A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 26
Hospital


Notas iniciais do capítulo

Oii gente como prometido eu publiquei o capítulo novo no dia 24 , quando acabasse minhas provas - ou seja hoje kkkk
Bem , espero que gostem , e pooooor favor comeenteem. :)



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 O telefone não parava de tocar na sala de estar, e foi justamente o toque insistente do mesmo que me faz despertar. Com um suspiro sonolento, eu me obriguei a levantar da cama.

—Alô?-eu disse checando o relógio na parede – 5 da madrugada.

Quem diabos estava ligando tão cedo?

—Maria? –a voz feminina do outro lado da linha indagou.

—É a filha dela – esfreguei os olhos espantando o sono. - Quem é?

—Uma mulher chamada Evangeline, deu entrada no nosso hospital.

Mesmo depois de a ligação ter sido encerrada eu continuei com o telefone pressionado na orelha – acho que parte de mim ainda não tinha descoberto que eu não estava mais dormindo.

Meus pais não estavam em casa, e mesmo assim eu me vi correndo para o quarto deles. Tentei ligar para o celular dos dois, mas apenas a caixa-postal de ambos me atendeu.

As lágrimas começaram a queimar meus olhos, e eu não pude fazer nada além de deixá-las cair.

Eu fiz o meu melhor para não surtar, enquanto eu discava o numero de Gabriel, mas no momento em que escutei sua voz, foi difícil não soluçar ainda mais.

— Formiguinha?- Disse com a voz sonolenta.

Eu abri a boca para falar, e as palavras jorraram para fora de mim sem parar.

—Vovó está no hospital... Meus pais não me atendem... Eu não sei o que fazer... Você pode ficar comigo?...Pode me levar até ela?

—Já estou saindo de casa – ele disse.

Eu mecanicamente calcei o par de all star que eu havia deixado perto da porta ao chegar da casa de Gabriel. Eu esperei por ele na varanda – olhos fechados, joelhos pressionados contra o peito.

— Por favor – eu chorei – faça com que ela esteja bem. Por favor... Por favor, faça com que ela esteja bem.

A harley de Gabriel parou diante de mim, 15 minutos mais tarde.

—Obrigada por vir - murmurei com a voz rouca engolindo a bola de algodão se formando na minha garganta.

— Eu viria de qualquer jeito – disse beijando minha testa.

O caminho até o hospital foi como um buraco no tempo – se demorou horas, ou segundos, eu honestamente não sei. Eu mal dei tempo para Gabriel estacionar a moto, eu saltei para fora dela antes mesmo que ele pudesse desligá-la. Dei passos largos, até ser puxada para trás.

— Ei , - ele segurou meu rosto – olhe para mim – pediu gentilmente. - Eu sei que é difícil, mas você precisa se acalmar um pouco, ok?

—Me acalmar? – eu quase dei risada. Mas eu de repente me senti cansada até para isso. A apenas algumas horas para trás eu me sentia tão bem, e agora...

Fechei os olhos brevemente, e respirei fundo.

—Vamos entrar. Eu estou calma - falei encarando-o. - Eu estou bem agora - menti.

Uma quase verdade.

Infelizmente, a cada passo a minha “calma” evaporava mais e mais, dando espaço a uma avalanche de sentimentos. Medo coroava o pacote. Eu nunca estive tão apavorada.

— Eu recebi um telefonema dizendo que Evangeline Walker, foi internada aqui - Gabriel disse ao recepcionista trajado com um uniforme azul-claro.

O homem de não mais de 40 anos, tamborilou os dedos pelo teclado do computador.

—Qual seu parentesco com a paciente?

—Ela é minha avó - respondi.

— Vou chamar o médico que está cuidando dela- o recepcionista disse gentilmente. - Por que não aguardam na sala de espera?

A sala de espera acabou por ser quase tão impessoal como qualquer outra parte do hospital. Paredes de tom claro, algumas poltronas de estofamento barato, um sofá de três lugares, perto de uma mesa de centro (onde revistas e jornais estavam jogadas ‘’aqui e ali’’ provavelmente por alguém que tentou usá-las como distração).

