A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 4
Aulas


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é meio chatinho mas é uma apresentação de alguns dos novos personagens.



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Meu despertador tocou e me forçando a virar para o lado, e resmungar “só mais cinco minutos” para o nada– e acordar quase meia hora depois.

Pulei para fora da cama e me arraste até o meu guarda-roupa, sem a mínima vontade de sair do meu pijama gasto e confortável. Soltei um suspiro de frustração mexendo no emaranhado dos meus cabelos ao não encontrar nada para vestir.

Eu gosto de assistir tutoriais de moda e minha irmã sempre tenta me ensinar combinações de roupas, embora eu realmente prefira o bom jeans, e o velho suéter – confortáveis , básicos e...seguros.

Peguei o livro que eu estava lendo de cima do meu criado mudo, e o coloquei na mochila. É estranho, mas mesmo que eu não consiga lê-lo me acalma saber que se nada acabar bem no final do dia, eu vou ter meu próprio mundo para me esconder. De certa forma é assim que eu me sinto quando escrevo.

Calcei meu all star enquanto ia em direção do banheiro no fim do corredor – escovei os dentes, e fiz um rabo-de-cavalo (torcendo para ninguém perceber que eu não tive tempo de penteá-lo).

—Ok - eu disse em voz alta a mim mesma travando uma batalha para fechar a porta e abotoar meu suéter cor de vinho._Quem sabe, seu ônibus também se atrasou.

Momentos depois eu tinha minha resposta e precisei rir da minha própria imbecilidade. É claro que nenhum ônibus se atrasou.

****

— Alguém dormiu demais - Giovana assoviou quando eu sentei ao lado dela na aula de inglês.

—Uns cinco minutos – resmunguei colocando a data no meu caderno.

—Bem, isso explica o fato do seu cabelo parecer uma bagunça.

—Sempre bom contar com a sua honestidade.

Eu estava apenas alguns metros da parada de ônibus quando a maldita lata-velha passou por mim. O seguinte estava lotado, e eu fui o trajeto inteiro de pé. Quando cheguei à escola precisei subir quatro lances de escada o que eu considero um grande feito já que sou asmática. O que claro, explica o fato do meu cabelo não estar exatamente bonito.

                                                                          ***

No intervalo Giovana e eu sentamos em um banco no pátio, compartilhando um pacote de batatinha Elma Chips.

— Como foi seu final de semana? –perguntei. Demorou alguns instantes para que ela tirasse os olhos do seu celular para olhar para mim.

—Meus pais e eu viajamos para a casa dos meus avós – ela rolou os olhos. _ Preciso dizer mais? Ter que ficar perto de pessoas velhas e chatas não é o que eu chamo de diversão.

Mordi o lábio. Estranhamente desde pequena estar perto da minha avó significa exatamente isso. Ela não perguntou como foi meu final de semana, e de certa forma foi bom porque eu não saberia como descrever a minha fuga patética o tombo no banheiro, e é claro... O garoto dos olhos esmeraldas. Os pais de Giovana sempre foram liberais então eu sabia que ela não me entenderia.

—Olhe para o lado discretamente - Gil disse.

—Qual dos lados?- perguntei esticando o pescoço.

—Jeans camiseta xadrez.

— O de cabelo castanho? Ele é bonito - falei.

— Sim - concordou. - Ele é bem bonito.

—É – comentei distraída. Agora que o meu pensamento tinha ido para minha avó eu estava dispersa. Ela tem estado estranha ultimamente. Novamente gripada e se esquecendo das coisas facilmente.

— Será que ele está falando de mim? Ele não para de olhar para cá – sussurrou se esforçando para ouvir a conversa dele com os amigos.

Agucei meus ouvidos, tentando ouvir também. Só consegui entender pequenos fragmentos.

—Algo sobre uma festa na casa de tal de João. – Alguns alunos estavam falando dessa festa no corredor. Eu não tinha sido convidada.

Ignorando-me Giovanna torceu os cabelos quando o garoto passou por nós, ainda conversando com seus dois amigos. Ele olhou para Gil e piscou – Giovana por sua vez deu seu sorriso de flerte o fazendo tropeçar.

—Ele é ainda mais bonito de perto não é? – brincou quando ele ficou fora do alcance da nossa voz.

Assenti com a cabeça apesar de não o achar tão bonito como Gabriel.

Chacoalhei minha mente. De onde esse pensamento surgiu?

 _Já que você gosta de ser tão útil – murmurei desviando o rumo dos meus pensamentos_ O que você entendeu da aula inglês?

Era o inicio da volta às aulas, e eu já me sentíamos acabada.

—Vejamos... -ela mordeu o lábio inferior pensativa - eu apreendi que é realmente difícil dormir com aquele homem falando sem parar. Quanto desrespeito não acha? 

