A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 20
Verdades reveladas


Notas iniciais do capítulo

oiie gente estou de volta , to ansiosa pra ler os comentárioooos. então comentem!! A queles que gostam da Giovana um minuto de silêncio , em breve entenderão kkk Fui eu que escreveu essa poesia



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No dia seguinte eu perdi o horário, o que foi bom já que eu não precisei ir à escola, o que significou que eu não precisei enfrentar Gabriel, o que definitivamente foi mais um bônus no final das contas. Eu honestamente não acho que seria capaz de lidar com a indiferença dele mais uma vez.

Eu não estava me sentindo muito bem, emocionalmente quero dizer. Ás vezes eu acordo me sentindo mal, não sei explicar, só me sinto... Deprimida, isso dura horas ou dias. A minha instabilidade é tanta que eu não sinto vontade de comer ou socializar, nesses dias tudo que eu quero é dormir, ou então escrever.

Cacei papel e caneta do meu bidê, e fiz uma das únicas coisas que eu sei fazer bem: escrevi. Eu apenas não achei que o poema tivesse um remetente.

Eu tenho me sentido perdida dentro dos ruídos da minha própria mente.

Você pode fazer isso parar?

Olho para o céu em busca de uma solução.

Você pode me ajudar?

Preciso de alguém que me faça voar.

Alguém que me faça sonhar

Você é capaz de me fazer recomeçar?

Eu me sinto gelada por dentro.

Abrace-me até eu me acalmar.

Tenho guardado raiva por muito tempo.

Me ajude a me libertar.

Me tire desse labirinto sem saída.

Faça com que eu me sinta em algum lugar.

***

— Aconteceu alguma coisa ou você está imitando o Coringa?-perguntei a Caique (que apenas sorriu mais).

— Você perdeu-Beca lamentou enquanto me ajudava a amarrar meu avental.

— O que eu perdi?- indaguei curiosa fitando Caique que adivinhe? Ainda sorria feito um maníaco psicopata.

Ele deu de ombros. - Conte a ela Beca. Antes que você enlouqueça.

— O namorado dele esteve aqui, você precisava ver... Ele trouxe uma caixa chocolates, foi tão meigo.

Eu suspirei.  - Isso é realmente doce!

 

— E eu ainda não contei tudo – agora ela era a maníaca sorridente.

— O que mais ele fez?

— Ele venho com meu irmão – Caique disse com desgosto forçado olhando para Beca.

— O irmão dele - Beca se abanou fingindo desmaiar – era tão bonito quanto à surpresa de Breno.

Eu ri, os sorrisos estavam explicados agora.

— Aproveitem que ainda não temos nenhum cliente e me expliquem. Em primeiro lugar. Por que ele te trouxe chocolates? E o mais importante sobrou algum?

Ele apontou para a caixa rosa em formato de coração em cima do balcão do caixa. - Se Beca deixou algum.

— Ei – ela resmungou comendo um bombom – eu comi um ... Ou quatro. Agora continue a história, antes que eu conte tudo.

— Breno eu discutimos ontem, eu reclamei que ele nunca fez nada romântico para mim, que durante todo o nosso namoro ele nunca sequer me deu um bombom.

 - E então ele vem e te fez uma surpresa? – perguntei comendo um bombom. - Isso é tão lindo.

— Sim, é – ele corou. - E eu agradeceria se vocês duas parecem de comer meus bombons.

— Ei, - eu ri - estamos emocionadas, precisamos de um pouco de açúcar.

O sino na porta que anunciava a chegada de clientes tocou e nós três erguemos a cabeça para encontrar Giovana. Ela murmurou alguma coisa com a hostess, e então nossos olhos se encontraram.

Éramos só eu, beca, Caíque e mais um garçom atendendo. Mas eu queria atende-la. Ajeitei meu avental, e soltei o ar. Algo me dizia que era por mim que ela estava ali.

— Eu a atendo – falei entregando a caixa de chocolates para o Caique.

 O Adam’s tinha sido aberto a muito poucos minutos então Giovana era a única cliente presente naquele momento, mas preferiu se sentar em uma das mesas da frente.

— Bem-vinda ao Adams – murmurei polidamente pegando meu bloco de anotações. -Posso anotar seu pedido?

— Desde quando você é tão formal comigo, Suzanne?

Trata-la como desconhecida doeu um pouco. Nós éramos amigas e agora nos tratávamos como estranhas. Mas foi ela que deu o primeiro passo para isso.

