A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 9
Elena Sousa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem muito sobre mim e talvez alguém até se identifique .
Beijos .



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Encontrar com Elena, não importa o quão bem eu esteja sempre faz com que eu me sinta pequena e inferior. Se existe algo que eu não entendo é o porquê dela me detestar tanto. Eu nunca dei motivo para isso. Toda conversa com ela desde que eu consigo me lembrar de sempre envolve alguma ofensa ou xingamento.

Eu fui magricela até o quinto ano um dos temas favoritos para suas piadas idiotas. Elena linda loira, olhos verde. O típico clichê de escola.

— Como vai?- disse casualmente quando esbarrei com ela no banheiro. Seu tom era de falsa animosidade.

— ótima – respondi passando por ela, mas não rápido o bastante.

— Ficou sabendo da novidade?– a voz dela me alcançou na metade do corredor.

Eu devia continuar andando, mas me virei ela estava tentando ser gentil eu poderia no mínimo ser educada, certo?

 Que grande idiota.

— Qual?

— Nosso amigo em comum está voltando à cidade. Eu ergui a sobrancelha e voltei a andar. Nos não tínhamos amigos em comum. Nós nem fazíamos parte do mesmo circulo. Tão logo eu pensei isso, eu entendi de quem ela falava e congelei.

— O que?

— Você me ouviu – ela sorriu mediante a minha reação. - Tenha um bom dia Suzanne.

Eu ainda lembro a primeira vez que ele falou comigo e de todas as coisas que aconteceram a seguir. Foi no início das aulas do ano passado e eu fiquei tão surpresa quanto apreensiva por alguém como ele falar comigo. Eu não tenho amigos fora da escola com exceção de Giovana.

Eu estava sozinha sentada em um dos bancos do pátio da escola, observando os movimentos das pessoas ao meu redor e tentando escrever um dos meus textos/romances. Meu caderno estava cheio de rabisco, mas com nada que realmente fizesse sentido.

—Posso sentar com você? - ele perguntou apontando para o lugar vazio ao meu lado.

Dei de ombros fechando meu caderno de rascunho.

Eu estava observando você – ele disse sorrindo.

—Hum... Isso soa meio assustador não acha? – brinquei nervosa.  Olhei para o lado para ver se alguém estava nos observando. Alguém como Elena. Uma vez ela deu 20 reais para um garoto da minha aula de inglês me chamar para sair e depois me dar um bolo.

Ele riu.

Ele tinha um belo sorriso. Pareceu tão verdadeiro.

— Qual seu nome?              

—Suzanne.

— Renan – disse tocando na minha perna.

—Legal ter conhecer – falei me levantando sem jeito – te vejo por ai Renan.

No decorrer dos dias, passamos a nos cumprimentar nos corredores, e então em um belo dia ele me convidou para uma festa.

Era a primeira vez que um garoto me chamava para sair de verdade e meu estômago se revirava conforme eu caminhava pela festa. Eu não conhecia quase ninguém, mas a maioria sorria para mim e Renan então eu retribuía o gesto. Era bom chamar a atenção das pessoas de um jeito bom, eu quase sempre tendia a ser a esquisita.

Eu continuo lembrando a sensação de medo crescente em mim. Eu pensava as coisas mais absurdas possíveis do tipo:

Ai meu Deus o que eu falo? Ou Será que tem feijão no meu dente? Eu havia escovado os dentes antes de sair. Mas sabe como é. Nunca se sabe.

—Quer dançar? – Renan me perguntou me tirando das minhas doidices mentais.

E ele soava tão gentil, que parecia ser genuíno. Eu nunca achei que alguém pudesse sorrir e depois mentir tão facilmente como ele fazia, até tudo vir por água abaixo.

—Humm na verdade eu gostaria de... Uma bebida – desconversei. De jeito nenhum ele (ou qualquer pessoa com uma visão boa) iria me ver dançar. Um elefante manco dança melhor que eu.

—Por mim tudo bem – disse e me guiou até a cozinha da casa.

Com a mão nas minhas costas. Algo que não passou despercebido por algumas das meninas ali. Eu me senti especial... Mas, agora vendo melhor, eu acho que só estava sendo estúpida, sendo mais uma vez a piada.