                                       ***

Eu nunca fui o tipo aluna nota dez em geral meu comportamento é que me faz ter algum privilegio entre os professores. Era justamente nisso que eu estava pensando enquanto olhava ao redor do clube do teatro. Eu era a única ali que não estava ajudando a professora para sair mais cedo da detenção. Ás vezes durante a semana eu ajudava na organização do teatro.

Senti alguém tocar meu braço e desviei minha atenção das roupas da época passada.

— Sim? - Perguntei encarando um garoto de olhos azuis.

— Seu nome é Suzanne, certo?

Ergui uma sobrancelha.

— Sim– concordei._E você é...? – A pergunta pairou no ar constrangedoramente, enquanto eu tentei lembrar onde eu o conhecia.

— Miguel.

— Miguel - repeti. - Nos conhecemos?

— Não. Mas você é amiga da Giovana, certo?

— Sim- retorqui debilmente.

Ele sorriu.

— Certo, será que você pode me fazer um favor?

Arrastei meus olhos por ele forçando meu cérebro a lembrar dele. Balancei a cabeça, lembrando o porquê do rosto dele ser familiar- ele era o garoto de quem Gil estava falando no intervalo.

— Você pode entregar meu número para ela? Ele disse tirando do bolso traseiro do jeans um papel amarelo.

— Claro - dei um sorriso apertado. - Sem problemas.

Eu não sei por que me senti tão desapontada, eu sinceramente tinha me acostumado em ser a garota-recado, mas eu queria que fosse eu que tivesse chamado atenção de um garoto, e não Giovana como sempre acontece. De qualquer forma, eu não queria repetir o fracasso do meu último namoro.

— Ele deu o número dele para você? – professora Sofia indagou curiosa.

— Sim, só que para entregar para a Giovana. – Assim que acabei de falar sua expressão dela murchou um pouco.

— Oh querida eu achei que...

— Eu sei – interrompi.

Após meu término com Renan, e eu ter virado motivo de chacota, era no clube de teatro que eu me escondia nos intervalos. Professora Sofia nunca questionou o porquê, mas eu desconfiava que ela soubesse o motivo. Todos sabiam.

— De qualquer forma, é melhor não se envolver com garotos da detenção - ela sorriu tocando meu ombro gentilmente.

— Vou manter isso em mente.

 Na verdade eu não iria. Só não sabia disso ainda.

***

Chutei meus tênis para fora assim que cheguei em casa, discando o número da minha irmã quase que instantaneamente , sorrindo quando ela atendeu.

—Como está minha irmãzinha favorita?-saudei-a.

—Eu sou sua única irmã- apontou._Como foi sua manhã?

Fiz um pequeno resumo da minha manhã, contando em seguida sobre o shopping.

— Rebobine, e explique a parte em que você fugiu.

—Eu não fugi – falei pegando da cozinha um pote de bolacha. _ Eu não chamaria isso de fugir.

— Estou pronta para sua defesa Suzanne. – Sua voz estava cheia de divertimento, e nenhum julgamento.

— Eu não vou me defender kat e essa vai ser minha defesa. É uma jogada inteligente já que estou falando com uma advogada.

 Eu não sou a criatura mais inteligente do mundo!?

—  Sim, juízes de todo mundo achariam isso brilhante – ela zombou rindo. – Mas como foi parar no banheiro quando devia estar supostamente estudando?

— Eu não sei – respondi com a boca cheia de farelo. _ Só estava lá. Nós duas sabemos que eu sigo as regras da casa, mas tudo tem estado meio confuso nesses últimos tempos.

Ela ficou em silêncio, e então riu.

— Meu Deus não me diga que eu ajudei a criar uma pervertida. Da última vez que eu te visitei você não conseguia nem ler um livro erótico sem se sentir culpada, e agora invade banheiro masculino.

Bufei, e tive um ataque de risos.

 _Rárá, você é hilária.

— Obrigada – agradeceu fazendo barulho de beijos. - Como ele é?

Pensei um pouco, apesar dos detalhes estarem vividos na minha mente.

—Olhos verdes, cabelos pretos... Ele é irritante, não parou de zombar de mim, e de fazer insinuações.

— Você lembra uma criança resmungona - katherina riu. _ Você deu seu número, mas chegou a pegar o número dele?

—Não – mordi uma bolacha de chocolate e limpei os farelos caindo da minha boca.

— Por que não?

— Por que eu pegaria?

—Chama-se paquera.

— Eu não quero mais um drama, na minha vida.

— Mentirosa! Você ama drama, e principalmente você ama o romance. E você só tem 17, se não se divertir agora, quando?

— Você está certa – admiti relutante, - mas se eu quiser romance eu leio um livro.

Os personagens não traem, não mentem, e tem finais felizes... Pelo menos na maioria das vezes.

 


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Notas finais do capítulo

><
P.S: Não durmam enquanto leem .



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