— Por que você está aqui, já não deixou bem claro o que acha na escola?

Ela suspirou. - Eu não vim para brigar.

Então por que ela tinha vindo?

— E porque você venho Giovana?

— Apenas para conversar. - Não me entenda mal, boa parte de mim queria gritar para ela ir para o inferno, mas aquela pequena parte de mim que acredita no melhor das pessoas não me deixou fazer isso. Talvez ela se sentisse do mesmo jeito que eu.

Exalei cedendo e guardei meu bloquinho e caneta no bolso do meu avental.

— Tudo bem, fale.

— Ela olhou ao redor. – Pode ser em particular.

Além de beca e caíque, que estavam sentados no balcão conversando Mirando subgerente que normalmente cuidava apenas do caixa também estava, mas ela não podia dar menos importância a nossa conversa, enquanto ouvia musica em seu fone de ouvido.

Eu olhei para ela. E lembrei o quanto tinha doido ouvi-la criticando meu emprego. Talvez ela finalmente tivesse percebido. Talvez só quisesse fazer as pazes. Então eu lembrei que ela estava em volta do circulo de amizade de Elena agora, e suspirei cansada. Giovana era assim, fazia as coisas não se preocupando a quem atingia as consequências, para depois pedir desculpas.

— Me encontre nos fundos – falei dando as costas.

— O que aconteceu lá? – Caique perguntou apontando com a cabeça para a mesa em que Giovana estava sentada.

— Nada, era só uma amiga. – Eu não falava mais do que o necessário com os outros funcionários, mas me tornei surpreendentemente próximo dos dois. Eu gostava deles, mas não estava indo contar mais do que isso. - Posso pedir uma coisa? –

— É só falar- Beca incentivou. Caíque balançou a cabeça concordando.

— Posso fazer um intervalo, mesmo não fazendo nem 15 minutos que eu comecei meu turno?

— Te damos cobertura. Isso aqui ainda está morto mesmo.

—  Sem problemas, - beca falou examinando as unhas. - Só não se esqueça do que eu disse no seu primeiro dia aqui, ok?

— Não troque diet, com light? – arrisquei.

— Não - ela franziu as sobrancelhas. - Que você deveria me contar os detalhes sórdidos, caso discutisse com alguém.

Caique virou os olhos. - Tão intrometida.

Beca ergueu as mãos para o alto.

— Apenas dizendo no caso disso acontecer.

Giovana já estava me esperando, quando abri a porta dos fundos.

— Sobre o que quer conversar?- eu disse me encolhendo pelo ar frio. O inverno nem tinha chegado, mas eu já podia senti-lo vindo e espantando qualquer calor.

— Ontem à noite – ela começou sem olhar para mim – eu fui ao uma festa na casa da Elena... Eu fiquei bêbada e falei algumas coisas sobre você.

—Você falou de mim para ela? Era isso que queria me contar?- falei sentindo espinhos de magoa espetar meu peito. Eu podia lidar com aquilo, mas eu sabia lá no fundo que havia mais coisas.

— Não. Quando eu te contar promete não ficar com raiva?

Balancei a cabeça sem entender.

— Como eu posso prometer se eu nem sei o que vai me contar?

— Por favor.

Aquilo não estava soando bem.

— Eu vou tentar ok?

Ela assentiu com a cabeça.

— Renan estava lá, eu, nós ficamos conversando... Elena começou a perguntar coisas do tempo em que vocês namoravam... As garotas com quem ele ficou enquanto esteve com você... Eu fiquei com ele Suzanne.

— Na festa?- perguntei fracamente com lágrimas brotando nos meus olhos porque eu já sabia a resposta. Eu apenas não achava que ela seria capaz de fazer aquilo. Não comigo, sua amiga.

— Não - ela respondeu sem olhar para mim.

— Foi só uma vez? – eu quis saber.

— Eu sinto muito – ela disse fungando. Ela iria chorar agora?

Soltei um riso amargo.

— Você sente muito?-limpei meu rosto com a manga do meu suéter. Eu estava chorando, quando tudo que eu queria era manter uma postura indiferente. - E você pensou nisso toda vez que me disse para ficar com ele, e logo que eu me afastava enfiava a língua na garganta dele? Você sentiu muito enquanto fez isso?

Agora eu finalmente podia entender a reação dela, quando o nome dele era citado. Deus eu era tão idiota, tudo fazia sentido.

