Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 14
Jennifer 3.3


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouquinho né? Alguns diálogos aí são os que já aconteceram na minha vida, principalmente a parte de surto no carro. kkkkk Espero que gostem, eu ri escrevendo uma parte dele
Boa leitura :)



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Escuto novamente a buzina em meus ouvidos. Será que ele não poderia ser um pouquinho mais paciente?

—Tchau mamãe. —digo dando um beijo em sua testa. —Fica bem. —Olho pra tia Júlia e sorrio. —Obrigada por tudo tia. Cuida dela para mim. —digo dando-lhe um beijo na bochecha.

—Pode deixar meu bem. —ela responde.

Saio alisando minha blusa da escola, ajeitando minha maldita franja que insistia cair no meu olho e colocando a mochila sobre o ombro. Tudo ao mesmo tempo.

—Oi. —escuto a voz de Leo. Ele está parado a alguns metros de mim. Me aproximo.

Vou dar um beijo em sua bochecha e ele parece ter a mesma ideia, pois se inclina no mesmo momento e na mesma direção. Viramos rapidamente. Quando pela segunda vez, fazemos a mesma coisa, dessa vez na direção esquerda. Ele se afasta e solta uma risada. Então se inclina e me dá um beijo na testa. Sinto minhas bochechas corarem. Ele praticamente corre até o lado do motorista e já liga o carro.

—Você tá com algum problema? —digo assim que entro no carro.

—Só não estou a fim de me atrasar mais ainda. Não tenho culpa se você é tão lenta. —eu o fuzilo com os olhos e ele se limita a dar um pequeno sorriso, que logo é substituído por uma expressão mais séria. —Como ela está?

—Está se recuperando. Os pontos já estão mais secos hoje. Daqui a dois dias ela deve tira-los e voltar a trabalhar o mais rápido possível. Mas eu ainda não entendo. —digo olhando pra frente, enquanto paramos num sinal vermelho.

—Não entende o quê?

—O porquê de ela fazer isso. Tipo, sei que ela estava deprimida, triste e pensou que tudo tivesse desmoronado... Mas ela é jovem, bonita e bem sucedida no que faz. Meu pai que foi um otário em magoa-la desse jeito, mas ela não deveria acabar consigo mesma se ele era cego a tal ponto de não enxergar a mulher perfeita que tinha. Ela era uma ótima esposa e é uma ótima mãe.

—O amor nos traz consequências estranhas...

—Não, Leo. Isso não é amor. Quando você ama alguém você é capaz de esquecer, apenas para o bem dele. Você o deixa ir. Eu fiquei muito chateada e angustiada quando descobri as traições do Nicolas, mas eu nenhum momento eu pensei em me matar ou me mutilar. Acho que simplesmente não vale a pena. Eu nunca faria isso.

—Mas você já se mutilou Jennifer. Não seja hipócrita dizendo que nunca faria algo que já fez.

—Não, não. Foram por motivos complemente diferentes. Foi pelos meus pais. Nossas brigas diárias, as cobranças, as agressões. Foi por isso. Eu estava cansada e aquilo era meu escape. Mas eu não me orgulho disso porque era um “alívio” momentâneo e depois daquilo eu tinha que encarar a realidade como sempre. Mas nunca, jamais por um garoto.

Ficamos num silêncio por alguns instantes.

—Então você fez aquilo por causa de seus pais? Mas Jennifer, pais são assim mesmo. Brigam e cobram o tempo todo e...

—É Leo, eu sei. Você falou isso. Se lembra? —ele confirma com a cabeça. —Só que era muita pressão. Eles só viam meus erros e jamais elogiaram meus acertos. Eu não deixei de amá-los, mas eu sentia muita raiva e já disse muitas vezes em voz alta e pensamentos o quanto eu os odiava. Era mentira. Hoje eu sei que era. —olho para o chão e respiro fundo. —Mas não quero falar disso. Vamos mudar de assunto. —estendo a mão e ligo o rádio. Arregalo os olhos ao perceber que música está tocando.

—AH, EU NÃO ACREDITO. —grito.

—Eu também não. —Leo resmunga.

—I FIGURED IT OUT. I FIGURED IT OUT FROM BLACK AND WHITE.

—Ah, meu Deus! Cala boca, Jennifer.

—Cala boca você, seu idiota. É ONE DIRECTION.

—Um dia eu ainda mato esse bando de gays.