Sentamos no sofá de três lugares marrom.

—Você acha que é muito grave?- quebrei o silêncio.

Gabriel me puxou para seus braços e sussurrou:

—Eu realmente não sei Formiguinha. Me desculpe.

Deitei minha cabeça no seu ombro, e funguei ruidosamente ao invés de sentir nojo ou algo assim, ele ergueu sua mão, e tocou meu rosto delicadamente com a ponta dos dedos.

— Eu vou ficar aqui com você.

—Como ela está? – a voz da minha mãe cortou o ar de repente.

Ergui os olhos em direção a sua voz – mamãe estava de mãos dadas com meu pai.

Eu levantei, e sem nem pensar corri para abraçar os dois.

—O médico ainda não veio falar com agente – miei baixinho.

Minha mãe afagou minhas costas e o gesto lembrou algo que Katherina fazia para me acalmar. Katherina...

—Eu não liguei para Kat.... Eu não sei se eu devo ligar... Nós devemos? Ninguém me deu noticias e...

Antes que eu tivesse minha resposta, um médico de cabelo grisalho venho na nossa direção – que segundo estava escrito no seu crachá se chamava Matheus.

—Estão aqui por Evangeline Walker?

—Sim- dissemos em uníssono.

—Vocês devem saber que o estado da paciente é extremamente delicado- iniciou Matheus de forma compadecida. - Ela recusou o tratamento, mesmo sabendo que...

Franzi a testa limpando as lágrimas.

—Que tratamento?

—Ela descobriu o glioma, em um estagio avançado, mas recusou o tratamento... – Eu parei de ouvi-lo, e olhei nos olhos da minha mãe havia uma dor tão profunda neles, que eu vacilei dei um passo para trás.

Sacudi a cabeça vigorosamente.

—Mãe, - eu chorei querendo desesperadamente que ela negasse - me diz que isso não é verdade.

Ela desviou o olhar do meu, e foi como ser atingida por um caminhão.

A pena de todos dirigida a mim era quase palpável, mas eu precisava que alguém me tranquilizasse. Eu precisava que alguém me dissesse que vovó estava bem.

—Pai?- eu solucei.

— Nós tentamos te contar – mamãe gaguejou ainda sem me olhar. - Só não sabíamos como iria reagir.

Sacudi a cabeça com mais força, tentando acordar do meu pesadelo particular.

—Tentaram me contar?- minha voz falhou em desespero.

Meu peito ardia, e mesmo que fosse um pensamento irracional, eu comecei a achar que a cada batida dolorosa do eu coração, as paredes ao meu redor ficavam se fechando.

—Ela vai morrer? – perguntei.

Ninguém respondeu, e tudo se tornou demais. O medo de perdê-la foi tão esmagador, que faz as paredes se fecharem com mais força.

Meus pés quase que por vontade própria, me levaram para longe. As lágrimas deixando tudo ainda mais turvo, e embaçado.

Eu não posso dizer o quão longe eu cheguei até ser erguida do chão. Mesmo querendo ceder contra ele, eu me debati , eu o chutei , gritei e chorei, mas ele não me deixou ir, apenas me abraçou e me segurou mais forte, até que eu finalmente cedi.

—Eu deveria ter percebido–ofeguei. - Eu deveria...

—Shh – Gabriel me silenciou._Tudo vai ficar bem.

****

—Você está frio? – Gabriel perguntou depois de um tempo.

Nós estávamos sentados em um banco de metal no jardim do hospital. Eu não lembro ao certo como tínhamos parado lá.

 _Aqui – ele disse tirando sua jaqueta de couro, colocando sobre os meus ombros.

—Obrigada.

—Você já está pronta para entrar?- murmurou inseguro.

Balancei minha cabeça, e encarei meus pés.

—Não, mas eu preciso entrar mesmo assim.

 


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