—Como você pode fazer isso comigo? Eu confiava em você - solucei. Minha mente trouxe de volta toda a magoa que eu senti quando descobri das traições. Toda a magoa de quando eu virei piada. - Você gostava dele?- Preferi acreditar em qualquer coisa ao fato que ela seria capaz de fazer algo assim apenas por fazer, sabendo que iria me magoar. Se ela gostasse dele, talvez eu conseguisse entender, talvez fosse mais fácil para eu desculpá-la.  Por que se houvesse um vinculo, ou qualquer coisa parecida eu tentaria entender. Tudo seria melhor do que perceber que ela era quase tão pobre quanto Renan e Elena.

Giovana ergueu a cabeça para me encarar.

—Nunca foi sobre gostar eu... -ela deu de ombros. - Eu não sei explicar.

— Então por que ele?- gritei desmoronando lentamente. - Você sempre teve o garoto que escolhia Giovana. Você me deixou chorar no seu ombro E você... Você falou tão mal das outras garotas, quando você foi a pior. -Pior até que Elena, já que ela nunca mentiu.

— É fácil para você falar, quando sempre teve a vida perfeita. Você não pode entender o que eu senti quando...

— Do que diabos você está falando? Isso faz sentido na sua cabeça? É isso que você costumava dizer a cada vez que olhava para mim?

Vida perfeita? Isso não fez sentido para mim. Ela estava me culpando?

Assim como... Renan fez?

Tudo que aconteceu no ano passado e que eu tentei bloquear estava voltando.

Você gosta de mim? – Renan tinha perguntado. – Então me de uma prova.

Eu tinha dado, e no dia seguinte todos sabiam.

Ela era tão frigida que eu tive que pensar em outra garota. Todo mundo riu disso, menos eu. Não tem graça quando você é a piada e todos zombam de você.

— Não tenho culpa se você não entende. Não tenho culpa se ele quis ficar com alguém mais enquanto estava com você- seus lábios repuxaram para cima vendo a expressão no meu rosto.

— Isso é doente, ter roubar o namorado de alguém para se sentir melhor isso é...

Ela riu._ Você não se cansa de ser tão boazinha, Suzanne? -Estava escrito nos olhos dela, ela não se arrependia.

Por que ela estava me contando, então? Por que todo o número de ‘’promete não ficar com raiva’’?

Eu pude sentir meu coração se partindo. Giovana era minha amiga. Ela ficou do meu lado quando riram de mim.

— Você viu tudo que fizeram... Como eu fiquei humilhada – eu chorei passando os braços ao redor de mim. – Você me defendeu das piadas. Aquilo era engraçado para você? Era engraçado quando os garotos me chamavam de frigida, por ele ter preferido ficar com outras garotas enquanto namorava comigo? Era engraçado!?

Qual era o ponto de me dizer tudo isso? Era porque ele tinha voltado?

Foi nesse momento em que a porta dos fundos se abriu.

— Acho melhor você ir– Beca rosnou para Giovana. Seus punhos estavam cerrados.  Ela parecia assustadora para o seu tamanho.

—Vamos apenas levar Suzanne para dentro Beca, essa garota não vale a pena- Caique murmurou.

— Obrigada – eu disse quando me senti mais calma. - Aos dois por me defenderem. Novas lágrimas surgiram. Mesmo com os olhos embaçados eu podia ver o olhar curioso dos cozinheiros. Eu ergui a mão e acenei para eles.

— Gostando do show companheiros? – Beca indagou com um meio sorriso irônico.

Tomei um gole da água, que de algum jeito tinha ido parar em minhas mãos.

 - Que vaca de meio de fazenda você teve que lidar – disse. Os olhos compreensivos.

Eu quase engasguei com a minha água. Vaca de meio de fazendo?

— É um bom apelido para ela – apontei amargamente. – Um ótimo, eu diria. Virei para os meus amigos e sorri. – Obrigada de novo - sorri.

Se eu tinha duvidas sobre os dois, elas tinham sido excluídas hoje.

Beca sorriu docemente, e Caique deu de ombros sem jeito.

— De nada – ele disse.  - Nós meninas precisamos ficar unidas.

Isso me fez dar uma risadinha.

Despejei o restante da água na pia, e limpei meus olhos. Eu sabia que estavam inchados, assim como meu rosto, mas eu não podia fazer nada para mudar isso, apesar de querer ir correndo para cama eu tinha que trabalhar.

— Certo – empurrei as mexas de cabelo saindo da minha touca para dentro, e ergui os ombros. – Vamos atender algumas mesas.


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