10:09] Não.

[Eu 10:10] Nossa! Então tá né.

[Jenn 10:11] Não é que eu não queira, é que, bem... Patrícia não gostaria muito. Não quero atrapalhar vocês.

[Eu 10:11] Não estamos juntos Jennifer. Você sabe disso...

[Jenn 10:12] Não? E a criança Leo? Será terrível! Ela nem nasceu e os pais já estão separados.

[Eu 10:12]Ela vai entender... Ou ele.

[Jenn 10:13] É muito pra absorver... E garanto que pra você também deve estar sendo. Então é melhor cada um ficar no seu canto, por enquanto, okay?

[Eu 10:13] Okay.

[Jenn 10:14] Intervalo acabou. Até mais!

[Eu 10:14] Até!

Fico encarando a tela do meu celular e resolvo fazer uma coisa que já devia ter feito há muito tempo.

[Eu 10:16] Ei, cara! Tô precisando falar com você.

[Ethan 10:17] Ah, lembrou que eu existo agora?

[Eu 10:17] Sem drama, Ethan!

[Ethan 10:17] Quando terminar a aula eu passo na sua casa, valeu?

[Eu 10:18] Valeu. Até mais!

[Ethan 10:19] Também tenho uma parada pra te contar.

[Eu 10:19] Hum, beleza então! Vai assistir à aula aí. Tchau!

Subo na moto e resolvo ir pra casa. Mando uma mensagem pra Patrícia. Ela não responde imediatamente, então subo e tomo um banho demorado.

Só queria que tudo simplesmente voltasse pra como era antes. Que droga! Eu sempre me preveni. Como essa merda podia tá acontecendo logo comigo? Se minha mãe desconfiasse, ela com toda certeza me tornaria estéril do jeito mais doloroso possível. Que suspeita era aquela da Jennifer? Como assim “se for seu”? Eu namorei Patrícia por cerca de dois meses. Será que ela tinha me traído nesse tempo? Bom, a fama dela era bem promissora, mas ela realmente parecia apaixonada. Não que eu me importasse com ela, mas não queria ficar com fama de corno na escola. Às vezes me sentia culpado por tê-la usado desse jeito, mas como ela também tinha feito isso com tantos outro, acho que era uma forma de deixar tudo igual.

Saio do banheiro. Coloco minha cueca e uma bermuda qualquer. Ainda eram 11:30h. Mais de meia hora pro Ethan chegar aqui. Resolvo jogar um pouco de GTA.

Escuto passos subindo a escada.

—Leo? —escuto a voz de Letícia.

—Aqui no quarto, maninha!

—Chegou cedo em casa... Faltou aula, é?

—Isso é da sua conta, pirralha?

—Pirralha? Aha! Sou mais esperta do que você pensa.

—Eita!

—Ethan tá lá embaixo. Ele me deu uma carona já que ia vir pra cá.

Olho para o relógio. 12:15h. Nossa! O tempo voou.

—Pede pra ele subir.

—Tá legal!

Salvo o jogo no cartão de memória e desligo tudo. Nisso Ethan entra no quarto.

—Eaí. —ele diz.

—Qual é? Quanto tempo, cara! —digo erguendo minha mão. Ele bate a dele espalmada.

—Estranhei sua mensagem. Resolveu voltar a falar com os velhos amigos? —ele diz sorrindo. —Vi você com a Jennifer hoje.

—Ah, bom. Isso é uma história longa.

—Fiquei sabendo o que aconteceu com a mãe dela. A Nanda me contou.

—Você e Nanda estão se falando normalmente?

—Sim. Eu percebi que fui um otário. Gosto dela, mas achamos melhor continuar só na amizade. Algumas coisas mudaram garanhão. —ele sorri. Depois fica com uma expressão mais séria. —Terminou com a Patrícia?

—Ah, cara! Sim. Já tem alguns dias e...

—Porque eu tinha um lance dela pra te falar.

—Dela?

—Tá ligado naquela festa que a gente foi? Aquela há meses atrás... Que a Nanda me pegou na cama com outra garota? —ele engoliu seco.

—Uhum. “A” festa.

—Então... Bem, aquela garota, ela era... Era a Patrícia. —ele olha pra mim cauteloso.

—O quê? —minha voz sai sufocada.

—Eu queria te contar cara. Tipo, não foi uma traição já que vocês nem estavam juntos, mas eu me sentia mal e tinha que te falar. Mas a gente não se viu mais depois disso e...

—Isso faz quanto tempo?

—Ah, sei lá, uns dois meses?

Dois meses...

—Leo? Você tá me ouvindo?

—Hã? Estou. É que... Véi. Meu Deus!

—Bom, me sinto até mais leve depois de te contar. Era isso o que eu falei na mensagem.

—Não cara, é pior que isso!

—O que é pior? —ele me pergunta franzindo a testa.

—A Patrícia me contou hoje mais cedo que estava grávida.

—O QUÊ?

—Não grita, merda! Minha irmã tá no quarto do lado. —sussurro. —Sim, mas a Jenn deixou a entender que talvez esse filho não seja meu. Uma hipótese. Tipo, você sabe como a Patrícia é... E meu Deus, Ethan!

—Nem diga em voz alta o que você está pens...

—E se for seu Ethan?

—Cala boca! Para com isso. Você que fez! Você que assume! Não vem empurrar pro meu lado não.

—Mas cara, eu sempre me preveni. —digo mais pra mim mesmo. —Não é possível que seja meu, ia ser muita falta de sorte. Mas e vocês?

—Você acha mesmo que eu me lembro de alguma coisa com clareza daquela noite?

—Ethan!

—Leo!

—A gente tá fudido.

—A gente o cassete. Você e ela. Me esquece. Nem sei por que te contei isso.

—Que merda!

Pego meu celular e disco o número da Patrícia.

—Alô? —escuto a voz dela.

—Preciso que você venha aqui em casa. Agora!

—Epa, amorzinho! Pede com carinho primeiro.

—É sério, Patrícia!

—Aff! Daqui a pouco tô aí. —ela fica alguns segundos em silêncio e depois fala. —Você contou aquilo pra alguém?

—Talvez... Por quê? Era mentira?

—Você acha que eu mentiria sobre isso?

—Mentiria sobre a paternidade da criança?

—O quê?

—Tem certeza que eu sou pai? Certeza mesmo? Não passa nenhum outro nome em sua cabeça?

—Carlos te falou alguma coisa?

—Eu nem conversei com seu irmão. Por quê? Ele tem algo a me falar?

—Para com isso, Leo! Eu já estou no portão. Daqui a pouco tô aí. E tente se acalmar, tá legal?

—Tchau!

Ethan está me olhando enquanto jogo o telefone sobre minha cama.

—Ela tá vindo?

—Sim! Acho melhor tirarmos essa história logo a limpo.

Ethan está com a mesma expressão que eu tinha essa manhã. Apavorado. Me sento na cama e coloco a cabeça entre as mãos, aguardando a campainha tocar e decidir o meu futuro ou o do meu melhor amigo.


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Notas finais do capítulo

Não sei quanto tempo vou demorar pra postar outro capítulo, mas não me abandonem.
É isso, beijos