A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 27
Por favor , não me deixe.


Notas iniciais do capítulo

Cadê vocês gente? preciso saber se estão gostando ou não!
Volteeeeem kkkkk eu amo os comentários de vocês!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516873/chapter/27

O piso da sala de espera tinha 33 pequenas fissuras. Eu contei todas ela, inúmeras vezes, na esperança de dispersas minha mente. Quando eu estava possivelmente na contagem número duzentos, Katherina chegou ao hospital, seu reflexo se assemelhava ao meu – ombros caídos, nariz vermelho, e olhos inchados.

Parte minha, ansiava pela minha irmã, minha melhor amiga, mas também havia uma parte que não queria vê-la, por que o fato de Kat precisar dirigir a madrugada inteira, só podia significar uma coisa: Vovó estava pior do que eu me permitia admitir.

Eu fui à primeira á percebê-la. Eu comecei a chorar antes mesmo que uma de nós tivesse chance de dizer óla.

—Eu sinto muito, eu gostaria de ter vindo mais cedo – kat sussurrou me abraçando.

—Como você está?- Era uma pergunta estúpida, mas pareceu a coisa certa a perguntar.

Ela me ofereceu um sorriso trêmulo – o mesmo sorriso que mamãe me dava quando nossos olhos se encontravam.

—Do mesmo jeito que você, eu acho.

Assenti, e Katherina deu um passo para o lado, fitando nossos pais (Gabriel estava no corredor falando com Phil no celular). Ela abraçou nossos pais, e os três murmuraram algo entre si, que não pude ouvir.

—Vovó pode receber visitar?-Kat indagou.

—Pode – mamãe respondeu.

—Mas não muito longas. – Papai acrescentou. -No máximo alguns minutos.

Eu não tive coragem de ir vê-la, todos disseram que entendiam, e não tocaram mais nesse assunto desde ontem á noite. Acho que todos pensaram que eu não queria aceitar que ela... Que ela estava doente, embora de certa forma isso também fosse verdade, eu também estava com raiva por terem me escondido à verdade, e com medo do que aconteceria quando eu a visse.

—Qual o número do quarto? – Katherina perguntou.

—1 08, terceiro andar.

—Certo – minha irmã murmurou. Ergueu os ombros, enxugou os olhos com o dorso da mão, e começou a se afastar – mais uma coisa que ela é parecida com os nosso pais, pensei. A resistência.

Gabriel, e Kat esbarraram um no outro, quando ele voltou do corredor ambos se desculparam, mas não olharam um nos olhos do outro, e continuaram seu caminho sem delongas.

—Oi – ele disse sentando ao meu lado.

—Oi – repeti colocando minha cabeça no ombro dele.

Minha mãe sorriu um pouco, e dessa vez alcançou seus olhos, meu pai apenas franziu o cenho sem dizer nada.

Eu não queria um motivo para eles desconfiassem que algo estava acontecendo entre Gabriel , e eu , mas não consegui me afastar do conforto que a presença dele me trazia. E de qualquer forma eu nem sabia o que estava acontecendo entre nós.

Gabriel podia ter me trazido até aqui, e ido embora, e, no entanto ele quis ficar, não importa quantas vezes eu tivesse dito que não precisava. Pensar sobre isso quase trouxe uma nova onda de lágrima aos meus olhos.

—O que Phil, falou?- meu pai perguntou.

—Que está vindo para cá, disse que o senhor e Maria – minha mãe o proibiu de chamá-la de senhora no almoço dias atrás -, o ajudaram muito quando... – ele hesitou e quando suas próximas saíram eu pude sentir as emoções que elas trouxeram para ele. - Quando minha mãe morreu.

Ali, estava a palavra outra vez.

Morte.

Cerca de 10 minutos após ter saído, Kat voltou, seu semblante pálido, seus olhos ainda mais inchados.

—Vovó está acordada – anunciou. -Ela quer ver você, Suzanne.

