A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 23
Eu pergunto , você responde.


Notas iniciais do capítulo

Genteee mil desculpas pela demora , to tão decepcionada comigo mesma por demorar tanto , é que ainda to com problemas e tava sem internet e sei que muitos querem me matar , mas por favor não façam isso ok ?!!! comentem e não esqueçam da A.G.D.D!!



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Eu tipicamente deixei a lição de casa para a última hora, o que resultou em mim cortando e colando figuras ás 3 da manhã.

— Eu não acho que os homens tenham evoluído tanto – objetei escrevendo “A evolução”, em letra cursiva com marca-texto roxo. Meu trabalho deveria ser uma representação da evolução do ser humano, eu só tinha tempo e material para um cartaz.

Meu pai revirou os olhos, mas um minúsculo sorriso fez sombra em seus lábios.

— É um daqueles momentos em que eu devo apenas concordar?

— Provavelmente. Então como vão as coisas no trabalho?

Eu estava vasculhando os armários em busca de jornais e revistas velhas , quando acordei meu pai , com minha barulheira noturna (palavras do próprio). Não temos o melhor do relacionamento pai e filha, então nem seria necessário dizer que fiquei surpresa quando ele me ofereceu ajuda.

—Em dois dias as obras no shopping começam? - Ele iria trabalhar por tempo indeterminado em uma cidade vizinha.

— Sua mãe vai viajar daqui a pouco também. Aposto que está ansiosa para ter a casa só para si.

Eu concordei com a cabeça. Qualquer outro adolescente estaria contente por se livrar dos pais. No meu caso o sentimento de euforia foi ocupado por uma leve solidão. Não é novidade para eu ficar sozinha em casa, meus pais sempre trabalharam para dar uma boa vida tanto para mim quanto para Katherina, mas as vezes não posso deixar de me sentir sozinha.

—Acho que já acabamos – meu pai disse dando um passo para trás avaliando meu cartaz.

— Quase.

Peguei uma cartela de adesivos de borboletas com glitter e apliquei perto do titulo.

— Agora sim. Precisava de um pouco de brilho! – expliquei limpando as mãos grudentas de cola em um pano de prato.

Ele balançou a cabeça e riu.

— Eu acho que já vou dormir. Boa noite apague as luzes e não derrube a casa.

— Boa noite. – Limpei a bagunça que eu tinha feito, e em poucos minutos estava deitada na cama...

Eu não consegui dormir, me virei de um lado para outro na cama, e nada, nem um mero resquício de sono sequer.

Ás vezes quando eu tinha insônia Kat conversava comigo até eu adormecer. Lembrar disso me fez sorrir. Ergui a mão e tateei cegamente pelo meu criado-mudo procurando meu celular, eu queria conversar com alguém, mas não era exatamente com a minha irmã. Com o telefone na mão eu hesitei.

E se ele estivesse dormindo?

E se ele atendesse irritado por eu acordá-lo ás 03h20min da manhã?

Todos os meus pensamentos cessaram quando a voz dele me saudou com um singelo alô.

— Acordei você?-balbuciei.

— Não - respondeu. - Insônia, eu acho. E você?

Ok, aqui está uma dica para o futuro, guarde-a com sabedoria: Se você ligar para o garoto que você supostamente gosta, diga alguma coisa que pelo menos te faça parecer inteligente e segura de si.

— A mesma coisa, eu acho. - Um exemplo do que não dizer.

— Então andei pensando, – ele pigarreou – e tipo... Não nos conhecemos muito.

— Não sei se entendi.

Bem, talvez não seja uma boa ideia ligar para alguém que supostamente gosta de madrugada.

— O que eu quero dizer é... – ele suspirou rindo._ Na verdade nem eu sei o quero dizer.

Abracei meu travesseiro, e torci meu cabelo com o dedo.

— Eu ainda não entendo – eu disse.

— Por que você me ligou?

Eu quis me chutar. Por que eu liguei para ele? Nem eu sei.

Mais uma dica, inferno, nunca ligue para um garoto de madrugada.