—Gay é você seu palhaço.

—Você sabe que não.

—YOU AND I. WE DON’T WANT TO BE LIKE THEM.

—Eu não tô acreditando nisso... Podemos, por favor, voltar a falar de mutilação e tentativas de suicídio? Tô implorando.

—Dá pra calar a porra da boca?

—Você tá xingando Jennifer? Eu vou ter que lavar sua boca com sabão mesmo?

—Vai se ferrar garoto! Eu tô perdendo as melhores partes da música por sua causa, seu retardado.

—Você tá dentro do meu carro, utilizando do meu rádio e me chamando de retardado? Você perdeu a noção do perigo garota? Acha que tá falando com quem?

—Argh! Desisto. Pelo menos eles são melhor do que essas bandinhas de merda que você escuta.

Então ele para o carro de repente.

—Sai do carro. —ele diz em tom baixo.

—O quê?

—Sai do carro.

—Sair do carro? Você enlouqueceu? Tá chuviscando e eu tenho que ir pra escola.

—Então saio eu. —ele diz abrindo a porta e saindo.

Abro a porta do meu lado e saio correndo atrás dele.

—Você enlouqueceu? Deu um surto, é?

—Só volto se você pedir desculpa.

—Desculpa? Desculpa pelo o quê?

—“Bandinhas de merda”. —ele diz fazendo as aspas com os dedos.

—Você só pode estar zuando com a minha cara... —digo revirando os olhos. Ele continua ali parado de braços cruzados. —A não. Eu conheço esse olhar... Você tá falando sério? Mas você chamou minha banda favorita de “bando de gays”, e eu não fiz nada disso.

—Ainda não ouvi a desculpa em nenhuma dessas frases.

—Cassete Leonard. Desculpa tá legal? Desculpa. A banda é maravilhosa, tem músicas mais que perfeitas e se eu pudesse colocava todos dentro de um potinho para protegê-los desse horrível mundo.

—Não exagera!

—SERÁ QUE AGORA DÁ PRA SAIR DESSA MERDA DE CHUVA E VOLTAR PARA O CARRO?

—Olha só, não tem ninguém gritando aqui. Então fala baixo, amiguinha.

—Ah, meu Deus! Você só pode estar tirando uma comigo, né possível. —digo voltando pra dentro do carro.

Ele, logo em seguida, volta rindo igual a uma hiena (imagine uma hiena rindo. Parabéns... Você é muito criativo!).

—Meu Deus! Você realmente enlouqueceu... Isso é alguma espécie de crise de abstinência? —pergunto olhando para ele.

—Eu só estava te imitando.

—Imitando? Eu nunca me droguei não garoto.

—Quando eu falei daquela outra cantora lá. A problemática, garota propaganda da gilete. —Demi Lovato. —Foi mais ou menos assim que você reagiu. “Pede desculpa.” —ele disse numa péssima imitação de minha voz.

—Você é um imbecil.

—Mas você me ama.

—Fazer o que né?

—Você não negou. —ele diz fazendo uma cara de espanto altamente ensaiada. —O primeiro passo é assumir o que sente.

—Eu sinto uma enorme vontade de te dar um soco. Qual é o próximo passo?

—Ah, tem certeza que é dar um soco? —ele ergue a sobrancelha.

—Vai à merda. Dá pra dirigir ou tá difícil? Já estamos atrasados.

Ele solta uma risada baixa e acelera com o carro.

Não chegamos atrasados na escola (milagre divino, aleluia!). Annie parece que vai explodir de felicidade quando me vê saindo do carro com Leo. Nanda dá um pequeno sorriso. Isaac está com os braços ao redor de Annie e sussurra algo em seu ouvido. Os dois trocam um sorrisinho. Ethan está mais deslocado do grupo. Não acho certo terem o tirado do grupo dessa forma. Era um assunto dele e de Nanda, mas eu não podia fazer nada. Ele ainda era um ótimo amigo para mim.

Assim que nós aproximamos, Isaac, Annie e Nanda me esmagam num abraço.

—Sentimos sua falta baixinha. —diz Isaac.

Eles se afastam e me deixam, pelo menos, respirar. Eu sorrio. Tinha faltado dois dias de aula. Toda aquela loucura tinha acontecido numa tarde de quarta-feira. Quinta e sexta eu tinha faltado para cuidar de minha mãe. Agora para não me atrapalhar demais na escola, tia Júlia, mãe de Leo, que estava de férias do trabalho, se ofereceu para vigiar e cuidar de minha mãe.