Sacudi a cabeça, negando.

— Não.

—Ela pediu que eu chamasse você, Sukes.

—Querida, - mamãe iniciou insegura – eu sei que é difícil, mas...

—Mãe, não me obrigue... Eu não sei se consigo... Por favor – engasguei. -Por favor.

Eu não me importava se eu estava sendo egoísta, eu só queria organizar o que eu estava sentido primeiro, para lidar com qualquer outra coisa.

— Formiguinha – Gabriel disse gentilmente, seus olhos cheios de uma pena cortante. - Ela precisa que você mostre que está bem.

Mas eu não estou bem, eu quis gritar. Não estou bem.

Vê-la em uma cama de hospital, só vai acabar com todas as coisas boas, vai transformar as lembranças em apenas uma sombra... Vai ser real.

Oh, Deus eu não quero perdê-la.

—Quarto 108? – Foi o que eu falei ao invés.

Meus passos pesavam conforme eu adentrava os corredores. Respirei fundo, e abri a porta do quarto hospitalar. Caminhei lentamente até ela, forçando-me a sorrir.

—Oi, vó – sussurrei lutando para não quebrar em soluços.

Ela parecia tão pequena, tão frágil.

Puxei a única cadeira do quarto, até a cama, mexi distraidamente no crachá de visitante preso a minha roupa, e limpei a garganta.

—Eles estão cuidando bem da senhora, vovó?

Ela estava conectada a aparelhos que eu honestamente não sabia o nome, ou para o que serviam - eles estavam mantendo-a viva, e isso era o bastante para mim.

Eu estou bem, querida – ela sorriu, mas  não era realmente seu sorriso. - Como você está?

Pressionei meus lábios juntos, lágrimas novas transbordando para fora.

—Muito brava dona Angeline. Quem diabos, teve a ideia de me esconder que você estava doente? Eu vou precisar de muitos biscoitos para perdoar vocês – eu tinha lágrimas escorrendo pelo meu pescoço. - E eu sinto muito vovó por não poder contar comigo, sinto muito por ter que ficar preocupada  em como eu reagiria.

 _Cuidado com a boca. – Foi à única coisa que ela me disse. Suas palavras eram pausadas, como se o esforço doesse.

Eu acho que sorri apesar de tudo.

—Eu preciso da senhora, vó. Eu só quero que... Apenas fique boa, tá? Eu sei que os médicos daqui vão cuidar bem de você.

Vovó segurou minha mão com uma força impressionante para alguém doente.

—Você é forte, Sukes.

Não. – neguei. - Eu não sou.

Ela fechou os olhos por um segundo, e eu descansei minha cabeça em um espaço vazio na cama lembrando que meus pais disseram sobre ela não poder se cansar muito com as visitas.

—Eu acho melhor eu ir. Eu não deveria ter ficado tanto tempo.

Silêncio.

Ergui minha cabeça, medo rasgando meu peito.

— Vó?- Nada além da minha respiração.

Sua mão, não parecia mais firme, seu aperto amolecendo mais e mais.

—Vovó?- chamei novamente sacudindo-a._ Acorde...

Silêncio, até que tudo que eu  podia ouvir era o apito frenético do monitor cardíaco.

Dois enfermeiros, – um do sexo masculino, e outra do sexo feminino -  acompanhados do doutor Matheus , entraram correndo pela porta.

—Você precisa sair – doutor Matheus disse.

Eu apenas sacudi a cabeça, não conseguindo me mover.

A enfermeira arrancou as cobertas da vovó, eu ainda segurava sua mão.

—Leve ela para fora, Rodrigo – a enfermeira gritou.

O enfermeiro – Rodrigo – me puxou da cadeira abruptamente, e me colocou para fora.

Alguém começou a chorar alto, e eu demorei uma fração inteira de segundos para compreender que esse alguém era eu.

—Fique bem – implorei. - Por favor, fique bem.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Garota Dos Defeitos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.