A cozinha do dono da festa tinha uma cozinha ampla e vazia só com alguns armários pia e geladeira.

Renan abriu a geladeira repleta de refrigerantes de vários tipo e bebidas alcoólicas. Ele tirou duas latas de cerveja.

 _ Não bebo álcool – expliquei quando ele riu. _ Um refrigerante está ótimo. Obrigada.

Ele encontrou uma lata de coca no fundo da geladeira e me alcançou ainda rindo, isso me incomodou. Havia um leve desdém na risada dele. Eu deveria ter percebido que havia algo errado desde esse momento.

Tão desesperada por ter alguém que acreditei no primeiro que apareceu— Dante um dos amigos de Renan me disse isso uma vez, eu não consigo parar de pensar que talvez ele tenha razão.

Tomei um gole do meu refrigerante sentindo meu rosto esquentar.

—Ainda não disse o quanto você está linda – Renan me elogiou, e seus olhos me examinaram de cima a baixo. Kat estava nos visitando naquele mês e havia escolhido minha roupa um vestido tomara que caia (com formato em coração) preto acinturado e acima do joelho, ela havia arrumado meu cabelo e me maquiado, e naquele momento eu me senti linda.

Mais uma vez, eu era uma grande idiota.

— Obrigada.

Ele acabou me convencendo a dançar – mas no fim da segunda música nos sentamos em uma mesa no jardim, em que o som estava mais abafado.

— Você tem namorado? – ele sussurrou no meu ouvido, fazendo meu estomago revirar ainda mais.

— Não.

E então ele me beijou. Uau meu primeiro beijo... E não foi nem um pouco como eu imaginei. 

Acho que se eu não fosse uma garota tão estúpida teria percebido os sinais – não é o que todos dizem? Há sempre sinais. Ele se afasta, e coisas assim. Mas bem, um dos meus maiores defeitos é confiar demais nas pessoas.

Eu realmente me apaixonei por ele, e ele?

Ele me traiu, apenas dois meses– e ele me traiu.

Todos sabiam - menos eu claro.

Um maldito jogo, eu acho.

 ‘‘Eu só fiquei com você por pena’’ – ele me disse no dia que eu o flagrei.

‘’Eu mudei meu número por que ela não parava de ligar ’’ - Renan espalhou pelos corredores da escola.

 Era mentira, claro, mas quem acreditaria na garota que até pouco tempo atrás era completamente invisível para todos?

— Você demorou – Giovana resmungou quando me sentei ao lado dela no refeitório.

— Encontrei com Elena no banheiro.

— Ela disse alguma coisa para você? – Gil perguntou examinando meu rosto.

Sacudi a cabeça. Eu me sentia estranha. Só queria ir para casa, e tomar uma xícara de chá. Eu odiava estar no refeitório junto com os outros alunos me trazia lembranças ruins.

— Nada de novo – falei. – Apenas as mesmas bobagens de sempre.

Ela soltou o ar como se estivesse esperando algo diferente do que eu tinha acabado de dizer.

— Ela é uma invejosa.

Eu quase ri. Do que ela teria inveja? Fosse o que fosse eu não tinha noção alguma do que era.

— É pode ser – concordei querendo mudar de assunto. – Mas sinceramente não quero falar sobre ela.

— OK – Giovana prontamente concordou. - Quer falar sobre o que então?

Dei um sorriso malicioso, feliz pela mudança.

— Que tal Miguel?

— Humm – Giovana disse sorrindo. - Ele é legal.

— Legal? – repeti decepcionada pela falta de detalhes. Quanto mais ela falasse mais minha mente ficaria ocupada.

—Combinamos de nos encontrar depois da aula. Eu não queria não pensar somente em Elena e Renan também havia o jantar de ontem à noite.

— Então... Essa coisa entre vocês... É séria?

— É cedo para dizer.

Ergui minhas sobrancelhas, mas não disse nada.

***

Conforme a semana foi passando não houve  quaisquer outros encontros com Elena nos corredores ou na sala de aula, e bom Deus isso me deixava tão aliviada. Giovana e Miguel por outro lado pareciam se encontrar em todo lugar.

 


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Notas finais do capítulo

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