—É, eu sei. —digo presunçosa.

—Como ela está? —pergunta Nanda em voz baixa.

—Está melhorando. —digo.

—Ela vai ficar bem. —diz Annie colocando a mão sobre meu ombro.

—Agora pode me explicar o milagre que aconteceu aqui? —pergunta Isaac indicando Leo e eu. —Desde quando vocês se falam?

—Leo foi ao hospital aquele dia. A gente acabou se entendendo. —digo o olhando e ele sorri.

—Aleluia! Não aguentava mais aquela divisão de grupo. —diz Annie.

—Por falar em divisão de grupos, eu queria pedir um grande favor a vocês. —diz Nanda.

Todos a olham, indicando que ela pode falar.

—Queria que vocês voltassem a falar com Ethan.

—O quê? —todos perguntam em uníssono.

—Ele foi até minha casa. Ele pediu desculpas. Disse que não sabia que eu estava levando tudo tão a sério e que ele se sentia muito culpado por ter me magoado daquela maneira. Que ele gostava muito de mim, mas sabia que não era o cara certo. Eu o desculpei e espero que vocês possam fazer o mesmo. Além do mais, nem sei por que vocês pararam de falar com ele, enquanto o assunto só envolvia nós dois. —ela disse, olhando principalmente para Leo. Ele era o que mais tinha abandonado Ethan ali, e os dois eram melhores amigos desde sempre.

—Leo, eu preciso falar com você. —escuto a voz de Patrícia atrás de mim. Ela faz uma cara de nojo enquanto me olha.

—Nós não temos mais nada para conversar, Patrícia. —diz Leo resmungando.

—É sério! Eu preciso mesmo. —ela diz em tom baixo.

—Então fala! —ele diz.

—Precisa ser em particular. —ela diz olhando para nós.

Ele revira os olhos e atravessa para o outro lado da rua. Ela o segue. Faço uma careta para os demais e eles riem.

—A galinha deve implorar por outra chance. —diz Annie em voz baixa. —Não sei por que Leo estava com ela. Ela é mais rodada que prato de micro-ondas.

Todos nós rimos. Olho por cima do meu ombro. Leo está com uma cara de espanto, e Patrícia parece que vai romper em lágrimas a qualquer instante. Ela coloca a mão no ombro dele, mas ele parece paralisado.

Você tem certeza?” consigo ler seus lábios enquanto ele diz isso. Ela balança a cabeça em afirmativa. Eu viro para frente. Não quero bancar a enxerida. Ele com certeza nos contaria depois. O sinal da entrada toca, mas Leo não se levanta. Ele e Patrícia continuam ali, sem encarar um ao outro.

—Vamos Jennie. —diz Nanda entrelaçando seu braço ao meu. Nós entramos na sala.

10 minutos mais tarde, Leo entra e se senta ao meu lado.

—O que aconteceu? —pergunto.

Ele não responde. Apenas tira seu caderno e estojo de dentro da mochila.

—Leo, o que houve? Você tá pálido. Tá suando frio... Você tá legal? —digo o olhando preocupada.

—Isso não é lugar para falarmos sobre isso. A gente conversa depois. —ele diz em voz baixa.

Ele passa a aula toda com a cabeça nas nuvens. Tenta copiar a matéria das aulas, mas sempre deixa pela metade. Ele não fala nada.

Até que na hora do intervalo, eu não aguento mais esconder minha curiosidade e o puxo pelo braço para o corredor dos armários. O “nosso” corredor.

—Leo. O que tá acontecendo? O que a Patrícia te falou?

Ele olha para o chão e olha para mim. Sei que o que ele vai falar não vai ser nada bom. Sua expressão diz tudo já.

—Ela disse que tá grávida, Jennifer. —ele diz em tom baixo. — Grávida!

Abro a boca com espanto, e ele coloca a mão na testa. Parece desesperado, e eu pareço que levei um soco nas costas, porque de repente não consigo mais respirar. O ar todo sumiu. Leo vai ser pai...


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Notas finais do capítulo

Amores, comentem bastante tá ? Se vocês estão mesmo gostando da história, recomendem.
(Eu sou fã de 1D e Demi, então fãs, foi apenas uma zueira básica, não me apedrejem, obrigada!)
Beijos ♥