— Você quer que eu te deixe dormir?

Sim, eu realmente soei inteligente, e plenamente segura de mim,

— Não... Isso está soando errado... Eu sei quem é seu cantor favorito e coisas assim, mas eu coloquei toda a minha merda pessoal para fora, e me sinto um pouco em desvantagem aqui então dane-se se eu parecer uma menininha apaixonada, mas o que eu quero dizer é que eu quero saber mais sobre você. Então por que me ligou?

Nós dissemos coisas um para o outro, nos beijamos, e agora ele quer saber coisas sobre mim.

Jesus Cristo, isso é apenas surreal demais. Mal conseguimos ter uma conversa escassa de ironias até horas atrás.

— Você já jogou eu pergunto, e você responde?

— Nunca ouvi falar.

Provavelmente porque acabei de inventar.

— Bom, é fácil. Um deve perguntar e o outro deve responder. Você pode começar se quiser.

Pensando bem não existe um jogo assim?

— Qual sua cor favorita?

— Verde esmeralda.

Do outro lado da linha ele riu. _ Sua vez - ele me disse.

— Ok, me deixa pensar - havia tanto coisa que eu queria perguntar e, no entanto faltava coragem. - Por que Phil te chama de Gabs, quem te apelidou assim?

— Minha mãe é só uma abreviação do meu nome. Minha vez.

— Vai lá. Uma pergunta leve.

— Quem você mais odeia no mundo?

Isso é uma pergunta leve?

Pensei em Elena, em Renan, e então em Giovana.

— Tem uma garota na nossa escola, acho que ela, é o mais próximo que eu chego de odiar no momento. A mesma pergunta para você. – Eu não sabia se eu estava me referindo a Giovana ou a Elena.

— O motorista bêbado – ele nem precisou especificar a voz fria que ele usou já me dizia tudo. E alguém podia culpá-lo por isso?

— Sua vez – tentei desviar do assunto.

— Qual sua comida favorita?

— Lasanha. A sua?

Dei risada surpresa. - Lasanha!

Fiz mais algumas perguntas nada muito pessoais. Ele aprendeu a tocar violão aos 10 anos, e tem duas tatuagens uma no pulso e outra desconhecida por mim (hum...), e prefere filmes de terror, enquanto eu sou mais adapta aos românticos, comédias e dramas.

— Qual seu hobbie? – perguntou.

— Gosto de escrever.

— Aposto que há muitas páginas sobre mim - debochou. Ele não fazia ideia de quão certo estava. - Já está com sono?

— Estou cansada – confessei. - E eu gostaria de saber como você consegue ter um ego tão grande.

— Algumas pessoas são incríveis assim.

Rolei meus olhos. Meu Deus há alguém mais convencido?

— Já está com sono?

— Estou cansada – confessei. - E você?

—Um pouco, foi um dia...

— Maluco?- ofereci.

— Também, mas eu estava indo dizer interessante.

— É uma questão de ponto de vista – brinquei.

— Eu quero tentar uma coisa – murmurou._Faz um tempo que eu não toco, então pode soar horrível.

— Tocar?

— É eu já volto, não desligue.

Esperei pelo que pareceu não mais que alguns minutos, antes de voltar a ouvir a voz dele, mas para a minha curiosidade séculos se passaram.

— Eu quero que você deite e fique confortável. Avise quando fizer o que eu mandei.

Ajeitei-me na cama, sem entender nada._Deitada e confortável – informei, esperei sem entender nada, até escutar os doces acordes da minha música favorita – Kiss me.

— Isso foi tão lindo - falei com os olhos marejados quando ele terminou. - Foi tão doce.

Ele riu suavemente, como se satisfeito com o elogio.

— Espero que isso dê a você bons sonhos.

Bons sonhos? Eu teria os melhores.

— Vai dar. Obrigada por isso.

— Talvez você possa me recompensar com um beijo da próxima vez que nos virmos.

Rolei os olhos sorrindo feito boba.

— Boa noite, Gabriel.

— Boa noite, Formiguinha.


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